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CICLO DE ESTUDOS INTEGRADO CONDUCENTE AO GRAU DE MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL

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CICLO DE ESTUDOS INTEGRADO CONDUCENTE

AO GRAU DE MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL

Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura

Instituto Superior Técnico

(2)

Nota Introdutória

Este documento foi elaborado por um Grupo de Trabalho (GT) nomeado pelo Presidente do Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura (DECivil), no âmbito da reorganização da formação superior em Engenharia Civil associada à implementação do Processo de Bolonha no Instituto Superior Técnico. Do grupo fizeram parte os seguintes professores:

Helena Ramos (Coordenadora do Curso de Engenharia Civil 2005 - 2006) João Azevedo (Coordenador do GT)

Jorge Matos Luis Castro

e que contou, ainda, com a colaboração dos Coordenadores de Secção, em determinadas eta-pas do trabalho.

O documento foi aprovado no Plenário do Conselho do Departamento de Engenharia Civil do dia 26 de Janeiro de 2006, no Plenário do Conselho Pedagógico do Instituto Superior Técnico do dia 10 de Março de 2006 e no Senado do Conselho Científico do Instituto Superior Técnico do dia 15 de Março de 2006.

(3)

ÍNDICE

1 Introdução ... 5

2 A formação em Engenharia Civil e a sua adequação ao Processo de Bolonha... 7

2.1 Génese e historial da formação em Engenharia Civil no IST... 7

2.2 Adequação da formação em Engenharia Civil ao Processo de Bolonha ... 8

3 Objectivos visados pelo ciclo de estudos... 9

3.1 Intervenção profissional dos engenheiros civis ... 9

3.2 Requisitos para o pleno exercício da actividade profissional de Engenharia Civil ... 11

3.3 O curso de engenharia civil face à missão e aos objectivos institucionais do IST ... 12

3.4 Objectivos educacionais e de formação científico-tecnológica ... 13

4 Fundamentação do Número de Créditos... 15

4.1 Número total de créditos e duração do ciclo de estudos... 15

4.2 Número de créditos de cada unidade curricular... 16

5 Organização do ciclo de estudos e metodologias de ensino... 23

5.1 Competências dos alunos que ingressam no curso de engenharia civil do IST ... 23

5.2 Estrutura do ciclo integrado. Princípios básicos... 24

5.3 Formação por objectivos e aquisição de competências... 25

5.4 Formação transversal... 28

5.5 Metodologias de ensino. Aulas, horários e sistemas de avaliação ... 28

5.6 Áreas de desenvolvimento curricular ... 31

5.7 Distribuição das unidades curriculares do tronco comum por semestres ... 36

5.8 Distribuição das unidades curriculares nas áreas de especialização ... 38

6 Organização da formação em Engenharia Civil nas Escolas do Cluster ... 43

7 Organização do ciclo de estudos em face de avaliações externas ... 45

Anexo 1 ... 49

(4)
(5)

1 Introdução

A Engenharia Civil tem como principal finalidade a concepção, o projecto e a exploração de sis-temas que, efectuando o aproveitamento dos recursos naturais, permitam a sua adequada utili-zação pela população, com especial ênfase na melhoria da sua qualidade de vida. Matérias tão vastas como a Mecânica dos Materiais, a Hidráulica e a Engenharia de Sistemas, fazem parte da formação do Engenheiro Civil, tornando-o um profissional muito polivalente e possibilitando-lhe a actuação em sectores diversificados e, por vezes, até complementares, como sejam a concepção, o projecto, a construção e a manutenção de edifícios e pontes, obras hidráulicas e de aproveitamento de recursos hídricos e ambientais, transportes, sistemas e Infra-estruturas, numa perspectiva de uma adequada gestão urbanística e ambiental. A engenharia civil é uma actividade profissional regulamentada pela Ordem dos Engenheiros que se consubstancia na aplicação de conhecimentos teóricos, práticos e experimentais, enquadrados por constrangi-mentos de natureza económica, ambiental, social e ética.

O enquadramento legal que regulamenta a implementação do Processo de Bolonha associado às exigências que são impostas para o acesso ao exercício da actividade profissional e à histó-ria, missão e prestígio nacional e internacional do Instituto Superior Técnico (IST), determinam que a formação superior ministrada pelo IST no domínio da engenharia civil seja organizada em 10 semestres curriculares de trabalho, à semelhança do que acontece na generalidade das instituições de referência do espaço Europeu.

O modelo de organização da formação superior em engenharia civil do IST1 assenta no desen-volvimento de um conjunto muito diversificado de competências que permitem assegurar aos estudantes e profissionais de engenharia condições de integração profissional num leque vasto de saídas profissionais e em circunstâncias similares às que são proporcionadas pelas institui-ções de referência de ensino universitário do espaço Europeu.

De facto, os engenheiros civis formados no IST têm grande facilidade em integrar-se no mer-cado de trabalho, uma vez que as entidades empregadoras continuam a procurar nesta forma-ção superior as boas qualidades sistematicamente demonstradas ao longo dos tempos pelos seus profissionais. O mercado de trabalho é extremamente diversificado merecendo destaque: os gabinetes de projecto, as diversas indústrias ligadas ao sector da construção, as empresas de infra-estruturas (água, saneamento, electricidade, gás, redes viárias), os organismos da administração central, regional e municipal, as actividades de manutenção e gestão de opera-ções, as tarefas de avaliação de projectos e consultoria em empresas de serviços (bancos e seguradoras), as actividades técnico-comerciais e os laboratórios de investigação e de desen-volvimento industrial.

O Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura do IST (DECivil) acumula a experiência de várias décadas de empenhamento em actividades de ensino, investigação e desenvolvimento. A diversidade de competências intrínsecas a um corpo docente próprio qualificado e maioritari-amente constituído por titulares do grau de doutor (cerca de 90 doutores) e a qualidade dos alunos que ingressam no curso (muito elevadas classificações de ingresso e praticamente 100% em primeira opção de candidatura) associadas à qualidade e variedade dos

1

O actual curso de engenharia civil do Instituto Superior Técnico tem uma duração de 10 semestres cur-riculares de trabalho e encontra-se acreditado pela Ordem dos Engenheiros e pela Fundação das Uni-versidades Portuguesas.

(6)

tos experimentais que se encontram instalados nos seus laboratórios conferem ao actual De-partamento de Engenharia Civil e Arquitectura do IST a capacidade para ministrar um ensino de elevada qualidade. Uma das características do curriculum de engenharia civil corresponde à existência de um tronco comum bastante alargado, o que visa conferir uma formação abran-gente a todos os futuros mestres em engenharia civil.

Em face do exposto, o IST decidiu organizar a formação superior em engenharia civil num

mo-delo de ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre. O presente documento foi

elaborado nos termos do artigo 63º do Decreto-Lei de Graus Académicos e Diplomas do Ensi-no Superior e serve de suporte ao processo de registo da adequação do ciclo de estudos junto da Direcção-Geral do Ensino Superior.

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2

A formação em Engenharia Civil e a sua adequação ao Processo de Bolonha

2.1 Génese e historial da formação em Engenharia Civil no IST

Por decreto de 23 de Maio de 1911 foi definido o elenco de cadeiras do curso geral e do curso especial de Engenharia Civil do IST, instituído desde a fundação da escola.

O programa de 1912/13 continha algumas modificações introduzidas pelo Conselho Escolar, como era sua atribuição. O número semanal de horas de aula, em média, era de 37, destinan-do-se cerca de 2/3 a aulas práticas. No ano de 1919/20, o curso geral já fora aumentado de um ano e, portanto, a duração total de qualquer dos cursos do IST passou a ser de seis anos. O elenco das cadeiras do curso de Engenharia Civil de 1919/20 manteve-se até 1955 sem alte-rações significativas, a não ser a eliminação da cadeira de Astronomia Geodésica e Geodesia Superior e o ensino de betão armado em cadeira autónoma: Betão Armado e Pré-esforçado. A reforma instituída pelo decreto 40378 de 14 de Setembro de 1955 manteve os seis anos do curso e o regime de funcionamento anual. Reduziu, porém, substancialmente a duração sema-nal de aulas: de mais de 40h para cerca de 30h.

O elenco das cadeiras foi alterado, merecendo realce a introdução, para todos os cursos, da cadeira de Probabilidades, Erros e Estatística e da de Cálculo Numérico e, para o curso de En-genharia Civil, da de Mecânica dos Solos, que, entretanto, se afirmara como ciência aplicada. Na área científica da economia, sociologia e administração, passam a existir três cadeiras: So-ciologia Geral (questões morais e sociais relacionadas com a técnica), Economia e Organiza-ção e AdministraOrganiza-ção.

Muito posteriormente, o decreto 540/70 determinou a actualização dos planos de estudo de engenharia nas Universidades portuguesas, com redução da licenciatura para cinco anos, insti-tuição do regime semestral e criação de disciplinas opcionais (a designação de disciplina subs-titui a de cadeira). O curso de Engenharia Civil passou a ter no último ano três ramos: Estrutu-ras, Hidráulica e Urbanização. Para todos os cursos do IST, é introduzida a disciplina de Com-putadores e, para o curso de Engenharia Civil, é criada uma nova disciplina obrigatória: Inves-tigação Operacional. Foi introduzida, como optativa, a disciplina de Mecânica das Rochas, en-tão ainda praticamente ausente dos programas das escolas de engenharia.

O plano de estudos de 1970 manteve-se em vigor até 1983, data em que é aprovada uma re-estruturação que pretende fortalecer a formação generalista do engenheiro civil, abolindo os ramos, e tornando obrigatórias para todos os engenheiros civis as disciplinas de Processos Ge-rais de Construção, Edificações, Organização de Estaleiros, Arquitectura, Hidráulica Aplicada, Transportes e Planeamento Regional e Urbano. Este plano de estudos contemplava a existên-cia, no 2º semestre do 5º ano, de um conjunto de 3 disciplinas escolhidas de um leque de 32. Procurava-se deste modo abrir, no último semestre da licenciatura, o leque de opções, após um forte tronco comum.

Cedo se verificou que, numa época em que a actividade do engenheiro civil necessita de abar-car conhecimentos especializados em diferentes áreas, o número de disciplinas optativas era muito reduzido (3) e que a estrutura adoptada nas opções não permitia uma especialização co-erente. Deste modo, a revisão do plano de estudos operada em 1988, procurou corrigir estas

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lacunas, sem perder de vista a opção por um tronco comum forte para todos os engenheiros civis. Este tronco comum era complementado por um conjunto de opções coerente, agrupado em perfis, com início no 2º semestre do 4º ano. Foram contemplados 5 perfis distintos: Estrutu-ras e Construção, Hidráulica e Recursos Hídricos, Planeamento Territorial e Transportes, En-genharia Municipal e Ambiente e Geotecnia.

Entre 1988 e 1996 foram feitos pequenos ajustes nos planos de estudo, a maior parte dos quais tendo como objectivo a redução da carga horária semanal, tendo em 1995 sido iniciado um processo de reavaliação curricular, o qual deu origem ao Curriculum 2000 introduzido a par-tir do ano lectivo 1996/97 e que entrou em pleno funcionamento em 1998/99, sendo portanto o curriculum actualmente em vigor, que até pela sua génese recente se mantém actual, e que se pretende adequar ao formato decorrente da implementação do Processo de Bolonha.

2.2 Adequação da formação em Engenharia Civil ao Processo de Bolonha2

O IST decidiu organizar a formação superior em Engenharia Civil num modelo de ciclo de estu-dos integrado conducente ao grau de mestre, com a duração total de 10 semestres curriculares de trabalho (artigo 19º do Decreto-Lei de Graus Académicos e Diplomas do Ensino Superior), a que correspondem 300 créditos ECTS. Aos alunos que tenham completado 180 créditos ECTS (6 semestres curriculares de trabalho) será conferido o grau de licenciado em Ciências da En-genharia Civil. Este grau de licenciado não possibilita o acesso directo ao exercício da profis-são. Tem por finalidade garantir o reconhecimento de um nível de competências ainda que não directamente profissionalizantes em engenharia civil e visa ainda permitir e facilitar a mobilida-de dos estudantes.

O ciclo de estudos integrado que se propõe visa manter a filosofia subjacente ao Curriculum 2000, tentando em simultâneo resolver alguns dos aspectos menos positivos, detectados por reflexões desenvolvidas no seio do DECivil e apontadas ainda por várias avaliações externas, tanto por parte da Ordem dos Engenheiros, como por parte da Fundação das Universidades

Portuguesas. Uma das características mais marcantes do Curriculum 2000, que se pretende

manter, corresponde à existência de um tronco comum bastante alargado, o que visa conferir uma formação abrangente a todos os mestres em engenharia civil.

Os cursos de formação pós-graduada actualmente existentes em áreas específicas de especia-lização da engenharia civil (e.g. mestrado em engenharia de estruturas, mestrado em hidráulica e recursos hídricos, mestrado em construção, mestrado em transportes) não são objecto da adequação patente na proposta deste ciclo integrado de formação. Esses cursos passarão no futuro a ser oferecidos como parte escolar de cursos de doutoramento (3º ciclo) ou como Cur-sos de Especialização ou de Formação Profissional não conducentes a um grau académico, mas aos quais será conferido um Diploma.

2

Resposta à alínea a) do nº 2 do artº 63 do Decreto-Lei referente a graus académicos e diplomas do ensino superior

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3

Objectivos visados pelo ciclo de estudos

3

Para que se possa compreender a opção pelo modelo de formação baseado num ciclo de es-tudos integrado conducente ao grau de mestre em engenharia civil, é necessário contextualizar o exercício da profissão, tanto em termos de caracterização de áreas de intervenção como no que respeita aos requisitos legais para o seu pleno exercício. Por outro lado, é necessário rela-cionar os objectivos educacionais e de formação científica e tecnológica do curso com a missão e os objectivos institucionais do IST e de outras instituições de referência do espaço Europeu com as quais o IST se encontra ligado através de convénios sobre mobilidade e reconhecimen-to mútuo de graus académicos.

3.1 Intervenção profissional dos engenheiros civis

A actividade do engenheiro civil envolve domínios diversos como as estruturas e as fundações, os materiais e os processos de construção, as edificações e a gestão de obras, os recursos hídricos e a hidráulica (obras hidráulicas, hidráulica fluvial, hidráulica marítima), as vias de co-municação e os transportes, na perspectiva de uma adequada integração no território e no am-biente.

Em cada um destes domínios o engenheiro civil pode exercer a sua actividade como promotor, planeando o lançamento dos empreendimentos (dono de obra), como projectista estudando, concebendo e detalhando as obras ou a resolução dos problemas, como executor dirigindo a realização de trabalhos, como fiscal garantindo o cumprimento do projecto e a qualidade de execução e como técnico de manutenção de empreendimentos. Concorrendo para os mesmos objectivos - resolução de problemas e execução de empreendimentos - o engenheiro civil pode também exercer a sua actividade na área da formação e da investigação aplicada.

O engenheiro civil é, em resultado da sua formação, em várias situações, chamado a coorde-nar estudos e trabalhos integrando a arquitectura e outras especializações de engenharia. Com este vasto e fascinante domínio de actuação, o engenheiro civil deverá ser um técnico com uma formação de base de nível elevado e ser capaz de aplicar, através de metodologias científicas, os conhecimentos de matemática, física, resistência de materiais, mecânica dos fluidos, investigação operacional, geotecnia e outras ciências. Deverá ter uma formação geral em domínios diversificados como a gestão de obras e da construção, as vias de comunicação e os transportes, os materiais, as estruturas e suas fundações, a gestão dos recursos hídricos e, ainda, interacções com a arquitectura, o urbanismo, o planeamento do território e o ambien-te.

Para o desempenho das suas funções é hoje imprescindível que o engenheiro civil domine as tecnologias informáticas como veículo de acesso, tratamento e circulação da informação e como ferramenta da resolução dos seus problemas.

O engenheiro civil participa em acções que interferem com o ambiente natural pelo que a sua formação e participação nos problemas de controlo da qualidade do ambiente (nomeadamente

3

Resposta à alínea b) do nº 2 do artº 63 do Decreto-Lei referente a graus académicos e diplomas do ensino superior

(10)

na redução dos impactes ambientais das construções e no controlo da poluição) é fundamen-tal.

A actividade do engenheiro civil relaciona-se também intimamente com aspectos de gestão e de direcção de pessoal, pelo que uma formação básica nestes domínios e nos aspectos relati-vos à liderança e gestão de equipas é importante.

Sendo desta forma entendido o perfil do “Engenheiro Civil”, a sua formação deverá ter como objectivo formar profissionais com espírito crítico capazes de entender os problemas, de os formular e resolver e de continuar a aprender. Assim, a formação geral sólida e uma formação dirigida à compreensão dos problemas, atitude e raciocínios a aplicar na sua resolução é fun-damental e deve sobrepor-se à transmissão de informação demasiado especializada.

A formação em engenharia civil tem portanto como objectivo prestar um serviço à comunidade formando engenheiros civis capazes de, especializando-se e continuando a aprender (forma-ção contínua), desempenharem com qualidade as suas funções, as quais representam um grande contributo para o desenvolvimento do País.

Em termos gerais podem-se sistematizar os níveis de intervenção profissional dos engenheiros civis através do esquema incluído na Tabela 1. Identificam-se quatro níveis distintos de inter-venção profissional:

• o nível 1 requer conhecimentos básicos de carácter científico e tecnológico, capacidade

de conceber e projectar e uma atitude profissional, adulta e responsável;

• o nível 2 requer a capacidade de trabalho em equipa;

• o nível 3 requer atitudes de liderança e atitude de aprendizagem continuada ao longo

da vida;

• o nível 4 requer atitudes de liderança e hábitos de pensar de forma independente

exa-minando os conceitos de forma crítica.

A intervenção profissional dos engenheiros civis a níveis mais altos requer o domínio e a expe-riência dos níveis mais baixos. As competências que se pretendem desenvolver no ciclo de es-tudos integrado conducente ao grau de mestre em engenharia civil do IST devem claramente ajustar-se aos níveis 3 e 4 de intervenção profissional e representam o ponto de encontro de um conjunto muito diversificado de áreas do saber e do saber fazer.

Os engenheiros civis formados pelo IST ajustam-se aos níveis 3 e 4 de intervenção profissional e são formados, à semelhança do que acontece na generalidade das instituições de referência de ensino universitário do espaço Europeu, através de ciclos de estudos com a duração de 10 semestres de trabalho.

Todos os níveis de intervenção profissional dos engenheiros civis exigem elevada capacidade de expressão oral e escrita, por vezes em línguas diferentes. Os engenheiros civis devem ser capazes de comunicar as suas conclusões e os raciocínios a elas subjacentes, quer a especia-listas (como é o caso dos engenheiros de outras especialidades, arquitectos, urbanistas e ges-tores), quer a não especialistas, de forma clara e sem ambiguidades.

(11)

Tabela 1 – Intervenção profissional dos engenheiros civis.

3.2 Requisitos para o pleno exercício da actividade profissional de Engenharia Civil

O exercício da actividade profissional na área da engenharia civil encontra-se fortemente regu-lamentado pela Ordem dos Engenheiros. De todas as especialidades de engenharia, esta é a que mais recorre ao enquadramento profissional conferido pela Ordem, sendo também a que aí tem maior representatividade.

Segundo o Artigo 4º do DL 119/92, de 30 de Junho, o título de engenheiro só pode ser utilizado por titular de licenciatura (com 5 anos de duração) em curso de engenharia, inscrito na Ordem como membro efectivo, e que desempenha actividades de investigação, concepção, estudo, projecto, fabrico, construção, produção, fiscalização e controlo de qualidade, incluindo a coor-denação e gestão dessas actividades e outras com elas relacionadas.

Em documento preparado no contexto da definição dos Actos de Engenharia e aprovado em Julho de 2004, o Colégio de Engenharia Civil da Ordem dos Engenheiros define claramente os domínios de intervenção desta especialidade.

Segundo este documento, o domínio de intervenção do Engenheiro Civil é essencialmente

pla-neamento, concepção, construção, manutenção, reabilitação e gestão de empreendimentos, nomeadamente: edificações e instalações industriais, pontes, barragens e estruturas especiais, infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias e aeroportuárias, infra-estruturas de urbanização e de

Nível 4 – Concepção e inovação

Saber aplicar os conhecimentos e a sua capacidade de compreensão e de resolução de problemas em situações novas e não familiares, em contextos alargados e multidisciplinares.

Capacidade para integrar conhecimentos, lidar com questões complexas, desenvolver soluções ou emitir juízos em situações de informação limitada ou incompleta, incluindo reflexões sobre as implicações e responsabilidades éticas e sociais que resultem ou condicionem essas soluções e esses juízos

Capacidade para mudar os princípios, métodos e técnicas de execução.

Nível 3 – Auto aprendizagem e desenvolvimento

Competências de aprendizagem que lhes permitam uma aprendizagem ao longo da vida, de um modo funda-mentalmente auto-orientado ou autónomo com o objectivo de se manterem actualizados e de possuírem uma visão alargada sobre os diferentes domínios da engenharia civil.

Nível 2 - Coordenação

Capacidade de recolher, seleccionar e interpretar a informação relevante para fundamentar as soluções que preconizam e os juízos que emitem, incluindo na análise os aspectos soci-ais, científicos e éticos relevantes.

Nível 1 - Execução

Saber aplicar os conhecimentos e a capacidade de compreensão adquiridos de forma a resolver problemas e a evidenciar uma abordagem profissional ao trabalho desenvolvido no âmbito da concepção de infra-estruturas e sistemas sujeitos a condicionalismos tecnológicos, económicos, sociais e ambientais.

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modelação do terreno, infra-estruturas de hidráulica fluvial e marítima, infra-estruturas de abas-tecimento de água, saneamento e tratamento de resíduos sólidos.

Define ainda que os profissionais de engenharia civil têm que ter uma formação em diversos

domínios da ciência, nomeadamente em Matemática, Física, Química, Desenho Técnico, In-formática, Mecânica Estrutural, Hidráulica, Comportamento de Materiais, Mecânica dos Solos e Gestão que lhes permita desenvolver modelos, simular as suas aplicações e tirar conclusões, quer numéricas, quer qualitativas, que lhes permitam fundamentar com bom senso as suas de-cisões.

Finalmente, estabelece que no exercício da sua profissão o Engenheiro Civil intervém especifi-camente nas seguintes actividades: projectos de estruturas, projectos de geotecnia e de mode-lação do terreno, projectos de sistemas e redes de águas, saneamento e resíduos sólidos, pro-jectos de intervenções em construções existentes, propro-jectos de demolição e reciclagem dos resíduos, projectos de vias de comunicação e de transportes, projectos de hidráulica fluvial e marítima, direcção e fiscalização de obras, produção de materiais e componentes e desenvol-vimento de processos da construção, gestão da qualidade e da segurança no trabalho da cons-trução, manutenção de empreendimentos e avaliação do património e da propriedade.

Este conjunto de requisitos corresponde claramente aos níveis 3 e 4 de intervenção definidos na Tabela 1 e encontra particular articulação com a formação proposta para o engenheiro civil no IST, o qual deve ter capacidade de concepção e de integração de conhecimentos, de análi-se de questões complexas, de deanáli-senvolvimento de soluções e tomada de decisões em situa-ções de informação limitada ou incompleta.

A Ordem dos Engenheiros fixa ainda como deveres gerais do engenheiro para com a comuni-dade:

possuir uma boa preparação, de modo a desempenhar com competência as suas fun-ções e contribuir para o progresso da engenharia e da sua melhor aplicação ao serviço da humanidade;

defender o ambiente e os recursos naturais;

garantir a segurança do pessoal executante, dos utentes e do público em geral; opor-se à utilização fraudulenta, ou contrária ao bem comum, do seu trabalho;

procurar as melhores soluções técnicas, ponderando a economia e a qualidade da pro-dução ou das obras que projectar, dirigir ou organizar.

3.3 O curso de engenharia civil face à missão e aos objectivos institucionais do IST

O IST tem como missão contribuir para o desenvolvimento da sociedade, promovendo um en-sino superior de qualidade nas áreas de engenharia, ciência e tecnologia, e desenvolvendo as actividades de investigação e desenvolvimento essenciais para ministrar um ensino ao nível dos mais elevados padrões internacionais. Por isso, o IST é hoje considerado, em Portugal e no estrangeiro, como uma grande escola de engenharia, ciência e tecnologia, atingindo níveis comparáveis aos das escolas de referência nas suas áreas de competência.

A história, a missão, o prestígio nacional e internacional do IST e o enquadramento legal resul-tante da concretização dos objectivos do Processo de Bolonha determinam que a formação superior ministrada pelo IST nas diferentes áreas de engenharia deverá privilegiar a formação de mestres em engenharia de concepção com uma duração de 10 semestres curriculares de trabalho4..

4

O termo ‘engenharia de concepção’, que irá ser utilizado ao longo do documento, é afim da designação Anglo-Saxónica ‘conceptual engineering’.

(13)

No caso concreto da engenharia civil, só com 10 semestres curriculares de trabalho correspon-dentes a um ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre é que se consegue as-segurar uma formação sólida em ciências básicas e em ciências de engenharia indispensáveis à formação de um engenheiro civil de concepção e, cumulativa e sequencialmente, garantir a capacidade para o exercício da profissão através da formação em áreas de especialização. Esta situação é análoga na generalidade das instituições de referência de ensino universitário do espaço Europeu que leccionam cursos de engenharia civil. De facto, existe uma prática es-tável e consolidada ao nível destas instituições de perspectivarem a formação em engenharia civil para a obtenção do grau de mestre e de considerarem que a formação correspondente ao grau de licenciado deverá apenas comprovar uma sólida formação em ciências básicas e em ciências de engenharia civil.

A adopção de uma estrutura de organização da formação de engenheiros civis semelhante à da generalidade das instituições de referência de ensino universitário do espaço Europeu tem em vista assegurar aos estudantes portugueses condições de mobilidade, formação e de inte-gração profissional similares, em duração e conteúdo, às dos restantes estados que integram aquele espaço.

Refira-se a este propósito o caso concreto do CLUSTER5 (Consortium Linking Universities of Science and Technology for Education and Research) ao qual o IST se encontra ligado como membro efectivo desde Julho de 2005. O CLUSTER integra um conjunto de universidades Eu-ropeias de grande prestígio e visa promover a excelência no ensino graduado e pós-graduado e na investigação científica. Os membros do CLUSTER defendem a criação de um espaço de ensino europeu, na linha do Processo de Bolonha, e estão ligados através de uma convénio sobre reconhecimento mútuo de graus académicos. Este reconhecimento permite aos alunos de qualquer uma das escolas prosseguirem estudos noutra escola do consórcio.

As universidades do CLUSTER reflectem o modelo de organização da formação que foi adop-tado pelas principais universidades dos respectivos países. O modelo de ciclo de estudos inte-grado conducente ao grau de mestre em engenharia civil do IST foi estruturado em conformi-dade com aquilo que está a ser implementado nas principais universiconformi-dades do CLUSTER e re-sulta do interesse estratégico em estar integrado numa rede de instituições de referência a ní-vel europeu e assim privilegiar a mobilidade dos estudantes e facilitar a concretização de par-cerias de formação.

3.4 Objectivos educacionais e de formação científico-tecnológica

Em face do que foi exposto nas secções anteriores estabeleceram-se os seguintes objectivos educacionais e de formação científico-tecnológica para o ciclo de estudos integrado conducen-te ao grau de mestre em engenharia civil:

• assegurar uma formação sólida em ciências básicas e em ciências de engenharia e da

especialidade, procurando transmitir um conhecimento científico e tecnológico actuali-zado;

• desenvolver competências para aplicar os conhecimentos e a capacidade de

compre-ensão adquiridos de modo a, de uma forma criativa, crítica, autónoma e interdisciplinar, resolver problemas e evidenciar uma abordagem profissional ao trabalho desenvolvido no âmbito da concepção, projecto, execução e exploração de infra-estruturas e siste-mas sujeitos a condicionalismos tecnológicos, económicos, sociais e ambientais;

• desenvolver competências para recolher, seleccionar e interpretar a informação

relevan-te para fundamentar as soluções que preconizam e os juízos que emirelevan-tem, incluindo na análise os aspectos sociais, científicos e éticos relevantes;

5

Na secção 6 é efectuada uma análise comparativa com as diferentes escolas que integram o CLUS-TER

(14)

• desenvolver competências de aprendizagem que facilitem o estudo ao longo da vida, de

um modo fundamentalmente auto-orientado ou autónomo6. Os engenheiros civis devem

procurar manter-se actualizados e possuir uma visão alargada sobre as diferentes áreas de especialização características da sua actividade profissional;

• desenvolver competências para aplicar os conhecimentos e a capacidade de

compre-ensão adquiridos na resolução de problemas em situações novas e não familiares, em contextos alargados e multidisciplinares;

• desenvolver competências para integrar conhecimentos, lidar com questões complexas,

desenvolver soluções ou emitir juízos em situações de informação limitada ou incomple-ta;

• desenvolver competências para mudar os princípios, os métodos e as técnicas de

exe-cução;

• desenvolver competências de expressão oral e escrita que facilitem a comunicação de

conclusões e os raciocínios a elas subjacentes, quer a especialistas, quer a não especi-alistas, de uma forma clara e sem ambiguidades;

• desenvolver uma compreensão dos aspectos económicos, sociais e humanos e o seu

relacionamento com os problemas técnicos, nomeadamente os métodos de organiza-ção e gestão das instituições e das empresas;

• desenvolver competências para incorporar as mais recentes inovações tecnológicas na

intervenção profissional;

• desenvolver competências de empreendedorismo que permitam criar empresas de base

tecnológica;

• desenvolver competências de interacção que permitam lidar com situações profissionais

que envolvam sectores da sociedade com níveis culturais e educacionais muito diferen-ciados;

• desenvolver competências de análise e síntese assim como hábitos de pensar de forma

independente, examinando os conceitos de forma crítica;

• desenvolver nos alunos uma atitude profissional, adulta e responsável como cidadãos

informados que possuam uma sólida formação humana e ética;

• desenvolver o gosto pela prática de actividades extra-curriculares que ajudem a

com-plementar a formação académica e/ou que sejam relevantes para a sociedade;

• incutir nos alunos a noção de que a engenharia civil é uma área do conhecimento

ex-tremamente vasta e interdisciplinar.

Este conjunto de objectivos educacionais e de formação científico-tecnológica corresponde aos paradigmas de formação desde sempre adoptados pelo IST e ajusta-se aos níveis 3 e 4 de in-tervenção profissional dos engenheiros civis (ver Tabela 1). Muitos destes objectivos corres-pondem aos Descritores de Dublin definidos para o nível de 2º ciclo.

Ainda de acordo com os Descritores de Dublin, os objectivos definidos para o 1º ciclo não são suficientes para o pleno exercício da profissão, tal como é definido pela Ordem dos Engenhei-ros e é prática Europeia corrente.

6

Competências a serem assimiladas no âmbito da transmissão de conhecimentos, avaliação e auto-estudo de cada unidade curricular, sem prejuízo dos objectivos formativos específicos da unidade cur-ricular.

(15)

4

Fundamentação do Número de Créditos

7

O número total de créditos, a duração total do ciclo de estudos e o número de créditos de cada unidade curricular do ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre em engenharia civil tem por base a nova legislação decorrente do Processo de Bolonha.

A primeira parte desta secção foi elaborada com base no disposto no artigo 19º do Decreto-Lei de Graus Académicos e Diplomas do Ensino Superior enquanto que a segunda parte introduz os parâmetros básicos que fundamentam o número de créditos ECTS que, com base no traba-lho estimado, é atribuído a cada unidade curricular do plano de estudos.

4.1 Número total de créditos e duração do ciclo de estudos

O IST decidiu organizar a formação superior em engenharia civil num modelo de ciclo de estu-dos integrado conducente ao grau de mestre com 300 créditos ECTS e uma duração total de 10 semestres curriculares de trabalho pelas razões que se passam a expor:

• o exercício da actividade profissional do engenheiro civil encontra-se regulamentada

pela Ordem dos Engenheiros e exige um modelo de formação baseado em 10 semes-tres curriculares de trabalho;

• de acordo com a Posição da Ordem dos Engenheiros relativamente ao Processo de

Bo-lonha, definida pelo Conselho Directivo Nacional no dia 14 de Outubro de 2004, uma

formação que confira a capacidade e responsabilidade de intervenção a todos os níveis de actos de engenharia exige, no presente estado do conhecimento, uma formação de Ensino Superior acumulada de 5 anos (ou, usando a referência de avaliação de trabalho introduzida pelo Processo de Bolonha, 300 créditos ECTS), a que acrescerá a necessá-ria prática e estudo ao longo da vida;

• a organização da formação superior de engenheiros civis de concepção é incompatível

com uma formação em ciências básicas repartida pelo 1º e 2º ciclos de estudos. De fac-to, a generalidade das instituições de referência de ensino universitário do espaço euro-peu organiza a formação em ciências básicas em fileiras científico-pedagógicas que se distribuem exclusivamente pelos 2º ou 3º anos de formação, arrastando a formação da especialidade e das áreas de especialização em engenharia civil para os 3º, 4º e 5º anos de formação8;

• a organização da formação superior de engenheiros civis de concepção, que é

caracte-rística do modelo de ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre, em en-genharia civil é incompatível com a atribuição de um grau académico de licenciado em engenharia no final do 1º ciclo de estudos que se encontre ajustado às necessidades do mercado de trabalho e que seja reconhecido pela Ordem dos Engenheiros. Esta impos-sibilidade de formar engenheiros civis de concepção em seis ou oito semestres lectivos resulta do facto das unidades curriculares que constituem o tronco comum da formação de base de um engenheiro civil se estender até ao 8º semestre curricular de trabalho e da generalidade das unidades curriculares da especialidade, que caracterizam as dife-rentes áreas de especialização da engenharia civil, apenas fazerem parte integrante do plano curricular dos 8º ao 10º semestres de trabalho;

7

Resposta às alíneas c) e d) do nº 2 do artº 63 do Decreto-Lei referente a graus académicos e diplomas do ensino superior

8

Experiências realizadas na Itália em que se procurou repartir a formação dos engenheiros em ciências básicas pelo 1º e 2º ciclo de estudos vieram a revelar-se pedagogicamente erradas e têm vindo a ser progressivamente abandonadas.

(16)

• existe uma prática estável e consolidada nas principais instituições de referência da União Europeia de perspectivarem a formação de engenheiros civis de concepção di-rectamente para a obtenção do grau de mestre e de considerarem que o nível de for-mação correspondente ao grau de licenciado (a atribuir após a realização de 180 crédi-tos) deverá apenas comprovar uma sólida formação em ciências básicas e em ciências de engenharia civil, que facilite a mobilidade dos alunos no espaço Europeu de ensino superior.

4.2 Número de créditos de cada unidade curricular

A legislação9,10 que regula a organização dos curricula resultantes da implementação do Pro-cesso de Bolonha, impõe que esta organização deverá ter como base o número de horas de trabalho do estudante (HT) medidas através de créditos (ECTS).

Assim, de acordo com o artigo 5º do DL 42/2005:

• o trabalho de um ano curricular, a tempo inteiro é fixado entre 1500 HT e 1680 HT e é

cumprido num período de 36 a 40 semanas;

• o número de horas de trabalho do estudante (HT) a considerar inclui todas as formas de

trabalho previstas, designadamente as horas de contacto e as horas dedicadas a está-gios, projectos, trabalhos no terreno, estudo e avaliação;

• o número de créditos correspondente ao trabalho de um ano curricular realizado a

tem-po inteiro é de 60 ECTS.

Com base nestes parâmetros e adoptando para o curso de engenharia civil do IST um trabalho correspondente a 1680 horas por ano curricular, poder-se-á considerar que,

1 ECTS <> 28 HT

Para além da relação entre o número de horas e o número de créditos, foram igualmente esta-belecidas opções em termos das cargas horárias. Assim, considerou-se como base de trabalho que as cargas horárias possam variar, ao longo dos anos curriculares, de forma a adaptar os modelos de ensino à maturidade dos alunos. Se nos primeiros anos se poderá justificar um maior número de horas de contacto em detrimento das horas destinadas ao trabalho autóno-mo, nos anos mais avançados justifica-se um menor número de horas de contacto e um maior espaço para o desenvolvimento autónomo. Assim, considerou-se uma distribuição do tipo: 1º e 2º ano – Número máximo de horas de contacto – 25 horas/semana

3º, 4º e 5º ano – Número máximo de horas de contacto – 22,5 horas/semana

Uma terceira vertente que foi considerada na organização do plano curricular é a que diz res-peito ao regime de funcionamento que se admitiu ser semestral, à semelhança da generalidade dos cursos de engenharia civil das universidades Europeias com as quais o IST promove inter-câmbio de alunos.

No regime semestral considera-se que cada semestre terá uma duração de 14 semanas lecti-vas e será seguido de um período de avaliação com uma duração de 5 semanas. Este regime corresponde ao que se encontra actualmente em vigor no IST, ao qual corresponde em termos gerais:

• 1º semestre lectivo: 2ª quinzena de Setembro a terceira semana de Dezembro;

avalia-ções: Janeiro e 1ª semana de Fevereiro.

9

Decreto-Lei n.º42/2005 de 22 de Fevereiro de 2005 – Princípios reguladores de instrumentos para a criação do espaço europeu de ensino superior.

10

Despacho n.º 10 543/2005 (2ª série) de 11 de Maio de 2005 – Normas técnicas para a apresentação das estruturas curriculares e dos planos de estudos dos cursos superiores e sua publicação.

(17)

• 2º semestre lectivo: 2ª quinzena de Fevereiro a 1ª semana de Junho, com interrupção de uma semana na Páscoa; avaliações: entre a 2ª semana de Junho e a 3ª semana de Julho.

Neste regime, cada semestre corresponderá a 30 ECTS. Analogamente ao que sucede actu-almente no IST, prevê-se a possibilidade de existência de 5 a 6 unidades curriculares a funcio-nar simultaneamente em cada semestre, correspondendo a uma média de 6 a 5 ECTS por uni-dade curricular, no caso de distribuição uniforme de créditos.

Contudo, a organização adoptada contemplou soluções em que coexistam unidades curricula-res com diferentes exigências em termos de volume de trabalho. Assim, como forma de facilitar a partilha de unidades curriculares por diferentes planos de estudo, e de acordo com as

reco-mendações constantes do ECTS USERS’ GUIDE11, considerou-se a hipótese de modelação

das unidades curriculares nas seguintes tipologias:

• UC5 – 7,5 ECTS – 210 HT

• UC4 – 6,0 ECTS – 168 HT

• UC3 – 4,5 ECTS – 126 HT

• UC2 – 3,0 ECTS – 84 HT

• UC1 – 1,5 ECTS – 42 HT

Em paralelo com a adopção de uma métrica ECTS para cada unidade curricular, previu-se a forma como estas unidades se poderão associar para dar origem às organizações curriculares de cada semestre.

A organização do plano curricular do ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre em engenharia civil foi efectuada tendo como base duas métricas independentes: carga horária presencial e número de créditos ECTS. A distribuição de carga horária presencial e de créditos ECTS respeitou os limites adoptados para cada uma destas grandezas para cada semestre lectivo. Embora se devam evitar adoptar regras monolíticas de correspondência directa entre cargas horárias e créditos ECTS, na fase actual de preparação dos currículos, não existindo ainda valores medidos para o número de horas de trabalho dispendido pelos alunos, será aconselhável definir algumas correspondências entre créditos ECTS e número de horas pre-senciais em unidades curriculares da mesma natureza.

Nestas condições, procurou-se, para alguns tipos de aulas e de unidades curriculares, tipificar a seguinte relação possível entre carga horária e créditos12.

Aula teórica

Neste tipo de aula considera-se que são abordados temas numa perspectiva eminentemente teórica e de natureza formativa. As matérias tratadas necessitarão de aprofundamento, desen-volvimento e prática a ser realizado pelo aluno de forma autónoma. Para este tipo de aula po-derá considerar-se que por cada hora de contacto será necessário o aluno investir duas horas de trabalho extra aula.

Horas de contacto semanais Horas de con-tacto Horas de trabalho extra aula Horas de trabalho ECTS 1 14 28 42 1,5 11

ECTS USERS’ GUIDE, Directorate-General for Education and Culture, EU, Brussels, 2005 http://europa.eu.int/comm/education/programmes/socrates/ects/guide_en.pdf.

12

Esta tipificação encontra fundamento nos cursos que são actualmente leccionados no IST. (Caracte-rização dos Planos Curriculares 2004/2005, GEP-IST, Agosto 2005).

(18)

Aula de seminário

Aula de natureza teórica mas com carácter mais informativo. As matérias tratadas não necessi-tarão de aprofundamento por parte do aluno mas apenas de integração com outros conheci-mentos já adquiridos. Para este tipo de aula será razoável considerar que por cada hora de contacto será necessário o aluno investir meia hora de trabalho extra aula.

Horas de contacto semanais Horas de con-tacto Horas de trabalho extra aula Horas de trabalho ECTS 1 14 7 21 0,75 Aula de problemas

Aula onde são apresentadas aplicações de conceitos já tratados de um ponto de vista teórico. Estas aulas consistem essencialmente na apresentação de técnicas ou algoritmos para resolu-ção de problemas de natureza física, numérica, gráfica ou de programaresolu-ção. Neste caso consi-dera-se que por cada hora de contacto será necessário o aluno investir uma hora de trabalho extra aula. Horas de contacto semanais Horas de con-tacto Horas de trabalho extra aula Horas de trabalho ECTS 1 14 14 28 1,0 Aula de laboratório

Aulas onde através de experiência ou simulação se comprovam ou testam conceitos já desen-volvidos. Neste tipo de aulas é executada a componente de experimentação. Em horas de tra-balho extra, o aluno deverá preparar os tratra-balhos a executar e eventualmente completar os re-latórios, caso não o faça no decorrer das sessões presenciais. Para este tipo de aula, estima-se que por cada hora de contacto estima-será necessário o aluno investir uma hora de trabalho extra aula. Horas de contacto semanais Horas de con-tacto Horas de trabalho extra aula Horas de trabalho ECTS 1 14 14 28 1,0

(19)

Aula de projecto

Aulas onde se apresentam conceitos e técnicas de resolução de problemas ligados a concep-ção e projecto. Estas aulas pressupõem que os alunos possam desenvolver autonomamente soluções próprias no âmbito da concepção e projecto. Para este tipo de aula estima-se que por cada hora de contacto será necessário o aluno investir duas horas de trabalho extra aula.

Horas de contacto semanais Horas de con-tacto Horas de trabalho extra aula Horas de trabalho ECTS 1 14 28 42 1,5

A distribuição de créditos ECTS pelas diferentes unidades curriculares foi efectuada tendo em conta que não se prevêem desvios significativos no que respeita às exigências do volume de trabalho solicitado aos alunos em relação à actual formação em engenharia civil.

Os inquéritos aos alunos que o Conselho Pedagógico do IST tem efectuado todos os semes-tres mostram que, em termos médios, o número total de horas dispendido para cada unidade curricular está de acordo com o número total de créditos ECTS definido pelo Processo de Bo-lonha.

A alteração mais significativa que se projecta, corresponde a uma redução do peso do ensino presencial, em especial das aulas práticas de resolução de problemas, e a um reforço da com-ponente de estudo autónomo supervisionado centrado na aprendizagem pelo aluno.

Na contabilização das horas de trabalho que estão incluídas nos quadros anteriores foram con-sideradas, para além das horas de contacto relativas a aprendizagem presencial em que existe contacto estruturado entre o docente e o aluno, as seguintes componentes de aprendizagem centradas no desenvolvimento autónomo dos estudantes:

Visitas de estudo

As visitas de estudo, facultando um contacto com o contexto do exercício profissional, permi-tem o desenvolvimento de conhecimento e compreensão desse contexto e, dependendo da forma como forem conduzidas, a formulação de juízos sobre a realidade observada e as com-petências de comunicação com os profissionais no terreno.

Sessões de dúvidas

As sessões de dúvidas têm características semelhantes às aulas em que os problemas são resolvidos pelos alunos, mas em contexto menos estruturado. Sendo, como é sabido, pouco frequentadas, excepto em momentos antes de provas de avaliação, têm igualmente caracterís-ticas tutoriais, na medida em que há o contacto com pequenos grupos, mas em que não existe um trabalho sistemático com um grupo fixo.

Módulos auxiliares

Sob a designação genérica de módulos auxiliares incluem-se momentos de contacto visando o desenvolvimento de competências que não são objecto de avaliação somativa autónoma no final do módulo. O objectivo é o desenvolvimento de competências que contribuem para unida-des curriculares do curso. É o caso dos módulos de comunicação e expressão oral e escrita que têm sido desenvolvidos no IST, em associação com unidades curriculares em vários cur-sos, ou de módulos incluídos na aprendizagem baseada em projectos. Os objectivos de apren-dizagem podem ser diversos. Por exemplo, os módulos de comunicação e expressão visam as competências de comunicação. Neste caso, a associação com unidades curriculares tem como objectivo criar uma oportunidade concreta, não artificial, de aplicação dessas competências.

(20)

Estudo individual ou em grupo

As competências desenvolvidas no estudo, individual ou em grupo, dependem fortemente da forma como o aluno o organiza ou orienta. Contribuirá para a aplicação do conhecimento e compreensão, se o aluno não se cingir a memorizar resoluções de problemas tipo mas procurar aplicar os conhecimentos à resolução de problemas, e para as competências de aprendizagem se visar o alargamento do campo de conhecimentos. O estudo em grupo, em que exista inter-acção entre os elementos do grupo, promove as competências de comunicação.

Trabalho

Nos trabalhos incluem-se trabalhos de âmbito restrito, projectos, dissertações e estágios. Os trabalhos e projectos poderão ser realizados individualmente ou em grupo. As competências visadas são essencialmente a aplicação de conhecimento e compreensão e a formulação de juízos, embora, na medida em que exijam o aprofundamento de conhecimentos, possa contri-buir para o conhecimento e compreensão e para as competências de aprendizagem. Os traba-lhos realizados em grupo, desde que não sejam abordados como um somatório de partes reali-zadas por cada um, contribuem para as competências de comunicação.

Estágio

Os estágios, dependendo da sua orientação e do trabalho que for atribuído ao aluno, podem contribuir para todos os tipos de competências previstas. Para o conhecimento e compreensão, pelo menos no que se refere ao contexto profissional, para a aplicação de conhecimento e compreensão e a formulação de juízos, em função das tarefas atribuídas, para as competên-cias de comunicação, pelo seu exercício no contexto do estágio, e para as competêncompetên-cias de aprendizagem, na medida em que tiver de recorrer a conhecimentos que desenvolvam os que constam dos objectivos de aprendizagem.

Preparação de relatório

A preparação de relatórios, para além de contribuir para a consolidação do conhecimento e compreensão, da sua aplicação e da formulação de juízos, inerente à realização do trabalho, dissertação ou estágio, contribui para as competências de comunicação escrita.

Pesquisa documental

A pesquisa de bibliografia ou documentos relevantes, nas bibliotecas ou através da Internet, pode ser uma parte integrante do estudo ou da realização de trabalhos. No entanto, os hábitos de estudo mais correntes, a que não é alheia a carga de trabalho a que os alunos são submeti-dos, apontam para que os alunos se circunscrevam frequentemente a elementos disponibiliza-dos pelo corpo docente ou ao livro recomendado. Assim, a criação de hábitos e competências de consulta mais alargada precisa de ser estimulada. A pesquisa documental, confrontando o aluno com formas diferentes de exposição de conhecimentos, desenvolve as competências de aprendizagem e contribui para o alargamento dos horizontes de conhecimento e compreensão. E-aprendizagem

As competências desenvolvidas através de e-aprendizagem, baseada em meios informatizados estruturados para o efeito, depende do tipo de instrumento usado, podendo ser a única forma de aprendizagem ou usada em associação com outros métodos. Este método tem um interesse especial nos casos em que as necessidades de aquisição de conhecimento e compreensão por parte dos alunos são complexas, como é o caso quando se pretende ultrapassar défices ante-riores. Permite, também, desenvolver competências de aplicação de conhecimento e

(21)

compre-ensão e formulação de juízos em problemas de maior complexidade e contextualizados, para os quais o tempo previsto para as aulas seja insuficiente.

(22)
(23)

5

Organização do ciclo de estudos e metodologias de ensino

13

A estrutura curricular do ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre em enge-nharia civil reflecte uma mudança de atitude de todos os participantes no processo formativo da sociedade, que decorre das alterações das competências dos alunos que ingressam no Ensino Superior, das mudanças culturais que se foram verificando ao longo dos últimos anos e da ne-cessidade de antecipar algumas das tendências que se avizinham.

O tradicional ensino baseado na transmissão de conhecimentos deve ser transformado num ensino baseado no desenvolvimento de competências em que os alunos devem ser encoraja-dos a desenvolver uma atitude mais activa e com uma componente de auto-estudo mais acen-tuada. Esta mudança requer alterações profundas na forma de ensinar e organizar as unidades curriculares e de as alicerçar em meios de estudo adequados.

Embora assegurando uma forte componente científica, será necessário incrementar a comuni-cação, o trabalho em equipa, a criatividade e a experiência prática/laboratorial dos alunos. Os alunos devem ter mais flexibilidade e mobilidade para ajustar a sua formação, antecipando as necessidades do mercado onde pretendem integrar-se.

Numa sociedade em constante mudança, onde os conhecimentos adquiridos hoje poderão ser obsoletos amanhã, os alunos devem ser estimulados a desenvolver competências que lhes permitam efectuar uma aprendizagem ao longo da vida, de um modo fundamentalmente auto-orientado ou autónomo, com o objectivo de se manterem actualizados e de conseguirem uma visão alargada sobre os diferentes domínios da engenharia civil.

A interdisciplinaridade no seio da Engenharia Civil é visível ao longo do seu curriculum, consti-tuído por unidades curriculares com diferentes valências, mas para ser conseguida exige um esforço concertado em alargar os horizontes de aplicação das matérias leccionadas e introdu-ção de trabalhos de índole tendencialmente interdisciplinar.

5.1 Competências dos alunos que ingressam no curso de engenharia civil do IST

A reforma do ensino secundário entrou em vigor no ano lectivo 2004/2005 e encontra-se regu-lamentada no decreto-lei nº 74/2004 de 26 de Março. Em linhas gerais, esta reforma estabele-ce cursos científico-humanísticos, vocacionados para o prosseguimento de estudos de nível superior, cursos tecnológicos, orientados na dupla perspectiva da inserção no mercado de tra-balho e do prosseguimento de estudos, cursos artísticos especializados, visando proporcionar formação nas diversas áreas artísticas e, consoante a área artística, vocacionados para o pros-seguimento de estudos de nível superior ou orientados na dupla perspectiva da inserção no mercado de trabalho e do prosseguimento de estudos, e cursos profissionais vocacionados para a qualificação inicial dos alunos, permitindo o prosseguimento de estudos. Consagram-se ainda cursos científico-humanísticos, tecnológicos e artísticos especializados de ensino recor-rente, que visam proporcionar uma segunda oportunidade de formação que permita conciliar a frequência de estudos com uma actividade profissional.

13

Resposta à alínea e) do nº 2 do artº 63 do Decreto-Lei referente a graus académicos e diplomas do ensino superior

(24)

O IST, no seguimento da entrada em vigor da reforma do ensino secundário, decidiu estabele-cer quais as provas de ingresso que serão exigidas para o acesso aos diferentes cursos no ano lectivo 2007/2008. Este procedimento acabou por determinar quais os exames nacionais que devem ser realizados no ensino secundário e quais os cursos do ensino secundário que deve-rão ser frequentados pelos alunos que são potenciais candidatos a frequentar cursos do IST. Neste sentido, os alunos do ensino secundário que são potenciais candidatos a frequentar o curso de engenharia civil do IST devem ser provenientes dos cursos científico-humanísticos de ciências e tecnologias. Estes cursos do ensino secundário possuem 3 anos de formação em Matemática A e 2 anos de formação específica em Física e Química que podem eventualmen-te, e desejavelmeneventualmen-te, ser complementados com um ano de formação opcional em Física (12º ano) ou Química (12º ano).

Os alunos destes cursos possuem igualmente 2 anos de formação específica em Geometria Descritiva ou Biologia e Geologia ou Aplicações Informáticas, 1 ano de formação em Técnicas de Informação e Comunicação, 3 anos de formação em Língua Portuguesa e numa língua es-trangeira (geralmente Inglês) e 2 anos de formação em Filosofia.

Em face do exposto e da vasta experiência acumulada ao longo dos últimos anos pode afirmar-se que:

• o modelo de organização do ensino secundário é quase exclusivamente baseado na

transmissão de conhecimentos e muito pouco baseado no desenvolvimento de compe-tências;

• os alunos do ensino secundário possuem, em geral, pouca capacidade de expressão

oral e escrita, pouca metodologia de trabalho e uma considerável falta de motivação para o estudo auto-orientado;

• os alunos do ensino secundário vêm, em geral, mal preparados em Matemática e

Físi-ca, e a reforma do ensino secundário virá agravar os problemas de formação em Física na medida em que apenas são exigidos 2 anos de formação específica nesta área. Sa-liente-se que a formação em Física correspondente ao 12º ano deixou de ser obrigató-ria;

• os alunos do ensino secundário vêm, em geral, mal preparados no domínio das

tecno-logias de informação e comunicação apesar de serem muito expeditos na utilização da Internet e de tecnologias afins.

5.2 Estrutura do ciclo integrado. Princípios básicos

O curso é constituído por unidades curriculares de Competências Transversais (CT), Ciências Básicas (CB), Ciências de Engenharia (CE), Ciências da ESpecialidade (CES) e por uma Dis-sertação de Mestrado (DM) com características integradoras e/ou de investigação. Os princípi-os que estão na base da organização do ciclo de estudprincípi-os integrado conducente ao grau de Mestre em Engenharia Civil são os seguintes:

• o curso tem um regime semestral com um número médio de 6 unidades curriculares por

semestre, em que uma delas corresponde a uma unidade curricular de Competências Transversais. O modelo de organização pedagógica é baseado num máximo de 25 ho-ras de contacto nos dois primeiros anos e de aproximadamente 22,5 hoho-ras nos anos subsequentes;

• o regime de 22,5 horas semanais é acompanhado por uma maior exigência de

dedica-ção individual ao estudo e um reforço da avaliadedica-ção contínua, exigindo mais trabalho fora das aulas por parte de alunos e docentes;

(25)

• o curso deve ser completado em 10 semestres, sendo a dissertação de mestrado (com um total de créditos ECTS equivalentes a um semestre) elaborada durante os dois últi-mos semestres, embora fundamentalmente no último;

• o tronco comum do curso é constituído por 45 unidades curriculares14

científico-pedagógicas que se estendem ao longo de 8 semestres curriculares;

• para além do tronco comum, existem áreas de especialização em Construção,

Estrutu-ras, Geotecnia, Hidráulica e Recursos Hídricos e Transportes, Sistemas e Infra-estruturas;

• as áreas de especialização são constituídas por unidades curriculares específicas de

natureza obrigatória e opcional.

5.3 Formação por objectivos e aquisição de competências

A organização temporal do ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre em enge-nharia civil estrutura-se em quatro etapas distintas, ao fim das quais se espera que o aluno te-nha adquirido um conjunto bem definido de competências, conhecimentos e qualificações. Etapa 1 - Final do 2º ano (4 semestres)

Esta etapa, correspondente a uma forte componente da área das ciências básicas e uma parte significativa, de base, das ciências da engenharia, constitui-se como uma fase de índole mar-cadamente formativa, que tem por objectivo fornecer, de forma integrada e com recurso à ma-temática, informação quantitativa sobre os sistemas básicos da engenharia civil.

Pretende-se que os alunos adquiram as seguintes competências:

• capacidade para interpretar e resolver problemas representados por modelos

matemáti-cos cuja solução exige a aplicação directa da matemática e informática;

• capacidade de análise de resultados de trabalhos analíticos e compreensão da literatura

que contenha aplicações directas da matemática;

• compreensão de modelos matemáticos elementares de problemas de engenharia,

no-meadamente aqueles cuja análise requer a utilização de elementos estatísticos, de ál-gebra linear, cálculo diferencial e integral, de equações diferenciais lineares com condi-ções iniciais ou de fronteira;

• formação em química, versando a estrutura molecular, reacções químicas e

electroquí-micas, obtendo os fundamentos para o conhecimento das propriedades dos materiais em geral, de cerâmicos, betões, metais e polímeros e dos fenómenos de corrosão;

• formação básica em mineralogia e geologia;

• formação em física onde são abordados os princípios e leis da mecânica,

termodinâmi-ca, óptica e electromagnetismo;

• capacidade de abordagem de problemas de engenharia associados aos escoamentos

hidráulicos em pressão e de caracterização de equipamentos hidromecânicos;

• compreensão dos conceitos base da mecânica aplicada e introdução à resistência de

materiais, nomeadamente dos fundamentos do comportamento mecânico de sólidos de-formáveis sujeitos a solicitações exteriores e da análise de tensões e de deformações em peças lineares sujeitas a esforço axial e flexão;

14

(26)

• compreensão dos conceitos básicos da geodesia, da cartografia, da fotogrametria e ca-pacidade de execução de um levantamento topográfico, assim como de utilização do desenho técnico e assistido por computador, na representação do terreno e implantação de obras e na utilização de conceitos de arquitectura do desenho urbano na concepção do projecto;

• compreensão dos métodos da investigação operacional, com especial relevo à

formula-ção de problemas de decisão no âmbito da engenharia;

• capacidade para aplicar a abordagem sistémica em problemas de gestão, efectuar a

sua formulação, reconhecer as metodologias adequadas à sua resolução e efectuar a sua aplicação.

Etapa 2 - Final do 3º ano (6 semestres)

Nesta etapa, o aluno completará a aquisição de todas as competências em ciências básicas e em ciências da engenharia, o que lhe confere os fundamentos em diferentes áreas, de forma a permitir receber outro tipo de formação específica em engenharia civil, quer no seio do IST quer noutra qualquer instituição de ensino universitário do espaço europeu.

Saliente-se que do ponto de vista de aquisição de competências em disciplinas específicas da área da engenharia civil, o aluno apenas recebe nesta fase uma formação limitada.

Nesta etapa, pretende-se que os alunos adquiram as seguintes competências:

• capacidade para a resolução de problemas simples através da aplicação de conceitos

da mecânica aplicados à engenharia civil, nomeadamente de mecânica dos sólidos e materiais (através da resistência de materiais), mecânica dos fluidos (através da hidráu-lica) e mecânica dos solos e das rochas;

• domínio de metodologias de análise de tensões e deformações em peças lineares

sujei-tas à flexão, corte e torção, bem como os princípios básicos da verificação da seguran-ça e análise da estabilidade do equilíbrio;

• capacidade para aplicar os métodos básicos de análise estrutural;

• compreensão do comportamento, durabilidade e aplicações dos materiais de

constru-ção de utilizaconstru-ção mais frequente e sua compatibilidade com as soluções construtivas tradicionais e actuais;

• capacidade para a resolução de problemas de engenharia envolvendo escoamentos

com superfície livre e para a caracterização do funcionamento de bombas e de turbinas;

• compreensão do fenómeno urbano, do processo de urbanização e do seu

enquadra-mento administrativo, bem como do planeaenquadra-mento à escala urbana e regional e princípi-os de ordenamento;

• compreensão dos sistemas e dos problemas de transporte nas suas componentes

téc-nica, económica e social;

• capacidade para a análise do comportamento físico das construções, nas áreas da

hi-grotérmica, ventilação natural, acústica e iluminação natural;

• domínio das técnicas de análise dos recursos hídricos, disponibilidade e necessidades;

• capacidade para efectuar o planeamento do projecto e calendarização das actividades,

monitorização da sua realização, análises de risco e planeamento de recursos. Etapa 3 - Final do tronco comum (≈8 semestres)

Esta etapa corresponde à conclusão do tronco comum da formação. Todas as disciplinas visam a aquisição de competências na área das Ciências da Especialidade. Pretende-se que o aluno

(27)

adquira uma experiência intermédia, alargada mas ainda não completa, nas aplicações práticas em diferentes áreas relacionadas com a engenharia civil.

As competências a adquirir nesta fase relacionam-se com a capacidade para o desempenho de actividades de investigação, análise e planeamento, incluindo a coordenação e gestão des-sas actividades e outras com elas relacionadas com recurso a fundamentos teóricos, conheci-mentos básicos e conceitos fundamentais de natureza técnico-científica.

Nesta etapa, pretende-se que os alunos adquiram:

• capacidade de conceber e dimensionar infra-estruturas de abastecimento de água e de

drenagem de águas residuais, em zonas urbanas;

• competências básicas no domínio da gestão e tratamento de resíduos sólidos;

• compreensão do comportamento das estruturas de betão até à rotura, de aspectos

rela-cionados com a sua durabilidade e capacidade para efectuar a pormenorização de ar-maduras em elementos estruturais (vigas, pilares e lajes);

• capacidade para a análise e verificação da segurança de estruturas metálicas;

• conceitos básicos sobre acções e teoria da segurança estrutural, dinâmica e engenharia

sísmica;

• capacidade para conceber e dimensionar estruturas correntes;

• competências na área da gestão da execução de projectos, da estimativa de

quantida-des e custos, do regime juridico das empreitadas, do planeamento e controle de prazos, custos e recursos de empreendimentos e obras;

• conhecimentos relacionados com os aspectos tecnológicos da construção, quer na

co-ordenação de projectos, quer na direcção e acompanhamento de obras;

• domínio dos processos construtivos de edifícios correntes, dos seus campos de

aplica-ção, das suas limitações e das respectivas vantagens e desvantagens;

• capacidade para a concepção e projecto de vias de comunicação, particularmente de

estradas e autoestradas;

• capacidade para projectar estruturas geotécnicas, nas fases de prospecção,

dimensio-namento, acompanhamento da obra e monitorização. Etapa 4 - Final do curso (10 semestres)

No final desta etapa estará concluída a formação geral em engenharia civil, complementada com uma forte componente de projecto e de formação avançada numa área de especialização (Construção, Estruturas, Geotecnia, Hidráulica e Recursos Hídricos ou Sistemas e Transportes, Sistemas e Infra-estruturas), com opções formativas específicas a cada orientação, permitindo receber uma opção complementar de outra área.

O aluno deverá estar preparado para efectuar a síntese de conhecimentos adequados ao pleno exercício da profissão ao nível de Planeamento, Concepção, Projecto, Construção, Fiscaliza-ção, ReabilitaFiscaliza-ção, Manutenção e Gestão.

A dissertação de mestrado deverá possuir um carácter integrador e/ou inovador de conheci-mentos, reflectindo a formação especializada.

(28)

5.4 Formação transversal

Pretende-se com a formação em áreas transversais assegurar que o aluno de engenharia civil seja capaz de:

• ter uma intervenção profissional e de liderança numa gama alargada de organizações

industriais, serviços e investigação;

• comunicar as suas conclusões, e os raciocínios a elas subjacentes, a especialistas, ou

não, de forma clara e sem ambiguidades;

• promover a inovação tecnológica e o empreendedorismo;

• ter preocupações ambientais e de sustentabilidade no desenvolvimento de estudos de

engenharia civil;

• ter uma atitude profissional, adulta e responsável, como cidadão informado que possui

uma sólida formação humana e ética;

Neste tipo de formação inclui-se ainda a transmissão de conceitos relacionados com:

• a evolução da engenharia civil e os objectivos da actividade do engenheiro civil e a sua

interacção com o meio ambiente;

• a história da arquitectura;

• elementos básicos de gestão;

• noções de direito e sociologia na engenharia civil, ética e responsabilidade social, com-portamentos e tendências sociais, liderança e gestão de equipas;

• conhecimento da realidade empresarial através de estágios em empresas.

5.5 Metodologias de ensino. Aulas, horários e sistemas de avaliação

A organização das aulas deverá fomentar a participação dos alunos, reduzir a sua passividade e encorajar o estudo independente, induzido pela redução da carga horária. A realização de relatórios, exposições e exames orais é igualmente estimulada como forma de promover a ca-pacidade de comunicação do futuro engenheiro.

O sistema de avaliação do curso é coordenado através de metodologias que incluem:

• componentes relevantes de avaliação contínua nos 3 primeiros anos;

• acompanhamento personalizado de alunos por intermédio de professores tutores nos

primeiros anos;

• elaboração de trabalhos/projectos e dissertação de mestrado de características

integra-das (multidisciplinares) e/ou de investigação ao longo do último ano do curso.

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15

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