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A EFICÁCIA DE PREVISÕES DE OCORRÊNCIA DE MOVIMENTOS DE MASSA EM JUIZ DE FORA - MG. Palavras Chave: Movimento de Massa, Mapeamentos, Shalstab

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A EFICÁCIA DE PREVISÕES DE OCORRÊNCIA DE MOVIMENTOS DE MASSA EM JUIZ DE FORA - MG

FARIA, Rosana. UFJF. rosanafariaf@yahoo.com.br ROCHA, G. C. UFJF. geraldo.rocha@ufjf.edu.br ZAIDAN, R.T. UFJF. ricardo.zaidan@ufjf.edu.br

Resumo

Muitas técnicas têm sido propostas na literatura para mapeamento de áreas de risco a movimentos de massa, as quais podem ser divididas em dois tipos básicos: o mapeamento direto do perigo e o mapeamento indireto do perigo. O presente trabalho visa analisar as limitações desses procedimentos, na medida em que a obtenção dos dados necessários à utilização desses modelos tem se mostrado insuficientes para a aplicação dessas metodologias. No enfoque dessa pesquisa foram analisados dois produtos cartográficos, sendo o primeiro elaborado por um modelo matemático determinístico (modelo SHALSTAB), e o segundo obtido a partir de um mapeamento direto em campo. A cidade de Juiz de Fora, foco deste trabalho, apresenta significativa ocupação irregular de encostas, o que tem gerado inúmeros deslizamentos. A bacia do córrego Independência, sub-bacia do Rio Paraibuna, foi escolhida por já ter sido mapeada com o uso das duas metodologias citadas. Levantamentos em campo permitiram validar as informações atestadas nos mapas, concluindo a eficácia de ambos os modelos de previsão. A análise do método com o uso de modelo (mapeamento indireto) permitiu constatar que o mesmo deve se basear em dados concretos, pois a falta dessas informações na entrada pode comprometer os dados gerados. Entretanto, no modelo de mapeamento indireto foram observadas algumas falhas, tais como a homogeneização dos dados ao longo da bacia (espessura do solo, densidade global do solo saturado, etc.), e a indefinição dos dados da coesão do solo. No entanto, foi concluído que monitoramentos em campo e análises de cicatrizes antigas devem ser usados para validar esses resultados, diminuindo assim a probabilidade de erro. Já o mapeamento direto, utilizando dados primários, mostrou-se mais preciso, pois baseou-se em dados específicos da área, tais como cartogramas de litologia, de intensidade de lineamentos estruturais, materiais originários, entre outros.

Palavras Chave: Movimento de Massa, Mapeamentos, Shalstab

Abstract

Several methods have been proposed in the literature to deal with the risk assessment of natural phenomenon. They can be divided in two types: the direct mapping and the indirect one. This work aims to analyze the limitations of these procedures, because normally the data used are not totally available in Brazil. Two cartographic methods were used: the Shalstab mathematic deterministic model and the direct mapping on the field. The town of Juiz de Fora, focus of this research, shows evidences of irregular human occupation of its slopes, causing problems of mass movements. Inside the urban area, we choose the Independência creek watershed, area already mapped using both methodologies. Field survey showed the efficacy of the two methods. The analyse of the indirect method applied demonstrated that it must be based in concrete data (primary data), in order to avoid errors in the final map; these kind of errors was observed in the map made with the Shalstab model, where the author made use of wrong procedures as the homogenization of soil data along the watershed ( soil thickness and density for example), as well as the indefinition about the soil coesion. Meanwhile, it was concluded that soil and scars surveys must be used in order to diminish the

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probability of errors. About the direct method, that made use of primary data, it can be said that it is more precise, because it was based on data obtained through mapping on the ground, where it was surveyed detailed aspects of the lithology, intensity of structural lining, weathered materials, vegetation, human use and soil cover.

Key Words: Mass Movements, Digital Mapping, Shalstab

Introdução

Os movimentos de massa, bem como o intemperismo e os movimentos erosivos, são considerados fenômenos naturais responsáveis pelo modelamento da superfície terrestre. Segundo Maciel Filho (1994), movimentos de massa são movimentos que envolvem uma massa ou volume de solo ou rocha que se desloca em um conjunto, diferindo da erosão por este ser um fenômeno que ocorre de grão a grão. Já para Guerra e Cunha (1998), o termo movimento de massa é uma expressão descritiva para movimento descendente de materiais que formam a encosta, rochas, solos, enchimentos artificiais ou a combinação desses materiais.

Atualmente, esses movimentos têm sido um dos maiores responsáveis pelas causas de morte em todo mundo. Segundo dados da ONU, no ano de 1993 morreram 2.517 pessoas no mundo devido a ocorrências de movimentos de massa, ficando abaixo apenas de terremotos e inundações (GUERRA e CUNHA, 2006). Para esses autores, o desencadeamento de escorregamentos em uma dada região depende de vários condicionantes naturais, porém a chuva é um dos fatores mais significativos, pois quase todos os registros estão associados a episódios de chuvas de forte intensidade ou de períodos prolongados, geralmente concentrados em alguns meses, muito comuns nas regiões tropicais.

Existem na natureza vários tipos de movimentos de massa diferindo entre si pelo tipo de material envolvido ou transportado, processos e fatores condicionantes.

Vários métodos foram propostos ao longo dos anos para classificar e descrever os movimentos de encostas. Ao nível de Brasil, destacam-se as propostas de classificação de Freire (1965), Guidicini e Nieble (1984), IPT (1991), Varnes (1958, revisto em 1978), e Fernandes e Amaral (1996). O sistema de classificação proposto por Varnes (1978), é hoje adotado internacionalmente, entretanto ao nível de Brasil, a proposta, talvez a mais útil, é a de Guidicini e Nieble que classifica os movimentos de massa em escoamentos (rastejo e corridas), escorregamentos (rotacionais, transacionais, quedas de blocos e quedas de detritos),

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subsidências (subsidências, recalques e desabamentos), formas de transição e movimentos complexos (GUERRA e CUNHA, 1998).

Por suas condições climáticas e extensos maciços montanhosos, o Brasil está sujeito a diversos tipos de acidentes, sejam eles causados por processos naturais, tecnológicos ou sociais. A rápida urbanização que vem ocorrendo nas últimas décadas tem causado uma série de impactos ambientais que são acentuados nas grandes cidades, onde a densidade demográfica é bem maior.

A cidade vista tradicionalmente como espaços mortos do ponto de vista ecológico, constitui hoje o maior exemplo de degradação ambiental, colocando em risco a qualidade de vida de sua população, constituindo um palco de embates ecológicos (Guerra e Cunha, 2006).

No Brasil e na América Latina, os desastres ambientais têm crescido assustadoramente, mas mesmo assim ainda não se tem órgão público com função específica para criar e implantar políticas de gestão de riscos e desastres ambientais, assim como, para tratar e remediar os vários acidentes (ROCHA, 2005).

O Ciclo dos Desastres engloba os mecanismos possíveis de serem utilizados na prevenção (pré-desastre) e as ações a serem desenvolvidas após o desastre (ROCHA, 2005). Entretanto, em países como o Brasil, a falta de uma cultura de segurança e uma legislação adequada, inibem ações que levem em conta o ciclo dos desastres, fazendo com que as catástrofes tenham conseqüências significativas para o país.

Fig.01: O Ciclo dos Desastres.

Na cidade de Juiz de Fora se encontra a bacia do Córrego Independência, foco desta pesquisa, situada na Região Sudeste brasileira, na sub-região da Zona da Mata Mineira e aproximadamente a 200 km da cidade do Rio de Janeiro (Fig. 02).

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Fig.02: Mapa de localização do Município de Juiz de Fora

De acordo com os aspectos geomorfológicos, o município encontra-se na Unidade Serrana da Zona da Mata, com características montanhosas e altitudes médias em torno dos 800m.

Em relação aos aspectos geológicos, esta cidade apresenta ao norte terrenos ocupados principalmente pelo Complexo Mantiqueira e ao sul pelas rochas do Complexo Juiz de Fora (ROCHA, 2005). A área de estudo localiza-se ao sul da cidade e apresenta um relevo acidentado com amplitudes que chegam a ultrapassar 200m.

Os solos da cidade ainda não foram mapeados em escala compatível, tendo sido constatados latossolos vermelho-amarelos álicos e distróficos, cambissolos e neossolos litólicos distróficos, assim como gleissolos e solos aluviais (ROCHA, 2005).

O clima mesotérmico, definido a partir da classificação de W. Koeppen como Tropical de Altitude, é responsável pelos verões quentes e chuvosos (Cwa).

Todas as características apresentadas, associadas às encostas com elevada declividade e índice pluviométrico anual elevado, contribuem para uma dinâmica superficial acentuada. O

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desequilíbrio das vertentes pode ser visualizado pelos elevados índices de movimentos de massa e processos erosivos tanto laminares como de escoamento concentrado em muitas das encostas da área urbana.

Os movimentos de massa encontrados na região são de vários tipos, desde escorregamentos em solos residuais, corridas de terra, quedas de blocos rochosos a deslocamentos de depósitos de talus, queda de matacões e escorregamentos a partir de superfícies de contato solo/rocha. Além desses escorregamentos e deslizamentos, agravado nos períodos de chuvas intenso, a forte erosão, contribui para acelerar a instabilidade do relevo, sendo mais intensa a atuação dos processos erosivos do tipo laminar, presente extensivamente nas áreas não urbanizadas, ocupadas principalmente por pastagens. (ZAIDAN, 2006).

Objetivo

Atualmente, diversos pesquisadores em todo mundo tem desenvolvido metodologias que buscam conhecer as causas e mecanismos dos movimentos de massas, sobretudo nas encostas. Esse conhecimento tem sido obtido seguindo diversas técnicas e metodologias, tais como o uso de imagens de satélites e radares, fotografias aéreas, mapeamento de campo, sistemas de informações geográficas (SIG), entre outros.

A presente pesquisa teve como objetivo analisar duas metodologias de mapeamento de áreas de risco na cidade de Juiz de Fora. A primeira técnica é caracterizada por um mapeamento direto do risco, sendo a segunda por um mapeamento indireto (modelagem) do mesmo. Nesse enfoque, foram analisadas as limitações desses procedimentos comparando seus produtos e validando suas informações em campo.

Material e Métodos

Nesse estudo foram analisados dois produtos cartográficos, ambos obtidos com o uso de SIGs, sendo o primeiro obtido a partir de um mapeamento direto do risco e o segundo a partir de um mapeamento indireto desse risco.

De acordo com Guerra e Cunha (1998), a utilização de um SIG implica em vantagens, como a capacidade de atualização dos dados e a variedade de técnicas de análises disponíveis que facilitam a combinação de mapas e tabelas; entretanto, as desvantagens também devem

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ser consideradas, como o maior consumo de tempo na digitalização dos dados de entrada e maior margem de erro, devido à incerteza quanto à qualidade dos dados.

No mapeamento direto, o método que determina os níveis de risco baseia-se no uso de um sistema de informação geográfica (SAGA/UFRJ) que emprega a avaliação ambiental complexa a partir de informações de mapas temáticos básicos.

Esse método foi utilizado para a obtenção do primeiro produto cartográfico, Riscos a Escorregamentos na Área Urbana de Juiz de Fora, cujo mapeamento de riscos a escorregamentos abrangeu a área urbana da cidade (ROCHA, 2005).

Para determinar os níveis de risco, foram utilizados como mapas temáticos os cartogramas digitais de Litologia, Intensidade de Lineamentos Estruturais, Declividade, Materiais Originários e Cobertura Vegetal e Uso da Terra (Fig.03). A partir dos resultados individuais de cada cartograma citado foi feito o cruzamento dos diversos planos de informações, com a sistematização de pesos e notas, possibilitando assim o caráter avaliativo/qualitativo do estudo.

Fig.03: Árvore de Decisão Usada no Risco a Escorregamento

O segundo produto analisado, Zoneamento de Susceptibilidade a Escorregamentos na Bacia do Córrego Independência, foi obtido a partir do método de mapeamento indireto do risco, em que os modelos estatísticos ou determinísticos são utilizados para prever escorregamentos em áreas propensas, com base em informações obtidas a partir da

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interrelação entre paisagem e os fatores condicionantes dos escorregamentos. O modelo de SIG aplicado para a obtenção desse produto foi o SHALSTAB, desenvolvido pela Universidade da Califórnia em Berkeley e adaptado para ambiente Windows através de uma extensão do software Arcview a partir da versão 3 (DIETRICH e MONTGOMERY, 1998).

Entretanto, deve-se enfatizar que esse modelo é particularmente utilizado para prever áreas susceptíveis a ocorrências de escorregamentos translacionais rasos, em áreas onde estejam bem definidos planos de transição, com forte diminuição do processo de infiltração como ocorre em transições solo-rocha. Assim, não deve ser usado em áreas de solos espessos, com baixa declividade, afloramento de rocha e áreas escarpadas.

Segundo Dietrich e Montgomery (1998), autores do modelo, este é organizado através da combinação dos modelos de estabilidade de encosta, baseado no clássico modelo de Talude Infinito simula a estabilidade de uma porção de solo situada diretamente sobre embasamento rochoso) e do modelo hidrológico (modela o balanço entre a concentração e a transmissão da água no solo caracterizando, em última análise, os locais na paisagem que estarão submetidos à saturação).

Esta combinação de modelos pode ser feita de duas formas: a primeira contempla todas as variáveis do modelo, e a segunda desconsidera a variável de coesão do solo. Para os autores, o dado de coesão do solo deve ser considerado, pois sem esta variável a estimativa pode ser comprometida, pois hiper-estima as áreas com susceptibilidade a ocorrência de escorregamentos.

A equação abaixo mostra o resultado da combinação dos dois modelos, considerando a coesão do solo:

onde:

Qc :é a chuva crítica necessária para a ruptura

T: é a transmissividade do solo

a/b: é a área de contribuição por comprimento de contorno unitário ϴ: é a declividade do local

ρw: é a densidade da água

g: é a aceleração da gravidade z: é a espessura do solo

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ρs: é a densidade global do solo saturado

ϕ: é o ângulo de atrito do solo C’: é a coesão efetiva do solo

As classes de estabilidade/instabilidade geradas por este modelo são sete: classe A: Incondicionalmente Estável e Saturado, classe B: Incondicionalmente Estável e Não-Saturado, classe C: Estável e Não-Não-Saturado, classe D: Instável e Não-Não-Saturado, classe E: Instável e Saturado, classe F: Incondicionalmente Instável e Não-Saturado, classe G: Incondicionalmente Instável e Saturado. Quando agrupadas, essas classes geram classificações combinadas, tais como: A+B: Áreas Estáveis, C+D+E: Áreas de Média Instabilidade e F+G: Áreas Instáveis.

Em campo foram escolhidas três áreas de destaque no mapeamento com o objetivo de averiguar o resultado apresentado. Das três áreas, foi escolhida uma considerada de altíssimo risco e as outras duas, consideradas por ambos modelos, como médio risco.

Resultados e Discussão

A partir das análises em campo (observações nas áreas pré-determinadas) e laboratório (revisões bibliográficas e validações das técnicas utilizadas) foi possível concluir que o uso de SIG’s (Sistema de Informação Geográfica) é essencial, pois permite trabalhar os dados em diferentes escalas.

O primeiro cartograma analisado, de Riscos a Escorregamentos na Área Urbana de Juiz de Fora, foi gerado numa escala de 1:100.000 (Fig. 04). A utilização dessa escala foi determinada com a finalidade de localizar geograficamente as áreas com maiores e menores potenciais probabilísticos ao evento indesejável (ROCHA, 2005).

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Fig. 04: Mapa de Riscos a Escorregamentos na Área Urbana de Juiz de Fora/MG – Destaque em círculo da área da Bacia do Córrego Independência

Esse produto cartográfico foi obtido a partir do cruzamento, via SIG, de diversos planos de informação, tais como cartogramas digitais de Litologia, Intensidade de Lineamentos Estruturais, Declividade, Materiais Originários e Cobertura Vegetal e Uso da Terra, gerando assim cinco categoriais ou níveis de riscos: baixíssimo, baixo, médio, alto e altíssimo.

As análises dos dados gerados mostraram, segundo Rocha (2005), grande concentração de áreas de médio risco, as quais totalizam 19.334 hectares. As áreas de fundo de vale foram caracterizadas como de baixo e/ou baixíssimo risco, equivalente a 1.775

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hectares. Já as áreas com declividade acima de 50%, foram classificadas como áreas de alto a altíssimo risco a escorregamento, correspondendo a 4.194 hectares do total.

Áreas com características de alto a altíssimo risco foram identificadas, em sua maioria, nos bairros centrais e nas porções sul e sudeste da área urbana da cidade. Nesse conjunto, localiza-se a Bacia do Córrego Independência a qual, desse modo, também se encontra em área de alto a altíssimo risco a escorregamento.

As análises em laboratório permitiram constatar que esse produto deve ser utilizado apenas para determinar a localização regional de áreas de risco na área urbana da cidade de Juiz de Fora, uma vez que o mapeamento foi gerado numa escala reduzida impossibilitando, por exemplo, o detalhamento das áreas de risco em relação ao arruamento e às diversas encostas da área.

Entretanto, esse mapeamento foi considerado de suma importância, uma vez que seu resultado, associado à confecção dos mapas detalhados de solos, de declividade e de uso e ocupação, possibilitou a execução do mapeamento em escala maior, nomeado Avaliação de Risco à Ocupação Urbana na Área Piloto (Bairro Dom Bosco) em Juiz de Fora, em escala de detalhe 1:2.000 (ROCHA, 2005) (Fig.05).

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Fig. 05: Avaliação de Risco à Ocupação Urbana na Área Piloto (Dom Bosco), Juiz de Fora, MG.

Essa avaliação detalhada do bairro permitiu mostrar áreas vulneráveis a ocupação urbana, caracterizando-as como de risco baixíssimo, baixo, médio, alto e altíssimo. Análises em laboratório permitiram determinar que mapeamentos diretos do risco, tais como o cartograma de Riscos a Escorregamentos na Área Urbana de Juiz de Fora (1:100.000) e o cartograma de Avaliação de Risco à Ocupação Urbana na Área Piloto (Dom Bosco) de Juiz de Fora (1:2.000) requerem levantamentos detalhados e completos em campo, tais como mapeamento de solo, mapeamento geológico, mapeamento geomorfológico, mapeamento da cobertura vegetal e ocupação humana. Destaca-se que nessas avaliações, o mapeamento geomorfológico não foi realizado.

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Nesse presente trabalho foi realizado levantamento em campo com o objetivo de validar as informações atestadas nesses mapeamentos. O cartograma averiguado, de Avaliação de Risco à Ocupação Urbana na Área Piloto (Bairro Dom Bosco), foi considerado fiel às condições de vulnerabilidade identificadas no local, apesar da área encontrar-se amplamente modificada antropicamente (Foto 1).

Foto 1: Área de alto risco no bairro Dom Bosco com ocupação irregular

O segundo mapeamento abordado neste trabalho, Zoneamento de Susceptibilidade a Escorregamentos na Bacia do Córrego Independência, foi gerado a partir de um mapeamento indireto, o modelo matemático determinístico SHALSTAB (Fig. 06).

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Fig. 06: Zoneamento de Susceptibilidade a Escorregamentos na Bacia do Córrego Independência – Gerado pelo modelo Shalstab

Apesar desse tipo de procedimento ter se tornado muito comum nas últimas décadas, essas técnicas possuem importantes limitações para seu uso generalizado, (FERNANDES et. al., 2001). Segundo o autor, existe uma enorme subjetividade na atribuição de pesos e notas nos dados de entrada, podendo variar de acordo com a experiência adquirida pelo investigador e pelo conhecimento do problema.

O mapeamento gerado por este modelo foi obtido numa escala de 1:5000 tendo como base cartográfica a altimetria, cobertura aerofotográfica, arruamento, uso e ocupação, declividade, curvas de nível e drenagem (Zaidan, 2006).

Quanto às variáveis necessárias ao SHALSTAB, o autor do mapeamento utilizou, para algumas variáveis, as medidas já previamente estabelecidas pelo modelo, tais como ângulo interno e massa específica do solo, sendo a variável coesão do solo desconsiderada, de acordo com a fórmula adotada.

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Os dados obtidos para topo e vale do relevo, foram descartados por não serem considerados precisos, uma vez que o modelo não é considerado eficaz em áreas com solos espessos, áreas escarpadas, baixa declividade e afloramentos rochosos.

As análises permitiram observar que do total das encostas da bacia, 34% são consideradas estáveis, 46,7% são consideradas de média instabilidade e apenas 19,2% do total são considerados instáveis (ZAIDAN, 2006).

A partir desses dados e validações em campo, Zaidan (2006) concluiu que as áreas de encosta da bacia que possuem menor instabilidade correspondem às suas porções leste, sul e oeste, a saber, o campus da UFJF, grande parte do Morro do Teixeira e boa parte do Morro do Granbery. Já as áreas de maior instabilidade destacam-se claramente através da encosta que vai da porção Norte, passando pela oeste e chegando a sudoeste do mapa, passando a jusante da estação meteorológica da UFJF até as proximidades do SESI Minas alcançando uma parte das encostas do Morro do Teixeiras, com exceção, é claro, da região da UFJF.

Para validação dessas metodologias, foram escolhidas três áreas dentro da bacia, onde foram realizadas visitas, com objetivo de validar as informações atestadas nos mapeamentos abordados.Na primeira área visitada foi observada a evolução do processo de escorregamento e o descaso das entidades públicas (Foto. 02). Na segunda e terceira áreas, a ocupação desordenada impulsionou os órgãos públicos a tomarem medidas, contudo sem sucesso e contribuindo para aumentar a vulnerabilidade da população local ao evento.

Foto 02: Imagem do cemitério municipal. Queda e inclinação das lápides indicam o dinamismo da encosta.

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Considerações Finais

Foi possível averiguar situações em que ambas as metodologias propostas puderam ser aplicadas, salientando, contudo as limitações impostas por cada método utilizado.

Para o primeiro mapeamento, relativo aos Riscos a Escorregamentos na Área Urbana de Juiz de Fora, foi concluído que esse procedimento é essencial para um reconhecimento abrangente das áreas susceptíveis aos escorregamentos em áreas urbanas. Contudo, tal procedimento ofereceu o resultado esperado na medida em que identificou regionalmente as áreas de maio risco, assim como subsidiou um importante mapeamento de detalhe de uma área com ocupação desordenada, altamente susceptível a escorregamentos, sendo considerada por pesquisadores e órgãos públicos de altíssimo risco.

Foi verificado que o local já se encontra bastante modificado pela ocupação urbana desordenada, tendo sido modificado desde que o mapeamento foi gerado. Foi detectada a intervenção de órgãos públicos em situações de alto risco, sem, contudo atingir o resultado esperado, na medida em que se notam apenas ações paliativas e imediatistas, sem quaisquer medidas de planejamento adequado (Foto 03).

Foto 03: Intervenção paliativa em uma rua do bairro Dom Bosco com o objetivo de conter um escorregamento.

Em relação ao segundo mapeamento, realizado por um método matemático determinístico, foi concluído que a utilização desses modelos matemáticos integrados a um

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sistema de informação geográfica torna-se essencial, pois possibilita tratar as variáveis especialmente em diferentes escalas.

Entretanto, foram encontradas algumas limitações ao uso dessa metodologia na área abordada; a primeira questão destacada é quanto ao tipo de solo para o qual o modelo tenha a eficácia esperada.

Com isso, com base em informações de Dietrich e Montgomery (1998), para resultados com eficácia próxima de 100% com a realidade dos locais, deve-se priorizar a aplicação do modelo em áreas de solos que apresentam pouca profundidade. Com isso listamos alguns solos onde a aplicação seria mais indicada. São eles: Alissolos, Espodossolos e Luvissolos (pouco profundos), Neossolos (pouco profundos ainda com presença do material de origem), Podzolissolos com baixa profundidade e Cambissolos.

Essa relação comprova que, mesmo aflorando algum tipo desses solos, a realização de medidas em campo é indispensável, pois suas profundidades podem variar de acordo com as condições climáticas e intervenções antrópicas locais.

Em campo foi confirmada a predominância de solo tipo latossolo vermelho amarelo, com expressiva profundidade em determinados locais. Nos fundos de vales foram confirmadas a presença de Gleyssolos e Fluvissolos, estes últimos desenvolvidos sobre material fluvial.

Essa constatação relativa aos latossolos foi contestada em laboratório, pois tal solo difere das limitações impostas pelo modelo SHALSTAB. Entretanto, vale a pena salientar que por se encontrar em ambiente com elevada ocupação urbana, tais características de profundidade já se encontram modificadas por erosão ou remoção antrópica, permitindo assim a aplicação do modelo.

Outro ponto de destaque foi dado às variáveis exigidas pelo modelo para a máxima eficácia do resultado. São elas o ângulo de atrito e massa especifica do solo. De acordo com o programa, quando não se tem esses dados do local analisado pode-se entrar com dados genéricos oferecidos pelo modelo, sendo 45ͦ e 1800 kg/m3 respectivamente. Todavia salienta-se nessalienta-se trabalho a necessidade de salienta-se contemplar o modelo com todas as variáveis exigidas com o máximo de precisão possível, para se obter um resultado próximo de 100% de fidelidade com a realidade.

Um terceiro ponto a ser destacado diz respeito às limitações dos resultados quanto aos resultados obtidos para topo de morro e fundo de vale. No cartograma de Zoneamento de Susceptibilidade a Escorregamentos na Bacia do Córrego Independência tais resultados foram considerados fora da área de análise, por não serem considerados precisos. Todavia

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salienta-se a necessidades da obtenção dessalienta-ses resultados na medida em que a instabilidade de uma parte da encosta compromete todo o conjunto, topo e vale, e não apenas as encostas.

Finalmente, conclui-se que ambas as metodologias são eficazes e necessárias para a previsão de áreas susceptíveis a escorregamentos, dando suporte assim para um planejamento urbano adequado.

Referências Bibliográficas

DIETRICH, W. E. e MONTGOMERY, D. R. Shalstab: A digital terrain model for mapping shallow landslide potencial. National Council of the Paper Industry for Air and Stream Improvement, Technical Report.

FERNANDES, N. F. (org.). Condicionantes Geomorfológicos dos Deslizamentos nas Encostas: Avaliação de Metodologias e Aplicação de Modelo de Previsão de Áreas Susceptíveis. Revista Brasileira de Geomorfologia, Volume 2, Nͦ 1 (2001) 51-57.

GUERRA, A. J. T. e CUNHA, S. B. (org.). Impactos ambientais e urbanos no Brasil, 4ͦ ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.

GUERRA, A. J. T. e CUNHA, S. B. (org.). Geomorfologia e Meio Ambiente, 2ͦ ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.

MACIEL FILHO, C. L. Introdução à Geologia de Engenharia. Brasília: Editora da UFSM, 1994.

ROCHA, G. C. Riscos Ambientais: análise e mapeamento em Minas Gerais. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2005.

ZAIDAN, R. T. Riscos de escorregamentos numa bacia de drenagem urbana no município de Juiz de Fora, MG. Tese de doutorado. UFRJ, 2006.

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