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A CONTRIBUIÇÃO DO BRINCAR NA HOSPITALIZAÇÃO DE CRIANÇAS HOSPITALIZADAS COM CÂNCER 1

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A CONTRIBUIÇÃO DO BRINCAR NA HOSPITALIZAÇÃO DE CRIANÇAS

HOSPITALIZADAS COM CÂNCER

1

REIS, Thamiza L. Da Rosa dos

2

; BIN, Aline

3

; ANTUNES, Bibiana Sales

4

;

FERREIRA, Emanuelli Manico

5

1

Trabalho de Pesquisa 2

Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), Santa Maria, RS, Brasil 3

Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil

4

Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil

5

Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil

E-mail: thamiza1@hotmail.com

RESUMO

Considerado uma doença crônica, o câncer infantil possui, em geral, um tratamento que demanda longos períodos de hospitalização, podendo trazer prejuízos ao desenvolvimento da criança. Nessa perspectiva, o brincar surge como uma possibilidade de modificar o cotidiano da internação. Pretende-se expor as percepções de uma acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidadade Federal de Santa Maria (UFSM), obtidas após o desenvolvimento de estágios curriculares em um Centro de Tratamento de Crianças e Adolescentes com Câncer, sobre o brincar e as atividades lúdicas. Trata-se de um relato de experiência, baseado em vivências de atividades universitárias, as atividades foram desenvolvidas nos meses de março a agosto de dois mil e doze. De forma essencial, percebeu-se o brincar como estratégia para reabilitação da saúde da criança, sendo capaz de ajudar na recuperação de sua saúde, promover a continuidade do desenvolvimento infantil, bem como facilitar ações de educação em saúde.

Palavras-chave: Criança hospitalizada; Neoplasia; Ludoterapia.

1. INTRODUÇÃO

Denomina-se câncer infantil um grupo de doenças não contagiosas que atinge crianças e adolescentes de 0 a 19 anos, tendo em comum o aparecimento de células modificadas que tendem a ser muito agressivas, e se multiplicam rápida e desordenadamente, determinando a formação de tumores ou neoplasias malignas (SILVA et al., 2009, p.335).

Na infância, o câncer é considerado uma doença rara se comparado ao câncer na população adulta. No entanto, em alguns países em desenvolvimento, aonde a população de crianças chega a 50%, a proporção do câncer infantil representa de 3% a 10% do total de

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neoplasias. Já nos países desenvolvidos, essa proporção diminui, chegando a cerca de 1% (BRASIL, 2011, p.51).

Considerado uma doença crônica, o câncer infantil possui, em geral, um tratamento que demanda longos períodos de hospitalização, onde a criança é exposta a procedimentos invasivos e incômodos. Para que a criança possa elaborar estas novas experiências faz-se necessário que ela disponha de instrumentos de seu domínio e conhecimento. Nessa perspectiva, o brincar surge como uma possibilidade de modificar o cotidiano da internação, pois produz uma realidade própria e singular (MITRE; GOMES, 2004). As brincadeiras aparecem como uma possibilidade de expressão de sentimentos, preferências, receios e hábitos; mediação entre o mundo familiar e situações novas ou ameaçadoras; e elaboração de experiências desconhecidas ou desagradáveis (MELO; VALLE, 2010).

Uma maneira de inserir e estimular o brincar durante a hospitalização é por meio de brinquedotecas (OLIVEIRA et al., 2008). Apesar da Lei nº 11.104 de 21/03/2005 dispor sobre a obrigatoriedade da instalação de brinquedotecas em todas as unidades de saúde, públicas ou privadas, que ofereçam atendimento pediátrico em regime de internação (BRASIL, 2005), são poucas as instituições que dispõem de uma unidade. Entretanto, vale ressaltar que a sanção desta lei possibilitou o início de um re-pensar sobre a problemática da criança doente (MELO; VALLE, 2010).

Em vista da temática exposta e do benefício que as atividades lúdicas proporcionam às crianças em tratamento oncológico pretende-se, por meio deste trabalho, expor as percepções de uma acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidadade Federal de Santa Maria (UFSM), obtidas após o desenvolvimento de estágios curriculares em um Centro de Tratamento de Crianças e Adolescentes com Câncer, sobre o brincar e as atividades lúdicas.

Pode-se destacar também a identificação e empatia com a temática Saúde da Criança e com o tema desenvolvimento infantil, ambos abordados durante a realização da disciplina Enfermagem no Cuidado à Saúde da Criança e do Adolescente, ministrada no sexto semestre do curso de graduação em enfermagem da UFSM. Além da busca por conhecimentos essenciais à formação enquanto profissional da saúde e preparo para o atendimento integral à saúde da criança.

2. METODOLOGIA

Trata-se de um relato de experiência, baseado em vivências de atividades universitárias, por meio de estágios curriculares obrigatórios, sem vínculo empregatício,que tem por finalidade proporcionar a aquisição de habilidades e competências profissionais e sociais necessárias ao exercício profissional, em complementação ao processo de ensino-aprendizagem. As atividades foram desenvolvidas nos meses de março a agosto de dois mil

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e doze (2012) por uma acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem da UFSM, somado aos conhecimentos previamente obtidos no decorrer da graduação e por buscas em bases de dados para a devida fundamentação teórica.

O local de desenvolvimento dos estágios foi o Centro de Tratamento de Crianças e Adolescentes com Câncer (CTCriaC) do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). Os principais parceiros para desenvolvimento da atividade foram enfermeiros, com saberes técnicos e científicos, atuantes na instituição, especificamente na área de oncologia pediátrica. Utilizou-se a observação participante como estratégia para vivência. Tal método possiblitou observar a relevância das brincadeiras e atividades lúdicas como estratégia para proporcionar melhores condições emocionais e qualidade de vida às crianças atendidas, assim como auxiliar na continuidade do desenvolvimento infantil, na recuperação da saúde e facilitar ações de educação em saúde.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O ato de adoecer é permeado por emoções. Frente à doença, e em alguns casos à hospitalização, a criança sente-se assustada. Estas circunstancias, frequentemente, são vistas pela criança como uma experiência desagradável, a qual é acompanhada por dor, sentimentos de ansiedade e medo, além da sensação de abandono (OLIVEIRA et al., 2008). A criança com doença oncológica, especificamente, além de deparar-se com o temor que a doença ocasiona, passa a conviver com as frequentes e longas hospitalizações, defrontando-se com um ambiente diferente daquele a que estava habituada, com a equipe de saúde, que manipula seu corpo e, muitas vezes, com procedimentos invasivos e dolorosos (FIGUEIREDO, 2011, OLIVEIRA et al., 2008). Tais situações podem afetar seu desenvolvimento em termos físicos, cognitivos e emocionais, podendo desencadear reações de estresse e ansiedade na criança. Os prejuízos hospitalares muitas vezes provocam o desenvolvimento de ameaças reais ou imaginárias, expressas através do choro, ansiedade, medo da equipe de saúde, agressividade, dor e distúrbios do sono. Aspectos esses facilmente observados em crianças com câncer, em tais situações (OLIVEIRA et al., 2008).

A hospitalização ocasiona mudanças significativas na rotina da criança como: abandono da escola, alteração dos seus horários de refeições, afastamento de seus familiares, amigos e brinquedos, ou seja, privação de tudo o que habitualmente lhe proporciona satisfação e segurança (FIGUEIREDO, 2011). Dessa forma, a hospitalização configura-se como uma experiência potencialmente traumática na infância. Ao ser hospitalizada a criança é afastada do convívio natural e é exposta ao confronto com a dor e o sofrimento, bem como a limitação física e à passividade, aflorando assim sentimentos antes desconhecidos, como exemplo, o medo da morte (MELO; VALLE, 2010).

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Durante o tratamento, os procedimentos ocorrem independentes do consentimento da criança, situação justificada geralmente pela importância destes para a cura ou melhora da doença. A criança é vista como ser passivo; paciente. Não lhe é explicado o porquê de sua longa permanência no hospital, dos medicamentos ou injeções que lhe são administrados, da impossibilidade de comer suas comidas favoritas ou até mesmo de brincar com seus amigos. No entanto, a criança não é alheia a este processo, ela percebe as mudanças que ocorrem em seu corpo, quando um profissional lhe oculta algo, quando seus pais estão ansiosos, enfim, ela sente, pois está experenciando o tratamento. Esta tentativa de poupar a criança faz com que aumente suas dúvidas e fantasias quanto ao que vai ocorrer com ela (FIGUEIREDO, 2011).

O principal fator da experiência de hospitalização infantil, na maioria das crianças, é a vivência de se deparar com o novo, o estranho e o incontrolável. Assim, é importante que sejam criados mecanismos capazes de recolocar a criança em condições que propiciem seu desenvolvimento (OLIVEIRA et al., 2008). Nesta situação surge o brincar como estratégia para proporcionar melhores condições emocionais e qualidade de vida às crianças atendidas, assim como auxiliar na continuidade do desenvolvimento infantil e recuperação da sua saúde de forma integral (MITRE; GOMES, 2004).

Além de a brincadeira propiciar o desenvolvimento da linguagem, de aspectos físicos, cognitivos e sociais, ela também propicia o desenvolvimento emocional. A brincadeira facilita a elaboração de sentimentos e emoções, como raiva, medo, alegria e tristeza. Por meio da brincadeira, as crianças podem encontrar estratégias de enfrentamento e conhecimento de seus próprios limites e recursos. Assim, a criança desenvolve sua capacidade de enfrentar as privações e adversidades sucessivas com menor prejuízo para seu desenvolvimento. Conhecer, vivenciar e controlar as emoções é particularmente importante para desfrutar uma boa qualidade de vida (OLIVEIRA et al., 2008).

Durante as atividades observadas no decorrer dos estágios, percebeu-se que o brincar no hospital contribui também para desmistificação desse ambiente, frequentemente percebido como hostil pelas crianças e suas famílias. Dessa forma, pode-se afirmar que a

existência de um espaço dedicado às brincadeiras reflete a preocupação com o bem-estar da criança. Para tanto surgem as brinquedotecas, um espaço destinado para que as crianças não só emprestem brinquedos, mas também possam ali sentir-se estimuladas a utilizá-los e a brincar de forma livre (OLIVEIRA et al., 2008).

Como grande parte do tratamento hospitalar é inegavelmente imposto, o brincar torna-se um dos poucos aspectos onde a criança tem livre escolha. Ela pode aceitar ou negar brincar, pode escolher qual brinquedo deseja e até mesmo dizer não aos procedimentos brincando. É o seu momento de exercer sua autonomia, onde ela tem a oportunidade de escolher e expressar-se livremente (FIGUEIREDO, 2011).

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A criação de brinquedotecas tem como ponto de partida a valorização do brinquedo como elemento importante no desenvolvimento infantil, ela é ferramenta poderosa em todas as etapas da internação, pois ajuda na estruturação emocional das crianças (OLIVEIRA et al., 2008). Além de proporcionar espaço para o brincar, ela também pode: preservar a saúde emocional da criança, proporcionando alegria e distração por meio de oportunidades para brincar, estimular o desenvolvimento da capacidade de concentração e de atenção; dar oportunidade à expansão de potencialidades; desenvolver a inteligência, a criatividade e a sociabilidade; possibilitar a manutenção e progressão do seu desenvolvimento, além de auxiliar sua recuperação, amenizando traumas (MELO; VALLE, 2010).

Durante a observação proporcionada pelos estágios, em vários momentos, percebeu-se que e a manipulação do material lúdico facilitou a verbalização de medos, pensamentos e sentimentos referente às situações que as crianças estavam vivenciando. Esta se fez importante na preparação da criança para as situações pré e pós-cirúrgicas e nos processos de reabilitação e na aceitação dos procedimentos hospitalares. Por intermédio da brincadeira, foi possível apoiar a criança, auxiliar em sua organização e diversificar suas possibilidades de atuação. Nesse contexto, corrobora-se com Oliveira et al. (2008), as atividades lúdicas podem transformar uma situação de sofrimento e dor em experiências ricas e conteúdos que contribuam para a saúde da criança.

5. CONCLUSÃO

Tendo o brincar como sua forma genuína de expressão a criança pode buscar neste, recursos para entender este novo contexto em que está inserida e as coisas diferentes que estão lhe acontecendo. De forma essencial, percebeu-se o brincar como estratégia para reabilitação da saúde da criança, sendo capaz de ajudar na recuperação de sua saúde, promover a continuidade do desenvolvimento infantil, bem como facilitar ações de educação em saúde.

Entende-se que criança com doença oncológica precisa de uma assistência mais complexa, pois apresenta necessidades especiais. Diante dos aspectos positivos trazidos pelo brincar, na perspectiva da assistência de enfermagem, o brinquedo pode meio de comunicação entre os profissionais e a criança e detectar a singularidade de cada uma. Dessa maneira, a presença do lúdico funciona como elo entre a criança e os profissionais de saúde. De tal modo, tem-se a possibilidade de desenvolver uma assistência especializada, individualizada e integral, a partir de uma abordagem humanizada.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação Geral de Ações Estratégicas.

Coordenação de Prevenção e Vigilância. Estimativa 2012: incidência de câncer no

Brasil. Rio de Janeiro, 118 p., 2011.

BRASIL. Lei n. 11.104, de 21 de março de 2005. Dispõe sobre a obrigatoriedade de

instalação de brinquedotecas nas unidades de saúde que ofereçam atendimento

pediátrico em regime de internação. Diário Oficial da União, Brasília, 22 mar. 2005.

Seção 1, p. 1.

BRITO, T.R.P. et al . As práticas lúdicas no cotidiano do cuidar em enfermagem

pediátrica. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 13, n. 4, Dec. 2009. Acessado em:

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FIGUEIREDO M.A.D. Contribuições da ludoterapia para o processo de

hospitalização infantil. Instituto humanista de psicoterapia Belo Horizonte. Belo

Horizonte,

2009.

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2011.

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MELO, L.L., VALLE E.R.M. A Brinquedoteca como possibilidade para desvelar o

cotidiano da criança com câncer em tratamento ambulatorial. Rev. esc. enferm.

USP, São Paulo, v. 44, n. 2, 2010. Acessado em: 29 maio 2012. Disponível em:

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MITRE R.M.A., GOMES R. A promoção do brincar no contexto da hospitalização

infantil como ação de saúde. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1,

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<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232004000100015&lng=en&nrm=iso>.

OLIVEIRA L.D.B. et al.

“Brincar” como agente promotor de saúde no

desenvolvimento infantil. Revista de Ciências Humanas. Florianópolis, EDUFSC, v.

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<http://www.cfh.ufsc.br/~revista/rch42/RCH42_artigo_8.pdf>.

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adolescentes oncológicos junto aos familiares. Esc. Anna Nery. Rio de Janeiro, v.

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