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Romantismo. Século XIX A Poesia. Três Gerações. I Geração Nacionalista II Geração Mal do Século III Geração Condoreira. A Liberdade guiando

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(1)

Romantismo

Século XIX – A Poesia

Prof.

Roger

A Liberdade guiando o povo, Delacroix

Independência ou Morte, de Pedro Américo

Três Gerações

I Geração – Nacionalista

II Geração – Mal do Século

(2)

Início - 1836

Gonçalves de Magalhães

Inaugura o Romantismo no Brasil (1836) com

Suspiros Poéticos e Saudades

Importância apenas histórica pelo seu prefácio

Prof. Roger

(3)

Geração Nomes Características Principais poetas Influência I Nacionalista Indianista índio, natureza, saudade da pátria, amor ingênuo Gonçalves Dias Chateaubriant II Mal-do-século Byronismo amor ligado à morte e a medo, tristeza, dor, pessimismo, tédio (blasé, spleen), Álvares de Azevedo Casimiro de Abreu Lord Byron III Social Condoreira questões sociais, abolicionismo, república, progresso, amor realizado, sensual

(4)

Primeira Geração

Nacionalismo

Indianismo

Lirismo amoroso

Prof. Roger

Gonçalves Dias

(5)

Canção do Exílio

Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar - sozinho, à noite - Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra, sem que volte para lá;

Sem que desfrute os primores Que não encontro eu cá;

Sem qu’inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá.

Prof. Roger

(6)

I – Juca Pirama

Canto I: Apresentação do

cenário: é a taba dos

timbiras, tribo valente

que provoca medo nas

demais tribos da região.

No meio deste cenário,

destaca-se um guerreiro

“infeliz”, que vai ser

sacrificado.

Ele

está

sendo preparado para a

execução.

Aquele que deve morrer ou que é digno de morrer

Prof. Roger

(7)

No meio das tabas de amenos verdores,

Cercadas de troncos - cobertos de flores,

Alteiam-se os tetos d'altiva nação;

São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,

Temíveis na guerra, que em densas coortes

Assombram das matas a imensa extensão.

(...)

No centro da taba se estende um terreiro,

Onde ora se aduna o concílio guerreiro

Da tribo senhora, das tribos servis:

Os velhos sentados praticam doutrora,

E os moços inquietos, que a festa enamora,

Derramam-se em torno dum índio infeliz.

(...)

Prof. Roger

(8)

Canto II: Ritual de preparação do prisioneiro.

Apesar de saber que vai morrer, o prisioneiro

mantém-se tranqüilo, porém o narrador percebe

algo de errado com ele (“a mentirosa placidez do rosto na

fronte do audaz”). Na última estrofe vem a pergunta: “que

temes, ó guerreiro?”.

Canto III: Começa a cerimônia; aparece o chefe dos timbiras, a

quem cabe a honra do sacrifício, e este pergunta ao

prisioneiro quem é ele, pede que ele se defenda. E o índio,

chorando, começa a falar.

Canto IV: O índio conta sua vida, fala sobre como caiu

prisioneiro e, para surpresa de todos, pede para ser libertado

para poder buscar seu pai, cego, que está perdido na floresta.

Jura voltar e ser escravo daquela tribo, se eles, por piedade, o

deixarem cuidar de seu pai até que este morra.

Prof. Roger

(9)

Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi:

Sou filho das selvas, Nas selvas cresci; Guerreiros, descendo Da tribo tupi.

Da tribo pujante,

Que agora anda errante Por fado inconstante, Guerreiros, nasci:

Sou bravo, sou forte, Sou filho do Norte; Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi.

Já vi cruas brigas, De tribos inimigas, E as duras fadigas Da guerra provei;

Nas ondas mendaces Senti pelas faces

Os silvos fugaces

Dos ventos que amei. Andei longes terras, Lidei cruas guerras, Vaguei pelas serras Dos vis Aimorés; Vi lutas de bravos, Vi fortes - escravos! De estranhos ignavos Calcados aos pés. E os campos talados, E os arcos quebrados, E os piagas coitados Já sem maracás; E os meigos cantores, Servindo a senhores, Que vinham traidores, Com mostras de paz. Aos golpes do inimigo Meu último amigo,

Sem lar, sem abrigo Caiu junto a mi!

Com plácido rosto, Sereno e composto, O acerbo desgosto Comigo sofri.

Prof. Roger

(10)

Meu pai ao meu lado Já cego e quebrado, De penas ralado, Firmava-se em mi:

Nós ambos, mesquinhos, Por ínvios caminhos,

Cobertos d'espinhos Chegamos aqui! O velho no entanto Sofrendo já tanto De fome e quebranto, Só qu'ria morrer!

Não mais me contenho, Nas matas me embrenho, Das frechas que tenho Me quero valer. Então, forasteiro, Caí prisioneiro De um troço guerreiro Com que me /encontrei; O cru desassossego Do pai fraco e cego, Enquanto não chego, Qual seja, - dizei!

Eu era o seu guia Na noite sombria, A só alegria

Que Deus lhe deixou: Em mim se apoiava, Em mim se firmava, Em mim descansava, Que filho que sou.

Ao velho coitado De penas ralado, Já cego e quebrado, Que resta? - Morrer, Enquanto descreve O giro tão breve Da vida que teve, Deixai-me viver! Não vil, não ignavo, Mas forte, mas bravo, Serei vosso escravo; Aqui virei ter.

Guerreiros, não coro, Do pranto que choro; Se a vida deploro, Também sei morrer."

Prof. Roger

(11)

- "És livre: parte."

- "E voltarei."

- "Debalde." - "Sim, voltarei, morto meu pai."

- "Não voltes! É bem feliz, se existe em que não veja,

Que filho tem, qual chora: és livre; parte!" - "Acaso tu supões que me acobardo,

Que receio morrer!"

- "És livre, parte!"

Canto V: Após ouvir o que disse o prisioneiro tupi,

o chefe timbira manda que o soltem, o que

surpreende a todos que ali se encontram. O tupi

agradece, jura que vai voltar, mas o chefe timbira diz que não

volte, porque é covarde e não vale a pena alimentar-se da carne

de um covarde , referindo-se ao ritual do canibalismo que se

desenvolvia ali. Com o coração apertado, o jovem tupi parte em

busca de seu pai.

Prof. Roger

(12)

Canto VI: Ao encontrar o pai, o índio mostra-se nervoso,

o que é logo percebido pelo velho, que, tocando o corpo

do filho, descobre que este havia sido aprisionado por

alguma tribo. Quando o filho conta ao pai o que houve, o pai toma a

decisão de ir com ele de volta para a tribo que o havia libertado por

um motivo tão nobre. É preciso perceber que o pai não sabe que o

filho foi chamado de covarde.

Canto VII: Chegando à tribo timbira, o velho índio agradece ao chefe

por haver libertado seu filho e elogia a nobreza daquela tribo que era

inimiga da sua. Além disso, o velho pede que alguém cuide dele

quando seu filho for sacrificado, já que está de volta para isso. O

chefe timbira conta ao velho o que se passou e diz que o jovem tupi

é fraco e não seria nobre para sua tribo matar alguém como ele.

Canto VIII: O velho índio dirige-se ao filho e o interroga, querendo

saber se é verdade o que acabou de ouvir e diz ao filho que, se ele

chorou quando estava para morrer, se ele foi de fato covarde, como

diz o chefe timbira, então não mais será considerado seu filho.

(13)

- Tu choraste em presença da morte? Na presença de estranhos choraste? Não descende o cobarde do forte; Pois choraste, meu filho não és! Possas tu, descendente maldito De uma tribo de nobres guerreiros, Implorando cruéis forasteiros,

Seres presa dos vis Aimorés. Possas tu, isolado na terra,

Sem arrimo e sem pátria vagando, Rejeitado da morte na guerra,

Rejeitado dos homens na paz,

Ser das gentes o espectro execrado; Não encontres amor nas mulheres, Teus amigos, se amigo tiveres,

Tenham alma inconstante e falaz!

Canto IX: O jovem tupi, ofendido

pelas acusações feitas contra sua honra e, principalmente, desejando mostrar a seu pai que não era covarde, que havia chorado para salvá-lo, e que nunca havia temido a morte nem o que quer que fosse, parte para cima dos guerreiros da tribo inimiga e, com grande coragem, mostra a todos o seu real valor. O chefe timbira, vendo aquele espetáculo de coragem e vigor, diz que já chega, que já estava convencido da honra daquele índio e pede a ele que descanse, pois para morrer também é preciso ter forças. O velho pai emociona-se e abraça o filho cansado, num gesto de orgulho e reconciliação. A cerimônia do sacrifício pode prosseguir.

Prof. Roger

(14)

Canto X: Num tempo posterior, um velho

timbira relembra a história do jovem tupi. E

aos mais jovens diz que aquelas cenas de coragem e

encantamento haviam sido presenciadas por ele, que

não cansava de as repetir. Aqui temos o real valor desta

narrativa, que, feita no presente, recupera elementos do

passado para que estes sirvam de exemplo aos mais

jovens.

Um velho Timbira, coberto de glória,

Guardou a memória

Do moço guerreiro, do velho Tupi!

E à noite, nas tabas, se alguém duvidava

Do que ele contava,

Dizia prudente: - “Meninos, eu vi!”

Prof. Roger

(15)

Poesia lírico-amorosa

Ainda Uma Vez - Adeus!

Enfim te vejo! - enfim posso, Curvado aos teus pés, dizer-te, Que não cessei de querer-te, Pesar de quanto sofri.

Muito penei! Cruas ânsias Dos teus olhos afastado,

Houveram-me acabrunhado, A não lembrar-me de ti. (...)

Lerás, porém, algum dia

Meus versos, d’alma arrancados, D’amargo pranto banhados,

Com sangue escritos; - e então Confio que te comovas.

Que a minha dor te apiade Que chores, não de saudade Nem de amor — de compaixão.

Prof. Roger

(16)

Segunda Geração

Ultra-Romantismo

Byron

ismo

Mal do Século

Prof. Roger

Lembrança de morrer

Descansem o meu leito solitário

Na floresta dos homens esquecida,

À sombra de uma cruz, e escrevam nela:

- Foi poeta - sonhou - e amou na vida. -

(17)

Se eu morresse amanhã

Se eu morresse amanhã viria ao menos

Fechar meus olhos minha triste irmã;

Minha mãe de saudades morreria

Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que doce n’alva

Acorda a natureza mais louçã!

Não me batera tanto amor no peito

Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora

A ânsia de glória, o doloroso afã...

A dor no peito emudecera ao menos

Se eu morresse amanhã!

Prof. Roger

(18)

Soneto

(mulher inacessível)

Pálida, à luz da lâmpada sombria,

Sobre o leito de flores reclinada,

Como a lua por noite embalsamada,

Entre as nuvens do amor ela dormia!

O Poeta Moribundo

(humor)

Poetas! amanhã ao meu cadáver

Minha tripa cortai mais sonorosa!...

Façam dela uma corda e cantem nela

Os amores da vida esperançosa!

(...)

Eu morro qual nas mãos da cozinheira

O marreco piando na agonia

Como o cisne de outrora... que gemendo

Entre os hinos de amor se enternecia.

Prof. Roger

(19)

Meus Oito Anos

Oh! que saudades que tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!

Que amor, que sonhos, que flores,

Naquelas tardes fagueiras

À sombra das bananeiras,

Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias

Do despontar da existência!

- Respira a alma inocência

Como perfumes a flor;

O mar é - lago sereno,

O céu - um manto azulado,

O mundo - um sonho dourado,

A vida - um hino d’amor!

Casimiro de Abreu

Obra: As Primaveras

Prof. Roger

(20)

Amor e Medo

Quando eu te fujo e me desvio cauto

Da luz de fogo que te cerca, ó bela,

Contigo dizes, suspirando amores:

“- Meu Deus, que gelo, que frieza aquela!”

Como te enganas! Meu amor é chama,

Que se alimenta no voraz segredo,

E se te fujo é que te adoro louco…

És bela – eu moço, tens amor, eu – medo!…

Tenho medo de mim, de ti, de tudo,

Da luz, da sombra, do silêncio ou vozes,

Das folhas secas, do chorar das fontes,

Das horas longas a correr velozes.

(21)

*Minha Alma é Triste

Minha alma é triste como a rola aflita

Que o bosque acorda desde o albor da aurora

E em doce arrulo que o soluço imita

O morto esposo gemedora chora.

E como a rola que perdeu o esposo,

Minh’alma chora as ilusões perdidas

E no seu livro de fanado gozo

Relê as folhas que já foram lidas.

*Poema presente em “Livro Negro”

Prof. Roger

(22)

Fagundes Varela

Falta de originalidade,

características das três gerações

Elegia: saudade do filho morto (Cântico do Calvário)

Cântico do Calvário (fragmento)

Eras na vida a pomba predileta

que sobre um mar de angústias conduzia o ramo da esperança! ... Eras a estrela Que entre as névoas do inverno cintilava apontando o caminho ao pegureiro! ... Eras a messe de um dourado estio! ... Eras o idílio de um amor sublime! ... Eras a glória, a inspiração, a pátria, o porvir de teu pai! - Ah, no entanto, pomba - varou-te a flecha do destino! Astro - engoliu-te o temporal o norte! Teto - caíste! Crença – já não vives! (...)

Prof. Roger

(23)

Castro Alves

(1847-1871)

Influenciado pelo liberalismo de Victor Hugo –

poeta e romancista francês, cuja obra

político-social defendia a liberdade –, Castro Alves

caracterizou-se pela defesa das altas causas

sociais (ideais abolicionista e republicano).

Sua linguagem é apaixonada, sonora,

retórica, grandiloqüente, identificada com as

imagens grandiosas do universo.

Poesia Social: abolicionismo

Poesia Lírica: amor sensual

Prof. Roger

(24)

Prof. Roger

Observe o fragmento de Vozes d’ África

Deus! Ó Deus! onde estás que não respondes?

Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes

Embuçado nos céus?

Há dois mil anos te mandei meu grito,

Que embalde desde então corre o infinito...

Onde estás, Senhor Deus? (...)

Não basta inda de dor, ó Deus terrível?!

É pois teu peito eterno, inexaurível

De vingança e rancor?...

E que é que eu fiz, Senhor? que torvo crime

Eu cometi jamais que assim me oprime

teu gládio vingador?...

Imagens

grandiosas

(25)

O Navio Negreiro

'Stamos em pleno mar... (...)

Por que foges assim barco ligeiro? Por que foges do pávido poeta?...

Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira Que semelha no mar doudo cometa.

(...)

Canto I:

A poesia inicia com uma evocação de beleza: o

mar e o céu formando dois espaços infinitos por onde

passam os barcos. O poeta observa um barco e busca saber

de onde vem, para onde vai. No final, pergunta-se: por que

razão aquele barco foge dele? O poeta termina pedindo

ajuda ao albatroz, para que este lhe dê asas e o faça

aproximar-se do barco que passa ao longe.

Prof. Roger

(26)

Canto II:

Na segunda parte o poeta dedica-se a elogiar os

marinheiros que, ao longo da história da humanidade, realizaram esta tarefa, a de descobrir e interligar novos mundos. Assim, espanhóis, italianos, ingleses, franceses e até os gregos, representados

mitologicamente por Ulisses, herói da Odisséia, são relembrados por suas façanhas e por seu valor.

Canto III:

Nas asas do albatroz, o poeta aproxima-se do barco

inicialmente citado e espanta-se com o que acontece ali dentro. Aqui se dá a virada no poema. O que antes era visto como algo belo e divino (estar no mar, ser um marinheiro...), passa a ser visto por um outro

ângulo, que vai ser apresentado nas partes seguintes.

Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!

Desce mais, inda mais... não pode o olhar humano,

Como o teu mergulhar no brigue voador...

Porém que vejo aí... que quadro de amarguras!

Que canto funeral!... que tétricas figuras!

(27)

Canto IV:

Buscando imagens infernais (daí a citação a Dante, poeta italiano, autor d’A divina comédia), o poeta passa a descrever os horrores que acontecem naquele navio. Negros escravos são açoitados cruelmente, e os sons que habitam aquele navio (chicotes, ferros que são arrastados pelos escravos, os gritos e gemidos) parecem ser música produzida por uma orquestra irônica: é uma música de terror e não de beleza. E todo este horror só pode trazer contentamento a Satanás; é o inferno.

Era um sonho dantesco... O tombadilho, Que das luzes avermelha o brilho,

Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar do açoite...

Legiões de homens negros como a noite Horrendos a dançar...

Negras mulheres suspendendo às tetas Magras crianças, cujas bocas pretas

Rega o sangue das mães.

Outras, moças... mas nuas, espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas

(28)

E ri-se a orquestra irônica, estridente...

E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais...

Se o velho arqueja... se no chão resvala,

Ouvem-se gritos... o chicote estala E voam mais e mais...

Presa nos elos de uma só cadeia A multidão faminta cambaleia

E chora e dança ali... Um de raiva delira, outro

enlouquece...

Outro, que de martírios embrutece, Cantando geme e ri...

No entanto o capitão manda a manobra...

E após, fitando o céu que se desdobra

Tão puro sobre o mar,

Diz, do fumo entre os densos nevoeiros:

"Vibrai rijo o chicote, marinheiros! Fazei-os mais dançar."

E ri-se a orquestra irônica, estridente...

E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais!...

Qual num sonho dantesco as sombras voam...

Gritos, ais, maldições, preces ressoam

(29)

CANTO V: Numa súplica aos céus, o poeta pergunta-se

quem são estes homens que tanto sofrem. E a resposta vem através da fala de uma musa, a partir da terceira estrofe desta parte. São apresentados como heróis em suas terras, transformados em

escravos pelos conquistadores. No final, o poeta pede ao mar que engula este navio, pede ao tufão que apague este horror que transita pelos

mares.

CANTO VI: Nesta parte, certamente a mais importante do poema, aquela

que legitima Castro Alves como um autor da terceira geração romântica, dentro dos ideais condoreiros, o poeta lembra horrorizado que existe um país que permite que esta cena selvagem se repita. Existe um país que “empresta sua bandeira para cobrir tanta infâmia e cobardia”, e este país é o Brasil. O poeta lamenta que uma bandeira que simbolizou a liberdade (na Independência) agora sirva de mortalha para um povo, para os

escravos. Na estrofe final, o poeta apela para os heróis dos mares e da pátria (Colombo e José Bonifácio de Andrada) para que evitem que este mal permaneça.

Prof. Roger

(30)

E existe um povo que a bandeira empresta Pra cobrir tanta infâmia e cobardia!...

E deixa-a transportar-se nessa festa Em manto impuro de Bacante fria!...

Meu Deus! Meu Deus! Mas que bandeira é esta Que impudente na gávea tripudia?!...

Silêncio!... Musa! chora, chora tanto, Que o pavilhão se lave no teu pranto... Auriverde pendão de minha terra,

Que a brisa do Brasil beija e balança, Estandarte que a luz do sol encerra,

E as promessas divinas da esperança... Tu, que da Liberdade após a guerra

Foste hasteado dos heróis na lança, Antes te houvessem roto na batalha, Que servires a um povo de mortalha!...

(...)

... Mas é infâmia demais... Da etérea plaga Levantai-vos, heróis do Novo Mundo... Andrada! arranca esse pendão dos ares!... Colombo! fecha a porta de teus mares!...

Prof. Roger

(31)

O Adeus de Teresa

A vez primeira que eu fitei Teresa,

Como as plantas que arrasta a correnteza,

A valsa nos levou nos giros seus...

E amamos juntos... E depois na sala

“Adeus” eu disse-lhe a tremer co’a fala...

E ela, corando, murmurou-me: “adeus.”

Uma noite... entreabriu-se um reposteiro...

E da alcova saía um cavaleiro

Inda beijando uma mulher sem véus...

Era eu... Era a pálida Teresa!

“Adeus” lhe disse conservando-a presa...

E ela entre beijos murmurou-me: “adeus!”

Prof. Roger

(32)

Passaram tempos... sec’los de delírio

Prazeres divinais... gozos do Empíreo...

... Mas um dia volvi aos lares meus.

Partindo eu disse - “Voltarei!... descansa!...”

Ela, chorando mais que uma criança,

Ela em soluços murmurou-me: “adeus!”

Quando voltei... era o palácio em festa!...

E a voz d’Ela e de um homem lá na orquestra

Preenchiam de amor o azul dos céus.

Entrei!... Ela me olhou branca... surpresa!

Foi a última vez que eu vi Teresa!...

E ela arquejando murmurou-me: “adeus!”

Prof. Roger

(33)

Teresa

(sátira modernista)

Manuel Bandeira (1886-1968)

A primeira vez que vi Teresa

Achei que ela tinha pernas estúpidas

Achei que a cara parecia uma perna

Quando vi Teresa de novo

Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo

(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do

/corpo nascesse)

Da terceira vez não vi mais nada

Os céus se misturaram com a terra

E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.

Prof. Roger

(34)

Boa Noite

Boa noite, Maria! Eu vou,me embora.

A lua nas janelas bate em cheio.

Boa noite, Maria! É tarde... é tarde...

Não me apertes assim contra teu seio.

Boa noite! ... E tu dizes - Boa noite.

Mas não digas assim por entre beijos...

Mas não mo digas descobrindo o peito,

— Mar de amor onde vagam meus desejos

(...)

Julieta do céu! Ouve... a calhandra

Já rumoreja o canto da matina.

Tu dizes que eu menti?... pois foi mentira...

. . . Quem cantou foi teu hálito, divina!

Prof. Roger

(35)

Se à estrela-d'alva os derradeiros raios

Derrama nos jardins do Capuleto,

Eu direi, me esquecendo d'alvorada:

“É noite ainda em teu cabelo preto...”

E noite ainda! Brilha na cambraia

- Desmanchado o roupão, a espádua nua -

O globo de teu peito entre os arminhos

Como entre as névoas se balouça a lua...

É noite, pois! Durmamos, Julieta!

Recende a alcova ao trescalar das flores,

fechemos sobre nós estas cortinas...

(36)

Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos

Treme tua alma, como a lira ao vento,

Das teclas de teu seio que harmonias,

Que escalas de suspiros, bebo atento!

Ai! Canta a cavatina do delírio,

Ri, suspira, soluça, anseia e chora...

Marion! Marion!... É noite ainda.

Que importam os raios de uma nova aurora?!...

Como um negro e sombrio firmamento,

sobre mim desenrola teu cabelo...

E deixa-me dormir balbuciando:

- Boa noite! - formosa Consuelo!...

Maria Julieta Marion Consuelo

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