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Projeto de Preservação da Mata Atlântica

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Academic year: 2021

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 ppma projetodepreservaçãodamataatlântica: 11 anos

Governo do Estado de São Paulo Cláudio Lembo

Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo José Goldemberg

Coordenação Geral do PPMA Maria Cecília Wey de Brito

Coordenadoria de Licenciamento Ambiental e de Proteção de Recursos Naturais

José Arnaldo Gomes

Departamento Estadual de Proteção dos Recursos Naturais

Renata Inês Ramos Beltrão

Divisão Regional do Litoral e Vale do Ribeira – DPRN-3 Domingos Ricardo de Oliveira Barbosa

Divisão Regional do Vale do Paraíba - DPRN-7 Marco Antonio Moreira Landrino

Comando da Polícia Ambiental do Estado de São Paulo

Cel. PM José Guerra Júnior

Comando do Terceiro Batalhão de Policia Ambiental Ten. Cel. PM Amélio Franch Leme Filho

Diretoria Geral do Instituto Florestal João Batista Baitelo

Divisão de reservas e parques estaduais José Luiz de Carvalho

Diretoria Executiva da Fundação Florestal Maria Cecília Wey de Brito

Diretoria de Operações

Luiz Roberto Camargo Numa de Oliveira Consultoria Independente – GOPA Consultants Norbert Wende

Publicação Projeto de Preservação da Mata Atlântica 1997-2006

Conselho Editorial Maria Cecília Wey de Brito, Ne-rea Massini, Marco Antonio de Almeida e Norbert Wende

Coordenação Executiva Maria Isabel Amando de Barros / Instituto Ekos Brasil

Edição e Textos Marcelo Delduque Projeto Gráfico Luciana Sion / art urb

Mapas Giorgia Limnios / Instituto Ekos Brasil, Douglas da Silva Menezes e Giordano Bruno Alto-mari / Instituto Florestal

Fotolito e Impressão Burti Gráfica e Editora Tiragem 3.000 exemplares Ficha catalográfca

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índice

1

Mata Atlântica: patrimônio que inspira cuidados

08

Um plano para proteger a floresta paulista

12

Impactos positivos na natureza

18

Ferramentas do Projeto

32

Uma nova forma de interação com a Mata Atlântica

46

Perspectivas de sustentabilidade

66

2

3

4

5

6

(5)



1 mataatlântica: patrimônioqueinspiracuidados

Fonte: Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica - 1995 a 2000. Fundação SOS Mata Atlântica e INPE.

Remanescentes da Mata Atlântica Domínio original da Mata Atlântica

Todo brasileiro se orgulha da Mata Atlântica. As imagens de nossa floresta tropical correm o planeta representando as maiores riquezas do País. Para se falar em algumas de suas paisagens mais belas, há os extensos estuários do litoral paranaense, os cam-pos de altitude da Serra da Mantiqueira, as flores-tas de araucária do Sul e as belas maflores-tas da Bahia. Ou ainda a monumental Baía de Guanabara, cartão postal do Brasil. Por fim, há as escarpas magistrais da Serra do Mar e a costa inteiramente recortada entre São Paulo e Rio de Janeiro.

Ainda no aspecto diversidade, salta aos olhos a enorme variedade de vida que pode ser encontrada ao se mudar a perspectiva do olhar, abandonando as visões panorâmicas grandiosas e aproximando-se do interior da floresta. Vide, por exemplo, o sub-bosque de uma mata primária, cujo dossel das ár-vores, a 30, 40 metros de altura, nos dá a sensação de estarmos abrigados sob um enorme santuário. Nessa catedral natural, ornada por bromélias, orquídeas, palmeiras, samambaias, cipós e guaim-bês, desfilam aos olhos mais atentos e afortunados desde grandes mamíferos, como a onça-pintada, a capivara e a anta até os mais coloridos e delicados papagaios, tucanos, araçaris e saíras, entre centenas e centenas de espécies.

Houve uma época em que essa extraordinária floresta, ou melhor dizendo, esse complexo de flores-tas, cobria quase a totalidade da costa leste do Brasil, entre os atuais estados do Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul. Em alguns trechos, esparramava-se muito além da faixa litorânea, avançando mais de 500 quilômetros interior adentro, a exemplo de ter-ras do hoje Mato Grosso do Sul.

Entre os mais importantes e

amea-çados refúgios da biodiversidade do

planeta, a floresta tropical brasileira

está há mais de quinhentos anos

sub-metida a fortes pressões. Conservar e

recuperar seus remanescentes é uma

urgência, pela riqueza que ainda

guarda e pelo bem da vida de milhões

de pessoas.

1

patrimônio

que

inspira

cuidados

mata atlântica

fundo tentar watermark do logotipo do PPMA em todas estas paginas de abertura

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10 ppma projetodepreservaçãodamataatlântica: 11 anos 1 mataatlântica: patrimônioqueinspiracuidados 11

Rolo compressor Os conquistadores passaram

por cima da mata da mesma forma que desdenharam dos indígenas e de seus conhecimentos sobre a na-tureza. A destruição foi imperiosa. Em cinco séculos, a outrora cobertura vegetal que se espalhava por 1,3 milhão de quilômetros quadrados do território quase sucumbiu, chegando ao século XXI reduzida a menos de 8% da cobertura original.

A primeira vítima da cobiça européia foi a ma-deira conhecida pelos índios tupi por ibirapitanga – o pau-brasil. Em 1605, a árvore da qual os europeus extraíam um corante carmim, já estava em vias de extinção. Não demorou para que as clareiras abertas na selva fossem ocupadas por canaviais. Ao mesmo tempo, e durante três longos séculos, as indústrias naval e moveleira da Europa se alimentaram da ma-deira de lei extraída dali. No século XIX, vieram as locomotivas e as indústrias, a consumirem carvão vegetal, bem como as plantações de café e as pasta-gens, cujo manejo equivocado transformou vastas extensões de terra em voçorocas, resultados ex-tremados da erosão dos solos. E, na história mais re-cente, pressões urbanas e industriais deram o golpe de misericórdia a matas primárias remanescentes.

Mesmo esfacelada, a Mata Atlântica continua admirável e ímpar. Ali já foram identificadas 276 es-pécies de mamíferos, 1023 de aves, e outras 567 de répteis e anfíbios Só no grupo dos mamíferos, 88 es-pécies não são encontradas em nenhum outro lugar da Terra. Entre os anfíbios, a quantidade surpreende ainda mais: das 350 espécies catalogadas, cerca de 86% são exclusivas do bioma. No que se refere aos vegetais, há pelo menos 20 mil espécies de plantas, das quais cerca de 8 mil são endêmicas. Afora, a di-versidade de vida, a Mata Atlântica guarda um rico patrimônio histórico e cultural.

Para os quase 120 milhões de pessoas que vi-vem na região de domínio da floresta, a proteção do pouco que resta é uma necessidade vital, admite-se hoje, num mea-culpa histórico que dá razão à sa-bedoria dos antigos tupis.

Tesouro no quintal paulista No estado de São

Paulo estão as maiores áreas contínuas de Mata Atlântica preservadas de todo o Brasil. As escarpas da Serra do Mar não deram chances ao ímpeto ex-ploratório dos colonizadores, aos avanços da agricul-tura e da industrialização.

Esse corredor remanescente, somado a grandes extensões de terras florestadas do Vale do Ribeira e Vale do Paraíba, praticamente une as grandes áreas de mata do Paraná ao Rio de Janeiro. Não ficou, porém, a salvo das pressões, sendo lento e gradativa-mente corroído pelas bordas, especialgradativa-mente a partir da construção de uma série de rodovias cortando a região na segunda metade do século 20.

Tais transformações, ao mesmo tempo, chama-ram a atenção para a exuberância e a fragilidade dessa porção de paraíso natural. Na década de 1980, Acontece que a Mata Atlântica, assim como as

florestas tropicais de forma geral, muito diferente da visão do paraíso que sugerem, não são propria-mente ambientes adequados à vida humana. Quem já andou no meio da mata sabe da dificuldade que é vencer os emaranhados de cipós e espinhos, do incômodo dos mosquitos e outros insetos, do calor úmido e da falta de luminosidade (afora, é claro, as delícias de um banho de rio ou de cachoeira!). As-sim, as muitas gerações que habitaram a floresta – dos primeiros povos pré-colombianos aos tupis - tiveram que aprender a conviver com ela. Os tupis que aí se encontravam na ocasião da invasão portu-guesa, no ano de 1500, viviam em clareiras e planta-vam em pequenas áreas desmatadas, deixadas em descanso após um ciclo de colheitas para recuperar a fertilidade (agricultura de coivara). Incursionavam ao interior da mata a fim de caçar e coletar plantas úteis, sempre retornando às suas aldeias.

Apesar de não morarem dentro da floresta, os ín-dios dela dependiam e tiveram a sensatez de deixá-la em pé – ou como acreditam alguns, numa visão bem menos romântica, viviam numa densidade demográ-fica muito baixa para alterá-la substancialmente. O fato é que, quando os portugueses chegaram,

encon-traram a Mata Atlântica praticamente intacta. a preocupação com a conservação dos recursos

nat-urais ainda não constava da agenda de prioridades na sociedade brasileira, mas os números alarmantes da degradação da floresta que passaram a ser monitora-dos e divulgamonitora-dos ganharam holofotes, colaborando para o nascimento do movimento ambientalista.

Hoje, o desafio é fazer do conhecimento acerca da importância de se conservar a Mata Atlântica uma bandeira e uma força propulsora que impeça seu fim. Conservar o que resta da floresta e manter viva a esperança de que ainda pode ser recuperado muito do que foi perdido ao longo do tempo é um impor-tante alento à continuidade da vida no planeta. E, muito além, tem uma profunda significação: tornar-se símbolo de um novo acordo de convívio entre a atividade humana e a natureza – no qual ambos serão beneficiados.

Um estudo reconhecido internacionalmente

posiciona a Mata Atlântica entre os cinco

primeiros colocados na lista dos hotspots – áreas

de alta biodiversidade mais ameaçadas do

planeta, onde ações de conservação são urgentes.

É considerada hotspot uma área com pelo menos

1.500 espécies endêmicas de plantas e que tenha

perdido mais de 75% de sua vegetação original. Há

34 regiões dessas no planeta e, embora ocupem

apenas 2,3% da superfície terrestre, abrigam 50%

das plantas e 42% dos vertebrados conhecidos.

Uma das mais ameaçadas

áreas naturais do planeta

Pressão à Mata Atlântica: avanço urbano ameaça manguezal na Ilha da Santo Amaro (município de Guarujá). o passaro um poco maior cor ?? mais neutral, posicao melhor mais encima sangrando otra flor, orquídea

(7)

13

2 umplanoparaprotegeraflorestapaulista

A partir de um acordo de cooperação

bilateral Brasil-Alemanha, nasceu no

Governo de São Paulo um grande

pro-jeto para conservar os remanescentes

da Mata Atlântica do estado, o PPMA.

Foram onze anos de atividades

(1995-2006), período no qual, graças ao

vigor e às inovações dos programas

adotados, os esforços para a proteção

da floresta ganharam um novo sopro

de esperança.

O Projeto de Preservação da Mata Atlântica (PPMA) começou a ser concebido em 1989, com a crescente preocupação do Governo de São Paulo em proteger e recuperar os recursos naturais do estado. Na época, iniciaram-se gestões com o Banco Alemão de Desenvolvimento, KfW Entwicklungsbank, agente estatal financeiro encarregado dos proje-tos da Cooperação Financeira Oficial da Alemanha. Uma longa tradição do Governo Federal Alemão em acordos de cooperação financeira com o Brasil, con-siderado país-chave para o desenvolvimento dessas parcerias, e o foco de investir na conservação da bio-diversidade, balizaram as negociações (veja box na página 17).

Em São Paulo, o momento era propício e urgente para o surgimento de um grande projeto como o que se desenhava. Há quatro anos ocorrera a criação da Secretaria do Meio Ambiente do Estado e as ações de proteção ambiental ainda engatinhavam. Embora já houvesse os órgãos de fiscalização e licenciamento, e muitas das áreas protegidas estaduais fossem an-tigas (o Parque Estadual da Ilha do Cardoso, por ex-emplo, foi criado em 1962), os esforços para se con-servar os remanescentes florestais eram pontuais e desarticulados.

Em 1993, as discussões bilaterais iniciais entre Brasil e Alemanha resultaram na assinatura do con-trato do Projeto, chamado em seu princípio de Projeto de Preservação da Floresta Tropical no Estado de São Paulo. A iniciativa visava ampliar, planejar e integrar as ações de proteção à mata. Em sua fase embrion-ária, foi calcado pela estratégia de fortalecer a fiscal-ização e consolidar as Unidades de Conservação.

Aqui, há que se abrir um pequeno parêntese. Viveu-se, no final dos anos de 1980 e começo da década seguinte, um despertar global para a causa ambiental. De modo que, desde quando o Projeto foi idealizado até o início das atividades, o ambiental-ismo muito se transformou. Em 1992, a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desen-volvimento (Eco-92), no Rio de Janeiro, tornou-se o marco de uma notável tomada de consciência sobre a urgência de se conservar o patrimônio natural do planeta. Após o encontro, popularizaram-se concei-tos como desenvolvimento sustentável e processos participativos de gestão do meio ambiente.

Assim, numa evolução natural, foi incorporada às bases conceituais do PPMA a estratégia de propagar a idéia de conservação da natureza andando junto com o desenvolvimento socioeconômico humano. O Projeto, então, alinhou-se plenamente à visão preconizada nos princípios da Agenda 21 (espécie de “cartilha de sobrevivência” para o futuro do planeta elaborada na Conferência de 1992), estabelecendo seu grande objetivo nas seguintes linhas: “conser-vação e manejo sustentável da biodiversidade dos remanescentes da Mata Atlântica e seus ecossiste-mas associados”.

2

para

proteger

a

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paulista

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21.

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14 ppma projetodepreservaçãodamataatlântica: 11 anos 2 umplanoparaprotegeraflorestapaulista 15 FISCALIZAljO E INTERAljO SOCIOAMBIENTAL EDUCAljO AMBIENTAL TURISMO SUSTENTfVEL 5MA DA ESTABILIZAljO COBERTURA DEFESA BIODIVERSIDADE PROTEljO MANANCIAIS /BJETIVOS 00-! INFRA ESTRUTURA E PLANEJAMENTO AlzES INFORMAljO MONITORAMENTO &ERRAMENTAS 00-! PROMOVER ATINGIR Criação da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.

Apresentação e aprovação do Projeto Piloto, contemplando o Parque Estadual Ilhabela e a região do Vale do Ribeira. Implantação do Projeto em todas as outras áreas previstas, contemplando 17 mil quilômetros quadrados de domínio da Mata Atlântica e dez Unidades de Conservação.

Foram criados Comitês de Apoio a Gestão em dez Unidades de Conservação envolvidas na primeira fase do PPMA. Publicação dos Planos de Gestão Ambiental de dez Unidades de Conservação. Assinatura do contrato entre o Governo Estadual e o KfW. Aprovação do projeto técnico. Execução do Projeto Piloto. Oficina de planejamento em Paraibuna com todos os participantes do PPMA. No encontro foi ajustada a matriz de planejamento do Projeto, ou seja: objetivo superior, objetivos específicos, métodos, resultados, indicadores e pressupostos.

1985 1989 1993 1994 1995 1996 1997 1998

Fiscalização, planejamento e integração:

pa-lavras-chave Em 1995, o PPMA finalmente saiu

do papel, com as ações concentradas no litoral, Serra do Mar, Vale do Paraíba e Vale do Ribeira, ou seja, cerca de 17 mil quilômetros quadrados de floresta. A razão da escolha dessas regiões foi porque ali estão as mais extensas áreas contínuas florestadas ainda razoavelmente preservadas em São Paulo. Em 1999, a cooperação internacional seria ampliada, con-templando novas Unidades de Conservação e per-fazendo, então, um contínuo de florestas de 22 mil

quilômetros quadrados, entre Picinguaba, na divisa com o Rio de Janeiro, e o Vale do Ribeira, próximo ao Paraná.

As primeiras ações, de caráter emergencial, foram investimentos maciços no aparelhamento das quatro instituições responsáveis pela gestão dos recursos naturais dessas áreas: Polícia Ambien-tal, órgão fiscalizador; Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais (DEPRN), responsável por licenciar supressões da mata nativa; e o Instituto Florestal (IF) e a Fundação Florestal (FF), que

admin-Início das negociações entre o Governo do Estado de São Paulo e o KfW Entwicklungsbank. Uma missão do banco alemão vem ao Brasil conhecer a floresta atlântica. A partir daí, inicia-se a formulação de um projeto. Publicação da Resolução Conjunta estabelecendo cooperação mútua entre as Secretarias da Segurança Pública e Meio Ambiente, visando coibir infrações ambientais. Publicação interna do Plano Operacional de Controle (POC), visando integrar e articular as ações das instituições envolvidas no PPMA.

istram as Unidades de Conservação estaduais. No caso do Instituto Florestal, os recursos foram desti-nados a duas Estações Ecológicas e quatro Parques Estaduais; dentre estes, o Parque Estadual da Ser-ra do Mar participava com cinco núcleos. Nesta primeira fase do PPMA, o Instituto Florestal recebeu recursos para elaborar Planos de Gestão Ambiental destas Unidades de Conservação.

Afora a prioridade em adquirir equipamentos e intensificar a fiscalização, o Projeto teve um foco em planejar e integrar as atividades das quatro insti-tuições envolvidas, que trabalhavam de forma

in-dependente, mesmo que para fins comuns. Assim, de imediato, as rotinas das instituições passaram a ser estabelecidas nos chamados Planos Operativos Anuais (POAs), principal instrumento de planeja-mento do PPMA, no qual os investiplaneja-mentos e cus-teios são decididos e discriminados. Em 1998, foi implantado o Plano Operacional de Controle (POC), que se concretizou em ações conjuntas de fiscaliza-ção, visando uma efetiva integração entre DEPRN, Polícia Ambiental, FF e IF. A partir do POC, as medi-das de proteção à floresta passaram a ser arquiteta-das conjuntamente.

Estrutura Lógica do PPMA

Estação Ecológica da Juréia, Unidade de Conservação integrante do Projeto integrar flecha, integrar ovalo, nao repetir PPMA

(9)

16 ppma projetodepreservaçãodamataatlântica: 11 anos 2 umplanoparaprotegeraflorestapaulista 17

A cooperação bilateral

Brasil-Alemanha

A política de cooperações internacionais da Alemanha é definida e conduzida pelo Ministério Federal da Cooperação Econômica e Desenvolvimento, o BMZ, que formula as linhas de atuação e conduz o diálogo inter-governamental com os países parceiros. O KfW Entwicklungsbank (Banco de Desen-volvimento Alemão) é o agente financeiro oficial dessas cooperações. Avalia as propos-tas de projetos, formata contratos, operacio-naliza os financiamentos e empréstimos e apóia e monitora a implementação dos pro-jetos pelas instituições executoras.

Os primeiros projetos de cooperação fi-nanceira bilateral Brasil-Alemanha remon-tam a 1963. A partir da Rio 92, com a política do Governo Alemão sendo voltada para in-vestimentos no desenvolvimento sustenta-do, na redução da pobreza e na conservação da biodiversidade, o Brasil tornou-se foco pri-oritário de investimentos.

Até hoje, o banco concedeu cerca de 624 milhões de euros para projetos no Brasil, sendo que aproximadamente 545 milhões de euros já foram desembolsados. Atualmente essa cooperação financeira conta com 28 pro-jetos em curso no território brasileiro, a um valor de 300 milhões de euros, sendo que 70% desses projetos são na área de conserva-ção dos recursos naturais. O PPMA inclui-se aí. No mundo todo o KfW Entwicklungsbank está fomentando 1300 projetos divididos em 105 países. KfW: contribuição financeira KfW: empréstimo Governo do Estado de São Paulo Investimentos do KfW e Governo do Estado de São Paulo (em milhões de Euros)

 

 

 

Inicia-se o desenvolvimento do SIGMA – Sistema de Gerenciamento da Mata Atlântica. 2000

Foram criados Conselhos Consultivos em Unidades de Conservação envolvidas na segunda fase do PPMA e readequados os Comitês de Apoio a Gestão da primeira fase. Assinatura do Contrato de Aumento, ampliando a área

2001

Aprovação do Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Mar pelo CONSEMA - Conselho Estadual do Meio Ambiente.

2006

Início da parceria entre os Governos de São Paulo e Paraná para estabelecer e implementar Plano de Operações de Fiscalização Conjunta no Vale do Ribeira e Litoral.

2004

Após a vistoria de uma missão do KfW, foi proposta a inclusão de onze novas Unidades de Conservação.

1999

“Está cada vez mais compreendido e comprovado o pa-pel da Mata Atlântica para a vida do cidadão. Hoje, o conhecimento existente sobre seus atributos ecológicos, paisagísticos e outros, reforça os argumentos que indi-cam ser mais importante manter áreas com remanes-centes de florestas que simplesmente derruba-las sob o argumento de que isso servirá para desenvolver ativida-des econômicas. O ativida-desafio ainda é traduzir melhor este papel aos tomadores de decisão, empresários e mesmo para aqueles que pensam não ter relação direta com a natureza.” Maria Cecília Wey de Britto foto Ciça

Nas Unidades de Conservação, o instrumento de planejamento adotado foram os Planos de Manejo, documentos que sistematizam o conhecimento so-bre as áreas protegidas, propondo diretrizes e estra-tégias de ação. É importante enfatizar que a elabora-ção dos mesmos contou com as opiniões e sugestões das comunidades locais e de várias esferas da socie-dade, num procedimento inédito no âmbito da Mata Atlântica, culminando com a criação de Conselhos Consultivos, fóruns onde propostas de deliberações passam por consultas públicas.

O Projeto também investiu fortemente na área de informação e monitoramento, dotando os par-ticipantes de radiocomunicadores e computadores com Internet. Foram colocadas à disposição dos téc-nicos cartas topográficas vetorizadas e fotos aéreas, estas produzidas especialmente para uso no PPMA. Um sistema de georreferenciamento foi criado para ajudar na sistematização dos dados.

Resultados O PPMA gerou os resultados mais

vi-síveis entre os projetos de proteção à Mata Atlântica, que podem ser medidos pela diminuição real no rit-mo do desmatamento no estado de São Paulo. Com sua efetiva atuação na intensificação da fiscalização, no incremento da infra-estrutura e da rede de infor-mações, assim como na profissionalização dos instru-mentos de gestão (planejamento e cooperação), deu a base necessária para que fossem estabelecidas novas formas de interação do ser humano com a floresta.

Assim, a partir do Projeto, derivaram programas de educação ambiental, turismo sustentável, di-versas parcerias de comunidades com Unidades de

Conservação e uma modernização dos mecanismos de fiscalização e controle, entre outros. Essas no-vas formas de interação contribuíram para o cum-primento do principal objetivo do Projeto de prote-ger a floresta, compreendido a partir de três grandes questões: estabilização da cobertura vegetal, defesa da biodiversidade e proteção de mananciais.

O ano de 2006 marca o encerramento do con-trato de cooperação internacional. Inquietações co-muns a momentos como este não poderiam deixar de aflorar. Os agentes envolvidos já se mobilizam em busca de meios de manter e aprofundar as conquis-tas do Projeto. A expectativa é que, ante a finalização do aporte de recursos, o Governo de São Paulo, bem como a sociedade, mirem-se nesse onze anos de óti-mas experiências, municiem-se dos instrumentos de gerenciamento criados no período e façam do PPMA o mesmo que se busca para a natureza, ou seja, sua conservação e sustentabilidade.

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ppma

contribuiucoma diminuiçãonoritmodo desmatamentoe construiuosalicerces para novasformasdeinteraçãodo serhumano comafloresta

.

de abrangência do Projeto para 22 mil quilômetros quadrados. Publicação do Plano de Manejo do Parque Estadual Ilha do Cardoso e aprovação no CONSEMA – Conselho Estadual do Meio Ambiente.

logotipo da cooperacao encims, logotipo de KfW ao final do texto embaixo

(10)

1 3 impactospositivosnanatureza

3

na

natureza

impactos

O PPMA, em todas as suas ações e

programas, foi pautado pelo objetivo

maior de conservação dos

remanes-centes da Mata Atlântica e manejo

sustentável da biodiversidade. Para

que se compreenda a profundidade

dos problemas atacados pelo

Pro-jeto, separamos esse objetivo em três

grandes temas, tratados neste

capítu-lo. Os temas são ilustrados com

estu-dos de caso exemplares da

abrangên-cia do tema em questão, em uma

perspectiva histórica, apresentando

cada caso em seus diversos aspectos,

incluindo o que se refere aos impactos

positivos causados pelo Projeto.

Em primeiro lugar, o PPMA desenvolveu seus programas com a preocupação de contribuir para a estabilização da cobertura vegetal, ou seja, cuidar para estancar o ritmo do desmatamento na Mata Atlântica, que transforma áreas de floresta em ci-dades, condomínios e lavouras.

Mas nem sempre manter a cobertura vegetal sig-nifica assegurar a proteção à floresta, já que a preda-ção pode ser feita sem prejuízo da cobertura, como é o caso da ação de caçadores e palmiteiros, que empo-brece a mata, porém não a derruba. Este é o segundo tema tratado: a defesa da biodiversidade.

Por fim, o Projeto procurou, a partir da proteção da floresta, manter a integridade dos mananciais que abastecem de água milhões de pessoas. A flo-resta, muito além de todos os interesses que se encerram em si, presta serviços ao ser humano, entre eles, provavelmente o mais importante, que é regular o fluxo hídrico e proteger nascentes de água. Essas nascentes se transformam em rios, que, próximo às cidades, têm seus cursos desviados para sistemas de abastecimentos urbanos. Da conserva-ção da floresta, depende a manutenconserva-ção desses pre-ciosos mananciais e, conseqüentemente, a quali-dade da vida humana.

Estabilização da

cobertura vegetal

Defesa da

biodiversidade

Proteção aos

mananciais

positivos

na natureza

impactos

(11)

0 ppma projetodepreservaçãodamataatlântica: 11 anos 3 impactospositivosnanatureza 1

Passados os ciclos econômicos da cana-de-açúcar, do café e do extrativismo madeireiro, responsáveis pela derrubada extensiva da Mata Atlântica, as pressões à cobertura vegetal passaram a ser de out-ra ordem. Mas não por isso menos preocupantes.

Ainda são muitas as ameaças que recaem sobre a floresta, especialmente no estado de São Paulo, o mais populoso do Brasil. Para se ter uma idéia, calcula-se que a população atual dos municípios abrangidos ou adjacentes ao trecho paulista da Serra do Mar, onde se concentram algumas das mais significativas áreas contínuas da floresta, é de

1962 (1)

Cobertura vegetal natural no Estado de São Paulo [1962 – 2001]

(1) Borgononi & Chiarini (1965) e Borgonovi et al (1967)

(2) Zoneamento econômico Florestal do Estado de São Paulo (1975) (3) Kronka et al (1993) 1971-73 (2) 1990-92 (3) 2000-01 7.257.300 ha 4.393.880 ha 3.330.740 ha 3.457.301 ha

+3.7%

-24,2%

-39,5%

quase 14 milhões de habitantes, praticamente o do-bro da década de 1970.

Em uma situação dessas, a presença efetiva do Estado, planejando as ocupações humanas, fiscali-zando as áreas de proteção ambiental e manejando as Unidades de Conservação, faz-se fundamental para manter a integridade da cobertura florestal remanescente. É o que tem acontecido em São Paulo, contribuindo para a expressiva diminuição no ritmo do desmatamento observada, uma tendência que parece ter vindo para ficar.

A floresta ganha espaço

Na região da Serra do Mar, há muitos casos em que o limite das cidades é a floresta, de forma que o crescimento urbano sem planejamento fatalmente abre caminho em meio à mata. Vale lembrar: em geral as pessoas que procuram se fixar nas perife-rias são desprovidas de bens e encontram-se à mar-gem do processo social; simplesmente se apossam de terras abandonadas e abrem clareiras em locais de pouco movimento e longe dos olhos da fiscaliza-ção. São também alvos fáceis de grileiros. Estes ven-dem terrenos que não lhes pertencem, muitas vezes inseridos dentro de Unidades de Conservação.

Exemplos claros dessa situação são as cidades de Caraguatatuba e Ubatuba, cujas taxas de cresci-mento são engrossadas pelos imigrantes que che-gam atraídos pela disponibilidade de mão de obra na construção civil. Em ambas, os limites do Parque Es-tadual da Serra do Mar avizinham-se à zona urbana.

A especulação imobiliária, resultado do cresci-mento do turismo, também ameaça a Mata Atlân-tica. O litoral norte de São Paulo foi um dos mais afetados em tempos recentes, pela mudança radical de suas feições que se deu a partir da construção da rodovia BR-101, a Rio-Santos, em meados da década de 1970. Ali, a planície entre a costa e a serra tem sido um dos locais mais expostos à ocupação turísti-ca e os males ao ambiente decorrentes, como ater-ramento de mangues e destruição de restingas.

A Rio-Santos foi planejada durante o regime militar, para facilitar os acessos a equipamentos de infra-estrutura de base implantados entre o Rio de Janeiro e Santos, como o porto de São Sebastião. Era época do chamado milagre econômico, ápice da política econômica desenvolvimentista, e como era regra, nada ou pouco se considerou os impactos so-ciais e ambientais de uma obra de tamanha magni-tude. Como bem observou Warren Dean, em “A Fer-ro e Fogo”: “A idéia de desenvolvimento econômico penetrava a consciência da cidadania, justificando cada ato do governo, e até de ditadura, e de extinção da natureza”.

Estabilização da

cobertura vegetal

+2%

-1%

1.176.566 ha 1.200.206 ha 1.197.889 ha 1991 2000 2004 695.360 ha 210.648 ha 294.148 ha 293.306 ha 694.394 ha 210.189 ha

floresta ombrófila densa e mista formações arbóreo/arbustiva-herbácea vegetação secundária

total

Evolução da cobertura vegetal na região do litoral de São Paulo [1991 – 2004]

cicrulo menor eliminar barra esquera e fazer um box com 2 pizzas diferenciando os tipos de vegetacao, sem o circulo de porjentual sangra embaixo

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 ppma projetodepreservaçãodamataatlântica: 11 anos 3 impactospositivosnanatureza 3 Aos imigrantes que chegaram, como já se viu,

atraídos pela mão de obra disponível na construção civil, somou-se a população caiçara que vendeu suas terras costeiras, deslocando-se para habitações precárias nas encostas. Em locais como a costa sul de São Sebastião, essas ocupações, quase sempre clandestinas, com máximo parcelamento do solo e sem condições mínimas de saneamento básico, já estão adentrando terras do Parque Estadual da Serra do Mar.

Indústrias Caso semelhante aconteceu em

Cu-batão, onde, após a construção da Via Anchieta, em 1976, alguns trabalhadores se fixaram às margens da estrada, resultando nos núcleos urbanos conheci-dos como bairros cota, que em muitos pontos avan-çam sobre o Parque. No início dos anos de 1990, por iniciativa do Governo do Estado de São Paulo, foram criados grupos de trabalho com o objetivo de mini-mizar conflitos resultantes desta ocupação, mas a expansão urbana continua na região.

Cubatão é, provavelmente, o local onde as pressões sobre a Mata Atlântica são mais evidentes. O pólo industrial instalado ali na década de 1950 in-terferiu de forma absolutamente negativa sobre a cobertura vegetal. Primeiramente, o descontrole na emissão de poluentes (hoje minimizado com a ob-rigatoriedade do uso de filtros) resultou em chuvas ácidas que fragilizaram a mata e provocaram uma série de desabamentos das encostas. Linhas de alta tensão, torres, dutos e ferrovias abriram os acessos em meio à floresta, aumentando sua vulnerabili-dade.

E todo esse processo não é exclusivo da faixa cos-teira. No planalto, transpondo-se a Serra do Mar em direção ao interior, ainda em zonas de domínio da Mata Atlântica, o represamento de rios, tanto para geração de energia como para abastecimento de água para as grandes cidades, resulta em perdas de grandes e contínuos trechos florestados. Loteamen-tos e condomínios que vieram a substituir antigas pastagens e zonas agrícolas decadentes, em geral não respeitam o meio ambiente, e trazem conse-qüências semelhantes àquelas do litoral.

Onde a urbanização e o parcelamento do solo exercem pressão menor, a agricultura e a pecuária continuam abrindo frentes na floresta, sobretudo em regiões pobres, como o Vale do Ribeira. Lá, os pequenos agricultores, em vista de terem poucos recursos para manejar a terra, abrem caminho em áreas de floresta, cuja fertilidade é alta imediata-mente após os desmatamentos, não se fazendo ne-cessário o uso de insumos. Até hoje vigora a men-talidade de que mato é sinônimo de sujeira e terra imprestável e que deve, portanto, ser eliminado.

Mudança de tendência A partir de meados

do século 20, mesmo com todos esses vetores de pressão atuando, a cobertura vegetal em São Paulo começou a se estabilizar, como revelam os monito-ramentos sistemáticos que estão sendo feitos por meio de interpretações de imagens de satélite (veja os gráficos apresentados neste capítulo).

Diversos fatores contribuíram para frear o pro-cesso de desmatamento. Junto com a conscientiza-ção da sociedade, mais atenta à questão ambiental (o que pode ser dimensionado pelas diversas Ongs e mesmo pessoas físicas que atuam em projetos que visam o desenvolvimento sustentável), melhoraram os instrumentos de controle e fiscalização por parte dos órgãos do Governo, assim como diversas Uni-dades de Conservação se consolidaram. Além disso, os esforços entre as várias instâncias relacionadas ao meio ambiente passaram a se articular melhor.

Houve ainda o implemento de políticas públi-cas com vistas à conservação dos recursos naturais, a exemplo do PPMA. A legislação ambiental tam-bém foi aperfeiçoada. Um bom exemplo é o Decreto 750/93, que proíbe o desmatamento em áreas de floresta primária e nos estágios médio e avançado de regeneração. Embora haja um descaso histórico em relação às leis ambientais, sem dúvida pode-se observar avanços.

Outro fator importante para a diminuição do desmatamento foi a atuação dos Ministérios Públi-cos Federal e Estadual após a Constituição de 1988, quando passaram a ter entre suas atribuições a def-esa do meio ambiente. Os Procuradores da Repúbli-ca e os Promotores Públicos passaram a exercer um papel de fiscais do cumprimento da lei, tanto por parte da sociedade quanto dos órgãos públicos. Também tem sido importante a participação ativa da imprensa, que tem se engajado de forma cres-cente na questão ambiental, divulgando cada vez mais notícias sobre crimes ambientais e mostrando alternativas de desenvolvimento sustentável.

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Efeitos da especulação imobiliária em Bertioga: floresta dá lugar a loteamentos (foto à direita). Foto aérea da região da praia da Puruba, município de Ubatuba, em 1972 (esquerda) e ortofoto do mesmo local realizada em 2000/2001 (direita) revelam incremento de vegetação nativa

esta foto muito maior, sangrando na esquedra encima menor e dentro dum box FAVOR tirar o numero 1 de ambos graficos

(13)

4 ppma projetodepreservaçãodamataatlântica: 11 anos 3 impactospositivosnanatureza 5

O caso do palmito no

Vale do Ribeira

O Vale do Ribeira é considerado a região mais po-bre do estado de São Paulo. As opções econômicas ali são poucas; como exemplo a bananicultura, tradi-cional cultura agrícola, passa por constantes crises. Muitas pessoas vão buscar na floresta o sustento. A pressão é grande, em especial sobre a população de juçaras, uma palmeira que nasce no sub-bosque da Mata Atlântica, ou seja, em sua parte sombreada. Em condições naturais, a espécie se apresenta numa densidade de até 360 indivíduos adultos por hect-are, segundo dados do pesquisador Wagner Gomes Portilho, da Fundação Florestal. Os frutos roxos, que dão em cachos, são muito apreciados por animais, principalmente aves e mamíferos.

A juçara é considerada pelos naturalistas uma espécie chave para o sucesso da biodiversidade. A fauna atraída por ela circula pela floresta, espalha sementes e garante assim os intercâmbios gené-ticos entre as espécies.

Sabe-se há muito tempo que a parte de cima do caule da juçara, envolta por uma bainha verde, é tenra e, quando cozida, transforma-se numa delici-osa iguaria, consumida em saladas e outros pratos: o palmito. Todas as palmeiras têm o palmito, mas o da juçara é um dos mais apreciados pela textura, pelo sabor leve e por ser pouco fibroso. O palmito é

Defesa da

biodiversidade

As florestas tropicais, de maneira geral, caracter-izam-se pela alta taxa de variedade de vida. Plantas e animais estabelecem delicadas e complexas teias de relações e dependências, de modo que, quando certas espécies desaparecem, toda a dinâmica florestal se al-tera. É o vem acontecendo com a Mata Atlântica. Além da diminuição da cobertura, ela é empobrecida. Ou seja, mesmo em áreas onde aparentemente a floresta permanece, perde-se em biodiversidade, pela ação de caçadores e pela extração predatória de plantas.

A perda é irreparável. Além de ser decisiva para a manutenção dos ambientes naturais, a biodivers-idade tem um valor ainda não totalmente conhecido, como alimentos ou para a fabricação de remédios, en-tre outros usos. Quando uma espécie se extingue, todo o material genético dela, fruto de milhões de anos de evolução, vai-se para sempre.

O tráfico de animais silvestres é uma das mais sérias ameaças à biodiversidade. Trata-se do terceiro maior negócio ilegal do mundo e só no Brasil movi-menta cerca de 2,5 bilhões de reais por ano. Afora os prejuízos evidentes à floresta, a atividade é extrema-mente cruel. Para se ter uma idéia, aves ornamentais são transportadas sedadas, dentro de tubos de PVC escondidos dentro de malas, entre as roupas. De dez bichos traficados, apenas um chega vivo ao compra-dor final.

Quanto às plantas, dentre as espécies da Mata Atlântica, a palmeira juçara (nome científico Euterpe Edulis) é provavelmente a mais explorada de forma predatória, devido ao valor alimentar do palmito que dela é retirado. Um levantamento de todas as ocorrên-cias de ameaças ao Núcleo Santa Virgínia, do Parque Estadual da Serra do Mar, entre 1991 e 2005, revelou que os principais casos se referem à extração de pal-mito. A caça a animais silvestres também é bastante representativa.

No Vale do Ribeira, onde o problema do palmito é mais agudo, uma série de experiências de desenvolvi-mento comunitário e projetos de manejo sustentado estão contribuindo para aliviar a pressão sobre as áreas protegidas, que ali se somam cerca de 60% de todo o território paulista da região.

Extrator ilegal de palmito, flagrado dentro de Unidade de Conservação de área de floresta no Vale do Ribeira

um tradicional alimento e fonte de renda das comu-nidades rurais do Vale do Ribeira.

A exploração acontece há várias décadas de for-ma predatória, levando à diminuição drástica dos estoques da planta em estado natural. Para se obter o palmito, é necessário derrubar a palmeira. Hoje, o assunto tornou-se caso de polícia já que a extração da flora nativa só é permitida em manejos sustenta-dos, com permissão dos órgãos de licenciamento e fiscalização. Nos últimos quinze anos, os extratores clandestinos (chamados, assim como a própria planta, de palmiteiros) passaram a invadir as Uni-dades de Conservação da região, em face à escassez em outras áreas.

No caso do Parque Estadual Intervales, por ex-emplo, em sua parte sul, onde integra os municípios de Sete Barras, Eldorado e Iporanga, chega-se a caminhar cerca de dez horas dentro da mata, a par-tir dos limites da Unidade, para encontrar juçaras em condições de corte. Conflitos de policiais e vigias dos Parques da região com palmiteiros já causaram mortes de ambos os lados. Alguns palmiteiros se or-ganizam em bandos, andam armados e chegam a montar fabriquetas de beneficiamento de palmito escondidas nos quintais de suas residências.

Afora as pessoas que exploram o palmito por uma questão de sobrevivência, criou-se uma rede de tráfico que inclui, além do beneficiamento clan-destino, esquemas de transporte e emissão de no-tas frias para “legalizar” o produto. Apesar de tudo

sangrar encima e maior

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6 ppma projetodepreservaçãodamataatlântica: 11 anos 3 impactospositivosnanatureza 7 isso, a extração da juçara conta com uma certa

com-placência de diferentes segmentos da sociedade, no Vale do Ribeira. Visto a pobreza na região e a tradição de se explorar palmitos – há famílias que vivem há duas, três gerações da extração de palmi-to -, a atividade é de certa forma perdoada. Aqueles que entram na floresta para cortar palmitos em geral não têm outras opções e são os que menos se beneficiam dentro dessa estrutura criminosa.

Há, por um lado, a biodiversidade da Mata Atlân-tica ameaçada e, por outro, comunidades rurais que precisam de uma alternativa de renda, vivendo cada vez mais acuadas. “Hoje a fiscalização melhorou muito”, confirma Lídia Jorge, estagiária da Funda-ção Florestal junto ao programa de proteFunda-ção de In-tervales e filha de um vigia aposentado do Parque. “Antigamente os palmiteiros até riam dos vigias”.

À melhoria da fiscalização e ao escasseamento da planta no campo, somou-se o nascimento da consciência ambiental global, que acabou rever-berando no Vale do Ribeira, uma região sempre no foco do movimento ambientalista. E uma nova or-dem começou a ser construída por ali.

Desenvolvimento sustentável No município

de Sete Barras, algumas comunidades vizinhas aos Parques Estaduais Intervales e Carlos Botelho, orga-nizadas em associações, estão buscando alternativas de renda que incluem o uso econômico da juçara de forma não predatória.

Além do bairro Rio Preto, experiência que há oito anos vem sendo implantada no entorno do Parque Estadual Carlos Botelho, o Guapiruvu, bairro rural com cerca de 500 habitantes, é um dos melhores exemplos. Lá, alguns moradores já possuem um histórico de ativismo ambiental, que remonta aos anos de 1980, quando da luta pela conservação do monocarvoeiro (maior primata das Américas). A Associação de Moradores local, a AGUA, nasceu em 1997 e, um ano depois, realizou a Agenda 21 local, em parceria com uma organização não governamental.

A elaboração do documento foi um importante passo pois, com ele, pôde-se identificar as fragi-lidades e potenciafragi-lidades da comunidade. Baseados nos resultados, projetos de desenvolvimento foram propostos, sempre se levantando a bandeira da sus-tentabilidade. Por estar numa área pobre e próxima

a remanescentes de Mata Atlântica, o Guapiruvu atraiu muitas atenções. Cursos de capacitação foram realizados, Ongs trouxeram projetos de desenvolvim-ento. E novas alternativas não tardaram a aparecer.

Antigos bananicultores, praticamente falidos, começaram a repovoar suas terras com juçara, visando a exploração sustentada, especialmente da polpa, cujo sabor é semelhante à do açaí, hoje muito popular nas grandes cidades. Hoje são cerca de 300 mil pés de palmito juçara plantados por 32 pequenos agricultores do bairro, que aprenderam os princípios da agrofloresta e passaram a cultivar em consórcios nos bananais velhos, de forma a aproveitar a som-bra necessária ao desenvolvimento das juçaras.

Além da polpa, os produtores do Guapiruvu es-tão comercializando sementes para plantios. No caso das bananas, inseridos em agroflorestas, os ba-nanais voltaram a produzir. Alguns produtores es-tão cultivando banana orgânica e já se encontram em vias de obter o selo de qualidade. Há também algumas experiências de plantio de pupunha,

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Plantio agroflorestal de juçara na comunidade do Guapiruvu, próxima a Intervales (foto à esquerda).

meira cujo palmito pode ser extraído num tempo inferior ao da juçara. “Hoje, já diminuiu em 40% o número de pessoas do bairro que viviam da extra-ção de palmito”, acredita Geraldo Xavier de Oliveira, coordenador de vendas da cooperativa do Guapiru-vu (a Cooperagua), ele próprio atualmente colhendo sementes de juçara de sua própria plantação agro-florestal.

Paralelamente, iniciou-se uma aproximação com o Parque Estadual Intervales, vizinho à co-munidade, cuja relação era até então conflituosa. “Além do apoio aos projetos de manejo sustentável, contratamos, estrategicamente, dez moradores do Guapiruvu para trabalharem nas bases de fiscaliza-ção da região, entre outras ações em parceria”, conta Maurício Marinho, diretor do Parque.

Encontra-se em curso o projeto de implantação de um assentamento que envolve 75 famílias de posseiros da região dentro de uma fazenda com 3 mil hectares vizinha ao Parque, buscando o desen-volvimento de atividades e práticas sustentáveis. Este projeto tem coordenação do Incra (Instituto Na-cional de Colonização e Reforma Agrária) e a AGUA, contando com apoio da Fundação Florestal.

Estreitando a parceria, o potencial ecoturístico do lugar começa a ser aproveitado, no entorno e dentro do Parque, tendo moradores do Guapiruvu como monitores ambientais. “Já temos um circuito de bóia-cross e trilhas de acesso a cachoeiras”, conta o ex-palmiteiro e atual coordenador do grupo de monitores Ivan Pereira da Silva. A expectativa ago-ra é de se concretizar uma parceria com o Parque, na qual uma das bases de fiscalização poderá ser usada como ponto de apoio ao turismo, gerenciado por moradores da comunidade e o Parque.

A expectativa é que, com novas fontes de renda à disposição, diminua a pressão sobre a biodivers-idade do Parque e seu entorno, e a população de palmeiras, assim como de outras espécies, volte a aumentar. Afinal como aprendeu nesses anos o ag-ricultor Geraldo Xavier: “é impossível manter a bio-diversidade se não cuidar das pessoas”.

melhor uma segunda foto e o palmito no fundo detras do texto

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8 ppma projetodepreservaçãodamataatlântica: 11 anos 3 impactospositivosnanatureza  por dia, que no município encontram uma

quali-dade de vida muito superior a das metrópoles. A tendência é que esse crescimento ocorra nas áreas periféricas, ou seja, exatamente nos locais onde a floresta se limita com a cidade. Desde a criação do Parque Estadual, ele sofre com invasões, principal-mente às margens da rodovia Oswaldo Cruz, que corta o núcleo Picinguaba na subida para o planal-to. A carência de fiscalização fez, historicamente, da mata uma terra de ninguém.

Em 1998, o Instituto Florestal, responsável pela administração da Unidade de Conservação, bem como a Polícia Ambiental, receberam uma grande melhoria em infra-estrutura e equipamentos e pas-saram a enfrentar a situação. Mesmo bem aparel-hados, tratava-se de uma luta inglória. Remoções de pessoas de baixa renda de suas residências são sempre ações impopulares. “A explicação sobre a importância de se proteger a floresta não era con-vincente por si só”, confirma Viviane Buchianeri,

co-A água é para todos

O rio Grande nasce dentro do núcleo Picinguaba do Parque Estadual da Serra do Mar. Ao chegar ao pé da serra, consideravelmente caudaloso depois de drenar riachos e córregos de todo o vale, tem parte de seu leito desviado pela Sabesp, que utiliza essas águas para abastecer mais de 88% da cidade de Ubatuba (cerca de 53 mil pessoas, número que se multiplica por seis durante as férias de verão). A água chega muito pura à captação – quase potável -, tanto que o tratamento consiste basicamente em filtragem direta e simples cloração.

Pode-se dizer sem exagero que a vida dos ha-bitantes de Ubatuba depende do manancial. E a floresta que envolve os tributários do rio Grande é decisiva para a qualidade da água, determinando a pureza e a constância de sua vazão.

Ubatuba, a exemplo de quase todos os aglomera-dos urbanos em área de Mata Atlântica, não pára de crescer. A mão de obra disponível no turismo e na construção civil atrai uma média de oito imigrantes

Nas encostas da Serra do Mar, a Mata Atlântica protege uma rede hídrica admirável, não só pela beleza das cachoeiras e riachos, o que por si só já de-veria ser uma razão para conservá-la, mas sobretudo essencial para a manutenção das populações huma-nas que vivem huma-nas baixadas.

Em municípios como Bertioga, São Sebastião, Caraguatatuba e Ubatuba, praticamente toda a água consumida vem das nascentes que brotam na serra. E o que a mata tem a ver com essa água? Tudo. Os olhos d’água que alimentam os córregos forma-dores dos rios dependem da cobertura vegetal para manterem a regularidade e a qualidade da vazão. As árvores protegem o solo da insolação e também

Proteção aos

mananciais

permitem a infiltração da água da chuva no lençol freático, impedindo a enxurrada. Onde a mata é su-primida, minguam as nascentes.

Assim como na região da Serra do Mar, em todo o domínio da Mata Atlântica acontece dessa forma. O pouco que sobrou dela continua garantindo o abastecimento de água a milhões de pessoas. É um caso dos mais importantes em que a floresta está prestando, gratuitamente, um serviço ambiental ao homem. E trata-se de um ótimo argumento para que os remanescentes da mata sejam mantidos de pé. A bem sucedida luta pela conservação da região da ba-cia hidrográfica do rio Grande, em Ubatuba, ilustra essa questão. Riacho na Mata Atlântica: a vazão e a qualidade da água dependem da floresta Rio Grande: água pura para a população de Ubatuba maior na esquina embaixo sangrando maior na esquina encima, sangrando

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30 ppma projetodepreservaçãodamataatlântica: 11 anos 3 impactospositivosnanatureza 31 ordenadora dos Parques Estaduais do Litoral Norte.

“As pessoas viam aquela extensão de mata e fala-vam: qual o problema se eu derrubar uma árvore e fizer minha casa aqui?”.

Em ações conjuntas da Polícia Ambiental com o Instituto Florestal, foram realizados mutirões de le-vantamentos das áreas invadidas dentro do Parque, com o cadastramento de todos os moradores, inici-ando-se um processo que visava inicialmente es-tancar as ocupações irregulares, para, num segundo momento, retirar os moradores de dentro do Parque. Quando o ônus recaiu sobre a instituição, deparou-se com uma situação paradoxal: o Instituto Florestal se tornava “culpado” por querer proteger. Era, clara-mente, um choque à mentalidade do “chegou, deixa ficar”, impregnada na política agrária brasileira.

Articulação A idéia dos gestores do Parque foi

mudar o discurso, levantando a bandeira da im-portância da manutenção da floresta para o abas-tecimento de água. Afinal, caso o manancial tivesse

a vazão diminuída ou as águas poluídas, toda a pop-ulação sofreria. “E isso não era só responsabilidade nossa”, diz Buchianeri. Esse novo paradigma aproxi-mou a sociedade da questão ambiental, pois se co-locava a conservação da natureza como algo que afetava diretamente a qualidade de vida. Assim, criou-se um grupo de trabalho a fim de articular as várias esferas da sociedade no que viria a ser uma gestão compartilhada da bacia do Rio Grande. En-travam na briga Sabesp, Cetesb, Prefeitura, Minis-tério Público, DEPRN e Organizações Não Governa-mentais.

O levantamento das áreas invadidas revelou que a maior parte das casas eram sítios de final de semana e barracos de caçadores. “Mesmo aquelas ocupações que pareciam ser de agricultores de sub-sistência, descobrimos que a maior parte delas não passava de fachadas de terrenos de especuladores e grileiros”, explica Viviane. Na época, 1998, foram contadas 80 casas, quase o dobro de uma avaliação feita dez anos antes. A força-tarefa teve como efeito

Ocupações na Bacia do Rio Grande [1998 a 2005]

demolida abandonada/em regeneração com morador sem morador moradia eventual divisa Parque Estadual da Serra do Mar Os pontos se referem ao total de habitações em 1998, na região da Bacia inserida no Parque Estadual da Serra do Mar. A cor de cada ponto indica a situação da habitação referente no ano de 2005.

Parque Estadual da Serra do Mar

estancar a ocupação e a partir da cooperação com as várias esferas da administração pública obteve-se autorização para remover invasores e demolir ca-sas clandestinas dentro do Parque. O próprio efeito psicológico das investidas de fiscalização colaborou para evitar novas invasões.

Em 2000, eram 48 casas na área do Parque. E as demolições continuam acontecendo. Apesar de as áreas irregulares serem zonas de conflito, o apoio da opinião pública legitima o processo, que afinal de contas está protegendo um bem comum e essencial

à vida em Ubatuba. O depoimento do responsável pela estação de captação da Sabesp no rio Grande Alencar Alves de Toledo demonstra empiricamente que o trabalho tem dado resultado. Há três décadas, ele tem a tarefa de operar as comportas que con-trolam a quantidade de água desviada para cidade e limpar as grades e dutos que fazem a primeira filtra-gem da água, antes do tratamento. “Antigamente vinha cachorro morto, gato, sacos de lixo. Hoje, essa situação melhorou 90%”, garante.

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Demolição de ocupação irregular na Bacia do Rio Grande.

tirar os pontos fora do PESM e mudar o titulo

(17)

33 4 ferramentasdoprojeto

4

A melhoria nas condições de

trabal-ho dos responsáveis pela conservação

da floresta foi uma premissa básica

para se atingir os objetivos do Projeto.

Por essa lógica, decidiu-se concentrar

os esforços em quatro frentes,

dis-tintas, porém conectadas entre si.

Na parte operacional, houve um aporte substan-cial de recursos em equipamentos e na infra-es-trutura das instituições. Veículos e computadores, entre outros, permitiram agilidade nas operações. Obras, como sedes de Parques e centros de visitan-tes, deram condições de funcionamento às Uni-dades de Conservação.

Em outra frente, oficializou-se a aproximação entre as instituições, visando melhorar a eficiência das ações de proteção à floresta, por meio do Plano Operacional de Controle, um espaço mensal de en-contro e discussões entre DEPRN, Polícia Ambiental, Instituto Florestal e Fundação Florestal.

O PPMA também ajudou a institucionalizar o conceito de planejamento. Nas Unidades de Conser-vação, iniciaram-se esforços para a elaboração de Planos de Manejo, documentos que dão diretrizes para o futuro dos Parques e Estações Ecológicas, em substituição a iniciativas isoladas e de curto hori-zonte. E no âmbito geral do Projeto, os Planos Op-erativos Anuais, exigência do KfW para a liberação dos recursos de cada ano, fizeram do planejamento uma rotina obrigatória às instituições executoras.

Por fim, houve um grande esforço para se melho-rar a comunicação e implementar o monitoramen-to das áreas de abrangência do Projemonitoramen-to. Para tanmonitoramen-to, investiu-se em rádio-comunicação, na produção de fotos aéreas e as bases cartográficas disponíveis foram digitalizadas. Com isso, instrumentalizaram-se os gestores e técnicos de meio ambiente. Os da-dos produzida-dos e sistematizada-dos abasteceram um complexo sistema de informações georreferencia-das, o SIGMA, ferramenta que disponibiliza dados via rede, integra e facilita a comunicação.

ferramentas

as

Infra-estrutura

e equipamentos

Ações integradas

Planejamento

Informação e

monitoramento

do

projeto

foto Caraguatatuba ???

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34 ppma projetodepreservaçãodamataatlântica: 11 anos 4 ferramentasdoprojeto 35

Infra-estrutura

e equipamentos

O aprimoramento dos recursos materiais foi um dos alicerces do Projeto, oferecendo as condições ne-cessárias à fluidez e ao bom desenvolvimento dos programas propostos.

Em primeiro lugar, profissionais que trabalham com a missão de proteger uma floresta, devem ter agilidade para cobrir longas distâncias em estradas precárias e terrenos muitas vezes acidentados. Ou seja, é preciso dispor de bons veículos, como é o caso da frota de carros off-road adquiridos pelo PPMA. Lanchas foram compradas para apoiar atividades costeiras e em mangues. Vôos de helicópeteros regu-lares ajudaram a monitorar a mata, especialmente em áreas de difícil acesso por terra.

Para se obter sucesso em um projeto com muitas pessoas envolvidas, é fundamental também que a estrutura de comunicação seja competente. Sistemas de telefonia e computadores conectados à rede eq-uiparam todas as instituições participantes. Além de terem uma função estratégica, facilitaram o dia-a-dia dessas instituições.

Investimento do PPMA em Equipamentos

Mobilidade: veículos, motocicletas, embarcações e motores

Comunicação: equipamentos de radiocomunicação, informática, cine-foto-som Escritório: móveis, materiais e utensílios

Outros Equipamentos: geradores, ferramentas, telefonia, material de campo, etc.

Mobilidade Comunicação Escritório Outros Equipamentos

Unidades de Conservação R$ 4.866.729 R$ 2.781.373 R$ 667.946 R$ 1.942.460

DEPRN R$ 658.842 R$ 657.448 R$ 70.283 R$ 254.412

Polícia Ambiental R$ 4.210.048 R$ 1.357.832 R$ 243.021 R$ 1.263.101

Total R$ 9.735.619 R$ 4.796.653 R$ 981.250 R$ 3.459.973

Nas Unidades de Conservação, a construção de bases de fiscalização reforçou a proteção de áreas críticas, sujeitas a invasões e ações criminosas de palmiteiros e caçadores. Isso se somou aos bem eq-uipados centros de visitantes sedes administrativas e garagens, também construídos no âmbito do Proje-to. Placas de energia solar foram destinadas a locais afastados da rede elétrica. As novas obras colabora-ram para a consolidação das Unidades. Graças a elas, os gestores puderam colocar em prática programas de ecoturismo, educação ambiental e pesquisa, entre outros.

Ainda em relação ao reaparelhamento, as in-stituições executoras do Projeto receberam kits de educação ambiental e aparelhos multimídia para apresentações, uniformes, coletes, materiais para combate de incêndios e equipamentos de acampa-mento. “Hoje em dia saímos para fiscalizar com uma estrutura completa para dormir no meio do mato, se for necessário. Antigamente chegávamos a passar fome numa situação dessas”, compara um policial ambiental que atua na Baixada Santista.

Arquitetura ecológica

Construções no meio da natureza devem se integrar ao ambiente, ou seja, pouco se destacar. O princípio, defendido pela arquiteta do PPMA Eloá de Castro Cruzeiro, serve para explicar, em linhas gerais, a arquitetura das obras realizadas pelo Projeto nas Unidades de Conservação. “As pessoas têm que olhar para a paisagem e não para as casas”, justifica.

Ao invés de pilares e vigas de concreto, peças de eucalipto tratado (madeira proveniente de reflorestamentos) fazem toda a parte estrutural das construções. As paredes, quando não são construídas de tábuas, são de tijolo aparente, cuja cor de terra tem um aspecto orgânico. Aí pesa também a praticidade e o baixo custo, já que tijolo aparente dispensa pinturas de manutenção. Os telhados, em geral são projeta-dos em várias águas - “que conferem movimento”, explica Eloá -, quebram a dureza das simetrias. Costuma-se deixar vãos entre as águas (lanternins) e utilizar algumas telhas de vidro para a entrada de luz natural. Nas janelas, emprega-se madeira de lei, sempre com certificação, ou seja, oriundas de manejo sustentado da floresta.

E as inovações não se resumiram às construções, como conta Eloá: “Modificamos a realidade das Unidades de

Con-servação de várias maneiras. Além da melhoria do visual e das qualidades funcionais dos edifícios, revitalizamos o paisagismo, implantamos uma série de equipamentos, como quiosques, bancos, mesas e lixeiras e melhoramos a programação visual”.

Quanto à energia elétrica, tem-se investido cada vez mais em redes subterrâneas, que não interferem na paisagem, como é o caso dos Núcleos Cunha, Caraguatatuba e Santa Virgínia do Parque Estadual da Serra do Mar, cuja distribuição interna da eletricidade atualmente não depende de postes.

Em relação ao esgoto, observam-se todos os cuidados para que seja devidamente filtrado antes de entrar em contato com o lençol freático. No Núcleo Perequê do Parque Estadual Ilha do Cardoso, construído sobre uma restinga, por exemplo, o esgoto passa por uma seqüência de fossas sépticas, filtros anaeróbios e valas de infiltração, antes de ir para o ambiente, já tratado. Esse método utiliza a força da gravidade e precisa manutenção apenas a cada cinco anos. Substituiu um antigo e precário sistema em que eram necessárias bombas elétri-cas movidas a geradores e o esgoto era tratado apenas par-cialmente

Investimento do PPMA em OBRAS

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Referências

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