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UMA ANÁLISE DE TRABALHOS APRESENTADOS NAS MOSTRAS REALIZADAS PELO CDCC

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Academic year: 2021

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UMA ANÁLISE DE TRABALHOS APRESENTADOS NAS

MOSTRAS REALIZADAS PELO CDCC

FAGIONATO-RUFFINO, Sandra1; SOUZA, Carolina Rodrigues1; SCHIEL, Dietrich1

; XAVIER, Angelina Sofia Orlandi1 1CDCC - Centro de Divulgação Científica e Cultural - USP

angelina@cdcc.usp.br

Palavras-chave: ensino de ciências, mostra de trabalhos, relatos de experiência

RESUMO

Dentre as atividades do programa “ABC na Educação Científica – Mão na Massa” realizadas pelo CDCC, temos a Mostra de Trabalhos; evento anual que tem como objetivo a troca de experiência entre os professores participantes do programa.

Neste artigo procuramos fazer uma análise dos trabalhos encaminhados para a V Mostra do Programa “ABC na Educação Científica – Mão na Massa”, tecendo alguns comentários comparativos em relação às Mostras anteriores, assim como com relação às principais características dos trabalhos apresentados e submetidos pelos professores da cidade de São Carlos e região. Foram realizadas considerações quanto à familiaridade dos autores com o programa, número de trabalhos apresentados, escolas representadas e temáticas trabalhadas.

A partir desta análise é possível dizer que os professores vêm criando novos trabalhos utilizando a metodologia em temáticas não vistas em cursos ou módulos pré-existentes. No entanto, percebe-se uma descontinuidade na participação, o que sugere uma possível descontinuidade de seu trabalho em sala de aula. Além disso, são raríssimos os trabalhos que relatam as dificuldades que tiveram em abordar os temas.

INTRODUÇÃO

O CDCC vem realizando anualmente, desde 2004, Mostras de Trabalhos do programa “ABC na Educação Científica – Mão na Massa”, com o objetivo de troca de experiência entre os professores participantes do programa.

Em 2006, além da apresentação na forma de pôster, os resumos dos trabalhos apresentados foram publicados em anais impressos e distribuídos para os participantes, bem como disponibilizados na internet. Em 2007 e 2008 os professores encaminharam seus trabalhos (de 2 a 10 páginas em 2007 e de 3 a 7 em 2008) que foram lidos por pelo menos dois pareceristas (membros da equipe do programa em São Carlos), que indicavam se o trabalho estava adequado aos padrões de formatação solicitados, bem como à metodologia do programa. Os artigos que não deixavam claro como o trabalho foi realizado e/ou possuíam problemas com formatação, foram devolvidos aos autores com sugestões de adaptação. Os artigos que retornaram após alterações foram novamente avaliados pela comissão.

Dos trinta trabalhos inscritos na Mostra desse ano, três não retornaram para reavaliação, e outros três não foram aceitos para publicação: um deles por

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se tratar de uma proposta de trabalho1, o outro por não demonstrar contemplar de fato a metodologia adotada pelo Programa “ABC na Educação Científica – Mão na Massa” e o terceiro por não corresponder a um relato de experiência vinculado à sala de aula.

OBJETIVO

Este artigo2 tem por objetivo fazer uma análise dos trabalhos encaminhados para a V Mostra do Programa “ABC na Educação Científica – Mão na Massa”, tecendo alguns comentários comparativos em relação às Mostras anteriores, assim como com relação às principais características dos trabalhos realizados e submetidos pelos professores da cidade de São Carlos e região.

METODOLOGIA

Os pareceristas ao avaliar os trabalhos, faziam anotações a respeito das observações feitas, seja com relação à metodologia adotada pelo programa “ABC na Educação Científica - Mão na Massa”, seja em relação à formatação dos mesmos.

As anotações referentes a cada trabalho foram discutidas entre os autores e organizadas neste artigo no sentido de contribuir na produção de futuros trabalhos bem como com uma revisão das ações da equipe.

Para a análise, além dos trabalhos, procurou-se identificar a familiaridade dos autores com o programa a partir da indicação na ficha de inscrição de participação em cursos e no cadastro dos professores participantes de cursos do programa no CDCC. Além disso, recorreu-se aos arquivos das Mostras anteriores, disponíveis no site do CDCC3, a fim de realizar comparações entre número de trabalhos apresentados, escolas representadas e temáticas trabalhadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Comparando o número de trabalhos entre as Mostras realizadas percebe-se uma crescente participação dos professores, de 2004 a 2007, e uma queda em 2008 (figura 1). Os 30 trabalhos encaminhados correspondiam a 18 escolas, sendo que uma delas encaminhou 4 trabalhos; três encaminharam 3 trabalhos, outras três encaminharam 2 trabalhos e as restantes encaminharam somente um trabalho. Em 2007, 33 escolas encaminharam trabalhos, tendo sido apresentados na Mostra, os trabalhos de 24 escolas.

1

A este trabalho foi feita uma série de orientações e sugestão de colocá-lo em prática a fim de apresentar na VI Mostra a ser realizada em 2009.

2

Apoiado pelo CNPq (projeto Produção de Material de Apoio ao Programa ABC na Educação

Científica “A Mão na Massa”) e pelo Fundo de Cultura e Extensão da Pró-Reitoria de Cultura e

Extensão Universitária.

3

http://educar.sc.usp.br/maomassa/

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Das 30 escolas que encaminharam trabalho em 2008, 10 o fizeram também em 2007.

Fazendo um levantamento da representação das escolas na apresentação de trabalhos nas cinco Mostras, percebe-se que apenas duas escolas participaram de todas; outras duas participaram das quatro últimas; duas participaram das três últimas; quatro escolas participaram das duas últimas e seis escolas participam pela primeira vez e o restante tiveram participações intercaladas.

Os trabalhos inscritos tinham número de autores variando entre 1 e 4 (figura 2). Entre os trabalhos com mais de um autor alguns foram realizados com uma única turma, no caso das creches (crianças de 0 a 3 anos), em outros, com turmas distintas, mas agrupadas nos momentos de realização de trabalhos e em outros com turmas distintas (em alguns casos até de período contrário), mas guardando algumas semelhanças do ponto de vista de questionamentos feitos e procedimentos adotados.

Neste último caso, percebe-se que o trabalho representa realidades distintas (pois cada grupo é

único) e os autores fizeram uma seleção de aspectos

comuns para serem

apresentados; a peculiaridade de cada turma fica neste caso prejudicada. Além disso, pode apresentar um maior controle dos professores no sentido de

garantir um mesmo

procedimento de pesquisa em ambas as turmas.

Nos trabalhos com turmas distintas, mas agrupadas para a realização do trabalho, pode-se destacar vantagens relacionadas à integração das crianças, e desvantagens, como por exemplo, o número elevado de crianças e a dificuldade de observar a participação de cada uma delas.

Já nos trabalhos com apenas um autor, ou aqueles realizados com mais de um autor em apenas uma turma (caso das creches), pode-se supor a existência de uma maior riqueza de detalhes no que se refere às peculiaridades da turma, por exemplo, em relação aos diversos caminhos que um trabalho pode seguir.

Dos 62 autores que encaminharam trabalhos, 30 já haviam participado de cursos do Programa e 19 estavam participando pela primeira vez este ano. Dos 3 trabalhos recusados, dois deles tinham professores que conheciam a metodologia adotada, pois já haviam participado de cursos.

Analisando os temas dos trabalhos apresentados nas Mostras, podemos verificar que são bastante diversificados e que muitos deles estão relacionados com as atividades realizadas pelo CDCC no ano da Mostra. Isto pode ser observado na I Mostra (2004) cujos trabalhos intitulados: Sementes; O ar é matéria?; Corpo Humano: Digestão; Alavanca; Como saber de onde vem o vento? e A Água na Escola Maternal, se relacionam com os temas dos capítulos do livro traduzido do francês, “Ensinar as ciências na escola – da educação infantil à quarta série”, que foram aplicados em sala de aula por alguns professores voluntários para que os registros dos alunos fossem

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 um dois três quatro

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inseridos na edição brasileira. A minoria dos trabalhos abordou temas que não haviam sido trabalhados em cursos, geralmente surgidos de uma curiosidade das crianças em uma situação do cotidiano.

Isto também ficou bastante evidenciado na IV Mostra (2007) com trabalhos relacionados a um curso que tinha como objetivo aperfeiçoar módulos elaborados pela equipe do CDCC - Caveira existe?; Cartografia; Aviões de papel; Diagnóstico ambiental; Órgãos dos sentidos; Resíduos sólidos; Transformações.

Dentre os temas apresentados nas Mostras, os mais abordados nos trabalhos estavam relacionados com os Animais, Ambiente, Água, Plantas e Órgãos dos Sentidos, porém com enfoques diferentes. O tema Animais, por exemplo, já foi abordado de forma a trabalhar com vários animais, agrupando os semelhantes como também de forma a estudá-los individualmente como nos trabalhos sobre o castor; a abelha jataí; o peixe; a borboleta; o carrapato/micuim; o sapo; a tartaruga; o piolho; o pintinho; o beija-flor; o besouro; o mosquito; a cigarra; a Maria fedida; a aranha; o coelho; a formigas; a minhoca e a taturana, sendo a maioria deles trabalhada na educação infantil.

Os temas Ambientais foram mais relacionados com resíduos sólidos, focando principalmente o lixo, a reciclagem e a compostagem, abordados no curso “Resíduos Sólidos”, e também no programa de visita monitorada ao aterro sanitário municipal, promovido pelo CDCC.

O tema Água, na maioria das vezes, foi abordado objetivando as mudanças de estados físicos, sendo raramente utilizados outros enfoques: Como a água chega a nossas torneiras?; A água na escola maternal; Descobrindo a importância da água. No tema Plantas, temos variações de abordagens desde as sementes, germinação, hidroponia, florescimento, até a horta, que é muito trabalhada.

Os Órgãos dos Sentidos são apresentados nos trabalhos tanto abordando todos os órgãos como focando em um deles, sendo a audição a mais apresentada.

A V Mostra foi marcada pela diversificação dos temas apresentados onde os animais, o espaço físico, o ambiente, os sons, as cores, a água e os sentidos se constituíram os temas mais apresentados. Por serem, na sua maioria (80%), trabalhos realizados com crianças da educação infantil o foco principal não estava no conteúdo e sim na possibilidade de criar situações de investigação e descobertas, dando espaço ao lúdico, a imaginação e a fantasia do universo da criança.

Dessa forma, podemos dizer que a Mostra de 2008 teve um caráter particular, visto que a abordagem da ciência na educação infantil, mesmo dentro do programa, “ABC na Educação Cientifica – Mão na Massa”, é própria para essa faixa etária. Tais diferenças revelam-se, por exemplo, na forma em que as temáticas são abordadas. De maneira geral, os trabalhos, principalmente com crianças de 0 a 3 anos, estão mais voltadas às brincadeiras, à manipulação, à construção, e no aguçar dos sentidos.

Quanto aos objetivos dos trabalhos, foi comum encontrarmos objetivos muito amplos e que só o trabalho realizado não seria suficiente para atender, ou que a descrição das atividades não contemplava tais objetivos.

Aparecem também objetivos ligados a transmissão de informações e conteúdo, tais como: “esclarecer às crianças sobre os fenômenos naturais...”, “mostrar para as crianças os motivos que definem ...”, “possibilitar ao professor

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desenvolver conhecimentos e mecanismos para depois transferir às crianças”, etc

Outro aspecto dificultador para algumas professoras é o levantamento de hipóteses. O que vem a ser um levantamento de hipóteses? Por que da dificuldade em ouvir e trabalhar com as hipóteses dos alunos?

Em parte esta dificuldade refere-se à compreensão do que venha a ser o questionamento que leva ao levantamento de hipóteses. Vários trabalhos apresentavam qualquer questionamento como o sendo, como por exemplo: “O que será que a professora fará?”. Em parte refere-se ao novo, já que essa não é uma prática comum ao nosso sistema tradicional de ensino. Assim sendo, normalmente ou não se reservam espaços para a criança se colocar frente aos trabalhos, ou quando o fazem pouca importância se dá para suas colocações e participações, na maioria das vezes não permitindo colocar em prática suas sugestões.

Outra característica dos trabalhos é que em geral relatam o que foi feito, mas não dão indícios de como e por quem. É comum, por exemplo, dizer que foram planejadas estratégias e experimentos para verificar as hipóteses, mas não relatam como se deu o planejamento, o que as crianças sugeriram, qual foi a real participação do grupo: “Após o levantamento e análise das

hipóteses, planejamos estratégias e experimentos (...)”

Outro fato que nos chamou atenção é que ainda é comum recebermos trabalhos que destacam a idéia de transmissão de conhecimentos. São projetos bons, e em alguns casos, com a preocupação de problematizar e ouvir as crianças frente a tais questões, assim como de criar mecanismos para a manipulação e criação das crianças, porém, apesar dessas ações, o professor aparece como realizador de ações (que poderiam ser realizadas pelas crianças) assim como de informar e ensinar.

Outros trabalhos, apesar de minoria, destacam e enfatizam apenas a transmissão de conhecimentos ao invés de sua construção:

“Conforme verificado na literatura e vivenciado na prática, tendo em vista às dificuldades encontradas pelos professores em transferir os conhecimentos sobre os fenômenos naturais às crianças (...)”

“As dúvidas (...) foram sanadas com a explicação às crianças...”, “A metodologia adotada para o desenvolvimento deste projeto também ofereceu aos professores mecanismos para transmitirem as informações aos alunos de forma clara e simples, forçando-os, também, a atualizarem seus conhecimentos sobre o assunto” (grifo nosso).

Estes trabalhos revelam uma compreensão do programa “ABC na Educação Científica – Mão na Massa enquanto ensino de ciência e não como um método problematizador e investigativo, pois para se problematizar e as crianças terem o que investigar, não podem ser submetidas a explanações e explicações das dúvidas, conceitos e situações que possam surgir. Tal fato pode ser explicado pelas concepções de ensino e aprendizagem que as professoras carregam, assim como de objetivos para uma instituição educacional e do profissional da educação, que refletem concepções de criança e de escola, que se perpetuaram ao longo da história e diante de um projeto de reflexão e discussão sobre a possibilidade do novo, muitas vezes, fica difícil se desligar do antigo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

As Mostras permitem a realização de um balanço das ações relativas aos trabalhos desenvolvidos nas escolas de Educação Infantil e Ensino Fundamental da cidade e região, podendo perceber a partir delas, a criatividade dos professores na elaboração e desenvolvimento de novos trabalhos, demonstrando que utilizam a metodologia também em temas não trabalhados em cursos ou por módulos pré-existentes, mas aproveitando uma situação do cotidiano. Além disso, promovem a motivação dos professores seja na produção de materiais de divulgação, seja na sua própria formação.

É importante salientar que raríssimos trabalhos relatam as dificuldades que tiveram em abordar os temas, podendo ser interpretado como a valorização dos acertos e a não exposição dos erros e dificuldades, ou ainda que os trabalhos não apresentam dificuldades de realização.

Os resultados mostram uma descontinuidade de apresentação de trabalhos por parte dos professores, o que sugere uma descontinuidade de seu trabalho em sala de aula, o que em geral pode estar associada à sua participação nos cursos. Vale ressaltar que neste ano, a participação dos professores da rede estadual foi menor que nos anos anteriores, possivelmente em decorrência de não terem sido liberados da sala de aula, como de costume.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MOSTRAS DE TRABALHOS. Disponível em:

http://educar.sc.usp.br/maomassa/. Acessado em 30 Set. 2008.

SCHIEL, Dietrich, (Ed.). Ensinar as ciências na escola: da educação infantil

à quarta série. Tradução: Marcel Paul Forster. São Carlos: Centro de

Divulgação Científica e Cultural-CDCC-USP/Rima, c2005. 128 p. ISBN: 85076560445. (Versão em português baseada na obra: Enseigner les sciences à l`école – cycles 1,2 et 3.).

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