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ANÁLISE COMPARATIVA DO INSTITUTO DO TOMBAMENTO PRESENTE NAS LEIS ESTADUAIS DA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL

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Academic year: 2021

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ANÁLISE COMPARATIVA DO INSTITUTO DO TOMBAMENTO

PRESENTE NAS LEIS ESTADUAIS DA REGIÃO NORDESTE DO

BRASIL

COMPARATIVE ANALYSIS OF THE INSTITUTE OF TIPPING IN THIS

STATE LAWS OF THE NORTHEAST OF BRAZIL

Francisco Humberto Cunha Filho1 José Olímpio Ferreira Neto2

Resumo: O presente estudo é uma análise comparativa das legislações estaduais da Região

Nordeste do Brasil que trazem em seu bojo o instituto do Tombamento. O citado instituto tem previsão legal no artigo 216 da Carta Magma e sua regulamentação anterior a esta através do Decreto-Lei Nº 25/37. Este trabalho se orienta, sobretudo, pelo jurista estudioso dos Direitos Culturais CUNHA FILHO (2000). Ao iniciar essa pesquisa, teve-se o intuito de estudar a legislação pertinente aos nove estados da citada Região em busca de compreender suas respectivas peculiaridades e similitudes. Ao término desse artigo pode-se constatar que as estruturas normativas ora analisadas se encontram em consonância com a legislação federal pertinente.

Palavras-chave: Tombamento. Patrimônio Cultural. Legislação Estadual. Nordeste do Brasil.

Abstract: This study is a comparative analysis of state laws in the Northeast region of Brazil

that bring in its body the Institute of Tipping. The institute has cited legal provision in Article 216 of the Charter Magma and its regulations before this Decree-Law No. 25/37. This work is guided mainly by a lawyer researcher CUNHA FILHO (2000), a specialist in Cultural Rights. When starting this research, the aim was to study the relevant legislation to the nine states of that region in search of understanding their peculiarities and similarities. At the end of this article can be seen that the normative structures, analyzed here, are in accordance with federal law on the subject.

Keyswords: Tipping. Cultural Heritage. State Legislation. Northeast of Brazil.

Introdução

Maria Sylvia Zanella di Pietro (2005) aponta em sua obra que é notável a preocupação do constituinte, através da CF/88, com a tutela do patrimônio cultural brasileiro. Optou-se como objeto de estudo nesse trabalho o instituto do Tombamento. Segundo a citada jurista “O Tombamento é forma de intervenção do Estado na propriedade privada, que tem por objetivo a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional […]” (Di Pietro, 2005, p. 133). Este último, segundo o artigo 1º do Decreto-Lei Nº 25, de 30 de novembro de 1937, se constitui como “o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico”

1Doutor em Direito. Professor do Curso de Direito da Universidade de Fortaleza. Coordenador do Grupo de

Estudos e Pesquisa em Direitos Culturais da Universidade de Fortaleza. E-mail: humberto.3000@hotmail.com

2 Acadêmico do Curso de Direito da Universidade de Fortaleza. Bacharel em Filosofia. Licenciado em Biologia e

Especialista em Educação. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisa em Direitos Culturais da Universidade de Fortaleza. E-mail: jolimpioneto@hotmail.com

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O referido instituto está presente na legislação brasileira através do Decreto-Lei Nº 25/37, além de ser citado no rol dos institutos que protegem a cultura através do artigo 216 da Constituição Federal de 1988. O Professor Doutor Humberto Cunha, em sua obra, Direitos

Culturais como Direitos Fundamentais no Ordenamento Jurídico Brasileiro (2000), indica a

previsão de mecanismos que possibilitam a efetiva proteção do patrimônio cultural, os mesmos estão elencados no citado artigo constitucional, são eles: inventários, registros, vigilância, tombamento, desapropriação, punição contra ameaças e danos. O jurista concentra, no trabalho citado, maior atenção no tombamento, por considerar que ao longo da história jurídica é o instituto mais sedimentado.

Ao iniciar essa pesquisa teve-se o intuito de estudar a legislação pertinente aos nove estados da Região Nordeste, a saber, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Os correspondentes instrumentos jurídicos não foram fáceis de ser encontrados, mesmo nos dias atuais em que a Internet figura como uma ferramenta de relevância para os mais variados temas e como veículo de comunicação que informa o cidadão.

O interesse por essa pesquisa ocorreu por orientação do Professor Doutor Humberto Cunha que propôs tal tarefa orientando o trabalho através de um roteiro de estudo. O mesmo iniciou no ano de 2011 e ocorreu paulatinamente com sua orientação e co-autoria. Acredita-se na relevância desse trabalho, pois as análises das estruturas normativas estaduais ainda é um assunto pouco explorado, mas de fundamental importância para a proteção dos bens culturais de natureza material a nível local.

Essa pesquisa utiliza como fonte a legislação que trata do tombamento presente nos nove Estados da Região Nordeste além das pesquisas anteriores de CUNHA FILHO (2000). Entre os pontos a serem abordados elenca-se a estrutura normativa, a definição do instituto do Tombamento os fundamentos para tombar, os livros de tombo, a estrutura orgânica, a participação popular, os tipos de tombamento, os procedimentos, as consequências, o tombamento especial e o Destombamento.

Estrutura Normativa

Segundo Maria Sylvia Zanella di Pietro (2005, p. 132), a Carta Magna brasileira em seu

[...] artigo 23, inciso III, [...] inclui entre as funções de competência comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, a proteção dos documentos, obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos. E o artigo 24, inciso VII, conferiu à União, aos Estados e ao Distrito Federal competência concorrente para legislar sobre proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico, o que significa que a União limitar-se-á a estabelecer normas gerais, exercendo os Estados a competência suplementar [...].

A União tem a competência de editar normas sobre o tombamento e outras formas de proteção do patrimônio cultural. Já os Estados podem ter essa prerrogativa temporariamente, no caso de omissão legislativa da União. Os Estados têm, em regra, a competência suplementar, enquanto os Municípios apenas podem complementar a legislação existente nas outras esferas no intuito de tornar operativa a proteção do patrimônio cultural conforme a sua estrutura administrativa (CUNHA FILHO, 2000).

Como foi supramencionado o instituto do Tombamento está presente na legislação brasileira, em âmbito federal, através do Decreto-Lei Nº 25/37, além de ser citado no rol dos institutos que protegem a cultura através do artigo 216 da Constituição Federal de 1988.

Verifica-se a existência de legislação referente ao Tombamento em todos os Estados da Região Nordeste. Utilizou-se como ferramenta de pesquisa a Internet, meio que democratiza a

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informação e facilita a pesquisa, mas para surpresa dos pesquisadores a tarefa não foi tão fácil. Geralmente com uma ou duas palavras pode-se encontrar o que se quer na rede mundial através dos sites buscadores, porém alguns dos instrumentos jurídicos não estavam à disposição do cidadão através desse veículo democrático. Felizmente, depois de ardorosa pesquisa todas as estruturas normativas cogitadas foram coletadas para análise proposta. Abaixo um quadro que expõe as mesmas:

Legislação sobre o instituto do Tombamento

Lei Federal Decreto-Lei Nº 25/1937 Organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional.

Alagoas Lei Nº 4.741/ 1985 Dispõe sobre o tombamento de bens para integração no patrimônio histórico artístico e natural do estado de alagoas e dá providências correlatas.

Bahia Lei Nº 8.895/03 Institui normas de proteção e estímulo à preservação do patrimônio cultural do Estado da Bahia, cria a Comissão de Espaços Preservados e dá outras providências.

Ceará Lei Nº 13.465/2004 Dispõe sobre a proteção ao patrimônio histórico e artístico do Ceará.

Maranhão Lei Nº 5.082/1990 Dispõe sobre a proteção do patrimônio cultural do Estado do Maranhão e dá outras providências.

Paraíba Decreto Nº 7.819/ 1978 Dispõe sobre o Cadastramento e Tombamento dos bens culturais, artísticos e históricos no Estado da Paraíba e da outras providências. Pernambuco Legislação Estadual Lei Nº 7970/1979 & Decreto Nº 6239/1980

Institui o Tombamento de bens pelo Estado

&

Regulamenta a Lei nº 7.970, de 18 de setembro de 1979, que institui o Tombamento de bens pelo Estado, e dá outras providências.

Piauí Lei Nº 4.515/1992 Dispõe sobre a proteção do Patrimônio Cultural do Estado do Piauí e dá outras providências. Rio Grande do Norte Lei Nº 4.775/1978 Dispõe sobre a proteção do

patrimônio histórico e artístico do Estado e dá outras providências. Sergipe Lei Nº 2.069/1976 Dispõe sobre o Patrimônio

Histórico e Artístico de Sergipe e dá outras providências.

Quadro Nº 1.

Como se pode perceber a Lei Estadual mais antiga é a do Estado de Sergipe que data do ano de 1976, enquanto a estrutura normativa mais recente foi publicada em 2004 e pertence ao Estado do Ceará. Dentro do universo pesquisado, ao todo são oito leis e dois decretos, onde a estrutura normativa paraibana é representada Decreto nº 7.819/ 1978 e a legislação

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pernambucana se utiliza de lei e decreto que regula a mesma. O Decreto-Lei Nº 25/37 ainda é da Época Getulista já se contam mais de sete décadas de existência. Em nível estadual a legislação mais antiga tem um pouco mais de três décadas, o que ainda é um espaço de tempo considerável entre as mesmas.

É importante salientar que as legislações dos Estados de Alagoas, Paraíba e Pernambuco trazem em sua ementa o termo tombamento explicitamente, nota-se ainda que algumas não tratam apenas do instituto do tombamento, albergam também o instituto do registro, instrumento esse utilizado para a proteção dos bens culturais de natureza imaterial, o estado da Bahia é um exemplo do que foi supramencionado. Abaixo se segue um quadro com a estrutura sistemática de cada legislação estadual:

Legislação sobre o instituto do Tombamento

Lei Federal Decreto-Lei Nº 25/1937

Capítulo I – Do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Art. 1º – 3º)

Capítulo II – Do Tombamento (Art. 4º – 10)

Capítulo III – Dos Efeitos do Tombamento (Art. 11 – 21)

Capítulo IV – Do Direito de Preferência (Art. 22)

Capítulo V – Disposições Gerais (Art. 23 – 30) Alagoas Lei Nº 4.741/ 1985 Bahia Lei Nº 8.895/03 Ceará Lei Nº 13.465/2004 Título I – Do Patrimônio

Histórico, Artístico e Natural de Alagoas

Capítulo I – Dos Bens (art. 1º – 3º)

Capítulo II – Do Tombamento (art. 4º – 14)

Seção Única – Da Inscrição e Registro de Bens Tombados (Art. 15 e 16)

Capítulo III – Do Destombamento (art. 17 e 18)

Capítulo IV – Dos Efeitos do Tombamento (Art. 19 – 30) Capítulo V – Disposições Gerais (Art. 31 – 35)

Capítulo I – Da Parte Geral (Art. 1º – 8º)

Capítulo II – Do Tombamento (Art. 9º – 17)

Capítulo III – Do Inventário para Preservação (Art. 18)

Seção I – Dos Bens Imóveis e Conjuntos (Art. 19 – 22)

Seção II – Dos Bens Móveis e Coleções (Art. 23 – 27)

Capítulo IV – Do Espaço Preservado (Art. 28 – 38)

Capítulo V – Do Registro Especial do Patrimônio Imaterial (Art. 39 – 41)

Capítulo V – Dos Sítios Arqueológicos (Art. 42 e 43) Capítulo VI – Das Disposições Finais (Art. 44 – 52)

Capítulo I – Do Patrimônio Histórico e Artístico Estadual (Art. 1º e 2º)

Capítulo II – Do Tombamento (Art. 3º – 8º)

Capítulo III – Dos Livros de Tombo (Art. 9º)

Capítulo IV – Disposições Gerais (Art. 10 – 18) Maranhão Lei Nº 5.082/1990 Paraíba Decreto Nº 7.819/ 1978 Pernambuco Decreto Nº 6239/19803 Capítulo I – Das Disposições

Preliminares (Art. 1º – 3º)

Capítulo II – Do Tombamento e seu Processo (Art. 4º – 20) Capítulo III – Dos Efeitos do

Capítulo I – Do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Art. 1º) Capítulo II – Do Cadastramento (Art. 2º - 7º) Capítulo I – Do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Art. 2º)

Capítulo II – Do Sistema Estadual de Tombamento (Art. 3º)

3 Regulamenta a Lei nº 7.970, de 18 de setembro de 1979, que institui o Tombamento de bens pelo Estado, e dá

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Tombamento (Art. 21) Capítulo IV – Do Direito de Preferência (Art. 22 - 30) Capítulo V – Do Cancelamento do Tombamento (Art. 31) Capítulo VI – Da Declaração de Relevante Interesse Cultural (Art. 32 – 37)

Capítulo VII – Das Disposições Finais (Art. 38 – 40)

Capítulo III – Do Tombamento (Art. 8º – 34)

Capítulo IV – Das Disposições Finais (Art. 35 – 42)

Capítulo III – Do Processo de Tombamento (Art. 4º – 14) Capítulo IV – Da Resolução de Tombamento (Art. 15 e 16) Capítulo V – Da Inscrição do Tombamento (Art. 17 – 19) Capítulo VI – Disposições Gerais (Art. 20 – 27)

Piauí

Lei Nº 4.515/1992

Rio Grande do Norte Lei Nº 4.775/1978 Sergipe Lei Nº 2.069/1976 Capítulo I – Disposições Preliminares (Art. 1º – 3º) Capítulo II – Do tombamento e seu Processo (Art. 4º – 17) Capítulo III – Dos Efeitos do Tombamento (Art. 18 – 27) Capítulo IV – Do Cancelamento do Tombamento (Art. 28)

Capítulo V – Da Declaração de Relevante Interesse Cultural (Art. 29 – 34)

Capítulo VI – Das Disposições Finais (Art. 35 – 37)

Total de 13 artigos sem divisão por capítulos.

Capítulo I – Do Patrimônio Histórico e Artístico (Art. 1º – 3º) Capítulo II – Do Tombamento (Art. 4º – 16)

Capítulo III – Dos Livros de Tombo (Art. 17)

Capítulo IV – Disposições Gerais (Art. 18 – 24)

Quadro Nº 2.

É bastante notável que o Decreto-Lei Nº 25/37 realmente se plasma como modelo para o desenho das legislações estaduais. As mesmas tomam estrutura bem semelhante à legislação federal. O capítulo intitulado Do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional se repete, com adaptação do adjetivo Nacional, na legislação de cinco estados, assim como o capítulo intitulado Do Tombamento. O capítulo Dos Efeitos do Tombamento é incluído na legislação de três Estados e o capítulo Do Direito de Preferência não aparece em nenhuma, apesar do tema não ser excluído do corpo das referidas estruturas.

Também é relevante perceber profunda semelhança entre a estrutura normativa do Piauí e do Maranhão, sendo esta mais antiga, ou seja, de 1990, pode-se imaginar que aquela seria uma cópia, pois mantém quase os mesmos capítulos e redação quase idêntica. As legislações dos Estados da Paraíba e Sergipe também guardam muita semelhança, porém não tão gritante a supracitada.

Definindo patrimônio cultural, o instituto do tombamento e seus fundamentos

Como já foi supramencionado o Tombamento é um instituto de proteção do patrimônio cultural que está presente na legislação brasileira através do Decreto-Lei Nº 25/37, além de ser citado no rol dos institutos que protegem a cultura através do artigo 216 da Constituição Federal de 1988. Segundo a renomada jurista, Maria Sylvia Zanella di Pietro (2005, p. 133), o instrumento de proteção em tela é uma “[...] forma de intervenção do Estado na propriedade privada, que tem por objetivo a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional […]”. Nas mesmas veredas Cunha Filho (2000, p. 109) define que o “Tombamento é uma forma de intervenção estatal na propriedade que tem por fito exclusivo a proteção do patrimônio cultural”. O conceito desse instituto de proteção não se encontra expresso de forma clara nas referidas legislações estaduais, mas é fácil perceber as citadas definições implicitamente nos textos legais em análise.

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O artigo 9º da lei baiana diz que o referido instrumento legal será aplicado ao bem cultural móvel ou imóvel por seu caráter singular. Na estrutura normativa do Maranhão4 e do Piauí5, está exposta em ambas, através do artigo 4º, uma redação quase idêntica6. Em relação aos bens móveis, é uma forma de proteção que limita o uso, gozo ou disposição com o fito de conservação e permanência dos mesmos. Podendo ser total ou parcial, isolado ou em conjunto. Percebe-se na redação do citado artigo que o legislador não faz menção aos bens imóveis. Nas duas legislações acima citadas, quando fazem referência aos bens imóveis, já indicam as suas limitações.

O que se percebe logo na abertura das estruturas legais em análise é a definição do que pode ser tombado, ou seja, de Patrimônio Histórico e Artístico. A norma parâmetro, o Decreto-Lei Nº 25/37 diz em seu artigo 1º que o patrimônio histórico e artístico nacional é constituído do “[...] conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico”. Aponta ainda no § 1º que só serão considerados dessa forma depois de inscritos nos Livros do Tombo, analisados mais à frente. Inclui também nesse rol os “[...] monumentos naturais, bem como os sítios e paisagens que importe conservar e proteger pela feição notável com que tenham sido dotados pela natureza ou agenciados pela indústria humana” conforme o § 2º do citado artigo.

Com artigo 1º de seu texto legal7 quase idêntico a estrutura normativa do estado da Paraíba, o estado de Alagoas diz também que os bens de interesse cultural e com suscetível proteção e vigilância do Poder Público estadual são

[...] todos aqueles que, móveis ou imóveis, atuais ou futuros, existentes no território alagoano, por seu valor histórico, artístico, arqueológico, etnográfico, paisagístico,

4 Maranhão, Lei Nº 5.082/90 Art. 4º - O tombamento de bens móveis é a forma de proteção que, limitando uso,

gozo ou disposição, visa à sua preservação e permanência.

Parágrafo Único – O tombamento poderá ser total ou parcial, bem como de bem isolado ou de conjunto. [...] Art. 6º - No tombamento de bens imóveis será determinada, no seu entorno, área de proteção, que garanta visibilidade, ambiência e interação.

5 Piauí, Lei Nº 4.515/92 Art. 4º - O tombamento de bens móveis é a forma de proteção que, limitando uso, gozo

ou disposição, visa à sua preservação e permanência.

Parágrafo Único – O tombamento poderá ser total ou parcial, de bem isolado ou de conjunto de bens. [...] Art. 6º - No tombamento de bens imóveis, será determinada, no seu entorno, área de proteção, que garanta visibilidade, ambiência e integração.

6 Acima foram feitos alguns grifos para que fosse percebida a semelhança entre ambas as legislações. Percebe-se

que a legislação maranhense é mais antiga, portanto, a legislação piauiense seria cópia daquela. Foram realizadas pequenas alterações como a colocação de vírgula e mudança na ordem dos termos, provavelmente no intuito de tornar mais clara a redação que já é inteligível, porém incompleta. No final do artigo sexto a legislação mais jovem altera o termo interação por integração.

7 Paraíba, Lei Nº 7.819/78.

Art. 1º - Ficam sob a proteção e vigilância do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba, órgão desconcentrado da Secreta ria da Educação e Cultura , os bens m6veis e imóveis, atuais e futuros, existentes nos limites de seu território, cuja apresentação seja de interesse público, a saber:

I Construções e obras de arte de notável qualidade estética ou particularmente representativas de determinada época ou estilo.

II Edifícios, monumentos, documentos e objetos intimamente vinculados a fatos memoráveis da História local ou a pessoa de excepcional notoriedade.

III Monumentos naturais, sítios e paisagens, inclusive os agenciados pela indústria humana, que possuam especial atrativo ou sirvam de ''habitar" a espécimes interessantes da flora e da fauna locais.

IV Bibliotecas e arquivos de acentuado valor cultural.

V Ruas, logradouros, praças, largos, tudo enfim que possa caracterizar o ambiente histórico-arquitetônico, de quaisquer cidades do Estado.

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folclórico ou bibliográfico, mereçam ser preservados de destruição ou de utilização inadequada, entre os quais se incluem.

I – As construções e objetos de arte de notável qualidade estética ou particularmente representativos de determinada época ou estilo.

II – Os edifícios, monumentos e objetos intimamente ligados a fato histórico memorável ou a pessoa de excepcional notoriedade.

III – Os monumentos naturais, sítios e paisagens, inclusive os agenciados pelo trabalho humano, que possuam especial atrativo ou sirvam de “habitat” a espécimes interessantes da flora e da fauna locais.

IV – As bibliotecas e arquivos de acentuado valor cultural. V – Os sítios arqueológicos.

VI – Os conjuntos urbanos, cidades, vilas e povoados formados com edificações típicas ou representativos de excepcional arquitetura, ou, ainda, ligados a fatos históricos.

Parágrafo Único. Os bens a que se referem este artigo integrarão o Patrimônio Histórico, Artístico e Natural do Estado de Alagoas depois de decretado seu tombamento, mediante o processo de que tratam os Arts. 4º a 14 desta Lei, e efetuada sua inscrição no Livro de Tombo próprio.

É importante ressaltar ainda, que seja muito provável, a inspiração dos legisladores de ambos estados supracitados em estrutura normativa mais antiga, a saber, a Lei Nº 2.069/76 do estado de Sergipe8. Apresenta os três estados no artigo 1º de suas respectivas legislações uma redação muito semelhante. Esta última coadunando com o Decreto 25/37, ou seja, também adota a mesma postura em seu artigo 2º dizendo que o bem será considerado Patrimônio Histórico e Artístico de Sergipe “[...] depois de decretado o seu tombamento por ato do chefe do poder Executivo Estadual e efetuado sua inscrição no livro de Tombo”. No parágrafo único diz que “o decreto de tombamento será precedido da estudos e indicações da secretaria da Educação e cultura, ouvido o conselho Estadual de cultura”.

O Estado da Bahia no artigo 1º, parágrafo único sintetiza em poucas linhas a definição de patrimônio cultural, in litteris, “O patrimônio cultural, para fins de preservação, é constituído pelos bens culturais cuja proteção seja de interesse público, pelo seu reconhecimento social no conjunto das tradições passadas e contemporâneas do Estado”.

A estrutura normativa cearense em seu artigo 2º traz um elenco de bens que constituem o patrimônio histórico e artístico do Ceará, são eles,

[...] os bens móveis e imóveis, as obras de arte, as bibliotecas, os documentos públicos, os conjuntos urbanísticos, os monumentos naturais, as jazidas arqueológicas, as paisagens e locais cuja preservação seja do interesse público, quer por sua vinculação a fatos históricos memoráveis, quer por seu excepcional valor artístico, etnográfico, folclórico ou turístico [...].

Assim como o artigo 1º, § 1º do Decreto-Lei Nº 25/37, a legislação alencarina traz em seu artigo 2º, § 1º texto que coaduna com a legislação federal, ou seja, os bens acima elencados

8 Sergipe, Lei Nº 2.069/76.

Art.1º - Ficam sob a proteção e vigilância do Poder Público Estadual, por intermédio da Secretaria da educação e cultura, os bens moveis e imóveis atuais ou futuros existentes nos limites de seu território, cuja preservação seja de interesse publico, desde que se enquadrem em um dos seguintes incisos:

I . Construções e obras de arte de notável qualidade estética ou particularmente representativa de determinada época ou estilo;

II. Edifício, monumentos, documentos e objetos intimamente vinculados a fato memorável da Historia local ou a pessoa de excepcional notoriedade.

III. Monumentos naturais, sítios e paisagens, inclusive os agenciados pela industria humana, que possuam especial atrativo ou sirvam de “habitat” a espécimes interessantes da flora e da fauna local;

IV. Bibliotecas e arquivos de acentuado valor cultural; V. Sítios arqueológicos.

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somente passarão a integrar o patrimônio histórico e artístico depois de inscritos nos Livros de Tombo do Departamento do Patrimônio Cultural. Em verdade, nota-se a inspiração do legislador cearense no texto legal da Era Vargas.

O Maranhão através da Lei Nº 5.082/90 em seu artigo 1º engloba os bens de natureza material e imaterial como patrimônio cultural do estado do Maranhão, tomados individualmente ou em conjunto e que sejam portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade maranhense. No artigo 2º indica a que se destina essa lei, afirma que a mesma

[...] dispõe sobre o tombamento e seu entorno e sobre a declaração de relevante interesse cultural, como formas de proteção a bens móveis e imóveis, públicos ou privados, e manifestações culturais, existentes no território do Estado do Maranhão, visando integrá-los ao seu patrimônio cultural.

Pode-se daí tirar a definição do instituto em análise, como sendo o tombamento, para o referido Estado, uma forma de proteção de bens móveis e imóveis, públicos ou privados existentes no território do Estado do Maranhão. O Piauí, mais uma vez, segue seu vizinho geográfico para redação dos artigos, reza o artigo 1º da Lei Nº 4.515/92 que

O Patrimônio Cultural do Estado do Piauí é constituído pelos bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da comunidade piauiense e que, por qualquer forma de proteção, prevista em Lei, venham a ser reconhecidos como valor cultural, visando à sua preservação.

O estado de Pernambuco, por sua vez, mostra-se mais conciso quanto à definição e indica no artigo 2º do Decreto Nº 6239/80 que regulamenta a Lei Nº 7.070/79 que o Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco é constituído pelo “[...] conjunto de bens móveis ou imóveis, públicos ou particulares, existentes em seu território e que, por seu notável valor arqueológico, artístico, bibliográfico, etnográfico, folclórico, histórico ou paisagístico, devem ficar sob a proteção do Poder Público [...]”. Indica ainda no parágrafo único que referidos bens só serão considerados parte “[...] integrante do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, após inscritos, separada ou agrupadamente, [...] nos livros de tombo correspondentes”. Citado parágrafo também coaduna com o disposto no artigo 1º, § 1º do Decreto-Lei Nº 25/37.

O estado do Rio Grande do Norte diz de forma sucinta no artigo 1º da Lei Nº que o Patrimônio Histórico e Artístico do Estado se constitui dos “[...] bens situados em seu território que, por seu valor histórico, arqueológico, científico e cultural ou artístico, mereçam a proteção especial de poder público [...]”.

Pelo que foi exposto acima, observa-se que o conteúdo do artigo 1º, § 1º do Decreto-Lei Nº 25/37, é reiterado explicitamente na legislação de Alagoas, Ceará, Pernambuco, ou seja, somente será considerado como Patrimônio Histórico e Artístico o bem que estiver inscrito no respectivo Livro do Tombo. Porém, é importante salientar que para efeitos de proteção o tombamento provisório equivale ao tombamento definitivo conforme o artigo 13 do Decreto-Lei Nº 25/37.

A legislação federal também elenca em seu artigo 3º os bens excluídos dessa proteção, exposto abaixo, ipsis litteris:

1) que pertençam às representações diplomáticas ou consulares acreditadas no país; 2) que adornem quaisquer veículos pertencentes a empresas estrangeiras, que façam carreira no país;

3) que se incluam entre os bens referidos no art. 10 da introdução ao Código Civil, e que continuam sujeitas à lei pessoal do proprietário;

4) que pertençam a casas de comércio de objetos históricos ou artísticos; 5) que sejam trazidas para exposições comemorativas, educativas ou comerciais;

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6) que sejam importadas por empresas estrangeiras expressamente para adorno dos respectivos estabelecimentos.

Na mesma linha, as legislações estaduais de Alagoas, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí e Sergipe redigem o texto jurídico sobre o tema. Elencam um rol dos bens excluídos desse instituto de proteção do patrimônio cultural. Em linhas gerais são bens de origem estrangeira e que são pertencentes aos seus respectivos Estados. É uma atitude de respeito à soberania nacional de cada país.

Bens excluídos do processo de Tombamento

Alagoas

Lei Nº 4.741/ 1985 Artigo 3º

I – Os bens pertencentes a representações diplomáticas e consulares. II – Os bens pertencentes a casas de comércio de objetos histórico ou artísticos.

III – Os bens trazidos ao Estado de Alagoas para exposições comemorativas, educativas ou comercias.

IV – Os bens importados por empresas estrangeiras para servirem de adorno ou para outra utilização em seus estabelecimentos sediados ou com filial no Estado.

Ceará

Lei Nº 13.465/2004 Artigo 2º, § 2º

Excluem-se do tombamento referido no parágrafo anterior os bens que: a) pertençam as representações consulares estrangeiras;

b) sejam trazidos ao Estado através de exposições temporárias de qualquer natureza (Art. 4º, § 8º, parte final desta Lei);

c) Sejam enviados para fora do Estado com o objetivo de restauração, casos em que o envio somente se processará mediante termo em que o proprietário se obrigue a fazê-lo voltar dentro do prazo máximo de um ano, sob pena de multa correspondente a 5(cinco) vezes o valor do bem.

Maranhão Lei Nº 5.082/1990 Artigo 3º

I – pertencentes às representações consulares acreditadas no Estado; II – que sejam trazidos para exposições comemorativas, comerciais ou educativas.

Paraíba

Decreto Nº 7.819/ 1978 Artigo 5º, Parágrafo Único.

I – Imóveis ou móveis pertencentes as representações diplomáticas; II – Trazidos ao Estado da Paraíba para exposições come morativas, educativas e comerciais. III – Pertencentes às casas comerciais de antiguidades ou de objetos históricos ou artístico. IV – Importados por empresas estrangeiras, para servirem de adornos aos seus estabelecimentos sedes ou com filiais no Estado da Paraíba; V – Enviados para fora do Estado, com o objetivo de restauração, caso em que a remessa somente se processará mediante termo em que o proprietário se obrigue a fazê-lo voltar, dentro do prazo máximo de um (1) ano, sob pena de multa correspondente a cinco (5) vezes o valor do bem.

Piauí

Lei Nº 4.515/1992 Artigo 3º

I – pertencentes às representações consulares acreditados no Estado; II – trazidos para exposições comemorativas comerciais ou educativas.

Sergipe

Lei Nº 2.069/1976 Artigo 3º

I – Pertencentes às representações diplomáticas ou consulares;

II – Trazidos ao Estado de Sergipe para exposições comemorativas, educativas ou comerciais.

III – Pertencentes a casas de comercio de antiguidades ou de objetos histórico ou artísticos;

IV – Importados por empresas estrangeiras, para servirem de adorno aos estabelecimentos sediados ou com filial no Estado de Sergipe; V – Enviados para fora do estado com o objetivo de restauração, caso em que o envio somente se processará mediante termo em que o proprietário se obrigue a fazê-lo voltar dentro do prazo Maximo de 1 (um) ano, sob pena de multa correspondente a 5 (cinco) vezes o valor do bem.

(10)

Os Estados da Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte não trazem, nos textos normativos em estudo, redação sobre os bens de origem estrangeira excluídos.

Em suma, pode-se dizer baseado nos textos legais e nas palavras dos estudiosos do Direito que o Tombamento é um instrumento de proteção do patrimônio cultural com previsão legal no Decreto-Lei Nº 25/37 e na Constituição Federal do Brasil de 1988 em seu artigo 216. Trata-se de um instituto de proteção aplicado ao bem cultural móvel ou imóvel devido ao seu caráter singular limitando seu uso, gozo e disposição no intuito de conservar sua existência pelas gerações. Esse bem deve ter referência para identidade do povo brasileiro, está em seu território e pertencer aos entes da federação, pessoas físicas ou jurídicas excluindo as entidades estrangeiras.

Os livros de tombo

Segundo Guimarães (2005, p. 530) o Tombamento é uma “Declaração feita pelo Poder Público quanto ao valor histórico, artístico, paisagístico, turístico, cultural ou científico, de coisas ou locais que, por isso, precisam ser preservados de acordo com inscrição em livro próprio”. Consta no § 1º do artigo 1º do Decreto-Lei Nº 25/37 que os bens Culturais “[...] só serão considerados parte integrante do patrimônio histórico o artístico nacional, depois de inscritos separada ou agrupadamente num dos quatro Livros do Tombo, de que trata o art. 4º desta lei”. No citado artigo estão elencados quatro Livros de Tombo, nos quais serão inscritas as obras a que se refere o artigo mencionado, a saber: Livro do Tombo Arqueológico, Etnológico e Paisagístico; Livro de Tombo Histórico; Livro do Tombo das Belas Artes; e por fim, Livro do Tombo das Artes Aplicadas.

Dentre as legislações do Nordeste brasileiro, a do Maranhão e do Piauí não especifica os livros de tombo fazendo apenas referência. As demais elencam os livros em artigos específicos. A legislação baiana elenca através do artigo 5º os Livros de Tombo, de Inventário e de Registro, ao todo são oito livros. O artigo 8º da Lei Estadual paraibana tem um teor bem semelhante ao Decreto-Lei Nº 25/37 acrescentando apenas mais um livro, o de Tombo dos Imóveis. O Ceará limitou-se a apresentação de três livros. O Estado de Alagoas e Sergipe com quatro livros cada e Pernambuco apresenta cinco. Para uma melhor observação das peculiaridades atinentes a cada ente, apresenta-se, logo abaixo, um quadro com o rol dos Livros de Tombo:

Os Livros do Tombo

Lei Federal

Decreto-Lei Nº 25/1937 Artigo 4º

1) no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, as coisas pertencentes às categorias de arte arqueológica, etnográfica, ameríndia e popular, e bem assim as mencionadas no § 2º do citado art. 1º.

2) no Livro do Tombo Histórico, as coisas de interesse histórico e as obras de arte histórica;

3) no Livro do Tombo das Belas Artes, as coisas de arte erudita, nacional ou estrangeira;

4) no Livro do Tombo das Artes Aplicadas, as obras que se incluírem na categoria das artes aplicadas, nacionais ou estrangeiras.

Alagoas

Lei Nº 4.741/ 1985 Artigo 15

I – Livro de Tombo dos Bens Móveis, de valor Arqueológico, Etnográfico, Histórico, Artístico, Bibliográfico ou Folclórico.

II – Livro de Tombo de Edifícios e Monumentos Isolados. III – Livros de Tombo de Conjuntos Urbanos e Sítios Históricos. IV – Livro de Tombo de Cidades, Vilas e Povoados.

Bahia

Lei Nº 8.895/2003 Artigo 5º

I - Livro do Tombamento dos Bens Imóveis; II - Livro do Tombamento dos Bens Móveis;

III - Livro do Inventário para a Preservação dos Bens Imóveis e Conjuntos;

(11)

IV - Livro do Inventário para a Preservação dos Bens Móveis e Coleções;

V - Livro dos Espaços Preservados;

VI - Livro do Registro Especial dos Saberes e Modos de Fazer; VII - Livro do Registro Especial dos Eventos e Celebrações;

VIII - Livro do Registro Especial das Expressões Lúdicas e Artísticas; IX - Livro do Registro Especial dos Espaços destinados a Práticas Culturais Coletivas.

Ceará

Lei Nº 13.465/2004 Artigo 9º

a) Livro de Tombo Histórico e Etnográfico, destinado ao registro das coisas de interesse da Historia e da etnografia:

b) Livro de Tombo Artístico, destinado ao tombo das coisas de interesse das artes eruditas e folclóricas;

c) Livro de Tombo Paisagístico, destinado ao tombo dos monumentos naturais, paisagens e locais existentes no Estado, de singular beleza ou de interesse turístico.

Maranhão Lei Nº 5.082/1990

Não foram elencados na estrutura normativa em análise.

Paraíba

Decreto Nº 7.819/ 1978 Artigo 8º

a) No Livro de Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, coisas pertencentes as categorias de arte arqueológica, etnográfica, ameríndia e popular, bem assim, os monumentos naturais;

b) No Livro de Tombo Histórico, as coisas de interesse histórico e obras de arte histórica;

c) No Livro de Tombo das Artes Aplicadas, as obras que se incluírem na categoria das artes aplicada nacionais e estrangeiras;

d) No Livro de Tombo das Belas Artes, as coisas da arte erudita estadual, nacional ou estrangeira; e

e) No Livro de Tombo dos Imóveis, as coisas de interesse histórico, arquitetônico e urbano. Pernambuco Estadual Lei Nº 7970/1979 Artigo 6º Decreto Nº 6.239/1980 Artigo 17

I – Livro de Tombo dos Bens Móveis de valor arqueológico, etnográfico, histórico, artístico ou folclórico;

II – Livro de Tombo de Edifícios e Monumentos Isolados; III – Livro de Tombo de Conjuntos Urbanos e Sítios Históricos; IV – Livro de Tombo de Monumentos, Sítios e Paisagens Naturais; V – Livro de Tombo de Cidades, Vilas e Povoados.

Piauí

Lei Nº 4.515/1992

Não foram elencados na estrutura normativa em análise.

Rio Grande do Norte Lei Nº 4.775/1978 Artigo 5º

I – Livro do Tombo Histórico, para coisas de interesse da História, da Etnografia e da Arqueologia;

II – Livro de Tombo Artístico, para as obras de interesse da Arte e da Literatura;

III – Livro de Tombo Paisagístico, para monumentos naturais, sítios e paisagens de singular beleza ou de interesse turístico.

Sergipe

Lei Nº 2.069/1976 Artigo 17

I. Livro de Tombo Histórico e Etnográfico, destinado ao registro dos bens de interesse da Historia e da Etnografia;

II. Livro de Tombo Artístico, destinado a inscrição dos bens de interesse das Artes, eruditas e folclóricas;

III. Livro de Tombo Paisagístico, destinado ao registro de monumentos naturais, paisagens e locais de singular beleza ou de interesse turístico, existentes no Estado;

IV. Livro de Tombo Arqueológico, destinado ao registro dos bens de valor arqueológico.

Quadro Nº 4.

Conforme o descrito acima, apenas os estados do Maranhão e Piauí, de redação muito próxima, não trouxeram na estrutura normativa em análise o elenco dos Livros de Tombo, todos os demais Estados os apresentam no corpo de suas respectivas legislações. Pensa-se que os Livros de Tombo dos dois Estados citados no início do parágrafo possam vir elencados em decreto específico, porém na tentativa de localizá-los na Internet não se obteve êxito.

(12)

A estrutura orgânica

O Decreto-Lei Nº 25/37 expõe no interior do seu texto a estrutura orgânica que compõe o sistema responsável pelo tombamento. No decorrer da leitura do referido instrumento legal se descobre os órgãos ou entidades que compõe esse sistema.

A Lei cearense Nº 13.465/2004 diz em seu artigo 2º que para ser considerado patrimônio histórico e artístico do Ceará devem ser “[...] assim considerados pelo Departamento do Patrimônio Cultural da Secretaria da Cultura, ouvido o Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural – COEPA e decretado o tombamento por ato do Chefe do Poder Executivo, na forma do estabelecido no Capítulo II desta Lei.

O artigo 2º da Lei potiguar Nº 4.775/ 78 diz que a proteção dos bens culturais por esse instituto compete:

I – A Secretaria de Cultura e Educação, como órgão central de direção, coordenação e controle das atividades relacionadas com a constituição, a guarda, a defesa e a conservação do patrimônio histórico e artístico do Estado e, bem assim, com a desapropriação e o tombamento dos bens que devem integrá-lo;

II – Ao Conselho Estadual de Cultura, como órgão de consulta;

III – À Fundação José Augusto, como entidade executora, com atribuições definidas em Regulamento [...]

O Decreto Pernambucano Nº 6.239/80 dedica um capítulo, com único artigo, ao Sistema Estadual de Tombamento que se transcreve na íntegra, logo abaixo:

CAPITULO II

DO SISTEMA ESTADUAL DE TOMBAMENTO

Art. 3º - A defesa e a preservação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco compete ao Sistema Tombamento, composto dos seguintes órgãos:

I – a Secretaria de Educação, como órgão gestor do processo de Tombamento; II – o Conselho Estadual de Cultura, como órgão executor;

III – a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, como órgão técnico.

Parágrafo Único – Mediante delegação, ou através de convênios, contratos, acordos e ajustes, as Secretarias de Estado, as Prefeituras Municipais e outros órgãos ou entidades, públicas ou privadas, poderão intervir no Tombamento e colaborar na proteção dos bens tombados.

As demais legislações trazem suas respectivas estruturas orgânicas de maneira dispersa no texto legislativo. As mesmas anunciam aos poucos de acordo com a descrição dos procedimentos de tombamento do bem.

Abaixo há a exposição de um quadro para melhor visualização dos órgãos e entidades responsáveis pelo instituto de proteção ora estudado em cada Estado da Região do Nordeste brasileiro.

Estrutura orgânica dos Sistemas de Tombamento dos Estados Nordestinos

Lei Federal

Decreto-Lei Nº 25/1937

Chefe do Poder Executivo (Presidente da República); Ministro da Cultura;

Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN); Conselho Consultivo do IPHAN.

Alagoas

Lei Nº 4.741/ 1985

Chefe do Poder Executivo (Governador do Estado); Secretaria de Cultura;

Diretoria de Preservação da Memória – PRÓ-MEMÓRIA; Conselho Estadual de Cultura.

Bahia

Lei Nº 8.895/2003

Chefe do Poder Executivo (Governador do Estado); Conselho Estadual de Cultura – CEC;

(13)

CPHAAN;

Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural – IPAC; Secretaria da Cultura e Turismo.

Ceará

Lei Nº 13.465/2004

Chefe do Poder Executivo (Governador do Estado); Secretaria de Cultura (SECULT);

Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (COEPA); Departamento de Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura (DPC). Maranhão

Lei Nº 5.082/1990

Chefe do Poder Executivo (Governador do Estado); Secretaria de Cultura;

Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Paisagístico da Secretaria da Cultura;

Conselho Estadual de Cultura. Paraíba

Decreto Nº 7.819/ 1978

Chefe do Poder Executivo (Governador do Estado); Secretaria da Educação e Cultura;

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (IPHAEP);

Coordenação de Tombamento, Restauração e Conservação. Pernambuco

Estadual

Decreto Nº 6.239/1980

Chefe do Poder Executivo (Governador do Estado); Secretaria de Educação;

Conselho Estadual de Cultura;

Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco. Piauí

Lei Nº 4.515/1992

Chefe do Poder Executivo (Governador do Estado); Fundação Cultural do Piauí;

Conselho Estadual de Cultura;

Departamento do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural da Fundação Cultural do Piauí.

Rio Grande do Norte Lei Nº 4.775/1978

Chefe do Poder Executivo (Governador do Estado); Secretaria de Cultura e Educação;

Conselho Estadual de Cultura; Fundação José Augusto. Sergipe

Lei Nº 2.069/1976

Chefe do Poder Executivo (Governador do Estado); Assembleia Legislativa Estadual;

Secretaria de Educação e Cultura; Conselho Estadual de Cultura;

Instituto do Patrimônio Cultural (INSPAC). Quadro Nº 5.

Com o quadro supra se pode ter uma visão geral dos sistemas. Observam-se alguns pontos em comum com o Decreto-Lei Nº 25/37 e entre os entes. Salienta-se aí, a participação do Chefe do Poder Executivo em todas as estruturas normativas elencadas. Outro ponto importante é a criação de órgãos específicos que cuidam dos assuntos relacionados à cultura.

Participação popular

Em um Estado democrático de direito a garantia da participação popular é de extrema importância na concretização dos Direitos Culturais9. Participar de maneira opinativa e deliberativa numa democracia é um direito fundamental10 juridicamente sagrado do cidadão.

A participação popular vem expressa claramente em algumas estruturas normativas dos Estados do Nordeste brasileiro. O artigo 4º da Lei Estadual de Alagoas diz, in verbis,

9 “Os direitos culturais são aqueles direitos atinentes às artes, à transmissão de conhecimento e à memória

coletiva, havendo em todos esses uma relação entre o passado, o presente e o futuro” (CUNHA FILHO, 2011, p. 121).

10 Segundo Cunha Filho (2011, p. 121) “Para os jusnaturalista, fundamentais são os direitos humanos, sendo

estes compreendidos como prerrogativas que nascem com a pessoa e existem independentemente de estarem fixados em um documento escrito [...]” em outro giro, continua o autor dizendo que “[...] os adeptos do positivismo [...] defendem ser direitos fundamentais apenas os que estão expressos, fixados em documentos escritos, no âmbito de cada país”.

(14)

“Qualquer interessado poderá propor o tombamento de bem móvel ou imóvel, de propriedade pública ou particular, para integração no Patrimônio Histórico, Artístico e Natural do Estado e conseqüente sujeição aos efeitos previstos nesta Lei” (sic). Dessa forma qualquer cidadão pode propor essa proteção jurídica para um bem que se enquadre nos fundamentos legais.

A legislação maranhense e piauiense expõe com bastante clareza que o pedido de tombamento poderá ser realizado por qualquer cidadão. Com uma redação quase idêntica indicam o seguinte:

Maranhão – Lei Nº 5.082/1990 Piauí – Lei Nº 4.515/1992 Art. 7º - O pedido de tombamento poderá ser feito

por qualquer cidadão ou pelo Governo do Estado, cabendo o Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Paisagístico da Secretaria da Cultura receber o pedido, apreciando-o, abrir o respectivo processo.

Art. 7º - O pedido de tombamento poderá ser feito por qualquer cidadão, pelo Governo do estado ou órgão que o represente, na área, cabendo ao Departamento do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural da Fundação Cultural do Piauí receber o pedido e, apreciando-o, abrir o respectivo processo. Quadro Nº 6.

Na legislação do Maranhão, artigo 2º, § 3º e na do Piauí artigo 2º, § 2º é exposto, in

litteris, que “Cabe á comunidade participar na preservação do patrimônio cultural, zelando pela

sua proteção e conservação”. Observam-se, pelo presente exposto, duas palavras, a saber, cidadão e comunidade que remetem diretamente ao termo participação popular.

A estrutura normativa pernambucana no capítulo intitulado Do Processo de Tombamento abre com a seguinte redação, “Inicia-se o processo de Tombamento por decisão ex-officio do Conselho Estadual de Cultura pela maioria de seus membros, ou por despacho do Secretário de Educação, em proposta a ele dirigida por qualquer pessoa”. Mais uma vez assegura-se ao cidadão a sua participação para proposição do processo do instituto em estudo.

Não se percebe claramente, nas demais legislações, essa participação popular, não vindo expresso nas mesmas, termos como comunidade, cidadão ou participação popular.

Os tipos de tombamento e seus respectivos procedimentos

O Decreto-Lei Nº 25/37 recebeu alteração através da Lei Nº 6.292/75 que indica os tipos de tombamento. É um conjunto de atos administrativos onde o objetivo é inscrever o bem cultural em um livro de tombo desfrutando assim de proteção jurídica. Os tipos são os seguintes: “(1) de ofício; (2) voluntário, que pode ser subdividido em (a) ‘voluntário a pedido’ e (b) ‘voluntário por aquiescência’; e (3) compulsório, compreendendo a divisão em (a) ‘compulsório ficto’ e (b) ‘compulsório contencioso’. Quanto à estabilidade, o tombamento é classificado em (1) provisório e (2) definitivo” (CUNHA FILHO, 2008, p. 6). Cunha Filho (2008) os simplifica de forma mnemônica, no fito de fugir de longas explicações, no seguinte quadro:

Procedimentos que levam ao Tombamento

ESPÉCIE DE OFÍCIO VOLUNTÁRIO COMPULSÓRIO

CARACTERÍSTICAS

Proprietário do bem Poder público (art. 5º)

Pessoas físicas ou jurídicas de

direito privado Pessoas físicas ou jurídicas de direito privado Atitude do proprietário

do bem

Mero

cumprimento da lei:

Solicita que o bem seja tombado ou anui com a proposta de tombamento (art. 7º)

Omite-se ou recusa-se a anuir com a proposta de tombamento (art. 8º)

(15)

aquiescência passiva Procedimento 1) O IPHAN notifica a entidade a que pertence o bem; 2) Remete o processo ao Conselho de Tombamentos, que emite ‘parecer’; 3) O Ministro da Cultura homologa ou não referido ‘parecer’; 4) Em caso de homologação, o bem é tombado. 1ª hipótese (A pedido) 1) O proprietário requer ao IPHAN o tombamento do bem; 2) o IPHAN verifica se o bem preenche os requisitos legais para o tombamento; 3) Remete o processo ao Conselho de Tombamentos, que emite ‘parecer’; 4) O Ministro da Cultura homologa ou não referido ‘parecer’; 5) Em caso de homologação, o bem é tombado. 2ª hipótese (Por aquiescência) 1) O IPHAN notifica o proprietário; 2) no prazo legal (15 d), o proprietário, por escrito, concorda com o tombamento; 3) Remete-se o processo ao Conselho de Tombamentos, que emite ‘parecer’; 4) O Ministro da Cultura homologa ou não referido ‘parecer’; 5) Em caso de homologação, o bem é tombado. 1ª hipótese (Ficto) 1) O IPHAN notifica o proprietário; 2) no prazo legal (15 d), o proprietário nada responde; 3) Remete o processo ao Conselho de Tombamentos, que emite ‘parecer’; 4) O Ministro da Cultura homologa ou não referido ‘parecer’; 5) Em caso de homologação, o bem é tombado. 2ª hipótese (Contencioso) 1) O IPHAN notifica o proprietário; 2) no prazo legal (15 d), o proprietário, por escrito contesta;

3) a impugnação é apreciada pelo Conselho de Tombamentos; 4) a decisão do Conselho resulta em arquivamento do processo ou tombamento do bem; 5) a decisão do conselho é apreciada pelo Ministro da Cultura, que a homologa ou não. 5) Em caso de homologação, o bem é tombado.

Quadro Nº 7. Fonte: Cunha Filho (2008, p. 6)

O citado Professor indica ainda que em relação ao tombamento de ofício,

[...] alguns doutrinadores entendem-no abolido pela Lei nº 6.292/75, vez que todas as modalidades, após a edição da referida norma, devem ser submetidas ao crivo do Conselho de Tombamento, com subseqüente apreciação do Ministro de Estado responsável pelos negócios da cultura.

Os textos legais em estudo apresentam a mesma tendência e trazem no seu rol apenas dois dos citados tipos de tombamento, a saber, voluntário e compulsório.

A Terra da Luz, através de sua Lei Nº 13.465/2004, indica no artigo 3º que “O tombamento de bens de propriedade de pessoa natural ou jurídica de direito privado far-se-á voluntária ou compulsoriamente”. O legislador descreve nos parágrafos do citado artigo como se dará cada uma dessas espécies que serão descritos no quadro a seguir, juntamente com os respectivos envolvidos:

Tipos de Tombamento na legislação estadual do Ceará

Tombamento voluntário Tombamento compulsório

Tombamento voluntário, por iniciativa do proprietário

Tombamento compulsório, em caso de revelia do proprietário

(16)

Tombamento voluntário, de iniciativa externa e com a concordância do proprietário

Tombamento compulsório, em caso de contestação do proprietário

Pessoa natural, jurídica ou Município Pessoa natural, jurídica ou Município

Quadro Nº 8.

O Decreto paraibano Nº 7.819/1978 também cita as duas espécies em seu artigo 10 dizendo que “O tombamento da coisa pertencente à pessoa natural ou a pessoa jurídica de direito privado se fará voluntária ou compulsoriamente”. Nos artigos11 seguintes, descreve como será realizado o procedimento. Na mesma vereda, a legislação mais antiga, a Lei Nº 2.069/76 do estado de Sergipe diz no artigo 6º que “O tombamento de bens de propriedade de pessoa natural ou jurídica de direito privado será voluntário ou compulsório”.

A Lei de Alagoas, da Bahia, de Pernambuco, do Maranhão, do Piauí e do Rio Grande do Norte, não fazem referência quanto às espécies de tombamento. No entanto, os textos legais do Maranhão e Piauí trazem capítulo específico intitulado Do Tombamento e seu Processo conforme exposto no quadro Nº 2, enquanto a legislação pernambucana vem com o título Do

Processo de Tombamento12.

11 Paraíba, Decreto Nº 7.819/78:

Art. 11 - Proceder-se-á ao tombamento voluntário, sempre que o proprietário pedir, e a coisa se revestir dos requisitos necessários, devendo o proprietário aderir, por escrito, à notificação que se lhe fizer para a inscrição da coisa em qualquer Livro de Tombo.

Art. 12 - Proceder-se-á ao tombamento compulsório quando o proprietário se recusar a anuir à inscrição da coisa.

Art. 13 - O tombamento compulsório se fará no seguinte processo:

a) O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba notificará o proprietário para anuir ao tombamento dentro do prazo de 15 (quinze) dias, a contar do recebimento da notificação, ou para, se quiser, impugnar dentro do mesmo prazo, oferecendo as suas razões; e

b) No caso de não haver impugnação dentro do prazo assinado, é fatal à Diretoria do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba proferir decisão a respeito, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias a contar do seu recebimento, não cabendo recurso dessa decisão, de acordo com o Art. 40, deste Decreto.

12 Art. 4º - Inicia-se o processo de Tombamento por decisão “ex-officio” do Conselho Estadual de Cultura pela

maioria de seus membros, ou por despacho do Secretario de Educação, em proposta a ele dirigida por qualquer pessoa.

Art. 5º - As propostas de Tombamento deverão ser formuladas e fundamentadas por escrito, delas constando, obrigatoriamente:

I – descrição e exata caracterização do bem respectivo;

II – endereço do bem, se imóvel, ou do local onde se encontra, se móvel;

III – delimitação da área objeto da proposta, quando conjunto urbano, sítio ou paisagem natural;

IV – nome e endereço do proprietário do bem respectivo, salvo quando se tratar de conjunto urbano, cidade, vila ou povoado;

V – nome completo e endereço do proponente e menção de ser ou não proprietário do bem; [...]

Art. 6º - O Secretário de Educação deverá pronunciar-se, [...] sobre as propostas que lhe forem encaminhadas na forma do

artigo anterior.

Parágrafo Único – O indeferimento será comunicado ao proponente através de ofício. [...]

Art. 8º - Deferida a proposta, será aberto o processo de Tombamento, pela Secretaria de Educação, que o encaminhará, de imediato, à Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco FUNDARPE, para exame técnico.

Art. 9º - Iniciado o processo de Tombamento por decisão “ex-oficio”, o Conselho Estadual de Cultura remetê-lo-á, através da Secretaria de Educação, à FUNDARPE para exame técnico.

(17)

A lei alagoana aponta em seu artigo 4º que qualquer interessado poderá propor o tombamento de bem móvel ou imóvel, de propriedade pública ou particular. Essas propostas devem ser apresentadas na Secretaria de Cultura com a sucinta descrição, indicação precisa de seu proprietário e justificativa da proposição. A Secretaria de Cultura encaminhará as citadas propostas à Diretoria de Preservação da Memória – PRÓ-MEMÓRIA13 que fará os estudos sobre o bem objeto da proposta, fornecendo sua descrição completa14. Cabe ao Conselho Estadual de Cultura15 conforme o artigo 6º apreciar as propostas de tombamento, instruídas na forma do §1º do Art. 5º. O Presidente e pelo menos 4 (quatro) de seus membros emitirão parecer subscrito decidindo, se o bem reveste os requisitos necessários para integração para que seja tombado. Apesar do texto não trazer de forma explícita os termos voluntário e compulsório, entende-se que os mesmos ocorrem, conforme descrito nos artigos abaixo:

Art.7º. Se o bem cujo tombamento é proposto não for de propriedade do Estado, o Secretario de Cultura, à vista de parecer favorável do Conselho Estadual de Cultura emitido nos termos do Art. 5º, notificará o proprietário ou proprietários, para, no prazo de 10 (dez) dias, anuírem à proposta de tombamento ou impugná-la por escrito. § 1º Será dispensada a notificação de que trata este artigo, se o proprietário do bem for o autor da proposta.

§ 2º O silêncio do proprietário no prazo fixado neste artigo importa em anuência tácita.

Art. 8º. Se, notificado nos termos do disposto no artigo anterior, o proprietário do bem oferecer impugnação à proposta de tombamento, dela será dada vista, pelo prazo de 10 (dez) dias, ao autor da proposta, para sustentá-la.

Parágrafo único. Decorrido o prazo estabelecido neste artigo, com ou sem manifestação do autor da proposta, o Secretário de Cultura remeterá o processo ao Conselho Estadual de Cultura, que julgará a impugnação, em única e definitiva instância, no prazo de 15 (quinze) dias, emitindo a Resolução que couber.

Conforme o artigo 9º o Secretário de Cultura encaminhará ao Governador do Estado, para a decretação do tombamento.

Observa-se como já foi mencionado nesse texto que em todas as estruturas normativas analisadas o Chefe do Poder Executivo tem o papel importante no processo decretando o mesmo o que em âmbito federal é realizado pelo Ministro de Estado. As Estruturas normativas

Art. 10º - A abertura do processo de Tombamento, na forma dos artigos 8º e 9º, assegura ao bem em exame, até a Resolução final, o mesmo regime de preservação

dos bens tombados, e será anotada pela FUNDARPE em ficha própria [...] [...]

Art. 12 - Se a proposta de tombamento não for do proprietário ou de todos os condôminos do respectivo bem, a FUNDARPE, notificá-lo-á através do Cartório de

Registro de Títulos e Documentos da capital, para, no prazo de 30 (trinta) dias, a contar do recebimento da notificação, anuir a medida ou impugná-la.

Art. 13 - Oferecida impugnação em prazo hábil, será esta juntada ao processo de Tombamento, dando-se vista ao autor da proposta, que terá 30 dias para sustentá-la.

Art. 14 - Concluído o exame e instruído o processo com todos os elementos necessários à decisão, inclusive registro gráfico e fotográfico do bem, a FUNDARPE, encaminhá-lo-á ao Conselho Estadual de Cultura, através da Secretaria de Educação com parecer conclusivo, favorável ou não ao tombamento.

Parágrafo Único – Da sugestão de tombamento, emitida pela FUNDARPE, constará, de logo, a indicação das medidas acessórias de preservação legal do bem e do seu entorno, se for o caso, as quais integrarão, oportunamente, a inscrição do Tombamento.

13 Conforme o artigo 11 é, também, na Diretoria de Preservação da Memória – PRÓ - MEMÓRIA que ficarão

encerrados e mantidos em arquivo os processos de tombamento após a inscrição do bem.

14 Conforme o artigo 5º da lei alagoana.

15 O artigo 10 diz que o Decreto de tombamento conterá precisa descrição do bem e determinará sua inscrição

(18)

em apreço guardam bastante semelhança no correr do processo. Neste, órgãos específicos, peculiar a cada Estado, dão prosseguimento até o registro do bem no Livro de Tombo.

As consequências do tombamento

Cunha Filho (2000) indica conforme o artigo 17 do Decreto-Lei Nº 25/37 que o principal efeito do tombamento consiste em que “as coisas tombadas não poderão, em caso algum, ser destruídas, demolidas ou mutiladas, nem, sem prévia autorização especial […] ser reparadas, pintadas ou restauradas […]”. Também não se poderá conforme o artigo 18 do mesmo texto legal fazer construção na vizinhança da coisa tombada que impeça ou reduza a visibilidade. A partir desses dois exemplos pode-se perceber que para assegurar a proteção do bem cultural tombado é necessária a limitação de seu uso o que repercute inclusive para a vizinhança do bem.

O Decreto-Lei Nº 25/37 dedica o capítulo III intitulado Dos Efeitos do Tombamento às consequências oriundas desse ato protetivo. Como pode ser visualizado no Quadro Nº 2 desse estudo, há um total de dez artigos sobre o tema.

A Lei de Alagoas também dedica capítulo específico com o mesmo título. No artigo 26 a citada lei diz que

Sem prévia autorização da Secretaria de Cultura, ouvido o Conselho Estadual de Cultura, não se poderá, na vizinhança do bem tombado, fazer construção que impeça ou reduza sua visibilidade, nem sobre ele colocar anúncios, cartazes e objetos similares, sob pena de ser mandada destruir a construção ou de ser retirado o objeto [...].

Ao responsável pelo ato será imposta multa. Um artigo do mesmo texto legal também coaduna com o exposto no Decreto-Lei Nº 25/37. Diz o artigo 21 que “Os bens tombados não poderão, em caso nenhum ser destruídos, demolidos ou mutilados, nem, sem prévia autorização especial da Secretaria de Cultura, reparados, pintados ou restaurados [...]”. Redações estas que são muito próximas ao texto da legislação nacional. Da mesma forma se apresenta os artigos16 12 e 13 da Lei baiana Nº 8.895/2003.

A Lei cearense, Nº 13.465/2004, em seu artigo 4º indica as limitações de disposições, uso e gozo nos parágrafos 3º e 4º trazem as limitações descritas na mesma linha das demais legislações nordestinas. Abaixo o texto ipsis litteris:

§ 3º Os bens tombados não poderão, em caso algum, serem demolidos ou mutilados, nem, sem prévia licença do Departamento do Patrimônio Cultural, serem reformados, pintados ou restaurados, sob pena de multa correspondente ao dobro do custo da reparação do dano causado e sem prejuízo das sanções civis e penais previstas no Código Penal.

§ 4º Sem prévia autorização do Departamento de Patrimônio Cultural, não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer demolição ou construção que lhe impeça a visibilidade, nem nela colocar anúncio ou cartazes, sob pena de ser mandado destruir a obra ou retirar o objeto, impondo-se neste caso multa de 50 % (cinqüenta por cento) do valor do mesmo objeto.

16 Bahia, Lei Nº 8.895/2003:

Art. 12 - É vedada a mutilação, demolição ou destruição do bem tombado, sob pena de multa e obrigação de reparar os danos causados. [...]

Art. 13 - Na vizinhança do bem tombado não poderão ser efetuadas intervenções que lhe prejudiquem a visibilidade, sob pena de multa e obrigação de remover o objeto ou destruir a obra que tenha causado o prejuízo. [...].

(19)

Também citando o Código Penal, o Decreto N.º 7.819, estrutura normativa paraibana, traz o seguinte texto:

Art. 19 - Os objetos tombados não poderão em nenhum caso ser destruídos, demolidos, mutilados, separados, pintados ou restaurados, sob a pena de aplicação dos arts. 165 e 166 do Código Penal Brasileiro.

Parágrafo Único - Tratando-se de bens pertencentes ao Estado e Municípios, a autoridade responsável pela infração do presente artigo incorrerá pessoalmente no delito.

Art. 20 - Sem prévia autorização do Instituto, não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a visibilidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou retirado o objeto, impondo-se, neste caso, multa de cinqüenta por cento (50%) do valor do objeto.

O mesmo acontece com o estado de Sergipe que como já foi exposto apresenta a estrutura normativa mais antiga. Na Lei 2.069/76 expõe o seguinte

Art.10 – A disposição, uso e gozo dos bens que passarem a construir o Patrimônio Histórico e Artístico de Sergipe estarão sujeito às restrições da legislação federal referente ao assunto e às decorrentes desta Lei.

[...]

§ 3º- Os bens tombados não poderão em hipótese alguma ser demolidos ou mutilados, não podendo, igualmente, sem previa licença da Secretaria da Educação e Cultura, ser reformados, pintados ou restaurados, sob pena de multa correspondente ao custo da reparação do dano causado, para retorno ao estado anterior, sem prejuízo das sanções prevista nos artigos 165 e 166 do Código Penal.

O Maranhão e o Piauí como já foram citados no texto possuem uma redação normativa muito próxima. No quadro Nº 2 observa-se o capítulo 3, em ambos os textos legais, com o título de Dos Efeitos do Tombamento. Os bens tombados devem ser mantidos em bom estado de conservação por conta de seus proprietários, possuidores e eventuais ocupantes. Devem também comunicar qualquer alteração no bem ao órgão competente.

Ambos os textos, assim como os demais, protegem o entorno do bem tombado orientando algumas limitações.

Maranhão – Lei Nº 5.082/1990 Piauí – Lei Nº 4.515/1992

Capítulo III – Dos Efeitos do Tombamento Capítulo III – Dos Efeitos do Tombamento [...] Art. 22 – Qualquer intervenção ou alteração nos

bens móveis tombados ou seu entorno, ou destino a ser dado a bens moveis tombados deverá ser previamente examinado e autorizado pelo Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Paisagístico da Secretaria da Cultura.

Parágrafo único – A falta da autorização referida no caput deste artigo, bem como qualquer dano ou sua ameaça, direta ou indireta aos referidos bens, sujeitam aos infratores às penalidades administrativas, civis e penais previstas em lei: Art. 23 – Os bens tombados, os do seu entorno e os em processo de tombamento se sujeitam à inspeção permanente do Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Paisagístico da secretaria da Cultura que a eles terão amplo acesso. [...]

[...] Art. 19° - Qualquer intervenção ou alteração nos bens imóveis tombados ou seu entorno, ou o destino a ser dado a bens móveis tombados, deverão ser previamente examinados e autorizados pelo Departamento do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural da Fundação Cultural.

Parágrafo Único – A falta de autorização referida no caput deste artigo, bem como qualquer dano ou ameaça, direta ou indireta, aos referidos bens, sujeita os infratores às penalidades administrativas, civis e penais, previstas em Lei.

Art. 20° - Os bens tombados, inclusive os do seu entorno e os que ainda se sujeitam a processo de tombamento, serão inspecionados, permanentemente, pelo Departamento do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural da Fundação Cultural. [...]

Quadro Nº 9.

A Lei pernambucana Nº 7.970/79 no artigo 5º indica que “As restrições à livre disposição, uso e gozo dos bens tombados, bem como as sanções ao seu desrespeito, é

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