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SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

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1 RIBUTO -

PREFERENCIAS DE CREDITO

Interpretação do art.

187 do Código Tributário Nacional.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

União Federal e Instituto Nacional de Previdência Social versus

Estado de Minas Gerais

Recurso Extraordinário n9 80762 - Relator: Sr. Ministro

XAVIER DE ALBUQUERQUE

ACÓllDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribu-nal Federal, em sessão plenária, de con-formidade com a ata de julgamento e notas taquigráficas, à unanimidade de votos, conhecer do recurso e lhe dar pro-vimento.

Brasília, 3 de novembro de 1976. Diaci Falcão, Presidente. Xavier de Albuquerque,

Relator.

llELATÓRIO

o

Sr. Ministro Xavier tk Albuquerque:

O despacho de admissão do recurso bem dilucida a espécie. nestes termos (fls. 109-110) :

"Versa, a espécie, sobre escalonamento preferencial de créditos em falência. A ego Terceira Câmara Civil, sem divergência na votação, negou provimento ao agravo in-terposto do decisório de fls. 58 - decisão essa que, em face da reclamação da Fa-zenda Estadual, reconheceu a inexistência de prioridade creditícia da União sobre os Estados e destes sobre os Municípios. Ir-resignados, a União Federal e o INPS, com lastro nas alíneas a, b e d da casuística

constitucional, recorrem extraordinaria-mente. Alegam os recorrentes que o V.

acórdão, com o teor de julgar, negou vigência ao art. 187, parágrafo único, do Código Tributário Nacional (Lei n9 5 172,

de 25_10_1966), bem como divergiu de julgado do Pretório Excelso. A recorrida ofereceu a contrariedade de fls. 101-102. O Dr. Procurador do Estado emitiu o pa-recer de fls. 108 e opinou por que se admitisse o apelo derradeiro.

Pois bem:

O V. acórdão recorrido, com o deslindar

a espécie, declarou a invigência do art. 187, parágrafo único, do Código Tribu-tário Nacional, pois o tinha, - esse dis-positivo, - revogado pela Emenda

Cons-titucional n9 1, art. 99 , inc. I. Ora, a inte-ligência extraída da norma constitucional - isto é, a de que ela não visa apenas acau-telar interesse políticos dos cidadãos - , deve ser examinada com circunspecção, pois se trata de matéria relevante. que merece ser dimensionada em seu exato al-cance. Cabe, pois, saber se o citado artigo

do Código Tributário Nacional tem ou não vigência em face da Emenda Consti. tucional n9 1. Quanto aos arts. 60, pará-grafo único, do DecretO-lei n9 960, e 1 571 do Código Civil, essas normas não foram questionadas no acórdão, mas refe-ridas apenas obter dictum.

A letra b do p.c. não calha à espécie.

e

que não houve declaração de inconstitu-cionalidade da lei federal invocada.

No que tange a dissenso interpretativo, os arestos indicados nas postulações recur-tais de fls. 92-98 e 103-105, nenhum deles tem o préstimo de padrão. Com efeito, o do Pretório Excelso (RTI 55-6(0) vem

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apenas ementado e não se refere ao art. 187, parágrafo único, do Código Tribu-tário Nacional. O do Tribunal de Alçada deste Estado não serve de paradigma, poi,> se trata de dissídio dentro de um mesmo sistema judiciário.

Em face dessas considerações, admito o recurso com base apenas na alínea a

da norma constitucional. E o faço porque, ao meu cuidar, a negativa de vigência do art. 187, parágrafo único, do CTN, em face da Emenda Constitucional n9 1, en-volve matéria relevante e, por isso mesmo benemérita de reexame pelo Sumo Pretório. Pelo conhecimento e provimento do re-curso foi o parecer da douta Procurado-ria-Geral da República, do qual destaco os trechos decisivos (fls. 130-131) :

"A decisão recorrida deixou de aplicar a ordem de prioridade para o pagamento dos créditos tributários, prevista no art. 187, parágrafo único, do CTN, por alega-da incompatibilialega-dade entre o citado dispo-sitivo legal e o art. 99, I, da Constituição Federal.

Não existe, efetivamente, a incompatibi-lidade apontada. A vedação de se estabele-cerem preferências, imposta pelo legisla-dor constitucional à União, Estados, Dis-trito Federal e Municípios, não objetiva assegurar a igualdade das pessoas de di-reito público interno, mas acautelar direi-tos políticos, impedindo tratamento que não seja uniforme entre brasileiros de quaisquer Unidades da Federação e entre estas e os Municípios.

O crédito previdenciário do INPS, por força do disposto no art. 157, da Lei n9 3807, de 1960, com a redação dada pelo art. 25, do Decreto-Iei n9 66, de 1966, goza também da prioridade atribuída pelo Código Tributário Nacional aos créditos tributários da União, aos quais são equi-parados, seguindo-se a estes na escala de preferência.

Configurando-se a negativa de vigência à lei federal, bem como as hipóteses pre-vistas Doas alíneas b e d, opinamos pelo

conhecimento e provimento dos Apelos interpostos. "

É o relatório.

VOTO

o

Sr. Ministro Xavier de Albuquerque

(Relator): Pende de julgamento neste Ple-nário o RE 80045, Relator o Sr. Ministro Aliomar Baleeiro, que versa a mesma questão. Votou o Relator no sentido do acórdão agora recorrido, enquanto vota-mos contrariamente os Ministros Rodri-gues Alckmim, Cordeiro Guerra, Leitão de Abreu, Antonio Neder e eu. Está com vista dos autos o Sr. Ministro Eloy da Rocha.

Reporto-me ao voto que naquele caso proferi, de adesão ao do Sr. Ministro Ro-drigues Alckmim, depois prestigiado pelos fundamentos que também trouxe o Sr. Mi-nistro Leitão de Abreu.

Conheço, pois, do recurso, e lhe dou provimento para, reconhecendo- a plena vi-gência do art. 187, parágrafo único do Código Tributário Nacional, mandar que se observe a ordem de preferências nele estabelecida.

EXTRATO DA ATA

RE 80762 - MG - Rel., Ministro Xa-vier de Albuquerque. 1. Recte., União Fe-deral, 29 Recte., Instituto Nacional de Previdência Social (Adv., Hélio Bastos de Carvalho). Recdo., Estado de Minas Ge-rais (Adv. Geraldo Pereira da Fonseca).

Decisão: Pediu vista o Ministro Eloy da Rocha, após o voto do Relator, conhe-cendo e dando provimento ao recurso. Im-pedido o Ministro Cunha Peixoto.

Presidência do Sr. Ministro Djaci Fal-cão. Presentes à Sessão os Srs. Ministro

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Eloy da Rocha, Thompson Flores, Bilac Pinto, Antonio Neder, Xavier de Albu-querque, Rodrigues Alckmim, Leitão de Abreu, Cordeiro Guerra, Moreira Alves e Cunha Peixoto. Procurador-Geral da Re-pública, o Dr. Henrique Fonseca de Araújo.

Brasília, 19 de novembro de 1975.

Alberto Veronese Aguiar, Secretário.

varo (VISTA)

o Sr. Ministro Eloy da Rocha: Não

obs-tante a redação do art. 99, I, da Emenda Constitucional n9 1, de 17 .10.1969, não houve, a meu ver, modificação subs-tancial do princípio consagrado na Cons-tituição de 1967. A norma não define, em termos absolutos, a posição da União, em confronto com a dos Estados, do Dis-trito Federal, ou dos Municípios, que deve ser estabelecida dentro do contexto da Constituição.

O art. 99 , I, contém regra geral de vedação de legislação, que se insere, no Título I, Da Organização Nacional, no Capítulo lI, referente à União, em segui-da ao art. 89, sobre competência da União, e parágrafo único, sobre competência su-pletiva dos Estados.

Em matéria tributária, há regras veda-tivas específicas, que se encontram no Capítulo V, denominado Do Sistema Tri-butário. Assim, pelo art. 19: .. ~ vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - instituir ou au-mentar tributo sem que a lei o estabeleça, ressalvados os casos previstos nesta Cons-tituição,· II - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou mercadorias, por meio de tributos, interestaduais, ou inter-municipais; e III - instituir imposto sobre: a) o patrimônio, a renda ou os serviços uns dos outros; ... " Conforme o art. 20:

.. ~ vedado: I - à União instituir tributo que não seja uniforme em todo o

terri-tório nacional OU implique distinção ou preferência em relação a qualquer Estado ou Município em prejuízo de outro; 11

- à União tributar a renda das obriga-ções da dívida pública estadual ou muni-cipal e

os

proventos dos agentes dos Es-tados e Municípios, em níveis superiores aos que fixar para as suas próprias obri-gações e para os proventos dos seus pró-prios agentes; e 111 - aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabe-lecer diferença tributária entre bens de qualquer natureza, em razão da sua pro-cedência ou destino."

Para integração no sistema constitucio-nal tributário, além da regra geral inscrita no art. 18, § 19, a Constituição ainda sujeita os Estados, o Distrito Federal (sem contar, quanto a este, o art. 17, § 19 ) e os Municípios em matéria das respectivas competências tributárias, em determinadas hipóteses, ao Poder Legislativo da União, mediante lei complementar, ou lei ordi-nária, ou Resolução do Senado Federal por proposta do Presidente da República. Tenham-se presentes, nomeadamefll!e, estes dispositivos constitucionais:

O § 19 do art. 18: "Lei complementar estabelecerá normas gerais de direito tri-butário, disporá sobre os conflitos de com-petência nessa matéria entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-pios e regulará as limitações constitucio-nais do poder de tributar."

O § 29 do art. 19: "A União, mediante lei complementar e atendendo a relevante interesse social ou econômico

poderá conceder isenções de estaduais e municipais."

nacional impostos O art. 23: "Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:

I - transmissão, a qualquer título, de bens imóveis por natureza e acessão física e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como sobre a cessão de direitos à sua aquisição; e

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11 - operações relativas à circulação de mercadorias, realizadas por produto-res, industriais e comerciantes, impost'Js que serão cumulativos e dos quais se aba-terá, nos termos do disposto em lei com-plementar, o montante cobrado nas ante-riores, pelo mesmo ou por outro Estado.

§ 29 O imposto de que trata o item I compete ao Estado onde está situado o imóvel, ainda que a transmissão resulte de sucessão aberta no estrangeiro; sua alí-quota não excederá os limites estabeleci-dos em resolução do Senado Federal por proposta do Presidente da República, na forma prevista em lei.

§ 49 Lei complementar poderá insti-tuir, além das mencionadas no item 11, outras categorias de contribuintes daquele imposto.

§ 59 A alíquota do imposto a que se refere o item 11 será uniforme para todas as mercadorias nas operações internas e interestaduais; o Senado Federal, mediante resolução tomada por iniciativa do Presi· dente da República, fixará as alíquotas máximas para as operações internas, as interestaduais e as de exportação.

§ 69 As isenções do imposto sobre operações relativas à circulação de mer-cadorias serão concedidas ou revogadas nos termos fixados em convênios, celebn-dos e ratificacelebn-dos pelos Estacelebn-dos, segundo o disposto em lei complementar.

§ 79 O imposto de que trata o item II não incidirá sobre as operações que des-tinem ao exterior produtos industrializados e outros que a lei indicar."

O art. 24: "Compete aos municípios instituir imposto sobre:

11 - serviços de qualquer natureza não compreendidos na competência tributária

da União ou dos Estados, definidos em lei complementar.

§ 49 Lei complementar poderá fixar as alíquotas máximas do imposto de que trata o item 11."

A preferência dos créditos tributári.J3 regula-se na lei complementar prevista no art. 18, § 19, da Constituição. Dispõem os arts. 186 e 187 da Lei n9 5 172, de 25.10.1966, Código Tributário Nacional, a que se tem reconhecido o caráter de lei materialmente complementar:

"Art. 186. O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for a natureza ou o tempo da constituição deste, ressal-vados os créditos decorrentes da legis-lação do trabalho.

Art. 187. A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de cre-dores ou habilitação em falência, concor-data, inventário ou arrolamento.

Parágrafo único. O COIliCurso de pref~­

rência somente se verifica entre pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem:

I - União;

11 - Estados, Distrito Federal e Terr! tórios, conjuntamente e pro rata;

IH - Municípios, conjuntamente e pro

rata."

Entendo que o art. 187, parágrafo único, da Lei n9 5 172, não é contrário ao art. 99, I, segunda parte, da Emenda Consti-tucional n9 1, de 17.10.1969, e, portanto, não foi revogado por essa regra constitu-cional.

Segundo o ar!. 157 da Lei Orgânica da Previdência Social, Lei n9 3 807, de 26.8. 1960, com a redação do art. 25 do Decreto-lei n9 66, de 21.11.1966: "Os créditos da previdência social relativos a contribuições e seus adicionais ou acrés. cimos de qualquer natureza por ela

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arre-cadadas, inclusive a quota de previdência, a correção monetária e os juros de mora correspondentes, nos processos de falência, concordata ou concurso de credores, estão sujeitos às disposições atinentes aos cré-ditos da União, aos quais são equiparados, seguindo-se a estes na ordem de priori-dade_" Por sua vez, o Decreto-Iei n9 72, também de 21.11.1966, que unificou os Institutos de Aposentadoria e Pensões, dispôs, no art. 2Q: "O INPS constitui órgão de administração indireta da União, tem personalidade de natureza autárquica e goza, em toda sua plenitude, inclusive no que se refere a seus bens, serviços e ações, das regalias, privilégios e imuni-dades da União."

Conheço do recurso e lhe dou provi-mento.

MULTA FISCAL -

SUCESSOR

EXTRATO DA ATA

RE 80 762 - MG - ReI., Ministro Xavier de Albuquerque. 19 Recte., União Federal. 29 Recte., Instituto Nacional de Previdência Social (Adv. Hélio Bastos de Carvalho). Recdo., Estado de Minas Ge-rais (Adv. Geraldo Pereira da Fonseca).

Decisão: Conhecido e provido, unani-memente. Votou o Presidente. Impedido o Ministro Cunha Peixoto.

Presidência do Sr. Ministro Djaci Falcão. Presentes à Sessão os Srs. Ministros Eloy da Rocha, Thompson Flores, Bilac Pinto, Antonio Neder, Xavier de Albuquerque, Rodrigues Alckmin, Leitão de Abreu, Cor-deiro Guerra, Moreira Alves e Cunha Peixoto. Procurador-Geral da República, o Dr. Henrique Fonseca de Araújo.

Brasília, 3 de novembro de 1976. Al-berto Veronese Aguiar, Secretário_

-

O sucessor, adquirente de estabelecimento comercial,

respon-de pelos tributos respon-devidos pelo antecessor, não, porém, pelas multas

punitivas.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Estado de São Paulo versus Confeitaria Santa Isabel e outros Recurso Extraordinário n9 83514 - Relator: Sr. Mõnistro

ELoY DA ROCHA

ACÓRDÃO

Vistos,

Acordam os Ministros do Supremo Tri-bunal Federal, em Primeira Turma, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso, na conformidade das notas taqui-gráficas.

Brasília, 17 de agosto de 1976. Eloy da Rocha, Presidente e Relator.

RELATÓRIO

o Sr. Ministro Eloy da Rocha: A Quarta

Câmara do Primeiro Tribunal de Alçada

Civil de São Paulo deu provimento parcial a agravo de petição da Padaria e Con-feitaria Santa Isabel Ltda. e outros, da sentença de primeira instância que julgou procedente executivo fiscal movido pela Fazenda do Estado.

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