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Palavras-chave: Letramento científico; Análise crítica do discurso; Engajamento popular no debate sobre ciência.

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Academic year: 2021

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Concepções de ciência e o letramento científico

Betyna Faccin Preischardt (PIBIC/CNPq – UFSM – LabLeR) Désirée Motta-Roth (PPGL/UFSM – LabLeR)

Ciência, a partir de sua raiz latina scientia, significa “conhecimento”, assim pode ser definida como conhecimento de qualquer objeto ou fenômeno por intermédio da observação, identificação, descrição, investigação ordenada e explicação do fenômeno com base em um paradigma (MOTTA-ROTH, 2009). Entretanto, análises do discurso da mídia demonstram a restrição dos campos que contam como ciência, tais como saúde, meio ambiente e informática (GUIMARÃES, 2001). Considerando letramento científico como o conhecimento dos conteúdos da ciência e a percepção ampla de questões políticas e sociais envolvendo a ciência de modo a formar um “letramento científico para a cidadania” (MILLER, 1983). Nesse cenário, o presente trabalho, que é parte do projeto PQ/CNPq Análise de gêneros discursivos e práticas sociais de popularização da ciência (MOTTA-ROTH, 2010), tem por objetivos verificar o discurso popular sobre ciência a partir do enquadre teórico da Análise Crítica do Discurso (MEURER, 2003; FAIRCLOUGH, 1995; 2003) e relacionar as concepções percebidas com o conceito de letramento científico. Pressupomos que as percepções públicas como representações sociais sobre ciência podem ser estudadas como modos específicos “de compreender e comunicar o que nós já sabemos...[como forma] de abstrair sentido do mundo e introduzir nele ordem e percepções, que reproduzem o mundo de uma forma significativa” (MOSCOVICI, 2000). Dessa maneira, foram realizadas entrevistas com 10 transeuntes no Calçadão de Santa Maria, RS, escolhidos randomicamente. Os resultados da análise prévia dos dados indicam a existência de concepções estritas para o termo ciência: disciplina escolar, produção na área da saúde e elemento que compõe o cotidiano. Além disso, apesar das pessoas não saberem como explicar tecnicamente o que é ciência, demonstram ter noção da relevância desta para as suas vidas, muito embora essa noção seja também quase delimitada ao âmbito da saúde (para produção de remédios, por exemplo). Os resultados prévios indicam um discurso popular alinhado ao discurso da mídia: ciências humanas estão fora do âmbito do conhecimento científico. Assim, percebe-se também a necessidade de se formar um letramento científico para a cidadania por meio do acesso e da participação do público às pesquisas científicas a fim de melhor se compreender o discurso científico, comportamento que precisa ser iniciado em sala de aula.

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Ciência e letramento no ensino básico – uma relação possível?

Raquel Bevilaqua (CTISM/UFSM)

A ciência ainda é vista como algo distante dos bancos escolares, o que coloca o Brasil em situação inferior no que tange à produção de conhecimento (AULER, 2001; CANDOTTI, 2002). Ainda que a ciência não seja tão próxima da escola quanto se deseja, ela circunda e funda práticas sociais por meio de diferentes gêneros do discurso, como documentários, reportagens e notícias de popularização da ciência (MOTTA-ROTH, 2009; MARCUZZO, 2009). Um aluno que, durante sua vida escolar, é levado a interagir com e produzir a ciência, avaliando-a, refletindo sobre seu estatuto tem mais chances de desenvolver competências e habilidades comunicativas e de reflexão para estabelecer sua posição frente ao conhecimento científico (MOTTA-ROTH & LOVATO, 2009). Busca-se, assim, discutir relações possíveis entre os conceitos de letramento, definido, em um primeiro momento, como „apropriação‟ da escrita e também como o “estado ou a condição que adquire um grupo ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita” para poder interagir com o meio social (SOARES, 2006, p. 39) e ciência, ainda envolta em mitos e dogmas (AULER, 2001). Parte-se da premissa de que há uma necessidade de formulação de subsídios para o letramento científico, sócio-culturalmente situado, por meio do qual se busca construir uma prática de ensino que não apenas considere os conhecimentos prévios dos sujeitos aprendentes, suas práticas sociais, a sua historicidade, mas que avalie seus propósitos junto à comunidade a que serve, definindo-se a partir de um caráter intervencionista e responsivo àquela vida social, e que entende ciência enquanto concepção indissociável do desenvolvimento humano e social.

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Liga Acadêmica de Oncologia Preventiva: uma experiência de letramento científico

Janaina Coser(UNICRUZ)

Veronice Mastella Da Silva (UNICRUZ)

Sob a perspectiva de letramento científico, aqui entendido como o uso do conhecimento nas dimensões práticas e culturais da vida social, o presente trabalho relata a experiência do projeto de extensão Liga Acadêmica de Oncologia Preventiva (LAOP), da Universidade de Cruz Alta. O referido projeto está fundamentado em conceitos de “alfabetização cientifica” e “letramento científico” de Mamede e Zimermann (2005) e “popularização da ciência” de Motta-Roth (2006). As ligas acadêmicas são, por excelência, entidades que reúnem estudantes interessados em aprofundar conhecimentos em determinado tema e sanar demandas da população. O câncer é um problema de saúde pública, acometendo pessoas de diferentes idades e classes sociais. Embora seja uma doença de elevada morbi-mortalidade, sua ocorrência pode ser reduzida por meio da promoção à saúde e diminuição dos fatores de riscos e do diagnóstico precoce. Por iniciativa de alunos do curso de Biomedicina, a LAOP foi criada em 2010 sob a orientação de professores dos cursos de Biomedicina e de Comunicação Social. A metodologia adotada tem como foco central o aprendizado e a humanização do acadêmico em relação à prevenção de câncer, mediante sistematização e divulgação em linguagem simples e acessível a diferentes públicos, conhecimentos referentes a medidas preventivas contra o câncer. Atualmente, a LAOP é formada por alunos e professores dos cursos de Biomedicina, Nutrição e Comunicação Social que se reúnem para o planejamento das atividades a serem desenvolvidas com o público alvo e elaboração de material informativo, inclusive na forma de jogos educativos. As ações estão sendo ampliadas buscando intensificar a interação entre a alfabetização científica (aprendizagem) e o letramento científico (uso) do conhecimento para uma formação profissional mais humana, com ética e responsabilidade social.

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Reformulação de atividades didáticas para fins de letramento científico

Janete Teresinha Arnt (UFSM)

Neste trabalho, argumento que o letramento científico é um dos principais aspectos a ser desenvolvido em cursos de inglês para fins acadêmicos. Além disso, argumento que, livros produzidos para essa disciplina, e que possuam exemplares do gênero notícia de popularização da ciência em sua composição, podem utilizar esses textos para iniciar o processo de letramento científico. Nesse sentido, foi analisada uma unidade de um livro didático de inglês instrumental o qual indica que seu público alvo são alunos universitários. A partir da análise, foi observada a falta de atividades promotoras de letramento científico. Por isso, foram elaborados exercícios complementares aos propostos pelos autores do livro, a fim de transformar essa atividade em um exemplar de possibilidade de utilização do gênero notícia de popularização da ciência para promover letramento científico em estágio inicial.

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O acesso à ciência e a relação com o letramento científico

Fernanda Lopes Silva Ziegler (IC/CNPq – UFSM – LabLeR) Désirée Motta-Roth (PPGL/UFSM – LabLeR)

Você tem acesso à ciência (lê revistas, artigos...)?; Você já foi consultado a respeito de algum assunto científico? Por que você acha que não foi consultado? Você acha importante que o público opine sobre as descobertas científicas? Esses questionamentos foram usados em um estudo de Análise Crítica do Discurso (MEURER, 2003; FAIRCLOUGH, 1995) e sua relação com o Letramento científico, realizado por meio de entrevistas com 10 transeuntes escolhidos randomicamente no Calçadão de Santa Maria em um intervalo de três horas, em um mesmo dia de semana. As entrevistas se desenvolveram em torno do conceito de ciência e do acesso ao repertório de conhecimentos gerados pela ciência como um dos principais meios de qualificação das condições de vida em sociedade na contemporaneidade (MOTTA-ROTH, 2011), com o fim de coletar dados sobre o discurso popular sobre o seu acesso e participação no debate sobre ciência. Resultados de três estudos (uma Tese, um Paper e um Trabalho Final de Graduação) sobre a participação social nos debates sobre ciência, dentro do projeto PQ/CNPq Análise de gêneros discursivos e práticas sociais de popularização da ciência (MOTTA-ROTH, 2007; 2010), foram utilizados como referência para as entrevistas. O objetivo do presente trabalho é apresentar resultados da análise do discurso da população entrevistada sobre a participação do público no debate sobre ciência. Os resultados parciais parecem reafirmar os resultados obtidos nos três estudos usados como referência: a voz do público não está presente no debate sobre ciência, seja na mídia (MOTTA-ROTH, LOVATO, 2009; SILVA, 2010), seja na participação por consulta. A mídia não inclui a voz do público por sentir que esta não é uma voz legítima no debate sobre ciência (MARCUZZO, 2011); no entanto, o discurso dos 10 entrevistados indica que estes consideram importante saber e opinar sobre estudos científicos, embora não consigam associar a todas as esferas de suas vidas.

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Produção de PC: os letramentos envolvidos no processo

Eliseu Alves da Silva (LABLER/UFSM)

O presente trabalho apresenta uma análise dos saberes empregados pelos alunos da disciplina de Seminário de leituras orientadas em análise de gêneros de popularização da ciência na produção colaborativa de um exemplar do gênero notícia de popularização da ciência (PC). Tendo como aporte teórico pesquisas sobre o tema (BEACCO et al, 2001; MOIRAND, 2003) e os resultados dos trabalhos desenvolvidos no âmbito do projeto Análise crítica de gêneros discursivos e práticas sociais de popularização da ciência (MOTTA-ROTH, 2010), o desafio lançado aos alunos foi colocar em prática os processos de produção de uma notícia de PC. Para tanto, pelo menos quatro diferentes letramentos estiveram envolvidos: científico, jornalístico, escolar e digital. O primeiro diz respeito ao conhecimento dos processos que envolveram a realização da pesquisa a ser reportada; o segundo, ao entendimento e vivência das rotinas próprias da esfera jornalística quanto à produção de notícias; o terceiro envolve o domínio das estratégias de recontextualização de saberes entre científico e popular; e o último engloba o processo de manipulação dos recursos oferecidos pela ferramenta digital Wikispaces, onde se deu a produção textual colaborativa. Por estarem inseridos no contexto acadêmico do curso de Letras da UFSM e devido à escolha de uma pesquisa da área para popularizar, os alunos demandaram maior esforço nas atividades que foram relativas ao contexto jornalístico (definição de pauta, coleta de dados, seleção de fontes, redação do texto), à acomodação/didatização da linguagem para um registro mais informal e objetivo e àquelas que envolveram a aplicação dos recursos digitais do Wikispaces (escolha, seleção e inserção de hiperlinks e imagens). A experiência de produção de um gênero que congrega traços de contextos diferentes da atividade humana (científico, jornalístico, didático e digital) evidenciou a necessidade do conhecimento e domínio de diferentes saberes na tarefa de tornar popular o que é científico.

Palavras-chave: Popularização da ciência; Produção colaborativa de PC, Letramento científico, jornalístico, escolar e digital

Referências

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