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VI Congreso ALAP. Dinámica de población y desarrollo sostenible con equidad

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VI Congreso ALAP

Dinámica de población y desarrollo

sostenible con equidad

Dinâmica demográfica e migratória da Região

Metropolitana de São Paulo no período 1991-2010:

realidades e mitos

José Marcos Pinto da Cunha

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Introdução

Esse capítulo tem como objetivo apresentar algumas facetas da dinâmica demográfica da RM de São Paulo, a partir de duas perspectivas: a primeira procura relativizar a ideia de que esteja de fato ocorrendo um processo de desconcentração metropolitana no Brasil, o que, pela repetição e uso muitas vezes ligeiros dos dados, vem se cristalizando entre alguns pesquisadores e tem levado a assertivas no sentido de sustentar hipóteses como as de “interiorização” e “desmetropolização” (SANTOS, 2005); e a segunda, de certa forma ligada à primeira, destina-se a mostrar que, mesmo com crescimento demográfico cada vez mais reduzido, as regiões metropolitanas brasileiras, especialmente a RMSP, continuam apresentando grande potencial de expansão territorial e populacional intra-regional.

Estas duas questões serão precedidas de um olhar panorâmico e sucinto sobre o comportamento demográfico das regiões metropolitanas brasileiras, no sentido não apenas de reforçar os argumentos pretendidos, mas também de construir um pano de fundo sobre o qual o comportamento da RMSP seja mais bem compreendido.

Não há dúvidas de que o processo de urbanização brasileiro, desencadeado particularmente nos anos 1970, teve como uma de suas principais características o surgimento de grandes aglomerações urbanas, particularmente as de caráter metropolitano (FARIAS, 1991, BRITO, 2009, SANTOS, 2005). Assim, o que poderia ser chamado de “fenômeno metropolitano” coincide com a redução progressiva da população vivendo não apenas nas áreas rurais, mas também nas pequenas cidades do interior do país, processo no qual a migração foi elemento decisivo.

No entanto, é interessante notar que, embora seja verdadeira a afirmação de que a urbanização brasileira acarretou uma concentração da população (especialmente nas franjas litorâneas), talvez a característica mais original do país não tenha sido exatamente a velocidade com que o país se urbanizou, mas sim o fato de que este processo se desenrolou sem que se registrasse elevado grau de primazia entre as cidades e, sobretudo, suas grandes aglomerações urbanas. Se comparado a outros países como Argentina, Chile, Uruguai, etc., pode-se dizer que o Brasil até que apresenta uma distribuição regional da população relativamente equilibrada pelo menos em se tratando da concentração demográfica em uma ou poucas regiões.

Assim, o termo “desconcentração-concentrada” (RODRIGUEZ; BUSSO, 2009), que tem sido usado para compreender as tendências de expansão demográfica e econômica para além das fronteiras metropolitanas, mas em raios limitados

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espacialmente, possivelmente também poderia ser utilizado para entender o processo de formação da rede urbana nacional, já que boa parte de sua expansão se dá em contexto das aglomerações urbanas − metropolitanas ou não. Martine (1987), já no final dos anos 1980, sustentava que muito pouco restava das tendências de redistribuição espacial da população que levavam à sua interiorização, comportamento que não apenas não se reverteu como também se acentuou. Na verdade, até mesmo o tão propalado “crescimento das cidades médias” não resistira a uma análise mais minuciosa se contextualizado em termos de onde se localizam tais cidades no Brasil.

No nível interno das RMs ainda hoje se observa um grande potencial redistributivo da população, seja devido à migração externa, que mesmo em baixa representa parte significativa do crescimento das nossas periferias, seja em função da migração intrametropolitana, que continua significativa, ou ainda do próprio crescimento vegetativo dessas áreas, que, embora muitas vezes ignorado, pode fazer a diferença no processo de redistribuição espacial da população no interior destas áreas.

Na verdade, ainda que não se possa discutir com os números que mostram que nossas RMs, especialmente a RMSP, crescem cada vez menos, o mesmo não se pode dizer quando se focalizam os municípios e, principalmente, os bairros e distritos da região, como bem mostram Marques e Requena em um dos capítulos desse livro.

Como será mostrado, mesmo que os municípios-“sede” cresçam muito pouco ou até negativamente, continua impressionante o ritmo de expansão de alguns municípios periféricos, que, a cada década, localizam-se mais e mais distantes do que, no passado, seria considerado o centro metropolitano. Obviamente que a própria ideia original de centro e periferia não mais se ajusta ao que se observa nessas regiões. Talvez a noção de regiões metropolitanas “polinucleadas” (GOTTDIENER, 1993) seja mais apropriada, particularmente na RMSP, para essa nova formação espacial que está se desenvolvendo. Contudo, o fato é que cidades cada vez mais distantes se destacam pelos seus crescimentos demográficos significativos numa região que pouco cresce. Tais municípios, apesar de não mais abrigarem apenas as classes populares, ainda se constituem como áreas que recebem parcela significativa dos migrantes tanto externos (TORRES, 2005) como da própria região.

Nesse sentido, conhecer o impacto da migração sobre tais municípios, assim com sua natureza em termos das áreas de origem dos migrantes, reveste-se de grande significado para quem pretende conhecer não apenas as causas, mas também as consequências da dinâmica demográfica das RMs brasileiras.

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Assim, esse capítulo pretende mostrar que, a despeito da redução do crescimento demográfico – que constitui a regra em todas as regiões do Brasil – e do decréscimo dos seus ganhos migratórios líquidos, as RMs, particularmente a de São de Paulo, continuam a ser as grandes protagonistas da dinâmica demográfica e social do país, bem como as áreas onde vive boa parte da população brasileira e certamente onde estão alguns dos maiores desafios para os habitantes resolverem suas necessidades básicas. Por último, é na região metropolitana que a mobilidade espacial, seja a diária ou a “residencial”, torna-se mais intensa, merecendo atenção especial por seu impacto não apenas demográfico, mas também socioeconômico.

O Brasil metropolitano: principais tendências e diversidade regional

O “Brasil metropolitano” não é homogêneo e muito menos regionalmente localizado. Ele é diverso e disperso no território nacional e, embora possa ter certas recorrências, sobretudo em termos das tendências de expansão territorial e demográfica, apresenta diversidades espaço-temporais e regionais quanto à sua formação e especificidades em termos dos condicionantes econômicos e políticos. Segundo Santos (2005, p. 58), “no sistema urbano, as categorias consideradas homólogas, os níveis tidos como paralelos são cada vez mais diferenciados entre si [...] Hoje, cada cidade é diferente da outra, não importa o seu tamanho, pois entre as metrópoles também há diferenças”.

Embora possa ser apontado como uma das principais consequências do intenso processo de urbanização brasileira, sobretudo no período de industrialização do país, esse “Brasil metropolitano” não expressa tal importância em termos demográficos. Por exemplo, enquanto as nove RMs federais respondiam, em 2010, por mais de 40% do PIB nacional,1 em termos populacionais elas representavam pouco mais de 26%. Mesmo no caso da RMSP, segundo Santos (2005, p. 59) “área polar do Brasil” ou “metrópole onipresente no território brasileiro”, seus cerca de 20 milhões de habitantes somavam 10,2% da população brasileira.

De qualquer maneira, é importante mencionar que, ao longo do que teria sido no entender de vários autores (BAENINGER, 2011; SOUZA, 2004; SANTOS, 2005) o

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Considerando a divisão entre os centros e as periferias metropolitanas em termos de geração de riqueza, percebe-se algo interessante: enquanto os primeiros responderam por 26% do PIB nacional, as periferias representavam apenas 14,8%. Um olhar sobre o comportamento de cada uma das RMs mostra que as diferenças são ainda mais fortes: enquanto na RM de São Paulo o centro foi responsável, em 2010, por 18,67% do PIB nacional e, na RM do Rio de Janeiro, por 7,3%, nas periferias destas regiões o percentual não ultrapassava os 4%.

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período de maior desconcentração metropolitana no país (pós 1980), a participação relativa tanto do conjunto das regiões metropolitanas quanto da RM de São Paulo praticamente não sofreu modificações, sendo que em alguns casos, como o Distrito Federal2 e Belo Horizonte, até mesmo percebeu-se um leve incremento, como mostram os dados da Tabela 1.

Tabela 1

População residente e participação no total do país

Regiões metropolitanas brasileiras e Distrito Federal − 1980-2010

Fonte: IBGE. Censos Demográficos 1980, 1991, 2000 e 2010.

É com base nesses dados que se entende ser no mínimo exagerado considerar que tenha ocorrido no Brasil um efetivo processo de desconcentração metropolitana ou até mesmo uma desmetropolização. Como reconhecem os autores anteriormente citados, o que se observou foi uma desconcentração relativa, muito embora é possível dizer que até mesmo essa concepção seja um tanto inadequada.

As cidades milionárias ou aglomerações e conurbações com volumes elevados de população aumentaram significativamente no Brasil depois dos anos 1970 (SANTOS, 2005), “absorvendo” parte importante da propalada desconcentração. Aliás, o mesmo pode ser dito com relação ao também conhecido discurso do crescimento

2 Na verdade o nome oficial da RM centralizada pelo DF é “Região Integrada de

Desenvolvimento” (Ride), assim chamada por englobar municípios de três Unidades da Federação (o próprio DF, Goiás e Minas Gerais). Contudo, nesse texto será utilizada a notação simplificada. 1980 1991 2000 2010 1980 1991 2000 2010 São Paulo 12.588.745 15.444.941 17.878.703 19.683.975 10,4 10,5 10,5 10,3 Rio de Janeiro 8.772.277 9.814.574 10.894.156 11.835.708 7,2 6,7 6,4 6,2 Belo Horizonte 2.618.801 3.445.574 4.819.288 5.414.701 2,2 2,3 2,8 2,8 Curitiba 1.489.351 2.051.307 2.726.556 3.174.201 1,2 1,4 1,6 1,7 Porto Alegre 2.305.552 3.051.575 3.658.376 3.958.985 1,9 2,1 2,2 2,1 Distrito Federal 1.557.211 2.161.709 2.952.276 3.717.728 1,3 1,5 1,7 1,9 Belém 1.021.473 1.401.305 1.795.536 2.101.883 0,8 1 1,1 1,1 Fortaleza 1.592.665 2.325.300 2.984.689 3.615.755 1,3 1,6 1,8 1,9 Recife 2.386.600 2.919.979 3.337.565 3.690.547 2 2 2 1,9 Salvador 1.766.738 2.496.521 3.021.572 3.573.973 1,5 1,7 1,8 1,9 Todas as RMs 36.101.393 45.114.776 54.070.717 60.769.466 29,8 30,7 31,9 31,9 Brasil 121.150.573 146.917.459 169.590.693 190.755.799 100 100 100 100 Fonte: IBGE. Censos Demográficos 1980, 1991, 2000 e 2010.

Regiões Metropolitanas e

Distrito Federal

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das cidades médias, uma vez que muitas delas encontram-se nestas aglomerações. Os dados apresentados por Baeninger (2011) reforçam essa assertiva ao mostrarem que, entre 1991 e 2000, as cidades na faixa de 100 mil a 500 mil habitantes incrementaram sua participação na população brasileira em âmbito tanto metropolitano quanto não-metropolitano, muito embora nesse último caso o incremento tenha sido maior.3 Ou seja, se for considerada correta essa leitura dos dados, não seria muito adequado se falar de um processo de interiorização ou mesmo desmetropolização, mas sim de uma ampliação das aglomerações urbanas de caráter metropolitano, ou até uma dispersão da metropolização.

Nesse caso particular, Reis Filho (2006) defende a existência do que ele chama de urbanização dispersa, que de alguma forma interfere na organização do cotidiano, passando a se dar em âmbito regional.

O quadro que se configura é de reorganização da vida cotidiana. Uma parcela significativa da população passa ater a sua vida organizada em escala regional. As cidades deixam de ser as sedes da vida cotidiana, para se transformarem em polos de um sistema articulado em escala mais ampla, regional, no qual se desenvolve a vida cotidiana. Para uma porcentagem mais restrita da população, esse cotidiano se desenvolve também em escala inter-regional, como nos casos de alguns habitantes das Regiões Metropolitanas de São Paulo e Campinas, da Baixada Santista e do Vale do Paraíba, que se deslocam diariamente entre duas delas. (REIS FILHO, 2006, p. 91)

No caso de São Paulo, a discussão recente sobre a “Macrometrópole Paulista”, encaminhada pela Emplasa e prenunciada por Souza (1978, apud SANTOS, 2005) no final dos anos 1970, deixa poucas dúvidas sobre algo que muitos negavam há bem pouco tempo, ou seja, o caráter de complementaridade entre a RM de São Paulo e as aglomerações urbanas (três delas, Campinas, Baixada Santista e Vale do Paraíba, hoje oficialmente RMs) que a circundam (EMPLASA, 2011, 2012). Corroboram esse caráter de complementaridade não apenas as relações econômicas e de infraestrutura, mas também as relações sociais existentes entre estas áreas representadas, por exemplo, pela mobilidade pendular (CUNHA et al., 2013).

Assim, estamos de acordo com Rodriguez e Busso (2009, p.124) que, ao se referirem à situação da RM de São Paulo e do Rio de Janeiro, sugerem que:

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Segundo dados apresentados por Baeninger (2009), os municípios com esse tamanho no contexto “não metropolitano” passaram de 10,2% para 17,3% e no metropolitano de 7,4% para 8,7%. Além disso, deve-se considerar que as RMs estudadas pela autora (as nove federais mais Campinas e Distrito Federal), na verdade, não contemplam várias outras aglomerações importantes, tais como Manaus, Florianópolis, Baixada Santista e Goiânia, apenas para mencionar algumas delas.

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Lo que puede estar ocurriendo es que en ambas ciudades la mayoría de losemigrantes se estén dirigiendo hacia localidades próximas, con lo que su “pérdida de atractivo” sería más bien una ficción y, en cambio, podría estar materializándose una ampliación de su zona de influencia o la constitución de unárea metropolitana extendida.

Seja com for, para além da desmistificação da desconcentração metropolitana, o que se pretende mostrar aqui é que no Brasil, mesmo considerando-se que por volta dos anos 2010 somente um terço da população vivia nas aglomerações urbanas de caráter metropolitano,4 estas áreas são protagonistas da dinâmica demográfica nacional e, em particular, do que se observa em termos migratórios. Ainda que seja real o fato de a migração para estas áreas ter se reduzido, não há como negar que, com o “fechamento” das fronteiras agrícolas e, portanto, o quase desaparecimento das possibilidades de interiorização da população brasileira, o fenômeno metropolitano – ou, de forma mais geral, das grandes aglomerações urbanas – seguirá sendo a grande questão a ser considerada quando se trata do processo de redistribuição espacial da população nacional.

Como se verá mais adiante, um exemplo disso é o fato de que os dados do Censo 2010 sugerem que, após significativo decréscimo da migração líquida para estas áreas, fruto não apenas da redução dos movimentos interestaduais, mas também da intensificação da migração de retorno, estas áreas, em particular a RMSP, apresentam alguma recuperação que, não por coincidência, ocorre em sintonia com a recuperação econômica destas áreas, após um longo período de crise em seus respectivos mercados de trabalho

Conforme já apontado por vários outros estudos, assim como toda a população brasileira, o Brasil metropolitano também reduziu seu crescimento demográfico, certamente com maior intensidade, uma vez que nestes casos a migração (e não apenas a fecundidade) tem impacto decisivo.

No entanto, a ampliação da população residindo nestas áreas foi diferenciada tanto regional quanto temporalmente. Como se observa na Tabela 2, enquanto as RMs do Sudeste (São Paulo e Rio de Janeiro), já na década de 1980, cresciam a taxas próximas ou abaixo da média nacional, outras, como o Distrito Federal e Salvador, apresentavam intensidade de crescimento demográfico quase duas vezes

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A baixa primazia aludida na introdução desse texto se reflete na comparação com alguns países da América do Sul. De fato, na Argentina, em 2010, mais de 55% da população vivia na província de Buenos Aires ou na capital federal do país; no Chile, cerca de 40% da dos habitantes, em 2002, moravam na Região Metropolitana de Santiago; e no Uruguai, em 2006, mais de 40% da população residia na província que continha a capital do país (Montevideo). Já no caso do México, em 2010, o comportamento é similar ao do Brasil, uma vez que sua maior RM abriga apenas 21,4% da população nacional.

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superior àquela registrada para o total do Brasil. Nos anos 2000, percebe-se que muitas RMs, como Curitiba, Salvador, Distrito Federal, Fortaleza e Belém, ainda crescem mais rapidamente do que a população brasileira, mostrando que a força do fenômeno metropolitano ainda está presente.

Além da exagerada percepção de estar havendo uma desconcentração demográfica no país,5 talvez o que mais tem prejudicado o reconhecimento do ainda enorme protagonismo das RMs na dinâmica demográfica brasileira seja a não consideração do grande potencial redistributivo existente nestas cidades. Assim, além da importância do fenômeno da metropolização ou, parafraseando Santos (2005), “macrourbanização” por sua concentração não apenas das vantagens – como a maior disponibilidade das atividades modernas –, mas também das desvantagens – como os efeitos da crise e sobretudo da pobreza (SANTOS, 2005, p.87) –, deve-se levar em conta que o poder de transformação demográfico espacial presente nestas áreas é ainda muito grande.

Os dados da Tabela 2 permitem notar que, apesar de os municípios centrais destas áreas crescerem muito lentamente, a maior parte da região aqui chamada de "periferia"6 ainda hoje apresenta intenso ritmo de incremento demográfico, que, como se verá no caso da RMSP, tem parte importante de sua explicação nas transferências internas de população.7 Observa-se que o maior crescimento ocorreu nos anos 1980 e 1990, mas ainda nos 2000 foram registrados níveis significativos de incremento da população em algumas regiões.

Tabela 2

Taxas médias de crescimento anual da população, segundo áreas

Regiões metropolitanas brasileiras e Distrito Federal – 1991-2010

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Outra forma que tem sido utilizada para justificar essa desconcentração é observar a redução do peso relativo da parte “metropolitana” na população urbana que, de fato, existiu, no entanto, pode-se considerar que tal observação do dado resulta ser um tanto falaciosa. Para se ter uma ideia, considerando as nove RMs federais e o Distrito Federal, a população total destas áreas aumentou seu peso relativo, entre 1980 e 2010, em dois pontos percentuais no caso da população total (de 29% para 31%); contudo, ao se considerar apenas a população urbana, a situação se inverte, pois a “parte metropolitana” do país perde cerca de seis pontos percentuais (de 42% passa para 36%). No entanto, não é de se estranhar esse aumento tendo em vista que, mesmo nas áreas mais dependentes das atividades agropecuárias, como é o caso do Norte e Centro-Oeste e, de maneira mais específica, dos pequenos municípios brasileiros, a população tem se urbanizado muito rapidamente, o que inevitavelmente implicaria a “desconcentração” sugerida pelos dados. Trata-se, portanto, muito mais de um efeito de “reclassificação” do que uma realidade demográfica efetiva.

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Sem desconsiderar o debate existente sobre o significado e a própria adequação na atualidade da dicotomia “centro/periferia”, nesse texto emprega-se essa notação apenas a partir de uma perspectiva espacial, visando distinguir a cidade sede metropolitana (centro) das demais (periferia).

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É importante deixar claro que o peso da migração intrametropolitana não é o mesmo em todas as regiões. Estudos elaborados para a RM de Campinas, por exemplo, mostram um impacto muito menor desse tipo de migração no crescimento dos municípios periféricos (CUNHA, 2011; DOTA, 2012).

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Fonte: IBGE. Censos Demográficos 1980, 1991, 2000 e 2010.

Considerando-se que o crescimento natural (ou vegetativo) no Brasil não seria superior a 1,17% ao ano,8 fica evidente que as taxas alcançadas não apenas pela “periferia”, mas também por muitos municípios centrais somente seriam explicadas pelo impacto da migração. No entanto, devem ser reconhecidas as diferenças existentes não só em termos dos períodos estudados, mas também entre as RMs.

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Levando em conta que o impacto da migração internacional no crescimento demográfico do Brasil é muito baixo, pode-se pensar em sua taxa de crescimento populacional (1,17% a.a.) como uma proxi do crescimento vegetativo nacional, muito embora se possa considerar que em Estados como São Paulo provavelmente essa taxa seria menor em função de menor fecundidade.

Em porcentagem São Paulo 1,88 1,64 0,97 Centro 1,16 0,88 0,76 Peri feri a 3,21 2,81 1,25 Rio de Janeiro 1,03 1,17 0,83 Centro 0,67 0,74 0,76 Peri feri a 1,49 1,73 0,91 Belo Horizonte 2,53 3,8 1,17 Centro 1,15 1,15 0,59 Peri feri a 4,95 6,82 1,65 Curitiba 2,95 3,21 1,53 Centro 2,29 2,11 0,99 Peri feri a 4,28 4,97 2,24 Porto Alegre 2,58 2,04 0,79 Centro 1,06 0,83 0,35 Peri feri a 3,85 2,83 1,05 Distrito Federal 3,03 3,52 2,33 Centro 2,84 2,79 2,28 Peri feri a 3,59 5,42 2,45 Belém 2,92 2,79 1,59 Centro 2,65 0,32 0,85 Peri feri a 5,36 14,14 3,24 Fortaleza 3,5 2,81 1,94 Centro 2,78 2,15 1,36 Peri feri a 6,27 4,72 3,27 Recife 1,85 1,5 1,01 Centro 0,69 1,02 0,78 Peri feri a 2,91 1,86 1,18 Salvador 3,19 2,14 1,69 Centro 2,98 1,83 0,91 Peri feri a 4,31 3,59 4,5 Brasil 1,77 1,61 1,18

Regi ões metropol i tna s e

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O impacto da migração no crescimento demográfico das RMs pode ser captado de forma aproximada com dados censitários sobre a residência cinco anos antes do Censo.9 Assim, optou-se por apresentar essas informações apenas para algumas das RMs aqui analisadas, visando não apenas dar uma ideia desse impacto, mas também apontar para a diversidade existente no Brasil. Para tanto, foram escolhidas as duas regiões do Sudeste (São Paulo e Rio de Janeiro) uma do Sul (Curitiba), uma do Centro-Oeste (Distrito Federal) e duas do Nordeste (Salvador e Recife), estas últimas por representarem dois dos principais estados de emigração líquida do país.

A Tabela 2 traz as taxas médias de crescimento demográfico10 e de migração líquida anual e o volume da migração líquida para três momentos distintos. Estes dados mostram não apenas o arrefecimento do impacto da migração sobre o crescimento demográfico (tendo em vista a quedas das taxas de migração líquida), mas também a redução significativa do volume da migração líquida, sendo que em alguns casos, como São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, os valores nos anos 1990 e 2000 foram negativos.

9 A informação sobre residência cinco anos antes, disponível nos Censos de 1991, 2000 e 2010, permite

estimar volumes de imigração e emigração para o período quinquenal imediatamente anterior ao Censo. Contudo, essas estimativas devem ser consideradas com cuidado, em primeiro lugar porque não incluem a migração de crianças menores de cinco anos (ainda não nascidas no momento de referência da informação) e também por problemas de declaração por parte dos entrevistados. Para mais detalhes sobre como usar a informação censitária sobre migração, ver, por exemplo, Rigotti (2011) ou Cunha (2012).

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Note-se que, pelo dado utilizado, as taxas de crescimento demográfico referem-se ao período intercensitário e as taxas de migração líquida ao quinquênio imediatamente anterior ao Censo. Assim, para efeito de comparação com a taxa de crescimento demográfico, essa última taxa será considerada representativa de todo o período intercensitário, o que pode não ser verdade.

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Tabela 3

Taxas médias de crescimento anual demográfico e de migração

líquida e volume de migração líquida

Regiões metropolitanas selecionadas − 1986-2010

Fonte: Censos Demográficos 1991, 2000 e 2010 (tabulações especiais – Nepo/Unicamp). (1) Refere-se ao crescimento intercensitário.

Também chama a atenção o fato de a redução do impacto da migração − e até mesmo a mudança de sinal do saldo migratório − ter sido mais expressiva nas RMs mais antigas, consolidadas com maior concentração econômica e que, portanto, foram as mais afetadas pela crise econômica. Na verdade, esta tendência é consistente com o forte decréscimo na intensidade e volume de migração interestadual, ressaltado em vários estudos, entre eles Cunha e Baeninger (2005, 2013). Em regiões que floresceram nas décadas de 1980 e 1990, beneficiadas pela desconcentração econômica, nota-se que a migração, apesar de também afetada, teve comportamento distinto. Um último aspecto que merece atenção refere-se à aparente recuperação migratória ocorrida nos anos 2000 na RM de São Paulo. Essa questão será retomada mais adiante.

O Gráfico 1 permite uma visão sintética do peso que a migração líquida teve sobre o crescimento demográfico nos últimos três períodos intercensitários. Como fica claro, essa participação foi muito maior nos anos 1980, reduzindo-se sistematicamente. Distrito Federal, Curitiba e Salvador, entre as RMs consideradas, são as que mais impacto tiveram da migração nos três períodos estudados.

Ta xa de cres ci mento total (%) (1) 1,88 1,64 0,97

Ta xa de mi gra çã o l íqui da (%) 0,18 -0,28 -0,20

Vol ume de mi gra çã o l íqui da 126.116 -227.394 -182.803

Ta xa de cres ci mento total (%) (1) 1,03 1,17 0,83

Ta xa de mi gra çã o l íqui da (%) -0,15 -0,05 -0,14

Vol ume de mi gra çã o l íqui da -67.288 -26.815 -80.350

Ta xa de cres ci mento total (%) (1) 2,95 3,21 1,53

Ta xa de mi gra çã o l íqui da (%) 1,13 0,93 0,32

Vol ume de mi gra çã o l íqui da 100.919 111.213 46.230

Ta xa de cres ci mento total (%) (1) 3,03 3,52 2,33

Ta xa de mi gra çã o l íqui da (%) 1,31 1,25 0,59

Vol ume de mi gra çã o l íqui da 121.639 157.928 98.583

Ta xa cres ci mento total (%) (1) 1,85 1,50 1,01

Ta xa de mi gra çã o l íqui da (%) 0,12 -0,01 -0,08

Vol ume de mi gra çã o l íqui da 15.966 -1.401 -14.150

Ta xa de cres ci mento total (%) (1) 3,19 2,14 1,69

Ta xa de mi gra çã o l íqui da (%) 0,42 0,15 0,01

Vol ume de mi gra çã o l íqui da 46.529 21.040 2.371

1986/1991 1995/2000 2005/2010 Regiões Metropolitanas Sa l va dor Sã o Pa ul o Ri o de Ja nei ro Curi tiba Di s tri to Federa l Reci fe

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Gráfico 1

Participação da taxa de migração líquida sobre a taxa de crescimento

demográfico total

Regiões metropolitanas selecionadas − 1980-2010

Fonte: IBGE. Censos Demográficos 1991, 2000 e 2010 (tabulações especiais − Nepo/Unicamp).

Para finalizar essa visão geral sobre o “Brasil metropolitano”, apresenta-se, para as mesmas RMs selecionadas, uma abordagem da composição da migração, no sentido de captar a importância de cada modalidade de movimento populacional na constituição, crescimento e expansão destas metrópoles. Para tanto, classifica-se a migração em interestadual, intraestadual e intrametropolitana.11

Na Tabela 4 alguns aspectos chamam a atenção. O primeiro corresponde às diferenças existentes entre as RMs no que se refere ao impacto da migração com origem dentro e fora de seus respectivos Estados. No caso das RMs mais consolidadas, como São Paulo e Rio de Janeiro, fica evidente que a redução de seus saldos migratórios está relacionada às perdas líquidas para o interior dos Estados, muito embora, no caso do Rio de Janeiro, o saldo negativo registrado ao longo de todo

11 Com base no dado sobre residência cinco anos antes do Censo, pode-se classificar como imigrante

“interestadual” o indivíduo cujo município anterior declarado esteja fora do Estado relativo à RM em questão; o imigrante intraestadual seria aquele com município anterior dentro do respectivo Estado, com exceção dos municípios metropolitanos que seriam considerados origem dos imigrantes classificados como intrametropolitanos.

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o período considerado deva-se também às trocas migratórias interestaduais. Já para a RM de Curitiba e o Distrito Federal, nota-se que os ganhos migratórios líquidos resultam das trocas favoráveis nas duas escalas espaciais. Finalmente, as RMs de Recife e Salvador, embora ganhem população em suas trocas com o interior de seus Estados, estas são compensadas com as perdas líquidas para outros Estados.

Outra observação que pode ser feita refere-se à queda da migração líquida ao longo das três décadas estudadas, tendência que vale para quase todas as RMs, sendo uma das exceções a RM de São Paulo, que nos anos 2000 parece apresentar certa recuperação.

Ou seja, o comportamento heterogêneo das RMs analisadas se dá não apenas com relação ao impacto que a migração tem sobre seus crescimentos demográficos, mas também pela natureza dessa migração, sendo que o processo de “interiorização” propalado por alguns autores é claramente um fenômeno que ocorre no Sudeste, mais especificamente em São Paulo e Rio de Janeiro. Nas demais RMs, percebe-se que o seu peso como área de atração demográfica ainda é significativo.

O Gráfico 2 permite uma melhor visualização desse dados para o último quinquênio analisados.

A RMSP: expansão demográfica e territorial e mobilidade espacial da população.

A dinâmica demográfica da RMSP já foi motivo de vários estudos (CUNHA, 1994; ANTICO, 2003; TORRES, 2004; TORRES; MARQUES, 2005; BOGUS; PASTENAK, 2009; BAENINGER, 2011) que, embora com enfoques e questões distintas, acabam coincidindo em mostrar alguns aspectos que caracterizam a região. Em primeiro lugar, seu grande contingente demográfico de quase 20 milhões de habitantes, mesmo representando, em 2010, pouco mais de 10% da população brasileira, coloca a RMSP entre as maiores aglomerações urbanas do mundo.

Outro elemento a ser destacado dessa região é sua participação na população do Estado de São Paulo que, com ligeira redução nas últimas décadas, continua muito elevada, ultrapassando 47%. Tal nível de concentração demográfica não foi alcançado por acaso, sendo fruto do protagonismo econômico da região ao longo de boa parte do século XX: no período do grande crescimento da indústria e do forte êxodo rural

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brasileiro, não foi o Estado de São Paulo, mas sim sua principal Região Metropolitana que atraiu milhares e milhares de pessoas vindas de todas as partes do país, especialmente do Nordeste. Ou seja, do ponto de vista demográfico, o processo de concentração protagonizado pela RMSP até hoje deve-se, em grande medida, ao impacto da migração externa ao longo de várias décadas e interna (de dentro do Estado) pelo menos até os anos 1970.

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16

Tabela 4

Migração líquida, por modalidade

Regiões metropolitanas brasileiras selecionadas – 1991-2010

Fonte: IBGE. Censos Demográficos 1991, 2000 e 2010 (tabulações especiais – Nepo/Unicamp). São Paulo 1991 126.116 -285.140 411.255 2000 -227.394 -339.430 112.036 2010 -182.803 -236.555 53.752 Rio de Janeiro 1991 -67.288 -44.907 -22.380 2000 -26.815 -48.404 21.589 2010 -80.350 -72.640 -7.709 Curitiba 1991 100.919 74.429 26.490 2000 111.213 80.523 30.690 2010 46.230 22.150 24.079 Distrito Federal 1991 121.639 -9.412 131.051 2000 157.928 11.406 146.521 2010 98.583 239 98.343 Recife 1991 15.966 -9.557 25.523 2000 -1.401 24.430 -25.831 2010 -14.150 7.143 -21.293 Salvador 1991 46.529 52.207 -5.678 2000 21.040 37.688 -16.648 2010 2.371 26.132 -23.760

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Gráfico 2

Migração líquida total, intraestadual e interestadual

Regiões metropolitanas brasileiras selecionadas – 2005/2010

Fonte: IBGE. Censos Demográficos 1991, 2000 e 2010 (tabulações especiais – Nepo/Unicamp).

Tendo crescido durante quase 40 anos a taxas médias superiores a 5% a.a., a RMSP começou a reduzir sua expansão ao longo dos anos 1980, estando tal tendência ligada não apenas à redução da intensidade da migração, mas também à diminuição da fecundidade, que, ao se generalizar no país, teve impacto importante tanto na região como no Estado de São Paulo (Tabela 5).

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Tabela 5

Taxas médias de crescimento anual da população

Brasil, Estado de São Paulo e Região Metropolitana de São Paulo –

1940-2010

Fonte: IBGE. Censos Demográficos 1940 a 2010.

Esse crescimento demográfico implicou sua contínua expansão territorial, envolvendo municípios cada vez mais distantes da capital e, portanto, do núcleo metropolitano. Como já apontado na seção anterior, o fato de estar crescendo cada vez menos no seu conjunto não significa que a RMSP tenha perdido seu dinamismo demográfico, sobretudo quando se observa o que acontece em seu interior, especialmente em alguns municípios. Como mostra a Tabela 6, a região ainda apresentava, no período 2000-2010, dez municípios com taxas de incremento demográfico próximas ou superiores a 2% a.a., cifras que, se comparadas às taxas estadual e nacional dão a dimensão desse dinamismo intrametropolitano.

No Mapa 1 pode-se observar não apenas que os municípios com maior crescimento nos anos 2000 são os mais distantes da cidade central, mas também que as zonas oeste e norte da região foram as que mais intensamente se ampliaram em termos demográficos. Tal fato, embora não signifique que estas áreas concentrem atualmente a maior parte da população da região, já que a zona leste representava, em 2010, mais de 13,4% dos habitantes metropolitanos, contra 9,8% dessas zonas, não deixa de ser interessante (e preocupante), uma vez que boa parte desses municípios abriga população de baixa renda.

Abrangências 1940/1950 1950/1960 1960/1970 1970/1980 1980/1991 1991/2000 2000/2010

RMSP 5,44 5,93 5,56 4,46 1,88 1,64 0,97

Estado SP 2,4 3,5 3,3 3,5 2 1,78 1,09

Brasil 2,33 3,04 2,89 2,48 1,77 1,61 1,18

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19

Tabela 6

População residente, taxas médias de crescimento anual e saldo

migratório

Estado de São Paulo e Região Metropolitana de São Paulo – 1991-2010

Fonte: IBGE. Censos Demográficos 1991, 2000 e 2010; Fundação Seade. Estado de S ão Paulo

e RMS P 1991 2000 2010 1991/2000 2000/2010 1991/2000 2000/2010 1991/2000 2000/2010 Estado de S ão Paulo 31.588.925 37.032.403 41.262.199 1,78 1,09 1.326.987 1.474.430 0,15 0,38 Região Metropolitana 15.444.941 17.878.703 19.683.975 1,64 0,97 219.591 -299.680 0,15 -0,16

M unicípio de São Paulo 9.646.185 10.434.252 11.253.503 0,88 0,76 -457.416 -321.320 -0,51 -0,3

Arujá 37.622 59.185 74.905 5,16 2,38 12.474 6.740 2,86 1,01 Barueri 130.799 208.281 240.749 5,31 1,46 41.346 -7.130 2,71 -0,32 Biritiba-M irim 17.833 24.653 28.575 3,66 1,49 4.032 1.200 2,11 0,45 Caieiras 39.069 71.221 86.529 6,9 1,97 24.633 6.430 4,96 0,82 Cajamar 33.736 50.761 64.114 4,64 2,36 9.054 5.090 2,38 0,89 Carapicuíba 283.661 344.596 369.584 2,19 0,7 12.627 -26.390 0,45 -0,74 Cotia 107.453 148.987 201.150 3,7 3,05 20.142 28.440 1,75 1,62 Diadema 305.287 357.064 386.089 1,76 0,78 -8.055 -21.620 -0,27 -0,58 Embu 155.990 207.663 240.230 3,23 1,47 25.866 -1.440 1,58 -0,06 Embu Guaçu 36.277 56.916 62.769 5,13 0,98 15.372 -160 3,67 -0,03 Ferraz de Vasconcelos 96.166 142.377 168.306 4,46 1,69 27.036 5.650 2,52 0,36 Francisco M orato 83.885 133.738 154.472 5,32 1,45 29.691 -440 3,03 -0,03 Franco da Rocha 85.535 108.122 131.604 2,64 1,98 8.163 9.470 0,94 0,79 Guararema 17.961 21.904 25.844 2,23 1,67 1.395 1.380 0,78 0,58 Guarulhos 787.866 1.072.717 1.221.979 3,49 1,31 142.308 430 1,7 0 Itapecerica da Serra 93.146 129.685 152.614 3,75 1,64 27.720 360 2,76 0,03 Itapevi 107.976 162.433 200.769 4,64 2,14 30.609 10.040 2,52 0,55 Itaquaquecetuba 164.957 272.942 321.770 5,75 1,66 75.897 7.440 3,85 0,25 Jandira 62.697 91.807 108.344 4,33 1,67 14.886 3.020 2,14 0,3 Juquitiba 19.969 26.459 28.737 3,18 0,83 2.763 -1.170 1,32 -0,42 M airiporã 39.937 60.111 80.956 4,65 3,02 12.312 13.530 2,73 1,92 M auá 294.998 363.392 417.064 2,34 1,39 14.148 8.560 0,48 0,22

M oji das Cruzes 273.175 330.241 387.779 2,13 1,62 16.857 17.750 0,62 0,49

Osasco 568.225 652.593 666.740 1,55 0,21 -477 -60.050 -0,01 -0,91

Pirapora do Bom Jesus 7.956 12.395 15.733 5,05 2,41 2.871 1.680 3,13 1,19

Poá 76.302 95.801 106.013 2,56 1,02 4.815 -1.990 0,62 -0,2

Ribeirão Pires 85.085 104.508 113.068 2,31 0,79 8.019 -1.630 0,94 -0,15 Rio Grande da Serra 29.901 37.091 43.974 2,42 1,72 2.205 2.100 0,73 0,52

Salesópolis 11.359 14.357 15.635 2,64 0,86 954 -300 0,82 -0,2

Santa Isabel 37.975 43.740 50.453 1,58 1,44 -414 1.430 -0,11 0,3

Santana de Parnaíba 37.762 74.828 108.813 7,89 3,82 29.592 22.520 5,84 2,45 Santo André 616.991 649.331 676.407 0,57 0,41 -30.384 -21.080 -0,53 -0,32 São Bernardo do Campo 566.893 703.177 765.463 2,42 0,85 52.209 -14.950 0,91 -0,2 São Caetano do Sul 149.519 140.159 149.263 -0,72 0,63 -15.777 5.900 -1,21 0,41

São Lourenço da Serra - 12.199 13.973 - 1,37 3.501 560 6,38 0,43

Suzano 158.839 228.690 262.480 4,13 1,39 37.233 2.910 2,14 0,12

Taboão da Serra 160.084 197.644 244.528 2,37 2,15 8.892 12.610 0,55 0,57 Vargem Grande Paulista 15.870 32.683 42.997 8,36 2,78 12.492 4.780 5,72 1,26

População Taxa média anual (%) S aldo migratório

(20)

20

Mapa 1

Taxas médias de crescimento anual da população Região Metropolitana

de São Paulo – 2000/2010

Fonte: IBGE. Censos Demográficos 2000 e 2010 (elaboração Alberto Jakob, Nepo/Unicamp).

A Tabela 6 permite ainda outras observações de interesse. Na década de 1990, muitos municípios metropolitanos ainda cresciam de forma expressiva. De fato, os dados sugerem que, nesse período, a RMSP experimentou um intenso processo de expansão territorial, uma vez que mais de 20 municípios “periféricos” cresceram a taxas superiores a 3% a.a., ou seja, mais do que o dobro do total da região. Obviamente, esse forte incremento se refletiu nas taxas de migração líquida em todos estes municípios. Já nos anos 2000, a redução do crescimento foi generalizada, embora tal comportamento em nada divirja com o que foi observado no Estado e no país.

Outro aspecto que merece atenção, uma vez que melhor qualifica a ideia de uma região “polinucleada”, diz respeito à existência na RMSP de pelo menos cinco outros grandes municípios que, como já se apontava há duas décadas (CUNHA, 1994, 1995), se caracterizavam com subcentros regionais: Guarulhos (a única cidade milionária), Osasco e o aglomerado de São Bernardo, Santo André e São Caetano. Nesse caso, é muito evidente a influência que estes municípios exercem sobre seus vizinhos, inclusive gerando dispersão demográfica e suas próprias periferias.

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21

Como se percebe, a migração teve importante papel no crescimento demográfico da RMSP e, principalmente, de seus municípios. Contudo, ao longo das últimas décadas, a RMSP vem passando por significativas mudanças em termos migratórios (BAENINGER, 2011). Na verdade, boa parte do que vem sendo dito sobre o comportamento de migração no Estado de São Paulo está associado ao que se observou na RMSP.

Os Gráficos 3 e 4 mostram a evolução da imigração e emigração da RMSP. No caso da primeira, percebe-se que, dos migrantes registrados nos municípios metropolitanos, a maior redução ocorreu para aqueles com origem fora do Estado de São Paulo, o que se encontra de acordo com os resultados apresentados por Cunha (2013) e suas análise sobre migração interestadual. Do ponto de vista da chegada de imigrantes do próprio Estado de São Paulo, percebe-se que a cifra, ainda que bem menor, sofreu um acréscimo entre as décadas de 1980 e de 2000. Já no que se refere aos imigrantes com origem nos municípios da própria RM, observa-se que o maior volume foi registrado nos anos 1990, embora tenha se mantido em um patamar significativo, sobretudo se comparado aos movimentos com origem no Estado.

De qualquer forma, não restam dúvidas de que a RMSP caracteriza-se pela importância da migração interestadual, o que permite afirmar que a região historicamente foi e continua sendo a principal porta de entrada desses imigrantes.

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22

Gráfico 3

Volume de imigrantes de data fixa (1), segundo origem

Região Metropolitana de São Paulo – 1986-2010.

Fonte: IBGE. Censos Demográfico 1991, 2000 e 2010 (tabulações especiais – Nepo/Unicamp). (1) Refere-se à informação sobre residência cinco anos antes do Censo.

Já do ponto de vista da emigração, o Gráfico 4 revela que, no período

analisado

– de maiores transformações na dinâmica migratória da região

(BAENINGER, 2011) –,a RMSP apresentou seus maiores volumes de emissão

de migrantes nos anos 1990, o que coincide com o auge da crise econômica

que assolou o país e, particularmente, a região, com reflexos nas condições do

mercado de trabalho e empregabilidade. Como mostrado em outros estudos

(CUNHA; BAENINGER, 2005; CUNHA et al., 2013), parte significativa do

aumento da emigração interestadual esteve ligada à migração de retorno, em

especial para áreas anteriormente de origem dos imigrantes para a RMSP,

como Nordeste, Paraná e Minas Gerais.

Gráfico 4

Volume de emigrantes de data fixa (1), segundo origem

0 200000 400000 600000 800000 1000000 1200000 1400000 1986/1991 1995/2000 2005/2010

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Região Metropolitana de São Paulo – 1986-2010

Fonte: IBGE. Censos Demográficos 1991, 2000 e 2010 (tabulações especiais – Nepo/Unicamp).

(1) Refere-se à informação sobre residência cinco anos antes do Censo.

Os dados do Gráfico 4 mostram ainda que, após esse período de crescimento da emigração, a região parece apresentar certa recuperação. Argumenta-se que tal resultado reforça a ideia de que a RMSP, na verdade, nunca deixou de ser atrativa, particularmente para a migração originária em outros Estados e que sua involução na década de 1990 foi, por um lado, fruto da descontração econômica para alguns Estados, como Paraná e Minas Gerais, e, por outro, reflexo da crise econômica vivida, que implicou a aceleração da migração de retorno, principalmente para o Nordeste.

Além disso, como se afirma em outro estudo (CUNHA, 2013), não seria razoável esperar que a RMSP voltasse a apresentar o mesmo desempenho migratório do passado – particularmente em termos de volumes de migração –, tendo em vista que, com a queda da fecundidade, a pressão demográfica nas tradicionais áreas de origem reduziu-se significativamente. Ou seja, mesmo levando em conta que certas políticas de transferência (como a aposentadoria rural, o Benefício Previdenciário Continuado – BPC e ainda o programa Bolsa Família) podem ter favorecido a permanência dos migrantes em seus lugares de origem, os dados aqui apresentados sugerem que a RMSP, na verdade, nunca deixou de ser uma área de atração e que todos os indícios em contrário revelavam processos relacionados à sua importância,

0 200000 400000 600000 800000 1000000 1200000 1400000 1600000 1986/1991 1995/2000 2005/2010

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sejam os retornos – em função da crise –, sejam as perdas para o “interior do Estado”, que parecem ser processos relacionados a uma “desconcentração concentrada” (RODRIGUES; BUSSO, 2009) para áreas próximas em grandes aglomerações urbanas (como Campinas e Baixada Santista) e que, segundo estudos já mencionados, passam a constituir um ente territorial mais complexo, a Macrometrópole.

Seja como for, a RMSP claramente reduziu sua migração e, portanto, o peso que esse fenômeno historicamente teve sobre o seu crescimento. No entanto, como já dito, existe na região um grande dinamismo demográfico interno, que leva a um importante potencial redistributivo de sua população que, por sua vez, contribui para a expansão de seu território. Por exemplo, segundo dados apresentados por Nobre e Young (2011, p. 93), entre 2002 e 2007, as áreas urbanas da RMSP aumentaram mais de 232km2, mesmo num contexto de baixo incremento demográfico da região como um todo.

Esse potencial redistributivo revela-se na intensa mobilidade residencial existente na região. Mesmo que os dados aqui apresentados mostrem apenas parte da totalidade dessa mobilidade,12, os volumes impressionam. Enquanto no período 1986-1991 cerca de 463 mil pessoas mudaram de município dentro da RMSP, entre 1995 e 2000 esse valor correspondia a 586 mil e, no quinquênio 2005/2010, a 470 mil. Embora claramente menos intenso ao longo desse período, o volume envolvido de pessoas sugere de antemão o impacto que tais movimentos podem ter sobre a dinâmica dos municípios metropolitanos, sobretudo aqueles de menor porte.

A importância da migração intrametropolitana, não apenas em termos de volume, mas sobretudo pelo seu impacto sobre vários municípios da região, já havia sido detectada em trabalho anterior (CUNHA, 1994) e se reforça com os dados aqui analisados, que mostram que a migração com origem nos municípios da RMSP constitui parte significativa de migração recebida por estas áreas. Além de revelarem que a migração interestadual na década de 1990 era bem mais importante do que nos

12

O dado utilizado nesse estudo apresenta algumas limitações para aferir a mobilidade residencial. Em primeiro lugar, consideram-se apenas os movimentos entre municípios, o que exclui, obviamente, os movimentos no interior dos municípios que, para algumas cidades, podem ser intensos; em segundo lugar, o dado refere-se apenas ao quinquênio imediatamente anterior ao Censo, deixando, portanto, a descoberto tudo o que aconteceu no quinquênio imediatamente anterior; mesmo para o período quinquenal anterior ao Censo, essa informação deixa de identificar a totalidade da migração ocorrida dentro da RMSP, uma vez que, por sua natureza, desconsidera os movimentos internos daqueles que, cinco anos antes, encontravam-se fora da região; por último, esse dado não permite captar a migração dos menores de cinco anos, uma vez que estes não haviam nascido no momento de referência da pergunta censitária.

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25

anos 2000, os dados dos Gráficos 5 e 6 também não deixam dúvidas sobre o impacto da migração intrametropolitana, em especial nos municípios periféricos, independentemente da zona13 em que se situem na região. De fato, em particular nos anos 2000, é muito grande o peso da migração de origem interna na maioria dos municípios fora do “núcleo metropolitano”, principalmente aqueles das zonas norte, leste e oeste.

Já nos demais municípios, observa-se que, no geral, a migração intraestadual contribui para a redução de seus saldos migratórios, comportamento que reflete as perdas populacionais apresentadas pela RMSP com relação a outras regiões do Estado (BAENINGER, 2011, 2012). No entanto, no que se refere às duas outras modalidades de migração, o comportamento varia, sendo que nos casos de São Paulo e Osasco é evidente que ambos também são “fornecedores” de população para os demais municípios da região. Para o ABC e Guarulhos, a situação se modifica, uma vez que se observam, para os dois períodos, ganhos líquidos nas trocas intrametropolitanas. O Anexo I possibilita uma visão mais detalhada das trocas migratórias, segundo modalidades de migração, para cada um dos municípios.

13

Apenas para facilitar a análise desses dados, cujos detalhes encontram-se no Anexo I, decidiu-se agrupar os municípios segundo sua localização geográfica, com exceção do que aqui chamamos de centro e subcentros regionais. Assim, a zona leste está composta pelos municípios de Biritiba Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Itaquaquecetuba, Moji das Cruzes, Poá, Salesópolis, Santa Isabel e Suzano; a zona oeste é formada por Barueri, Carapicuíba, Cotia, Embu, Embu Guaçu, Itapecerica da Serra, Itapevi, Jandira, Juquitiba, Santana de Parnaíba, São Lourenço da Serra, Taboão da Serra e Vargem Grande Paulista; a zona norte engloba Caieiras, Cajamar, Francisco Morato, Franco da Rocha, Mairiporã e Pirapora do Bom Jesus; o “entorno do ABC” inclui Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra; e o ABC é formado por Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul.

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Gráfico 5

Composição do saldo migratório, segundo modalidades de migração

Região Metropolitana de São Paulo – 1986/1991

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Gráfico 6

Composição do saldo migratório, segundo modalidades de migração

Região Metropolitana de São Paulo – 2005/2010

Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2010 (tabulações especiais – Nepo/Unicamp).

Em suma, pode-se dizer que, embora no conjunto da RMSP se perceba a redução do seu crescimento demográfico e de seus ganhos migratórios, quando se observa a dinâmica demográfica de seus municípios, fica evidente a existência de uma forte tendência redistributiva no interior da região, representada pela intensa migração intrametropolitana que, segundo se mostrou, atinge cifras impressionantes da ordem de 50 mil pessoas/ano se transferindo para as regiões mais periféricas

Como fica claro em Pasternak (2009, p.3 1), parte significativa dessa migração vincula-se à renda média baixa [...] denota que os migrantes mais pobres têm como uma das únicas opções de residência as áreas mais afastadas e desprovidas de infra-estrutura, mesmo tendo que arcar com o desgaste do tempo e do elevado custo de deslocamento para o trabalho, já que a oferta de empregos é bastante reduzida nesses municípios. Nota-se a pequena oferta de emprego tanto nos municípios populares como nos do tipo operário tradicional. São, fundamentalmente, municípios dormitórios que abrigam população de baixa renda.

Contudo, desde décadas anteriores já se observam também movimentos migratório da população de alta e média renda que justificam o crescimento de

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municípios que concentram condomínios fechados, como é o caso de Santana de Parnaíba.

O Mapa 2 permite uma visualização das principais tendências redistributivas internas na RMSP, ao representar os fluxos migratórios superiores a 4,5 mil pessoas. Como se nota, de forma semelhante ao comportamento verificado nos anos 1980 (CUNHA, 1994), o município de São Paulo continua sendo o grande “fornecedor” de população para áreas cada vez mais distantes, o mesmo ocorrendo, claro que em bem menor magnitude, com os municípios de Osasco, do ABC e Guarulhos, conforme pode ser constado na matriz migratória para o período 2005/2010, no Anexo II.

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Mapa 2

Fluxos migratórios intrametropolitanos superiores a 4,5 mil pessoas

Região Metropolitana de São Paulo – 2005/2010

Fonte: IBGE. Censos Demográficos 2000 e 2010 (elaboração Alberto Jakob, Nepo/Unicamp).

Considerações finais

Todos os indicadores da Região Metropolitana de São Paulo impressionam: em termos econômicos respondia, em 2010, por quase 56% do PIB estadual e por mais de 18% do nacional; em termos demográficos, esse quadro se repetia, uma vez que cerca de 46% dos paulistas viviam na região no mesmo ano. Assim, mesmo considerando que essa área compõe um sistema muito mais complexo de aglomerações urbanas no Brasil, o que resulta, como salientado, em sua baixa primazia no sistema urbano brasileiro, não há como negar a “onipresença” (SANTOS, 2005) da RMSP no país.

É bem verdade que ao longo das décadas a RMSP reduziu significativamente seu crescimento demográfico, ficando aquém daquele observado em outras RMs do país, particularmente as do Nordeste. Também é fato que tal retração do dinamismo demográfico esteve ligada a algumas importantes mudanças no processo migratório nacional que historicamente tinha a região como seu grande centro de gravidade. Da

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mesma forma, pode-se dizer que, em termos econômicos, a RMSP também provou certa perda de importância.

No entanto, o que se procurou mostrar nesse capítulo é que, apesar dessas transformações, não há motivos que justifiquem desviar a atenção da importância que ainda hoje a RMSP possui, seja qual for a dimensão. No escopo deste trabalho – a demografia –, sustenta-se que as constatações sobre tendências tanto da (pequena) redução do peso relativo da RMSP na população estadual e nacional quanto dos seus ganhos migratórios não são suficientemente fortes para levarem a hipóteses de desconcentração e até de uma desmetropolização.

Mesmo no caso da migração, que indubitavelmente reduziu seu volume e intensidade, não há como negar que a importância da RMSP ainda fica estampada nas cifras reveladas pelos Censos: enquanto nos anos 1980 estimava-se um fluxo anual de chegada de migrantes da ordem de 93 mil pessoas, esse volume, mesmo sofrendo redução, ainda envolvia cerca de 60 mil pessoas/ano na última década.14 Ou seja, acredita-se que os saldos migratórios negativos apresentados pela área nas últimas décadas não são suficientes para descaracterizá-la como a principal porta de entrada do Estado de São Paulo. Em primeiro lugar porque, do total da migração registrada no período 2005/2010 (1,03 milhão), quase 60% dirigiram-se para esta região; em segundo lugar porque suas principais perdas migratórias deveram-se às trocas intraestaduais, em geral, com regiões muito próximas, o que – agora parece ficar mais claro do que no passado (CUNHA; BAENINGER, 1994) – mais se caracterizaria como uma extensão do processo de metropolização (ou uma desconcentração/concentrada) do que propriamente uma desconcentração strictu sensu.

Outro motivo que faz com que a importância da dinâmica demográfica da RMSP não possa ser avaliada apenas pelo seu crescimento global refere-se ao seu grande potencial redistributivo, ainda observado nos dias de hoje. Como mostrado, a intensidade da migração intrametropolitana, que atingia cifras superiores a 47 mil pessoas/ano nos anos 2000, contribui de forma significativa para o dinamismo demográfico dos municípios, sobretudo aqueles mais distantes do centro metropolitano, que, como mostrou Torres (2005), também foram os depositários de boa parte da migração de origem externa. É realmente impactante constatar que a dinâmica migratória interna registrada na década de 1970 na região (CUNHA, 1994),

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Essa estimativa é muito aproximada, uma vez que se baseia no dado sobre “data fixa”, que, como já dito, refere-se ao segundo quinquênio da década anterior ao Censo e não considera a migração das crianças menores de cinco anos.

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mesmo que com todas as mudanças ocorridas nos anos 2000 – reestruturação produtiva, tercerização da economia, globalização, etc. –,ainda possa ser observada apenas com uma diferença: os municípios envolvidos estão cada mais distantes do centro principal.

A Região Metropolitana de São Paulo continua sendo, sem dúvida nenhuma, um lugar de oportunidades, mas infelizmente também nunca deixou de ser uma área de grandes problemas e desafios para o avanço social de nossa população. A mesma concentração dos benefícios de ser a mais importante região do país lhe imputa uma não menor concentração de mazelas e sérios problemas que esperam há décadas para serem resolvidos. Do ponto de vista do tema abordado nesse estudo, sem desconsiderar todos os demais avanços que precisam ser logrados na área de gestão e políticas públicas, a RMSP precisa enfrentar questões essenciais, de forma a permitir um melhor acesso à cidade por parte daquele que poderíamos chamar de “cidadão metropolitano”. Progressos na área de habitação, um zoneamento mais equitativo influenciado, entre outros aspectos, pela maior regulação do uso do solo por parte do poder público, atenção prioritária para a mobilidade urbana que permitiria estabelecer o real direito de “ir e vir”, entre outros, são temas cruciais para combate e/ou mitigação dos efeitos que a redistribuição da população no espaço tem sobre o dia-a-dia das pessoas.

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Anexo 1

Saldo migratório total e participação relativa das trocas migratórias segundo modalidade da migração por municípios.Região Metropolitana de São Paulo,

1986-1991, 1995/2000 e 2005/2010

Fonte: IBGE. Censos Demográficos 1991, 2000 e 2010 (tabulações especiais – Nepo/Unicamp).

total intrame-tropolitana intra-estadual interesta dual total intrame-tropolitana intra-estadual interestadu al total intrame-tropolitana intra-estadual interesta dual Arujá 2.593 2.708 -244 129 7.332 6.037 -76 1.371 5.331 4.506 -430 1.255 Barueri 2.581 543 -551 2.589 11.697 7.281 -1.393 5.808 21.597 11.435 -27 10.189 Biritiba-Mirim 1.279 1.102 174 3 2.299 1.300 500 499 2.384 1.518 88 778 Caieiras 6.532 5.954 -424 1.001 11.026 9.565 -296 1.757 4.421 3.212 -85 1.295 Cajamar 4.673 2.553 -25 2.144 4.552 2.488 -45 2.109 1.632 451 -404 1.585 Carapicuíba 5.458 3.893 -2.363 3.927 7.936 4.999 -4.654 7.590 30.457 15.115 -177 15.519 Cotia 15.692 12.529 -330 3.493 15.118 11.464 -359 4.013 15.267 10.006 -2 5.262 Diadema 4.253 3.570 -3.631 4.314 -4.000 255 -5.499 1.244 24.225 6.132 -3.518 21.610 Embu 8.396 6.398 -477 2.475 10.507 6.478 -995 5.024 21.627 10.701 623 10.303 Embu-Guaçu 4.113 3.542 40 531 3.276 2.994 -65 348 6.302 4.030 66 2.206 Ferraz de Vasconcelos 8.781 7.329 -204 1.655 15.451 13.513 -426 2.364 19.216 13.106 54 6.056 Francisco Morato 7.732 7.018 -688 1.402 12.420 9.854 -937 3.503 18.910 13.587 0 5.323 Franco da Rocha 5.577 5.513 -958 1.021 7.360 6.583 -268 1.046 10.608 6.123 -119 4.604 Guararema 682 547 -168 303 1.550 1.280 -144 414 1.361 542 287 532 Guarulhos 22.630 24.035 -8.698 7.293 53.320 44.538 -9.929 18.711 84.833 41.785 -3.186 46.234 Itapecerica da Serra 5.176 5.087 -803 891 13.186 10.657 -537 3.065 11.054 5.931 -268 5.391 Itapevi 10.132 8.341 -807 2.598 16.670 13.113 -1.002 4.560 14.487 8.678 -77 5.886 Itaquaquecetuba 19.065 17.987 -1.214 2.293 34.699 28.371 -453 6.781 39.628 26.639 132 12.857 Jandira 6.492 5.204 -793 2.081 8.071 5.313 -791 3.549 6.717 3.596 22 3.099 Juquitiba 589 955 -402 36 928 1.049 -269 148 1.946 1.129 -83 900 Mairiporã 5.631 4.934 44 654 6.036 4.955 -947 2.028 4.855 3.203 -11 1.663 Mauá -755 1.112 -3.621 1.755 7.931 9.101 -4.695 3.525 25.132 12.214 -1.783 14.701

Moji das Cruzes 11.812 10.499 -211 1.524 13.786 10.726 -276 3.336 13.487 7.786 -599 6.300

Osasco -7.491 -1.694 -7.060 1.264 -6.521 -5.103 -10.987 9.569 6.367 -10.739 -6.588 23.694

Pirapora do Bom Jesus 1.411 1.205 -24 230 1.579 1.170 69 339 1.776 1.286 123 367

Poá 2.793 2.851 -280 222 6.294 5.790 -285 789 9.424 6.501 -111 3.034

Ribeirão Pires 706 1.300 -1.171 577 808 2.771 -1.745 -219 8.309 5.664 -476 3.120

Rio Grande da Serra 639 349 62 229 1.144 949 -194 389 4.117 1.675 190 2.253

Salesópolis 197 108 138 -49 546 350 57 139 614 519 80 16

Santa Isabel 2.493 1.924 30 539 3.218 2.453 -215 980 3.851 2.358 185 1.308

Santana de Parnaíba 12.749 10.514 -18 2.254 15.616 12.812 431 2.373 7.420 5.046 189 2.184

Santo André -597 7.003 -8.558 959 -16.718 -498 -18.994 2.774 8.457 4.114 -11.299 15.641

São Bernardo do Campo 6.570 12.324 -10.586 4.832 13.856 23.627 -12.487 2.716 26.867 15.866 -9.449 20.450

São Caetano do Sul 382 1.866 -1.814 331 -7.290 -3.272 -4.142 123 -3.043 -3.845 -2.209 3.012

São Lourenço da Serra 822 814 -146 155 648 508 -72 212 0 0 0 0

São Paulo -388.078 -203.908 -178.787 -5.383 -533.310 -280.309 -254.669 1.668 -379.527 -268.298 -246.241 135.012

Suzano 6.545 7.413 -1.442 574 18.012 16.581 -1.077 2.508 23.047 14.809 -30 8.268

Taboão da Serra 14.900 12.712 -551 2.738 10.682 7.797 -1.262 4.148 20.585 12.147 -43 8.481

Vargem Grande Paulista 4.042 3.865 8 169 2.892 2.459 -303 735 2.372 1.472 36 865

1986/1991 1995/2000 2005/210

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