SELEÇÃO
S E M A N A L
C E N Á R I O
I N T E R N A C I O N A L
No início da semana, ainda no domingo, a Opep anunciou que chegara em um acordo sobre a redução da produção de petróleo. Após haver desentendimento entre México e Arábia Saudita, os EUA interviram e tomaram frente das discussões, a fim de selar um primeiro compromisso antes dos mercados reabrirem.
Ficou acordado que a produção de petróleo será reduzida em 9,7 milhões de barris por dia. Num primeiro momento, os mercados se animaram com os números – redução do volume sem precedentes. O ânimo, contudo, veio por terra logo em seguida, quando surgiu a percepção de que a falta de demanda ainda pressionará os preços da commodity nos atuais patamares.
Na Europa, a baixa nos novos casos de Covid-19 seguiu a tendência de desaceleração da última semana e deu início às discussões sobre a reabertura gradual das principais economias a partir de maio. Na terça-feira, o dia iniciou com a divulgação de números da economia chinesa. Com quedas menores que o esperado, o saldo da balança comercial – volume exportado subtraído do volume importado – sugere que houve uma recuperação rápida ao longo de março, diante da forte retração em fevereiro.
Já nos EUA, as instituições financeiras deram início à temporada de divulgação dos resultados trimestrais. O J.P. Morgan, líder mundial em serviços financeiros, já apresentou os reflexos negativos do Covid-19. Com a expectativa de aumento da inadimplência, o banco aumentou suas reservas e, naturalmente, apresentou queda nos lucros.
Um pouco mais tarde, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou seu relatório Panorama Econômico Mundial. Por conta da pandemia, a instituição revisou sua projeção
Foto: Sue Ogrocki/AP. Fonte: Valor Econômico.
Seleção
de crescimento de 3,3% da economia global em 2020 para uma contração de 3,0%, que pode chegar a uma perda de U$9 trilhões de renda no mundo.
Na manhã de quarta-feira, números da economia norte-americana foram divulgados. Com resultados abaixo do esperado, 8,7% das vendas no varejo e -5,4% na produção industrial, o fim do poço da economia dos EUA pode ter sido subestimado pelo mercado.
Em seguida, outros importantes bancos divulgaram seus resultados. Goldman Sachs, Citigroup e Bank of America reportaram quedas na ordem de 45% dos lucros e, em linha com as demais instituições, tiveram um aumento expressivo das reservas para honrar com o potencial aumento da inadimplência.
Na quinta-feira, a Alemanha anunciou que começará a reabrir gradualmente a economia dia 20 de abril, dando início à flexibilização da quarentena na Europa. Enquanto isso, os pedidos de seguro-desemprego nos EUA surpreenderam negativamente mais uma vez. Com 5,2
milhões de novos pedidos na última semana, a população norte-americana já enfrenta quase 22 milhões de novos desempregados apenas no último mês.
Na noite do mesmo dia, houve a divulgação de números da China. Em linha com as expectativas, a economia chinesa teve uma contração de 6,8% do PIB do primeiro trimestre, em comparação a primeira divulgação do ano anterior. Os números refletiram as paralizações, que geraram os piores resultados desde o início da divulgação, em 1992.
Na sexta-feira, sem grandes notícias, os mercados analisavam os discursos de Trump acerca da reabertura da economia. No início da semana, o presidente afirmou que lideraria o processo e, em seguida, os governadores dos estados formaram coalizões para decidirem conjuntamente como será o plano. Assim, Trump voltou atrás e reconheceu a autonomia dos estados, além de afirmar que está disposto a ajudar no que for preciso, tendo em vista as diferenças de cada região.
A partir da melhora nas expectativas em
Seleção
Seleção
S E M A N A L
relação as paralisações ao redor do mundo, as bolsas globais seguem em recuperação, mas ainda com o temor de uma retomada das contaminações durante o processo de reabertura econômica.
MSCI World, indicador das bolsas globais. Fonte: Quantum Axis. Elaboração própria.
C E N Á R I O
B R A S I L E I R O
Após o Domingo de Páscoa, a semana brasileira começou em ritmo de feriado. Exceto pelo Relatório Focus, que continua reportando deterioração dos indicadores econômicos neste ano, destaque para inflação que saiu de 2,72% para 2,52%, PIB – de -1,18% para -1,96% e câmbio – de R$/US$4,50 para R$/US$4,60, a segunda-feira teve uma agenda vazia no âmbito econômico. Já no ambiente político, a possibilidade de demissão do ministro da
saúde, Luiz Henrique Mandetta, ganhou mais força após declarações em uma entrevista no domingo.
Na terça, o dia começou mais agitado. Os dados divulgados pela China fizeram o mercado se surpreender positivamente e o dia se iniciou com clima de otimismo, influenciando diretamente o ânimo dos investidores e fazendo com que o mercado acionário brasileiro começasse o dia em alta, chegando a atingir os 80k pontos. Na manhã, destaque também para a divulgação do IBC-Br de fevereiro, o qual indicou um avanço na atividade de 0,35% ante janeiro. O índice que mede o desempenho econômico do país em intervalos mensais mostrou que a economia brasileira vinha em um ritmo modesto de crescimento, mas ainda assim apresentou um avanço acima do esperado pelo mercado (0,2%). Apesar do indicador reforçar as perspectivas de crescimento que se tinha antes das medidas de distanciamento social serem adotadas, o avanço não será suficiente para conter uma retração no PIB logo no 1º trimestre e, para os economistas, o índice do Banco Central foi apenas um último suspiro.
Fonte: Banco Central. Elaboração Própria
Ainda na terça, o FMI divulgou suas perspectivas de crescimento econômico para o mundo e, como já era esperado, anunciou números negativos para o PIB do Brasil. Segundo o Fundo Monetário Internacional, a economia brasileira terá uma recessão de 5,3% em 2020 e avançará 2,9% em 2021. Vale ressaltar que nas projeções o Fundo acredita que a paralisação das economias ficará restrita apenas a este segundo trimestre. Ao fim do dia, a aprovação na Câmara dos Deputados de um Pacote de ajuda aos estados de cerca de R$90 bilhões fez com que os holofotes do noticiário nacional se voltassem aos governantes do país.
A partir de quarta-feira, o ritmo das notícias provinha apenas de um determinado local: Brasília. O protagonismo no restante da semana foi inteiramente da Política Nacional,
sendo ora do poder Legislativo, ora do Executivo. Na própria quarta, a aprovação do Orçamento de Guerra e do Contrato Verde e Amarelo fizeram as atenções se voltarem ao Congresso Nacional e, apesar de ambas as propostas precisarem de novas rodadas de aprovação para enfim seguir para sanção presidencial, tais medidas receberam determinada atenção pois impactarão diretamente a economia do país. A primeira, porque cria um regime fiscal extraordinário para a dívida do país, permitindo uma flexibilização do orçamento público e ampliando a permissão de gastos por parte do governo. Já a segunda, porque visa flexibilizar uma série de regras para a contratação de jovens entre 18 e 29 anos. Dessa forma, havia certa importância com o rumo que as medidas tomariam.
Seleção
Na quinta, quem tomou as atenções foi o Palácio do Planalto – local de trabalho da presidência do país. Após uma série de divergências em torno da condução na crise do coronavírus, o presidente demitiu Luiz Henrique Mandetta da pasta da saúde e anunciou o oncologista Nelson Teich como seu novo ministro. A troca visa equilibrar as ações da pasta em direção a incluir uma retomada da atividade econômica. Além disso, as críticas do presidente em torno do Pacote de ajuda aos estados aprovado na Câmara dos Deputados esquentaram ainda mais o clima em Brasília.
No dia seguinte, ainda com protagonismo das ações políticas, o Senado aprovou em 2º turno a PEC do Orçamento de Guerra, que agora segue para a Câmara dos Deputados. Porém, alterou a Medida Provisória do
Contrato Verde e Amarelo, que estava com os dias contados para caducar, fazendo com que a proposta tenha que voltar ao crivo dos deputados. O que certamente não acontecerá, uma vez que o prazo de validade da medida é segunda-feira e, com o relacionamento conturbado entre o presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara Rodrigo Maia, a proposta deve expirar.
Por fim, no desempenho semanal do Ibovespa, a tensão de Brasília não atingiu o mercado que, ao final do pregão de sexta-feira encerrou o dia em alta, beirando os 79.000 pontos e, em comparação com a semana passada, avançou 1,51%. O destaque dessa semana ficou com as ações da Braskem (BRKM5) que valorizaram mais de 28% na semana.
Seleção
S E M A N A L
P E R S P E C T I V A S D A
P R Ó X I M A S E M A N A
Com feriado nacional na terça-feira, a agenda doméstica tem poucos acontecimentos previstos para a próxima semana, sendo o dado da indústria no fim da semana o mais relevante. O mercado deve ficar atento a evolução do COVID-19 e indicadores, mesmo que secundários, dos países que estão passando pela pandemia. O Reino Unido, país que está hoje entre as 5 regiões com maior número de casos do vírus, libera na terça-feira relatório contendo a variação no número de desempregados referente a março, importante para dimensionar o tamanho do impacto das medidas de distanciamento social adotadas. Ainda na terça-feira, a Alemanha libera o Índice de percepção econômica ZEW, que determina a expectativa dos investidores institucionais alemães – valores positivos indicam otimismo e negativos pessimismo. Na quinta-feira devem ser divulgados
importantes resultados referente às indústrias dos Estados Unidos e Europa. O PMI, índice de atividade dos gerentes de compras na indústria, no setor de produção, construção e serviços, sendo importantes indicadores para avaliar se as condições de negócios permanecem positivas ou se houve deterioração.
Os Estados Unidos divulgam também na quinta-feira o relatório de pedidos iniciais por seguro-desemprego, o país que hoje concentra o maior número de casos ativos do novo Coronavírus e também o maior volume de testes aplicados na população. Na sexta-feira deve ser divulgado também o Índice de Expectativa do Consumidor Michigan que tenta prever os gastos do consumidor e confiança na atividade econômica. Com números recordes de casos e políticas duras de isolamento social, o número de pedidos por seguro-desemprego em conjunto com a análise de sentimento dos consumidores são importantes indicadores para os mercados que se encontram em situação similar.
Seleção
Por fim, deve ser divulgado no fim da semana o Índice Ifo de Clima de Negócios que analisa as condições de negócios na Alemanha, país que também enfrenta hoje as dificuldades do isolamento social e desdobramentos causados pelo novo Coronavírus.
