Profa. Dra. Adriana de Melo Ramos
GEPEM-Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral Faculdade de Educação – UNICAMP/UNESP-SP/BR
Para refletirmos...
Que tipo de pessoas pretendemos formar?
Quais as maiores dificuldades que
enfrentamos relacionadas à dimensão da
moralidade/ética ?
Conflitos
Refletindo com um exemplo prático...
Batida de carro
O que se deve fazer?
Por quê?
Batida no carro
O que leva uma pessoa a colocar o bilhete?
Câmeras e furto
Quais as consequências possíveis?
individuais – sociais
Produtos contrabandeados/piratas
Perspectiva construtivista
A moral reside no porquê obedecemos...
Pesquisa: assassinos em liberdade condicional
Cognição e Afetividade
•
Para fazer julgamentos morais de níveis mais elevados, o
sujeito precisa ser capaz de descentrar-se, de coordenar
perspectivas diferentes, fazer proposições lógicas,
classificar, considerar possibilidades e hipóteses, como
também deduzir implicações, o que só é possível no
estádio das operações formais do desenvolvimento
cognitivo.
Todavia, se o desenvolvimento lógico é uma condição
necessária do raciocínio moral, não é uma condição
suficiente.
Não basta saber o que deve ser feito... É preciso querer agir bem!!!
Não basta somente ter o suporte cognitivo e o
conhecimento - condição necessária.
é preciso querer agir de acordo com os princípios/regras;
é preciso que esse conhecimento se torne valor.;
aparece em situações de conflitos de “quereres” –
escolha.
seguir valores implica em um “querer” muito forte;
valores morais e não morais (construção da personalidade
ética).
Sistema:
◦ central e periférica – integração
◦ elegância e sofisticação x honestidade
◦ integração
◦ “Quantos momentos em minha vida faltou coragem para fazer a coisa certa...”
O que interfere nesse processo? Alguns fatores:
1. juízo - conteúdo das críticas e dos elogios
◦ importância de associar a ação moral a uma sensação de bem estar 2. pessoas que admiram
3. fracassos e sucessos
Pais saudosamente lamentando:
“Ah, no meu tempo se respeitava pai e mãe, professor... Ah,
se não respeitasse, bastava o olhar do pai”.
Refletir:
•
foi assim que aprendemos;
•
repetimos as mesmas estratégias de nossos pais;
•
nos tornamos adultos capazes.
Outra realidade...
Pais muito permissivos:
Não se pode bater nos filhos, então é
preciso apenas conversar.
“Qualquer correção pode trazer um trauma psicológico!”
Tipos de Educação
Baumrind, Moreno e Cupero, Rego, Turiel, Weber
O tipo de experiências que vive a criança em seu círculo familiar
parece influir na qualidade de seu desenvolvimento moral.
Tipos:
◦
permissiva
◦
autoritária
◦
negligente
◦
elucidativa
Permissiva
valorizam o afeto e o diálogo;
estabelecem pouquíssimas regras, limites ou responsabilidades às crianças;
por medo de entristecer seus filhos, cedem aos seus apelos e exigências
os filhos têm liberdade para fazerem o que querem;
não conseguem estabelecer os limites em situações de conflito ou desobediência da criança;
possuem enorme dificuldade de exercer algum tipo de controle sobre a criança.
Autoritária
são poucos afetuosos, expansivos ou comunicativos;
são rígidos, controladores e muito exigentes;
valorizam a obediência às normas e regras por eles definidas e não se
preocupam em explicar às crianças as razões destas imposições nem
consultá-las acerca do assunto;
diante da transgressão fazem uso de ameaças, do castigo físico e de
sanções expiatórias.
Negligente
ausência de envolvimento dos pais na vida dos filhos;
poucas demonstrações de afeto;
pouca imposição de regras e limites;
seus interesses são centrados em suas próprias necessidades;
Ameaça de retirada de amor
valem-se de estratégias que mostram que a criança é egoísta e não amorosa com relação a eles, entristecendo os pais quando desobedece;
a mensagem de 'desamor' não é usada apenas quando a criança fere diretamente o pai ou a mãe, mas sempre que ela não segue suas ordens;
tais mensagens não precisam necessariamente ser verbais: basta um
olhar de tristeza, uma lágrima, ombros curvados, etc.
Elucidativa
o adulto não deixa de ser a autoridade da relação, mas ele possibilita a participação da criança na construção de determinadas regras, oferece oportunidades de fazer pequenas escolhas, de negociar com o adulto;
pais participativos que, mantém uma relação de equilíbrio e respeito, compreendem as necessidades e opiniões de seus filhos;
diante de uma situação de conflito, os pais a oportunizam o pensar e incentivam a busca de uma melhor forma de agir sem prejudicar a si e ao outro;
quando uma ordem é dada ou um limite é estabelecido é sempre apresentada uma explicação da sua razão de ser, da necessidade do limite, revalidando-o;
Consequências
os resultados desta relação são positivos, pois ajuda a criança a ter maior autoestima, autocontrole, a formar normas e valores sociais que guiará sua conduta (maior autonomia);
legitimam intimamente os valores e regras morais;
os limites são colocados de forma clara, mas não são legitimados
somente em função do prestígio e autoridade de quem os coloca, pois a necessidade dessas regras existirem é explicada para a criança.
Pesquisa (Julie Lythcott-Haims – Stanford)
- Universitários sempre acompanhados dos pais; - esperavam decidir o futuro a partir dos
desejos dos pais;
- overparenting – proteção excessiva aos filhos; - geração de adultos-crianças – pouca confiança
em si mesmo e dificuldade em refletir com independência sobre questões cotidianas. 3 tipos de pais: - superdirecionamento; - superproteção; - super ajuda.
Algumas características de uma educação
para a autonomia...
É importante que sejam educadores e não colegas
– significa estabelecer limites e impor regras
Esclarecer a necessidade das normas
Se não há uma boa justificativa é melhor repensar a norma.
Pelo que vale a pena brigar?
Ser firme no fundamental e flexível no secundário:
◦ ouvir o ponto de vista da criança/adolescente.
Mostrar o que pode ser feito e não o que não pode.
Reconhecer os sentimentos, mas limitar as ações.
Regras negociáveis e não negociáveis
• os educadores são responsáveis pela educação do filho e
A tristeza muitas vezes é necessária
–
- A
criança precisa aprender a lidar com sentimentos tais como: perda, dor, raiva,
frustração, etc
•
Estimular a criança a resolver os problemas que enfrenta
(mesmo que não seja da melhor maneira) – não tirá-las dos
conflitos.
•
Incentivar a criança a falar, a colocar-se quando tem
alguma dificuldade – não “falar pelas crianças”
Valorizar o que a criança faz, quem ela é...
Buscar coisas positivas e diga a ela.
Nunca dê a entender que o que a criança diz é
“bobagem”.
Demonstrar afeto pelo seu filho sempre e
independente da idade.
Envolver-se com a vida do
filho...
• Controlando os meios de comunicação e diversão
• Sabendo o que os filhos estão fazendo fora da
escola e nos fins de semana.
– procurar proporcionar um dia-a-dia bem
• Acompanhando de perto o desempenho
• Estabelecendo horários para dormir e/ou
• Organizando-se para passar mais tempo com os
filhos (e com mais qualidade)
• Toda criança precisa de um pouco de atenção
de vez em quando, mas não de atenção o tempo
todo.
• Realizando uma refeição conjunta e com
• Haver o nós e não somente programas
Mudar a forma de tratar os filhos de acordo
com a idade
Atribuir pequenas responsabilidades desde
cedo, mesmo que você consiga fazer melhor e
mais rápido a tarefa – auxílio e não obrigação:
lição de casa, guardar brinquedos...
Incentivar a criança a fazer sozinha tudo
Dar o exemplo
Aceitar que os erros são necessários e fazem
parte do processo de crescer.
– quando o dano já está causado não causar
danos maiores.
Evitar agressões físicas e verbais
críticas e ironias
A melhor sanção é permitir que a criança sinta a
consequência de seus atos
–– ter atitudes de reciprocidade
Conforme as palavras de Piaget (1972, p.50) referindo-se aos direitos à Educação no mundo atual:
“ se todas as pessoas tem direito à educação, é evidente que os pais também possuem, o direito de serem senão educados, ao menos informados e mesmo formados no tocante à melhor educação a ser proporcionada a seus filhos.”