• Nenhum resultado encontrado

Jean-Pierre Rousseau

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Jean-Pierre Rousseau"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

Jean-Pierre Rousseau

Osvaldo Evandro Carneiro Martins

Faz menos de um ano que foi promovido, sob o pálio participativo, afetuoso e distinto de Regina Fiúza, Diretora Excutiva da Academia Cearense de Letras, um curso de conver-sação francesa, ministrado por Jean-Pierce Rousseau. Este é diplomado em línguas orientais, tendo, ao terminar sua formatu-ra, elegido a Finlância para praticar e vivenciar seus estudos, pro-positadamente, a terra onde se fala um idioma declinado dificíli-mo que joga com 16 casos gramaticais e constitui na Europa indo-européia um enclave uralo-altaico. Nosso professor morou ali por 10 anos e é tradutor, no universo da francofonia, do maior poeta filândês, Eino Leino, que ora chega a nós pqr essa via.

Os alunos de Jean-Pierre Rousseau ficamos simplesmente "enchantés de sa finesse". Na véspera de viagem que empreen-deu à França, estive com ele em sua residência. Na ocasião, extre-mamente gentil. De sua lavra, entregou a mim- trovador que me considero- uma trova, que não é, aliás, verificada nas belas-letras francesas, ao contrário do que acontece aqui, graças à difusão ge-ográfica de uma atuante, engajada e autêntica União Brasileira de Trovadores e suas quatrocentas secções municipais. Eu já o infor-mara do assunto, ao qual assim aderiu, de modo que o seu gesto significa uma incursão inaugural e - como eu julgo - uma estréia vitoriosa. Transcrevo abaixo essa produção- que nele seria novel, mas acabou sendo realmente cabal - sob sua forma essencial, ou seja, nacionalmente desenvolvida, totall1\ente desvinculada da ve-lha quadrinha popular e institucionalmente revestida de um cânon literário:

"Je trouve à la poésie cette belle qualité:

c' est que à sa faveur se lient des nombreuses amitiés ".

(2)

Procurei homenagear Jean-Pierre Rousseau e a cultuar simultaneamente a Arte Poética em Eino Leino. Capto nele e neste a favorável postura axiológica para com a versificação regular, a despeito de vir o campo sendo talado por pós-modernos e modernos remanescentes. Importante é que o homenageado a valoriza positivamente, sem catar, na mesma, arcaísmos ou desusos. Escreve: "Poder-se-ia até dizer que o verso regular possua ainda, sem ofender os modernistas com seus carizes (' crins'), belos dias à fren-te mercê de recursos que propicia ao canto.

"Fazendo traduções, constato que alguns grandes poetas atu-ais de outros países não desdenham de utilizar neste momento o metro, a rima, as formas fixas- e os inovam" (Cf.Jean Pierre Rousseau, "Interpréter les signes", in LE COIN DE TABLE, n119, p. 73).

Jean-Pierre Rousseau nos propôs em aula poema de Eino Leino: um dos mais reais, pungitivos, crus que possa ser escrito.

Fiz do mesmo urna tradução, evidentemente do francês do nosso professor. Projeto na tela da página, a seguir, esses três estágios do périplo lingüístico de um poeta desconhecido no Brasil.

I

MAANTIELLA

Ykso tuli sielta ja toinen tuli taalta, idasta, lannesta, pohjan paalta.

Yksi tuli hevosin já valkkyvin valjain, toinen tuli kavellen ja kyynarpain paljain. Eri oli rnatka ja eri oli rnaara,

kella oli oikea, kella oli vaara.

Maantien varteen me yhdyirnrne yossa, siina oli toiset jo tulenteon tyossa.

(3)

Kohta me istuimme veljien lailla ympari valkean, huolia vailla. Sanaleikit lensi ja evasviinat kulki,

toisen suu jo odotti, kun toinen suunsa sulki Yksi tiesi kertoa kevattuulten mailta,

toinen taisi tarut Lapin tunturin lailta.

Tuo tiesi lannesta sotasanat uudet, tama idan impien kuvas ihanuudet.

Toisen sun jo odotti, kun toinen suunsa sulki. Otava se kaantyi ja yõn hetket kulki.

Metsa oli pimea ja tie sumuvyõssa. Àaneti tulehen me tuijotimme yõssa. Minkii tuli mielehen viela imovainaa, minka mieltii yha muisto murhien painaa. Yksi mietti kavaluutta ystavan armaan, toinen suri syksya sydamensa harmaan. Orpo itki emoa ja murhamies rauhaa,

kaikki kaipas kotia já lapsuutta lauhaa.

Ei ole suuri apu micron muotioista, toista puolta polttaa, kun jaataa jo toista Metsii oli pimeii ja tie sumuvyõssa. Àaneti tuhkaan me tuijotimme yõssa

(4)

I I SURIAROUfE

L'un venait de là-bas, l'autre venait d'ici, de l'est ou de l'ouest, un autre du midi. L'un venait à cheval, le hamais tout doré, l'aútre venait à pied, le manteau élimé. Différent le dessein, différent le trajet,

1' un sur le bon chemin, l'autre sur le mauvais. Nous nous retrouvâmes tous à la nuit tombé, sur le bord du chemin, préparant la veillée. Nous nous installâmes en rond comme des fréres, autour d'un feu de bois, oubliant les miséres. Les jeux de mots fusaient, 1' eau de vie circulait, l'un à peine eut fini que l'autre reprenait.

L'un contait les contrées ou souffle le printemps, l'autre la Laponie, les légendes d'antan.

L'un venu l'ouest, les nouveaux mots de guerre, l'autre venu de l'est, les filies de ces terres. Lún à peine eut fini que l'autre reprenait. La grande Ourse toumait, et la nuit avançait. La forêt était sombre, et le chemin brumeux. Nous regardions le feu, dans la nuit, silencieux. L'un se souvint soudain de feue sa pauvre mére, 1' autre sentit le poids de ses crimes amers.

(5)

L'un pensait à l'ami cher qui l'avait trahi, l'autre pleurait l'hiver d'un coeur devenu gris. L' orphelin une mére, et l' assassin la paix, à chacun le foyer et l' enfance manquaient. De bien peu de secours est le feu de l' errant, il brule d'un côté, et de l'autre est glaçant. La forêt était sombre, et le chemim brumeux. Nous fixions, dans la nuit, la cendre, silencieux.

III

NA ESTRADA

Um vinha de bem ponge, o outro de aqui mesmo, do leste, oeste, norte e sul vinham, a esmo. Ora a cavalo, um, com estribo dourado, Ora a pé, outro, com seu manto surrado.

Cada qual tinha um fim, a sua rota e nau, Um pelo bom caminho, o outro pelo mau. Juntamo-nos, depois de a luz do sol velada, Sobre a beira da estrada, a encetar a noitada. Instalados em roda, irmãos que davam graças, em tomo da fogueira, a esquecer as desgraças. Circulava a bebida e a conversa fervia.

Findasse um, de pronto o outro prosseguia. Um falava em rincões que a primavera enflora, outro em torrão lapônio e nas lendas de outrora.

(6)

Um, vindo do ocidente: eis as novas da guerra; Outro, vindo do leste: eis as moças da terra. Findasse um, de pronto o outro prosseguia. Girava a grande Ursa, a noite progredia. Na floresta era sombra e na estrada era bruma.

E nós, mudos, fitando o fogo que se esfuma.

Um lembrou de inopino a pobre mãe finada, outro o peso sentiu da vida desvairada. Outro pensava no amigo estreme que o traíra, outro chorava o inverno em que um peito sumira. Minguava ao órfão mãe, ao desvairado paz e aos dois infância e lar. Que falta se lhes faz! Dá pouca ajuda o fogo àquele que vadia,

por um lado incandesce e pelo outro esfria.

Na floresta era sombra e na estrada era bruma. E nós, mudos, fitando a cinza que se gruma.

Referências

Documentos relacionados

AITKEN, A. Assuntos: Determinantes / Teoria de matrizes Cota: CAVE-15A15/AIT.Det/7ed. Sobre a convergência nas fracções contínuas de elementos complexos / João Farinha. da

As escadas de degrau redondo, não cumpre com as normas de segurança E.N.131. Escadas comercializadas a pedido especial e sob responsabilidade

Citons, par exemple : le recours à un groupe de travail consultatif pour l´élaboration du Programme d’action sanitaire durable pour les Amériques ; l´exercice ascendant de

Não obstante o cenário benigno para a inflação mensal, no acumulado em doze meses a inflação tende a se mostrar, ainda em patamares elevados, em grande parte, reflexo

En nous attardant sur La Plaisanterie, nous avons opté pour un roman qui fut pressenti par Aragon – dans sa Préface dédiée à Kundera – comme « l’un des plus grands romans de

Ce système, pour être efficace, doit prendre place dans ce que l’on appelle les automatismes langagiers, c’est-à-dire dans cette capacité qu’a le locuteur à solliciter

Dans ce rapprochement, qui convoque des questions clé de la littérature de langue française contemporaine, nous soulignons non seulement l’actualité de certains postulats

En effet, ces deux décennies littéraires voient le congédiement du Nouveau Roman (consacré, il est vrai, par le Nobel) et de la Textualité des années soixante-dix; l’émergence