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APELAÇÃO CÍVEL N

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Academic year: 2021

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APELAÇÃO CÍVEL N. 1.575.734-3 DA REGIÃO METROPOLITANA DE LONDRINA, FORO CENTRAL DE LONDRINA, 6ª VARA CÍVEL

APELANTES: AROLDO RAMOS DE MOURA E OUTRA

APELADOS: CARTÓRIO PIRES – 1º OFÍCIO DE REGISTRO CIVIL – 6º TABELIONATO DE NOTAS DO ESTADO DO PARANÁ E OUTRO

RELATOR: ALBINO JACOMEL GUÉRIOS

RESPONSABILIDADE CIVIL. CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS. MESTRE RELIGIOSO QUE NÃO COMPARECEU À CERIMÔNIA EM RAZÃO DA AUSÊNCIA DE NOTÍCIA QUANTO À CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO E DA NÃO ENTREGA DOS DOCUMENTOS NECESSÁRIOS. RESPONSABILIDADE DOS HABILITADOS. OFICIAL DE REGISTRO CIVIL QUE CUMPRIU TODAS AS EXIGÊNCIAS LEGAIS. INEXISTÊNCIA DE DEVER DE INDENIZAR. APELAÇÃO NÃO PROVIDA.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível n. 1.575.734-3 da Região Metropolitana de Londrina, Foro Central de Londrina, 6ª Vara Cível, em que são apelantes Aroldo Ramos de Moura e outra e apelados Cartório Pires – 1º Ofício de Registro Civil – 6º Tabelionato de Notas do Estado do Paraná e outro.

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Acordam os Magistrados da Décima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em não

prover o recurso, nos termos deste julgamento.

§ 1. Aroldo Ramos de Moura e Lígia Cardoso de Castro Moura demandam em face de Cartório Pires – 1º Ofício de Registro Civil – 6º Tabelionato de Notas do Estado Paraná e CRENCI – Centro de Recuperação Novas de Cristo alegando, em breve síntese, que, em razão

da falha de prestação de serviços dos réus, não conseguiram se casar na cerimônia religiosa marcada para o dia 29 de dezembro de 2007, haja vista que o representante do segundo réu não compareceu ao evento, em razão de o primeiro réu não ter avisado nem entregue os documentos necessários para a celebração do casamento religioso com efeitos civis. Nada obstante, aduzem que optaram pela simulação da cerimônia. Assim, tendo em vista todo o vexame e constrangimento sofrido, requerem a indenização por danos materiais e morais.

O primeiro réu apresentou contestação alegando que a responsabilidade de entregar os documentos para o responsável pelo casamento religioso é dos noivos, tendo procedido a habilitação conforme preceitua a lei, inexistindo o dever de indenizar.

O segundo réu se manifestou às fls. 109.

O MM. Juiz singular julgou improcedente a demanda. Os autores recorrem insistindo na responsabilidade objetiva do cartório, o qual não entregou os documentos indispensáveis para a realização do casamento, causando grande constrangimento em razão do vexame do casamento não ter sido efetivamente realizado.

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É o relatório. § 2. Resumo

1. De acordo com os autores:

i) requereram junto ao primeiro requerido, em 02 de outubro de 2007, a habilitação para a celebração de casamento;

ii) decorridos todos os trâmites, juntou-se o requerimento de registro no livro competente do Cartório;

iii) para a realização da cerimônia religiosa, contratou-se o segundo réu, marcando a data de 29 de dezembro de 2007;

iv) todavia, no dia do casamento, não houve o comparecimento do representante do segundo réu, o que gerou grande constrangimento e vexame perante os familiares e convidados;

v) optaram pela simulação do casamento;

vi) ao diligenciar sobre o motivo da ausência do pastor, descobriu-se que o primeiro requerido não havia entregue os documentos necessários ao segundo réu para a realização da cerimônia religiosa;

vi) desse modo, requerem a indenização pelos gastos com a festa de casamento, além de danos morais sofridos.

2. O primeiro réu contestou alegando:

i) a responsabilidade da entrega dos documentos à entidade religiosa é dos noivos, não podendo ser responsabilizado pela não realização do casamento;

ii) a única atribuição feita ao cartório é proceder a habilitação e documentos necessários para o casamento, o que foi devidamente realizado;

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iii) a inexistência de dano material, haja vista que a festa foi realizada;

iv) a ausência de comprovação do dano moral. 3. O MM. Juiz não acolheu os pedidos.

4. Os autores recorrem insistindo na responsabilidade civil dos réus.

2.1. Responsabilidade civil

Cinge-se a controvérsia do feito acerca da

responsabilidade de entregar os documentos necessários ao mestre religioso para a realização da cerimônia de casamento religioso com efeitos civis.

Os autores atribuem a responsabilidade ao primeiro réu, o 1º Ofício de Registros Civis de Londrina, em que houve a habilitação para o casamento, uma vez que tinham ciência da data do casamento e conheciam o pastor que faria a cerimônia.

Entretanto, não há qualquer embasamento jurídico e legal que atribua ao Cartório a responsabilidade da entrega dos documentos para a realização da cerimônia religiosa.

Com efeito, no ordenamento jurídico brasileiro, o procedimento para a realização do casamento civil inicia-se com a habilitação dos noivos perante o oficial do Registro Civil, com audiência do Ministério Público, nos termos do art. 1.526 do Código Civil. Apresenta-se os documentos necessários ao oficial para que seja expedida a certidão de habilitação, comprovando que estão aptos ao casamento, conforme disposto no art. 67 da Lei de Registros Públicos:

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do registro do distrito de residência de um dos nubentes, que lhes expeça certidão de que se acham habilitados para se casarem.” – grifo nosso.

Importante destacar que a interpretação literal do diploma legal indica que os noivos, no polo ativo, requererão ao oficial a expedição da certidão de habilitação, o que de fato ocorreu no presente caso, tendo os apelantes juntado a certidão às fls. 21.

A certidão de habilitação é expedida após, passados os trâmites legais e administrativos, a publicação, mediante edital, em local público e à imprensa, durante 15 dias, a fim de dar conhecimento a terceiros para oposição de impedimento:

“art. 67 (...)

§ 1º Autuada a petição com os documentos, o oficial mandará afixar proclamas de casamento em lugar ostensivo de seu cartório e fará publicá-los na imprensa local, se houver, Em seguida, abrirá vista dos autos ao órgão do Ministério Público, para manifestar-se sobre o pedido e requerer o que for necessário à sua regularidade, podendo exigir a apresentação de atestado de residência, firmado por autoridade policial, ou qualquer outro elemento de convicção admitido em direito”

Decorrido este prazo sem declaração de impedimento, é lavrado o documento para que os habilitados se casem dentro do período de 3 meses.

“art. 67 (...)

§ 3º Decorrido o prazo de quinze (15) dias a contar da afixação do edital em cartório, se não aparecer quem oponha impedimento nem constar algum dos que de ofício deva declarar, ou se tiver sido rejeitada a impugnação do órgão do Ministério Público, o oficial do registro certificará a circunstância nos autos e entregará aos nubentes certidão de que estão habilitados para se casar dentro do prazo previsto em lei.”

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Pois bem, no caso, os autores pretenderam casar por meio de cerimônia religiosa com efeitos civis, o que é regulado pelo art. 71 da lei supracitada:

Art. 71. Os nubentes habilitados para o casamento poderão pedir ao oficial que lhe forneça a respectiva certidão, para se casarem perante autoridade ou ministro religioso, nela mencionando o prazo legal de validade da habilitação. (Renumerado do art. 72 pela Lei nº 6.216, de 1975).

Cumpridas todas as exigências quanto à habilitação do casamento no Ofício de Registros Civis, os noivos, conforme disposição legal, requererão ao oficial o fornecimento da respectiva certidão para se casarem perante a autoridade religiosa.

Ora, não há qualquer menção de que a entrega dos documentos e a notícia da data do casamento religioso deverá ser do oficial do Cartório. Pelo contrário, se mostra nítido que tais encargos são de responsabilidade dos habilitados, os mais interessados na realização da cerimônia religiosa com efeitos civis.

Desse modo, não há como responsabilizar o primeiro apelado pela não entrega da certidão de habilitação de casamento, nem mesmo a notícia quanto à data da cerimônia, ao mestre religioso, representante do segundo réu.

Saliente-se também que, em razão da não entrega dos documentos e da ciência quanto à data da cerimônia religiosa pelos autores – e a eles incumbida essa responsabilidade – não há que se falar também em dever de indenizar do segundo réu, responsável pela cerimônia religiosa, uma vez que não tinha ciência quanto à celebração da solenidade.

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julgando-§ 3. PELO EXPOSTO, a Câmara, por unanimidade de votos, não provê a apelação, nos termos da fundamentação supra.

Participaram do julgamento os Senhores

Desembargadores Guilherme Freire de Barros Teixeira (Presidente) e

Domingos Ribeiro da Fonseca, que acompanharam o voto do Relator.

Curitiba, 23 de fevereiro de 2017.

(assinado digitalmente)

Albino Jacomel Guérios

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