• Nenhum resultado encontrado

A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL SISTÊMICO EM UMA MEDIAÇÃO DE CONFLITO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL SISTÊMICO EM UMA MEDIAÇÃO DE CONFLITO"

Copied!
21
0
0

Texto

(1)

A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL SISTÊMICO EM UMA

MEDIAÇÃO DE CONFLITO

Marcos Eduardo Siqueira Flores Maria Otaviana Mindêllo Muschioni

Institudo Intersistêmico Equipe Práticas Sistêmicas

marcosflores@institutointersistemico.com.br otavianamuschioni@gmail.com

Resumo

Os autores, a partir das distinções coerentes com o domínio da ciência novo-paradigmática, e se apropriando da Tecnologia Social Sistêmica - a Mediação Sistêmica de Conflitos, narram uma experiência de solução de um conflito, enfocando a atuação do profissional sistêmico. Essa atuação exemplificada demonstrará o processo e o caminho, que possibilitaram a constituição de um sistema de “Interconstituição de Segunda Ordem”. Distinguem a postura do profissional sistêmico, como responsável por viabilizar um contexto autônomo e colaborativo, de transformação de uma relação de conflito em uma relação de bem-estar e de reconhecimento do outro como legítimo outro em seu espaço de convivência.

Palavras-Chave: Mediação Sistêmica, Pressupostos novo-paradigmáticos, Sistema de Interconstituição de Segunda Ordem.

Abstract

The Authors, from consistent distinctions with mastery of the new-paradigmatic science, and appropriating the Systemic Social Technology-Systemic Conflict Mediation, narrate an experience of a conflict resolution, focusing on the role of the systemic professional. The exemplified role will demonstrate the process and the way that will enable the establishment of a system of “Second Order Interconstitution”. We recognize the posture of a systemic professional as the responsible for enabling an autonomous and collaborative context, converting a conflict relationship into a well being relationship and recognizing the other as a rightful other in his own living environment.

Keywords: Systemic Mediation, New Paradigmatic Assumption, System Second Order Interconstitution.

(2)

Introdução

Apesar de sua grande diversidade, práticas e métodos incorporados pelo mundo ocidental, nas tentativas e buscas para as soluções dos conflitos humanos, têm se mostrado em sua grande maioria insuficientes. Olharmos pela janela do nosso cotidiano nos faz perceber um mundo em que as relações se conservam no paradigma “ganhar-perder” (Schnitman & Littlejohn, 1999), fundado em domínios de uma verdade absoluta, ancorado no surgimento da apropriação, da desconfiança, da inimizade, da guerra e do controle.

O Poder Judiciário, instrumento democrático de defesa do cidadão e da sociedade, não tem sido suficiente nas demandas sociais por soluções de conflitos emergentes. Insuficiência de funcionários e recursos, demasiados advogados, excesso de demandas, treinamento falho, falta de juízes, inadequação da legislação processual, dentre outros, tem sido apontados como algumas das causas para essa crise do judiciário. Atenuar esses problemas tem sido uma tentativa jurídica e social, na ampliação das formas alternativas de solução de conflitos, as ADRs. Nesse sentido, a expressão Alternative Dispute Resolution (ADR), em suas múltiplas traduções, emerge como novas esperanças para todos, desencadeando práticas sistêmicas, diálogos transformadores e modelos não lineares, tendo como um importante impulso o advento da Resolução n. 125, de 29 de novembro de 2010 (2010). Dispõe sobre a Política Judiciária Nacional de Tratamento Adequado de Conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário (Luchiari, 2014 citado por Almeida, 2014, p.18).

A formação e capacitação de profissionais em Mediação tem se desencadeado em diversas esferas sociais, públicas e privadas. Estariam esses novos profissionais se constituindo com uma epistemologia novo-paradigmáticai?

Pensamos que somente imerso nessa epistemologia é que um profissional poderá abstrair em suas relações com o sistema atendido, as distinções que possibilitam a ele,

(3)

promover a constituição de “Sistemas de Interconstituição de Segunda Ordem” (Esteves-Vasconcellos, 2013).

Interconstituição de Segunda Ordem refere-se às “conversações por intermédio das quais as pessoas se constituem reciprocamente como legítimas interlocutoras sobre suas próprias relações, simplesmente porque estão envolvidas nas relações sobre as quais elas conversam. (...) Sendo uma meta-conversação, isto é, uma conversação sobre as conversações” (...) (Esteves-Vasconcellos, 2013, p.95).

Vejamos como se dá a atuação deste profissional sistêmico de 2ª ordem e onde se manifesta sua epistemologia.

“Todo fazer é um conhecer e todo conhecer é um fazer” (Maturana & Varela, 2005, p. 31). O profissional sistêmico reconhece e legitima que “todo ato de conhecer faz surgir um mundo”. Toma para si que a realidade não é algo que está ai para ser captada e introduzida na cabeça, como se houvesse fatos e objetos lá fora aos quais pudéssemos ter acesso, tais como eles seriam sem a nossa participação ao conhecê-los, mas algo que se constrói à medida que nos relacionamos com nosso objeto de conhecimento, em uma dança recursiva, num fluxo de interações recorrentes, em domínios de coordenações consensuais de coordenações consensuais de ação, num operar na linguagem.

Esse profissional é aquele que têm como pressuposto o reconhecimento do papel constitutivo das interações entre as pessoas e vê o mundo em um processo continuo de tornar-se, ou seja, sempre aberto para novas configurações. E, ainda, é aquele que trabalha com a intersubjetividade, se distinguindo enquanto coconstrutor da realidade, ou seja, para esse profissional a realidade emerge na linguagem. Desta forma, o profissional sistêmico está assumindo como seus pressupostos os pressupostos novo-paradigmáticos já que contempla a complexidade, a instabilidade do sistema com o qual trabalha e assume que o conhecimento desse sistema só se constrói em espaços de intersubjetividade. Portanto, sempre que

(4)

estivermos falando em profissional sistêmico, estaremos nos reportando a este profissional sistêmico de 2ª Ordem ou novo-paradigmático.

Maturana (1983). expõe que todo sistema é determinado estruturalmente. Por estrutura, entendem-se as interações entre os componentes do sistema que realizam a organização desse sistema de um modo particular. Isso é assim porque os elementos componentes de um sistema, somente interagem por intermédio de suas propriedades constitutivas, ou seja, através de sua estrutura. Assim, “toda mudança do sistema, no momento em que ocorre, é operacionalmente determinada pela maneira como interagem as propriedades de seus elementos componentes”. Desta forma, uma “mudança estrutural decorre de interações das propriedades dos elementos componentes do sistema de acordo com seu envolvimento na composição do sistema”. (Esteves-Vasconcellos, 2013, p.42). É como diz Esteves-Vasconcellos (2013): “um agente externo pode somente desencadear uma mudança em um sistema, mas não a determina. Nada externo especifica o que acontece a um sistema. Não existem interações instrutivas para unidades compostas (ou sistemas)” (Maturana, 1987 citado por Esteves-Vasconcellos, 2013, p.42).

Assim sendo, torna-se inviável para os sistemas humanos uma interação instrutivaii. O que ocorre nas interações dos sistemas humanos é um viver em acoplamento estrutural, ou seja, nós humanos vivemos em acoplamento com o meio e o meio com o humano, em interações recursivas. Então, resta ao profissional sistêmico reconhecer a impossibilidade dessa interação instrutiva, e se propor a ser um especialista em promover a construção de um contexto que viabilize a coconstrução de soluções para as situações-problema que ele distingue em suas atuações. Contexto aqui é definido como as regras de relação acordadas entre o profissional e o sistema com o qual trabalha. Aun (1998) propõe que este contexto seja um contexto de autonomia e o define como:

(5)

...um contexto que permite que as pessoas definam o que é real para si próprios e que, na condição de seres humanos sociais, possam agir de acordo com estas definições e assumir responsabilidade por essas ações, através de acordos consensuais (Aun, 1998, p.2).

A expressão “contexto de autonomia” foi introduzida por Aun (1996), parafraseando Pakman (1993), que definiu poder como um contexto que permite que alguns membros do sistema decidam ou ponham em ação o que vai ser considerado como real, bom, adequado para todos os membros do sistema.

A criação de um contexto de autonomia é um processo no qual o profissional sistêmico dá voz á todos os membros do sistema, faz o acordo verbal de respeito pela fala do outro, já que o que for conversado pelo sistema não pode denegrir quaisquer componentes do mesmo. E, ainda, faz o acordo verbal de responsabilidade por tudo o que for dito ali, que não deva ser usado para prejudicar o outro em nenhum momento, implicando todos os membros do sistema na coconstrução da realidade. Portanto, cabe ao profissional sistêmico assumir a identidade de um especialista em criar um contexto de autonomia e de colaboração ao trabalhar com situações-problema.

O reconhecimento de que é no contexto do linguajariii- em que nós seres humanos nos distinguimos enquanto humanos – é que se evidencia a distinção do sistema com o qual o profissional sistêmico se propõe a trabalhar. Énas conversações e ações, que viabilizamos o nosso relacionar no mundo, e é neste contexto que esse profissional distingue sua atuação. Desta forma, distinguimos o sistema com o qual trabalhamos, como pessoas em interação - conversando, linguajando, construindo significados - sobre algo que ele ou ela acredita que não está como deveria estar.

(6)

(...) que é pelo fato de a situação-problema emergir das próprias relações entre as pessoas, que podemos dizer que essas pessoas constituem um sistema em torno de uma situação definida como situação-problema por todas elas, um problema comum a todas, ou seja, é por isso que elas têm uma “problema nossa”, uma situação-problema que envolve a todas elas. (Esteves-Vasconcellos, 2010, p.46)

Assim, definimos o sistema com o qual um profissional sistêmico trabalha como um “sistema determinado pelo problema” - SDP. Essa denominação é uma nomenclatura utilizada por Goolishian e Winderman (1989) e, também, é adotada, por Aun, Esteves de Vasconcellos e Coelho, na construção da Metodologia de Atendimento Sistêmicoiv.

Ao se propor trabalhar com o SDP, o profissional sistêmico, considera a complexidade do fenômeno, pois o SDP se constitui de uma variedade de pessoas que estão enfrentando uma situação-problema em posições distintas diante da situação vivenciada por estas pessoas. Considera, também, a instabilidade do processo, pois se trata de um sistema linguístico composto por essas pessoas com distintas percepções sobre a situação-problema, o que inviabiliza ter um controle sobre o sistema, podendo ainda acontecer à inserção de novos membros no sistema, de acordo com a evolução do processo. E, vivencia a intersubjetividade já que valida o processo de coconstrução desde a distinção da situação-problema até a dissolução dessa situação. Dessa forma, ao considerar o SDP o profissional assume uma postura construtivista.

Esteves-Vasconcellos (2003) considera a Mediação Sistêmica como um modelo de mediação que focaliza a desestabilização dos relatos e alternativas trazidas pelas partes envolvidas em um desacordo, e que, através da cocriação de um contexto reflexivo, autônomo e colaborativo, viabilizaria a construção de relatos e alternativas ampliadas, além da construção de acordos. Desta forma, “a mediação sistêmica é um processo comprometido primordialmente com o aprimoramento da qualidade da relação” (Esteves-Vascocellos,

(7)

2003, p.16, grifo nosso). Assim, o profissional sistêmico em uma mediação, focalizará a relação entre as partes construindo novos padrões de comunicação e estimulando novas narrativas, ou seja, esse profissional se coloca na postura de construtor de um contexto autônomo e colaborativo e reconhece as suas crenças, valores e experiências como parte do processo de mediação.

Assim, o profissional sistêmico, ocupa a posição do não-saberv (Anderson & Goolishian, 1993), não tendo uma posição privilegiada, que o coloque na posição de um profissional que irá definir o que seria correto ou não para os integrantes do sistema atendido. Ele passa a ocupar uma “posição colaborativa”, desenvolvendo uma relação dialógica com o sistema assistido e favorecendo as conversações colaborativas entre os componentes do SDP.

Para garantir essa posição do não-saber e para possibilitar o acesso mais amplo às realidades emergidas, o profissional sistêmico convida um cocoordenador/observador para auxiliá-lo na manutenção e condução da sua posição de construtor de contexto de autonomia e de colaboração.

Esteves de Vasconcellos (2007a) diz que o reconhecimento de que configuramos a realidade na linguagem possibilita ao profissional sistêmico assumir radicalmente a sua participação inevitável na constituição do mundo com o qual está trabalhando. Dessa forma, o profissional sistêmico ao realizar uma mediação, terá uma postura de coconstrutor da realidade com a qual se propõe trabalhar.

É com essa visão, de profissional sistêmico, que trazemos uma experiência de Mediação de Conflito, vivenciada por dois vizinhos em um condomínio da cidade de Nova Lima - MG, para destacar a implicação desse profissional na coconstrução de soluções transformativas em contextos de desacordos e de posição antagônica sobre determinada situação relacional.

(8)

Apresentação do processo de mediação 1- Criando o contexto de acoplamento estruturalvi:

Um profissional sistêmico, incomodado com a relação conflituosa entre dois vizinhos no condomínio em que mora, sobre a construção de um canil no terreno de um deles, se implicou na busca de um diálogo entre eles, com o intuito de viabilizar uma postura colaborativa e de reconhecimento do outro como legítimo outro, para a solução desse desacordo. Assim sendo, foi com esse intuito que este profissional, ao ter uma conversa com um dos vizinhos e ao saber que este estava querendo entrar com uma ação judicial para buscar a solução do seu problema, e, ainda, que este vizinho, já havia formalizado sua queixa à Associação de Moradores do Condomínio, propôs um caminho alternativo, ou seja, a Mediação Sistêmica.

O profissional sistêmico, ao comentar sobre esse tipo de prática, citou exemplos do cotidiano sobre essa forma de acordo, e para sua surpresa, o vizinho, advogado, demonstrou conhecimento sobre o assunto, implicando-se nos processos reflexivos que estavam ocorrendo.

Diante disso, esse vizinho, concordando com a ideia, fez um questionamento, perguntando se a outra parte aceitaria. O profissional sistêmico deu algumas explicações de como conduziria a mediação e que depois das conversas ampliadas, com ambos os envolvidos, e se fosse de comum acordo, ocorreria o processo de mediação.

No desejo de saber se a outra parte aceitaria esse processo de mediação, o profissional sistêmico, também promoveu um encontro para conversar com o outro vizinho e saber dele sobre sua implicação na situação-problema apresentada. Dessa conversa, o profissional identificou que também esse vizinho já havia formalizado, ao condomínio, por escrito, uma defesa em relação à acusação. Nessa conversa, foi pontuado o processo de condução da mediação, o que foi recebido de forma positiva pelo mesmo.

(9)

Tendo ambos os envolvidos aceitado a proposta de um encontro dialógico, com o intuito de resolver a situação-problema identificada como a construção de um canil em divisa do terreno deles, o profissional sistêmico assumiu o papel de mediador desse processo e convidou outro profissional sistêmico para participar como cocoordenador/observador. Ambos identificaram que seria um encontro conversacional em torno da situação-problema, que foi definida na forma de uma situação solucionável, ou seja, de forma positiva, como: “Construindo Relações de Cooperação para o Entendimento das Normas e Regras que Constituem a Construção do Canil”. Dessa positivação da situação-problema, originou-se o convite para o encontro conversacional, proposto para ser realizado na casa do mediador, em data e horário construídos conjuntamente com todos.

2- Constituindo o SDP:

Cabe ressaltar que, ao identificar essa situação-problema, o mediador passou a constituir o SDP e conversou com ambos vizinhos sobre quem mais, na visão deles, estaria envolvido com esta situação. Contudo, ambos assumiram que somente eles eram os responsáveis por qualquer decisão. Como se vê, não se trata de um processo investigativo e de coleta de dados e sim de um processo de coconstrução, ocorrido desde os primeiros contatos, nessa constituição do SDP.

3- Criando o contexto de segurança e de colaboração:

Para o dia do encontro, os profissionais sistêmicos, prepararam o espaço, criando um ambiente confortável para todos. Foi colocada, em uma cartolina, a situação-problema a ser abordada, de forma que ela pudesse ser vista por todos.

O encontro teve duração de 1 hora e 30 minutos.

Para iniciar o encontro, o mediador, a partir de uma epistemologia sistêmica novo-paradigmática (Esteves de Vasconcellos, 2002), constituiu as regras de conversação, explicando o seu papel, bem como o papel do cocoordenador/observador, assegurando a

(10)

coesão na construção de um contexto colaborativo. Para isso, propôs um contrato sigiloso, onde todos deveriam concordar em manter uma participação colaborativa nas conversações, aceitando e validando as diferentes posições, onde todos teriam direito a voz e poderiam expor seus pontos de vista, mas que não poderiam se posicionar em domínios de acusações, retaliações e ameaças.

O mediador, explicou ainda, que estava ali para garantir e construir um contexto dialógico de colaboração e de respeito mútuo pelas colocações do outro acerca de sua percepção da situação-problema. Esclareceu também que, para esse encontro, somente seria conversado o que foi estipulado no convite, ou seja, “Construindo Relações de Cooperação para o Entendimento das Normas e Regras que Constituem a Construção do Canil.”

Essa delimitação do tema a ser conversado, definiu as fronteiras daquele sistema conversacional, mantendo o foco na situação-problema e evitando outros temas.

O mediador colocou ainda, sua crença sobre a importância de se viabilizarem conversações transformativas de relações problemáticas e explicitou que esse foi seu intuito, ao convidar os participantes para este encontro conversacional. Desta forma, convidou-os a dialogarem sobre como eles veem a construção do canil.

Após esse processo de construção de contexto, todos foram convidados a celebrarem esse acordo, o que ocorreu com um sonoro sim.

Cabe esclarecer que, em todo o processo o mediador privilegia intervenções por meio de perguntas que levem à reflexão, podendo desestabilizar padrões de relação cristalizados. Utiliza-se de perguntas, não para descobrir informações ou fazer um processo investigativo, mas para possibilitar o surgimento de uma nova narrativa sobre as experiências trazidas.

(11)

4- Registro resumido das conversações:

Carlosvii inicia a conversa colocando que não tinha conhecimento do incomodo por parte do vizinho Joséviii, com relação ao cercado que construiu para seu cachorro, e que é uma novidade para ele, pois seu vizinho nunca disse nada a respeito desta construção.

José concordou com a colocação de Carlos e expôs que achava que a construção do canil seria na parte de baixo do terreno, e que a Associação do Condomínio, ao não se manifestar sobre essa construção, prejudicou-o, pois, onde foi construído o canil, esse acarreta a desvalorização do seu imóvel. Falou que essa construção infringeo documento do Contrato de Qualidade de Vidaix.

Carlos colocou que não construiu um canil, mas somente um cercado.

O Mediador, diante da queixa de José, sobre a Associação de o Condomínio tê-lo “deixado na mão”, pontuou se esse já havia recebido notificações da Associação e se eles, tanto José quanto Carlos tinham conhecimento sobre o documento referente ao Contrato de Qualidade de Vida.

Carlos responde que analisou o documento Contrato de Qualidade de Vida para fazer a construção do cercado. Disse que este cercado foi aprovado pela Prefeitura, na planta inicial de sua construção. Ressaltou, ainda, que a Prefeitura salientou que este tipo de construção poderia existir, naquele local, desde que não caracterizasse uma construção com telhado. Expôs que o intuito da construção deste cercado foi para que, quando chegassem visitas em sua casa e que não tivessem afinidade com cachorro, ele teria um local onde pudesse prender seus cachorros. Disse que, apesar de seu terreno ter um muro previsto dentro das regras do Contrato de Qualidade de Vida, que é de 80 cm, esse não é suficiente para deter um dos seus cachorros de sua casa e que inclusive este já esteve perdido por alguns dias. E concluiu dizendo que este fato é de conhecimento inclusive do José e que seu cachorro visita muito a casa de José.

(12)

José confirmou este último fato e disse que ontem mesmo o cachorro do Carlos esteve em sua casa e que até lhe deu um pedaço de queijo. Colocou que gosta de cachorros e que também tem um. Entende que o Carlos, como os que vêm de prédio para morar em casa, tenha buscado um tipo de residência, em um condomínio, querendo ter animais, inclusive para proteção. Relatou para o Mediador, o fato de já ter recebido notificação da Associação. Queixou-se de pagar um valor alto para Associação e, como esta não vem cumprindo com suas obrigações de zelar pelo Condomínio, com o intuito de zelar pelo seu patrimônio, confeccionou a notificação da construção do canil.

O Mediador pontuou as diferentes definições utilizadas pelos envolvidos, no que diz respeito à denominação da construção, chamada de canil por um e de um cercado por outro e pediu a eles que falassem mais sobre essa diferença e em que essa construção os afeta. Pontuou ainda as colocações de ambos, sobre o ponto de vista do Estatuto do Condomínio sobre qualidade de vida e das regras da Prefeitura e questionou se ambos têm conhecimento sobre essas regulamentações.

Carlos reafirmou que sua construção está pautada em ambos as legislações, ou seja, tanto com relação à Prefeitura quanto com relação ao Estatuto do Condomínio.

José discordou pontuando que a construção afeta sim as regras do Contrato de Qualidade de Vida e que a construção do canil prejudica a valorização de seu imóvel.

Conversando sobre como seria desvalorizado esse imóvel, Carlos propôs um acordo de que, quando José for vender seu imóvel, ele irá desmanchar a construção do canil e que, se ele for vender, também ele irá desmanchar.

José se implicou nesta proposta dizendo que custearia o desmanche quando as vendas dos imóveis ocorressem, já que não buscou conversar com Carlos quando ele iniciou a construção.

(13)

Carlos assumiu para si este compromisso, expondo que não gastaria nada para desmanchar.

O Mediador falou sobre a importância de se conversar, sobre como o diálogo fortalece os vínculos e viabiliza soluções de problema e perguntou o que ambos gostariam de fazer com essa solução construída.

Ambos concordaram que se fizesse o registro e José assumiu este compromisso de fazê-lo. Carlos disse do desejo de registrá-lo em cartório e o Mediador concluiu dizendo que, após este registro feito, ele assumiria o compromisso de lê-lo para ambos os participantes para saber se ambos estão de acordo com o que ficou registrado.

Encerrou-se a mediação, ambos elogiando a disponibilidade do Mediador e do cocoordenador/observador em ajudá-los.

5- O follow-up:

De acordo com Aun (2007) o seguimento – follow-up – “é uma forma de acompanhamento do processo de atendimento sistêmico após a dissolução do SDP” (Aun, 2007, p.168). Distinguimos que essa questão, também é importante em um processo de mediação e conforme esta orientação, depois de aproximadamente quatro meses, o Mediador fez contato com as partes para verificar como andava a construção do documento que formalizaria o acordo. As conversas aconteceram separadamente, pela oportunidade de encontros ocorridos com ambos, em momentos de circulação pelo bairro. Em uma primeira conversa com José, o Mediador perguntou sobre como ele estava vivendo, depois desses meses, a situação-problema abordada e se ainda existia o interesse sobre o registro formal desse acordo. José se colocou de forma serena e amigável, falou que a situação-problema para ele estava resolvida e fez uma colocação em um tom de brincadeira: “ele (o vizinho) poderia ter comprado cachorros que latissem mais baixo, veja só que barulheira, mas está tudo bem”. Já, em outro momento, com Carlos, o mesmo disse que se José não tem interesse

(14)

pela formalização escrita, que está tudo bem. Falou também que nesse período os dois já haviam se encontrado na casa de Carlos, a convite dele, onde beberam e conversaram sobre outros assuntos.

Conclusão

Esteves-Vasconcellos (2013) considera a Mediação Sistêmica de Conflitos como uma Tecnologia Social Sistêmica que visa resolver conflitos ou reduzir o sofrimento humano, viabilizando a constituição de sistemas de Interconstituição de Segunda Ordem. “A dinâmica dos sistemas de interconstituição de segunda ordem promove e potencializa transformações éticas das relações e conversações entre as pessoas envolvidas na constituição desse tipo de sistema” (Esteves-Vasconcellos, 2013, p.95).

Assim, podemos concluir que houve uma mudança nas emoçõesx que configuravam as relações entre os vizinhos antes e depois das conversações ocorridas.

Nas primeiras conversações, observamos que os componentes desse sistema se colocaram em um domínio competitivo, desencadeado pela emoção de raiva e acusação, que, por sua vez se funda em suas verdades e em uma única possibilidade de solução, a que pudesse atender a demanda de cada um, assumindo uma crença - explícita ou implícita – de que conhecemos um mundo, cuja existência independe do que fazemos como observadores. Nesse sentido, comentamos que esses componentes se interconstituem como competidores nesse sistema de competição, o que consideramos como sendo uma dinâmica que especifica esse sistema autônomo em questão, um sistema de “Interconstituição de Primeira Ordem” (Esteves-Vasconcellos, 2013).

Esteves-Vasconcellos (2013) usa o termo autonomia para se referir a uma classe de sistemas. Segundo ele, sistema autônomo:

...é um sistema cuja organizaçãosão interações de transformações recíprocas entre seus componentes, ou seja, as interações de transformações recíprocas entre os componentes de um sistema autônomo implicam – desencadeiam – mudanças das propriedades por

(15)

intermédio das quais os componentes do sistema participam das próprias interações transformativas entre eles” (Esteves-Vasconcellos, 2013, p.64).

Ressaltamos que os autores, Aun (1998) e Esteves-Vasconcellos (2013), apresentam distintas concepções para a utilização do termo autonomia. Esteves-Vasconcellos utiliza-se do termo autonomia para referenciar à classe de sistemas autônomos e Aun utiliza-se desse termo para definir um contexto que permite que as pessoas definam o que é real para si próprias.

Após a realização do processo de mediação, concluímos que não mais seria possível distinguir essa organizaçãoxi do sistema, onde esses componentes passaram a conversar de um modo diferente: observando suas próprias relações – se constituindo reciprocamente como legítimos interlocutores sobre as relações, sobre as quais eles conversavam. Ressaltamos ainda, que a não formalização do acordo constituído na mediação, demonstra que eles estão se relacionando de tal modo que as interações entre eles passaram a ser constituídas através de acordos colaborativos baseados na confiança, caracterizando para nós mediadores, a distinção de um sistema de “Interconstituição de Segunda Ordem”.

Podemos então, considerar que, no processo desta mediação, o sistema constituído em torno da situação-problema dissolveu-se, já que não há mais posições antagônicas em torno da construção do canil no terreno de Carlos. O que distinguimos, depois do processo de mediação, é que Carlos e José estão se relacionando de modo harmonioso e consensual interconstituindo-se como vizinhos que convivem prazerosamente.

Esteves de Vasconcellos (2007b) diz que o foco do profissional sistêmico está nas relações e, que comunicar é relacionar-se. É observando as comunicações que distinguimos os padrões de relações que fazem emergir os sistemas.

Para um profissional sistêmico, não lhe interessa o conteúdo da comunicação, como no caso deste exemplo, a construção do canil, mas sim qual o padrão de relação destes vizinhos. Eles não dialogaram a respeito de suas percepções sobre a construção do canil. Cada um tinha para si a sua verdade com relação a esta construção e já estavam buscando resolver seus problemas de

(16)

acordo com o que acreditavam. Não percebiam que o que um estava fazendo afetava o outro. A estrutura daquele sistema socialxii não continha a possibilidade, até aquele momento, de uma construção conjunta do bem estar de ambos diante da construção do canil e, este processo de mediação, viabilizou um novo modo de relacionar desses vizinhos, ou seja, de que é possível, por meio do diálogo, se relacionar de modo cooperativo e coconstruir alternativas para seus problemas.

Numa postura construtivista o profissional sistêmico, ao invés de ensinar, se concentra nas narrativas, no sentido de que, mediante a interação gera mais curiosidade que realça a aprendizagem. Para esse profissional a realidade é uma construção social e tanto ele como o sistema em atendimento fazem parte dessa construção. Desta forma, cabe a esse profissional uma implicação na construção de contexto conversacional de autoria para a resolução de situações-problema do sistema com o qual ele se propõe a trabalhar, o que pode ser distinguido na atuação do profissional na mediação apresentada neste artigo.

(17)

Referências

Anderson, H. & Goolishian, H. A. (1993, original n. d). O cliente é o especialista. Uma abordagem para a terapia a partir de uma posição de NÃO-SABER. Nova Perspectiva

Sistêmica, 2 (3), 8-24.

Almeida, T. (2014). Caixa de ferramentas em mediação: aportes práticos e teóricos. São Paulo: Dash.

Aun, J. G. (1996). O processo de co-construção como um contexto de autonomia. Uma

abordagem às políticas de assistência às pessoas portadoras de deficiência.

Dissertação de Mestrado, Departamento de Psicologia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG.

Aun, J. G. (1998). O processo de co-construção. Uma metodologia sistêmica para a “implantação” de políticas sociais. In O individuo, a família e as redes sociais na

virada do século (24-28). Anais do III Congresso Brasileiro de Terapia Familiar.

Associação Brasileira de Terapia Familiar e Associação de Terapia Familiar do Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Aun, J. G. (2007) O processo de atendimento sistêmico: passos para sua realização. In J. G. Aun, M. J. Esteves de Vasconcellos, & S. V. Coelho. Atendimento Sistêmico de Famílias e Redes Sociais: o processo de atendimento sistêmico. (Vol 2, Tomo I, pp.138-187). Belo Horizonte: Ophicina de Arte e Prosa.

Aun, J. G., Esteves de Vasconcellos, M. J., & Coelho, S. V. (2007). Família como sistema, sistema mais amplo do que a família, sistema determinado pelo problema. In J. G. Aun, M. J. Esteves de Vasconcellos, & S. V. Coelho. Atendimento Sistêmico de Famílias e

Redes Sociais: o processo de atendimento sistêmico (Vol 2, TomoI, pp.13-37). Belo

(18)

Esteves de Vasconcellos, M. J. (2002) Pensamento Sistêmico: O Novo Paradigma da Ciência. (10ª edição revista e atualizada, 2013). Campinas, SP: Papirus.

Esteves de Vasconcellos, M. J. (2010). Distinguindo a Metodologia de Atendimento Sistêmico como uma prática novo-paradigmática, desenvolvida com um “sistema determinados pelo problema”. In J. G. Aun, M. J. Esteves de Vasconcellos, & S. V. Coelho.

Atendimento Sistêmico de Famílias e Redes Sociais: desenvolvendo práticas com a

Metodologia de Atendimento Sistêmico (Vol 3, pp. 39-59). Belo Horizonte: Ophicina de Arte e Prosa.

Esteves de Vasconcellos, M. J. (2007a). O profissional novo-paradigmático, sua prática, sua ética. In: J.G. Aun, M. J. Esteves de Vasconcellos, & S. V. Coelho. Atendimento

Sistêmico de Famílias e Redes Sociais (Vol 2, Tomo I, pp.61-83). Belo Horizonte:

Ophicina de Arte e Prosa.

Esteves de Vasconcellos, M. J. (2007b) A “teoria da comunicação humana” na abordagem sistêmica da família. In J. G. Aun, M. J. Esteves de Vasconcellos, & S. V. Coelho,

Atendimento Sistêmico de Famílias e Redes Sociais (Vol 2, Tomo II, pp. 487-519). Belo

Horizonte: Ophicina de Arte e Prosa.

Esteves-Vasconcellos, M. (2003). A Mediação como Forma Alternativa de Solução de Conflitos (Capítulo 4, pp. 86-110). In M. Esteves-Vasconcellos. Mediação de Conflitos:

epistemologia, teoria e técnicas. Monografia para Graduação e Direito. UniCEUB,

(19)

Esteves-Vasconcellos, M. (2013). A Nova Teoria Geral dos Sistemas: dos Sistemas Autopoiéticos aos Sistemas Sociais, (e-book). São Paulo, Livraria Cultura, Kobo Books, URL.

Goolishian, H. A. & Winderman, L. (1989, original, 1988). Constructivismo, autopoiesis y sistemas determinados por problemas. Sistemas Familiares, 5 (3), 19-29.

Maturana, H. (1983). O Que é Ver? In C. Magro, M. Graciano, & N. Vaz (Orgs). (1997). A Ontologia da Realidade. (pp.77-105, 3ª edição, 2002). Belo Horizonte: Editora UFMG.

Maturana, H., & Varela, F. (2005). A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana (5ª ed) . Tradução de Humberto Mariotti & Lia Diskin. São Paulo: Palas Athena.

Pakman, M. (1993). Entrevista concedida a Adela García. Sistemas Familiares. 9 (3), 77-86. Buenos Aires, Argentina.

Schnitman, D. & Littlejohn, S. (Orgs). (1999). Novos paradigmas em mediação. Tradução de Marcos A. G. Domingues & Jussara Haubert Rodrigues. Porto Alegre: Artes Médicas Sul.

Notas finais

i Esses pressupostos são apresentados por Esteves de Vasconcellos (2013), no livro: Pensamento Sistêmico: O

Novo Paradigma da Ciência.

ii Interação instrutiva é a intenção de alguns indivíduos em instruir outros indivíduos acerca do que fazer e como

fazer o que fazem.

iii

“Linguajar é um neologismo que faz referência ao ato de estar na linguagem sem associar tal ato à fala, como aconteceria com a palavra falar” (Maturana, H.(1988) Ontologia do Conversar. In C. Magro, M. Graciano, & N. Vaz (Orgs). (1997). A Ontologia da Realidade. (pp. 167-181, 3ª edição, 2002). Belo Horizonte: Editora UFMG).

(20)

iv

Sugerimos, para esclarecimento da distinção do SDP, a leitura do texto: “Família como sistema, sistema mais amplo do que a família, sistema determinado pelo problema” de Aun, Esteves de Vasconcellos e Coelho, na obra Atendimento Sistêmico de Famílias e Redes Sociais, Vol. II, Tomo I, 2007.

v A expressão posição do não-saber à qual Anderson e Goolishian se referem é de não saber sobre a experiência

do outro, sobre o que é verdadeiro para o outro.

vi Não conhecemos o termo acoplamento estrutural sendo utilizado no processo de mediação, mas sim

pré-mediação. Esse é uma terminologia criada por Maturana e utilizada por Aun, Esteves de Vasconcellos e Coelho, na obra Atendimento Sistêmico de Famílias e Redes Sociais ao se referirem aos passos preliminares da Metodologia de Atendimento Sistêmico.

vii Nome fictício do morador que construiu o canil com divisa para o terreno de José.

viiiNome fictício do morador que formalizou um documento junto ao Condomínio sobre a construção do canil

do vizinho Carlos.

ix Contrato, estipulado em assembleia, que determinam e orientam sobre regras para as condutas dos moradores

no que se refere a construção, animais, outros.

x

Distinguimos emoções como “disposições corporais dinâmicas que especificam os domínios de ações nos quais os animais, em geral, e nós seres humanos, em particular, operamos num instante. Conseqüentemente, todas as ações animais surgem e são realizadas em algum domínio emocional, e é a emoção que define o domínio no qual uma ação (um movimento ou uma postura corporal interna) acontece, independentemente de se, para um observador que vê o animal num meio, ela ocorre como uma ação abstrata ou concreta, ou sem depender do que especifica aquela ação (movimento ou postura corporal interna) como uma ação de um tipo particular. De fato nós sabemos, pela nossa vida” (Maturana, H. (1988) Ontologia do Conversar. In C. Magro, M. Graciano, & N. Vaz (Orgs). (1997). A Ontologia da Realidade. (pp. 167-181, 3ª edição, 2002). Belo Horizonte: Editora UFMG).

xi

“A organização de um sistema são as relações operacionais fundamentais e invariantes entre os componentes desse sistema, que atribuem ao sistema sua identidade como sistema de um tipo particular” (Esteves-Vasconcellos, 2013, p.22).

xii

Maturana (1985) diz que: “Cada vez que os membros de um conjunto de seres vivos constituem, com sua conduta, uma rede de interações que opera para eles como um meio no qual eles se realizam como seres vivos, e no qual eles, portanto, conservam sua organização e adaptação, e existem em uma co-deriva contingente com

(21)

sua participação em tal rede de interações, temos um sistema social” (Maturana, H. (1985). Biologia do

Fenômeno Social. In C. Magro, M. Graciano, & N. Vaz (Orgs) (1997). A Ontologia da Realidade. (pp. 195-209, 3ª edição, 2002). Belo Horizonte: Editora UFMG).

Referências

Documentos relacionados

I, Seltan Segued, emperor of Ethiopia, believe and profess that Saint Peter, prince of the Apostles was nominated head of the Christian Church by Christ our Lord, who bestowed

Entre as atividades, parte dos alunos é também conduzida a concertos entoados pela Orquestra Sinfônica de Santo André e OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São

ambiente e na repressão de atitudes conturbadas e turbulentas (normalmente classificadas pela escola de indisciplina). No entanto, as atitudes impositivas da escola

O desafio de implantar uma política educacional, cuja missão consiste em “integrar a formação escolar de nível médio com uma habilitação profissional técnica

O presente capítulo tem por objetivo abordar o contexto histórico nacional e local que impulsionou o Governo Estadual do Ceará, a partir de 2008, a promover a

[r]

O Fórum de Integração Estadual: Repensando o Ensino Médio se efetiva como ação inovadora para o debate entre os atores internos e externos da escola quanto às

Além desta verificação, via SIAPE, o servidor assina Termo de Responsabilidade e Compromisso (anexo do formulário de requerimento) constando que não é custeado