• Nenhum resultado encontrado

24%, nos vencimentos dos respectivos autores. Tal decisão transitou em julgado e, em decisão administrativa do então Presidente desta Corte, Des.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "24%, nos vencimentos dos respectivos autores. Tal decisão transitou em julgado e, em decisão administrativa do então Presidente desta Corte, Des."

Copied!
23
0
0

Texto

(1)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA ÓRGÃO ESPECIAL

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA Nº 0064836-60.2012.8.19.0000

SUSCITANTE: EGRÉGIA QUINTA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

INTERESSADOS: 1. ESTADO DO RIO DE JANEIRO

2. NAIR RENATA NOBRE DOS SANTOS

ASSISTENTE: SIND JUSTIÇA SINDICATO DOS SERVIDORES DO PO-DER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

RELATOR: DESEMBARGADOR CLAUDIO DE MELLO TAVARES

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURIS-PRUDÊNCIA SUSCITADO PELA E. QUINTA CÂMARA CÍVEL. Divergência quanto à im-plantação integral, nos vencimentos de servidores deste Poder Judiciário, do rea-juste de 24% (vinte e quatro por cento), cujo direito foi reconhecido, inicialmente, aos serventuários que figuraram no polo ativo da Ação Ordinária nº 0024210. 36.1988. 19. 0001, com pagamento de atrasados e, posteriormente, pela decisão administrativa da Presidência do TJRJ, que aplicou tal reajuste a todos os servidores em atividade, a ser implantado de forma parcelada (5,53% em janeiro/2011, ro/2012, janeiro/2013 e 5,51% em janei-ro/2014).

(2)

O pleito decorre do art. 5º, da Lei Estadual nº 1.206/1987, que excluiu os servidores da Justiça Estadual do Rio de Janeiro do reajuste de vencimentos de 70,5%, conce-dido a todo funcionalismo estadual. Tal dispositivo foi declarado inconstitucional por este Egrégio Órgão Especial, em sede de Mandado de Segurança originário de nº 583/1987, confirmado pelo E. Supremo Tribunal Federal. Dispõe o artigo 103 do Regimento Interno deste Tribunal de Justi-ça, que: “a decisão que declarar a incons-titucionalidade ou rejeitar a arguição, se for proferida por 17 (dezessete) ou mais votos, ou rejeitada em mais 02 (duas) ses-sões, será de aplicação obrigatória para todos os Órgãos do Tribunal”. Assim, mostra-se descabida a argumentação de que não podem ser aplicados aos demais serventuários os efeitos da inconstitucio-nalidade do art. 5º, da Lei nº 1.206/1987, reconhecida no Mandado de Segurança 583/1987. Em face de tal declaração de inconstitucionalidade, um grupo de cerca de 1.200 servidores ajuizou, em 1988, a referida Ação Ordinária nº 0024210.36.1988. 19. 0001, pleiteando a implementação do reajuste e cobrança de valores atrasados, na qual o Estado do Rio de Janeiro foi obrigado a implementar os

(3)

24%, nos vencimentos dos respectivos au-tores. Tal decisão transitou em julgado e, em decisão administrativa do então Presi-dente desta Corte, Des. Luiz Zveiter, foi determinada a implementação, de forma parcelada, do referido percentual, nos vencimentos dos demais servidores em atividade não amparados pela referida de-cisão judicial. Posteriormente, tal dede-cisão foi estendida aos inativos, nos autos do processo administrativo nº 2011-019608. Em que pese tais decisões administrativas terem amenizado a discrepância salarial entre os autores da referida Ação Ordiná-ria e os demais servidores deste Poder Ju-diciário, ao ser parcelada a implementação do reajuste não foi garantida, de imediato, a isonomia de vencimentos para cargos iguais ou assemelhados do mesmo Poder, na forma prevista no art. 39, § 1º, da Constituição Federal de 1988. Tampouco foi garantido o direito ao recebimento dos atrasados. Assim, evidente o interesse e as demais condições da ação manejada nestes autos. Como não se trata de au-mento de venciau-mentos, mas sim de rea-juste, não há que se falar em aplicação do verbete nº 399, da Súmula de Jurispru-dência do E. Supremo Tribunal Federal, a qual dispõe que “Não cabe ao poder

(4)

judi-ciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores pú-blicos sob fundamento de isonomia”. A relação jurídica deduzida em Juízo tem natureza de obrigação de trato sucessivo, evidenciando que o fundo de direito não foi alcançado pela prescrição, sendo atin-gidas, apenas, as prestações vencidas no quinquênio anterior ao ajuizamento da demanda. Aplicação do verbete 85 da ju-risprudência predominante do STJ. INCI-DENTE ACOLHIDO com a Aprovação de Verbete Sumular a respeito, nos seguintes termos “Em respeito ao princípio constitu-cional da isonomia, os serventuários que não integraram o polo ativo da Ação Ordi-nária nº. 002420-36.1988.8.19.0000, fa-zem jus, a exemplo dos autores da referi-da ação, ao reajuste de 24% em seus ven-cimentos, bem como à percepção das di-ferenças, a serem pagas de uma única vez, devidamente corrigidas desde a data do pagamento efetuado àqueles, compen-sando-se os valores já quitados, por força do Processo Administrativo nº. 2010.259214, observada a prescrição quinquenal, a contar da propositura de cada demanda, bem como as condições pessoais e funcionais de cada serventuá-rio, incidente Imposto de Renda e verbas

(5)

previdenciárias por se tratarem de dife-renças vencimentais”.

Vistos, relatados e decididos estes autos de Incidente de Uniformização de Jurisprudência, em que é requerente a Egrégia 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, sendo interessados: 1. Estado do Rio de Janeiro; 2. Nair Renata Nobre dos Santos e assistente o SIND JUSTIÇA - Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro.

ACORDAM os Desembargadores do Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por maioria de votos, em conhecer o Incidente de Uniformização de Juris-prudência suscitado e acolher a proposta de uniformização, nos termos do voto do Desembargador Relator. Divergiram as Desembargadoras Maria Augusta Vaz e Odete Knaac de Souza que rejeitavam o Incidente de Uniformização de Jurisprudência. Declararam impedimento os Desembargadores Luiz Zveiter, Sérgio Lúcio de Oliveira e Cruz, Ademir Paulo Pimentel, Mário dos Santos Paulo e Jessé Torres.

Trata-se de Incidente de Uniformização de Juris-prudência suscitado pela Egrégia 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, submetido à apreciação deste Órgão Especial, relativo à divergência da jurisprudência deste Poder Judiciário quanto à implantação integral, nos ven-cimentos dos servidores deste Poder Judiciário, do reajuste de

(6)

24% (vinte e quatro por cento), cujo direito foi reconhecido, inicialmente, aos serventuários que figuraram no polo ativo da Ação Ordinária nº 0024210.36.1988.19.0001, com pagamento de atrasados, e, posteriormente, pela decisão administrativa da Presidência do TJRJ, que determinou a aplicação de tal reajuste a todos os servidores em atividade, a ser implantado de forma parcelada (5,53% em janeiro/2011, janeiro/2012, janeiro/2013 e 5,51% em janeiro/2014), que foi estendida aos inativos, nos autos do processo administrativo nº 2011-019608.

O Órgão suscitante, no acórdão de fls. 618/622, ressalta que o pedido inicial tem como um dos fundamentos a declaração de inconstitucionalidade do artigo 5º, da Lei nº 1.206/1987, que, ao conceder reajustes aos servidores do Es-tado, excluiu os pertencentes ao Poder Judiciário, reconhecida por este Egrégio Órgão Especial, nos autos do Mandado de Se-gurança nº 583/1987.

Aponta as divergências entre as Câmaras compe-tentes para apreciação da questão, destacando precedente da-quela Câmara suscitante, no sentido de que “a decisão que re-conheceu a invalidade do artigo 5º da Lei 1.206/87 (Mandado de Segurança nº 583/87) foi proferida em sede de controle in-cidental de constitucionalidade, não operando, portanto, efei-tos erga omnes”, e, com base em tal argumento e de que a Administração Pública subordina-se ao princípio constitucional da legalidade, vem acolhendo a tese do Estado do Rio de Janei-ro, concluindo pela inexistência de violação ao princípio da isonomia. Neste sentido, aponta a Apelação Cível nº 0310301-42.2011. 8.19. 0001.

(7)

Cita, em sentido contrário, jurisprudências da 9ª Câmara Cível (0029542-75.2011.8.19.0001) e da 17ª Câmara Cível (0000331-64.2006.8.19.0002), que ressaltam os efeitos da declaração de inconstitucionalidade proferida no Mandado de Segurança 583/1987, em observância ao artigo 103 do Re-gimento Interno deste Tribunal de Justiça, dispondo que: “a decisão que declarar a inconstitucionalidade ou rejeitar a ar-guição, se for proferida por 17 (dezessete) ou mais votos, ou rejeitada em mais 02 (duas) sessões, será de aplicação obriga-tória para todos os Órgãos do Tribunal”.

Assim, nos termos do artigo 76, incisos I e II, do CPC, e art. 119, do Regimento Interno deste Tribunal de Justi-ça, suscita o presente Incidente de Uniformização de Jurispru-dência, remetendo os autos a este Egrégio Órgão Especial.

A douta Procuradoria de Justiça pronunciou-se, às fls. 637/659, opinando que, em respeito ao princípio constitu-cional da isonomia, seja reconhecido o direito dos servidores deste Poder Judiciário à percepção do reajuste de 24% (vinte e quatro por cento) concedido aos ocupantes de cargos efetivos que figuraram no polo ativo da ação de nº 0024210-36.1988. 19.0001, de uma só vez, bem como ao recebimento das res-pectivas diferenças, observada a prescrição quinquenal e as condições pessoais e funcionais de cada servidor, uniformi-zando-se tal entendimento na jurisprudência deste Egrégio Tribunal de Justiça.

(8)

Às fls. 662/694, o SIND JUSTIÇA – Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro foi admitido no feito como assistente simples.

É relatório.

A matéria objeto deste Incidente de Uniformização de Jurisprudência refere-se à divergência das decisões proferi-das pelos órgãos julgadores competentes deste Poder Judiciá-rio, em ações movidas por serventuários, como no caso da proposta nos presentes autos, visando à implantação imediata e integral, em seus vencimentos, do reajuste de 24% (vinte e quatro por cento), cujo direito foi reconhecido, inicialmente, aos serventuários que figuraram no polo ativo da Ação Ordiná-ria nº 0024210.36.1988.19.0001, que tramitou perante o Juízo da 3ª Vara da Fazenda Pública da Comarca da Capital e, poste-riormente, em decisão administrativa da Presidência do TJRJ, da lavra do então Presidente Desembargador Luiz Zveiter, que de-terminou a aplicação de tal reajuste a todos os servidores em atividade, a ser implantado de forma parcelada (5,53% em ja-neiro/2011, janeiro/2012, janeiro/2013 e 5,51% em janei-ro/2014).

O pleito decorre do art. 5º, da Lei Estadual nº 1.206/1987, que excluiu os servidores da Justiça Estadual do Rio de Janeiro do reajuste de 70,5%, concedido a todo funcio-nalismo estadual, artigo 1º da mesma lei.

Tal dispositivo foi declarado inconstitucional por este Egrégio Órgão Especial, em sede de Mandado de

(9)

Seguran-ça originário de nº 583/1987, confirmado pelo E. Supremo Tri-bunal Federal.

Na sentença de fls. 532/536, o Juízo da 15ª Vara da Fazenda Pública da Comarca da Capital, julgou procedente em parte o pedido formulado nos presentes autos, condenando o Estado do Rio de Janeiro a implantar de uma só vez o reajuste de 24% a incidir sobre a remuneração da autora, pagando-lhe as diferenças vencidas nos últimos cinco anos contados da propositura desta ação, apuradas em liquidação, observando-se a regra do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, na redação conferi-da pela Lei nº 11.960/2009.

Apelou o Estado réu, às fls. 588/574, visando à re-forma da sentença, alegando, em síntese, prescrição do fundo de direito do pedido formulado na inicial; inexistência de ile-galidade, inconstitucionalidade ou injustiça no artigo 5º, da Lei nº 1.206/1987, que excluiu os servidores do Poder Judiciário do reajuste de 70,5%; leis posteriores concederam reajustes aos servidores o Poder Judiciário; o enunciado 339 da Súmula do STF impede que o Poder Judiciário conceda reajustes sob o fundamento de observância ao princípio da isonomia.

Como posto no acórdão de fls. 618/622, em que a 5ª Câmara Cível suscita a uniformização de jurisprudência, existe divergência entre os Órgãos Julgadores deste Tribunal de Justiça sobre a matéria.

Foi citada como exemplo de tal divergência a Ape-lação Cível nº 0310301-42.2011.8.19.0001, julgada pela

(10)

Câ-mara suscitante, que afasta tal direito pleiteado por servidor do Poder Judiciário; bem como, em sentido contrário, as Apela-ções Cíveis nº 0029542.75.2011.8.19.0001, julgada pela E. 9ª Câmara Cível, e nº 0000331.64.2006.8.19.0002, julgada pela 17ª Câmara Cível, nos termos das respectivas ementas:

QUINTA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA - Apelação/Reexame Necessário nº 0310301-42.2011.8.19.0001 -Relator: DES. MILTON FERNANDES DE SOUZA.

DIREITO CONSTITUCIONAL. ADMINISTRA-ÇÃO PÚBLICA. SERVIDOR DO TJERJ. PRE-TENSÃO DE EXPRE-TENSÃO DE REAJUSTE. IM-POSSIBILIDADE.

1-Na esteira do entendimento consolida-do na jurisprudência consolida-do Superior Tribunal de Justiça, nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora, quando não tiver sido ne-gado o próprio direito reclamado, a pres-crição atinge apenas as prestações venci-das antes do quinquênio anterior à propo-situra da Ação. Súmula da Jurisprudência Predominante do Superior Tribunal de Jus-tiça, verbete nº 85.

2-Ao Administrador Público, diante do princípio constitucional da legalidade,

(11)

permite-se apenas a prática de atos ex-pressamente autorizados por lei.

3-Nesse aspecto, inexiste direito de ex-tensão de aumento de vencimentos a ser-vidores não alcançados pela norma.

Processo : 0029542-75.2011.8.19.0001 APELAÇÃO / REEXAME NECESSARIO -DES. REGINA LUCIA PASSOS - Julgamento: 03/07/2012 - NONA CÂMARA CÍVEL. Apelação Cível. Ação de Obrigação de Fa-zer. Servidor do Poder Judiciário. Preten-são de reconhecimento do Direito ao rea-juste dos vencimentos em 24%. Imple-mentação dos valores devidos de uma única vez e o pagamento das parcelas vencidas. Declaração de Inconstitucionali-dade já reconhecida pelo Eg. Órgão Espe-cial do TJRJ e confirmada pelo E. STF. Art. 5º da Lei Estadual nº 1.206/87 que, ao conceder reajustes aos servidores do Es-tado, excluiu aqueles pertencentes ao Po-der Judiciário. Trânsito em julgado da sentença de procedência, proferida nos autos da ação proposta, à época, por gru-po de servidores. Posterior decisão admi-nistrativa da Presidência deste Tribunal de Justiça concedendo a extensão do reajuste

(12)

a toda categoria, porém, de forma parce-lada e ad futurum. Sentença de procedên-cia que reconheceu o direito do autor ao implemento do reajuste, de uma única vez, bem como ao pagamento das parce-las pretéritas. Irresignação do Estado réu que não se sustenta. Inocorrência da Pres-crição do fundo de Direito. Relação de tra-to sucessivo. Aplicação da Súmula nº 85 do STJ. Afronta ao Princípio Constitucional da Isonomia. Alegação de atuação do Po-der Judiciário como legislador positivo. Inocorrência. Simples implementação de reajuste, que não significa concessão de aumento. Procedência do pedido que deve ser mantida. Fixação dies a quo para im-plemento do reajuste no percentual fal-tante (11,04%). Prazo razoável ao Estado. Fixação dos honorários que deve ser reali-zada com base no art. 20, § 4º, do CPC. Correção da sentença nesse pormenor apenas. Precedentes citados: AgRg no REsp 1224083/CE, Rel. Ministro NAPO-LEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TUR-MA, julgado em 15/12/2011, DJe 10/02/2012; 020241059.2011.8.19.0001 - APELAÇÃO DES. MARCELO LIMA BUHA-TEM - Julgamento: 29/02/2012 - QUARTA CÂMARA CÍVEL;01024925.2011.8.19. 0000 MANDADO DE SEGURANÇA DES.

(13)

VALMIR DE OLIVEIRA SILVA - Julgamento: 28/11/2011 - ÓRGAO ESPECIAL; 0036980-58.2011.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO DES. ADEMIR PIMENTEL - Julgamento: 29/02/2012 DÉCIMA TER-CEIRA CÂMARA CÍVEL; 0286707-96.2011.8.19.0001 - APELAÇÃO DES. REI-NALDO P. ALBERTO FILHO - Julgamento: 13/06/2012 - QUARTA CÂMARA CÍVEL; 0052729-18.2011.8.19.0000 - MANDA-DO DE SEGURANÇA DES. NILZA BITAR - Julgamento: 16/04/2012 - ORGÃO ESPE-CIAL; Sexta Turma Especializada, Apelação 199751010742228 RJ, Relatora: Juíza Fe-deral convocada CARMEN SILVIA DE AR-RUDA TORRES, 27/07/2009, DJU de 05/08/2009); AgRg no REsp 947.368/RS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 02/09/2010, DJe 27/09/2010; AR 3.182/MG, Rel. Ministro PAULO MEDINA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 14/03/2007, DJ 30/04/2007, p. 279;RE-AgR 546981, CÁRMEN LÚCIA, STF;RE-279;RE-AgR 549031, EROS GRAU, STF. 0000331-64.2006.8.19.0002 - Apelação/Reeexame Necessário - Des. Luisa Bottrel Souza - Julgamento: 16/09/2009 - DÉCIMA SÉTI-MA CÂSÉTI-MARA CÍVEL PARCIAL PROVIMENTO DO RECURSO.

(14)

Processo: 0000331-64.2006.8.19.0002 APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO

DES. LUISA BOTTREL SOUZA - Julgamento: 16/09/2009 - DÉCIMA SETIMA CÂMARA CÍVEL.

SERVIDOR PÚBLICO. AÇÃO DE COBRANÇA. PRETENSÃO DE HAVER DIFERENÇAS DO REAJUSTE GERAL DE VENCIMENTOS CON-CEDIDO PELA LEI 1.206/87, APENAS AOS SERVIDORES DOS PODERES EXECUTIVO E LEGISLATIVO. CONDENAÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO A PAGAR À AUTORA DIFERENÇAS RETROATIVAS À DATA DA CONCESSÃO DO REAJUSTE, OBSERVADA A PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA ISONOMIA. EXTENSÃO DO AUMENTO AOS SERVIDORES DO PODER JUDICIÁRIO. INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI RECONHECIDA, DE FORMA INCIDEN-TAL, PELO EGRÉGIO ÓRGÃO ESPECIAL DES-TE TJERJ. RECURSO DESPROVIDO.

A relação jurídica deduzida em Juízo tem natureza de obrigação de trato sucessivo, evidenciando que o fundo de direito não foi alcançado pela prescrição, sendo atingidas,

(15)

ape-nas, as prestações vencidas no quinquênio anterior ao ajuiza-mento da demanda.

Aplica-se o verbete 85 da jurisprudência predomi-nante do STJ, “verbis”:

“Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como de-vedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas an-tes do quinquênio anterior à propositura da ação.”

Portanto, não prospera o argumento do Estado do Rio de Janeiro quanto à prescrição de fundo do direito pleitea-do na inicial.

Ademais, verifica-se, neste ponto, que não houve divergência nas decisões acima mencionadas.

Dispõe o artigo 103 do Regimento Interno deste Tri-bunal de Justiça, que:

“a decisão que declarar a inconstituciona-lidade ou rejeitar a arguição, se for profe-rida por 17 (dezessete) ou mais votos, ou

(16)

rejeitada em mais 02 (duas) sessões, será de aplicação obrigatória para todos os Ór-gãos do Tribunal”.

Assim, mostra-se descabida a argumentação de que não podem ser aplicados aos demais serventuários os efeitos da inconstitucionalidade do art. 5º, da Lei nº 1.206/1987, re-conhecida nos autos do Mandado de Segurança 583/1987.

Em face de tal declaração de inconstitucionalidade, um grupo de cerca de 1.200 servidores ajuizou, em 1988, a referida Ação Ordinária nº 0024210-36.1988.19.0001, pleite-ando a implementação do reajuste e cobrança de valores atra-sados, na qual o Estado do Rio de Janeiro foi obrigado a im-plementar os 24% nos vencimentos dos respectivos autores.

Tal decisão transitou em julgado e, em decisão ad-ministrativa do então Presidente desta Corte, Des. Luiz Zveiter, foi determinada a implantação, de forma parcelada, do referido percentual, nos vencimentos dos demais servidores em ativi-dade não amparados pela referida decisão judicial.

Posteriormente, tal decisão foi estendida aos inati-vos, nos autos do processo administrativo nº 2011-019608.

Em que pese tais decisões administrativas terem amenizado a discrepância salarial entre os autores da referida Ação Ordinária e os demais servidores deste Poder Judiciário, ao parcelar a implantação do reajuste não garantiu, de

(17)

imedia-to, a isonomia de vencimentos para cargos iguais ou asseme-lhados do mesmo Poder, na forma prevista no art. 39, § 1º, da Constituição Federal de 1988. Tampouco foi garantido o direi-to ao recebimendirei-to dos atrasados.

Destarte, evidente o interesse e as demais condições da ação manejada nestes autos.

Verifica-se que o direito dos servidores ao reajuste pretendido está demonstrado e reconhecido por este Poder Ju-diciário, em decisões judiciais confirmadas pela Corte Superior.

Há consenso sobre a inconstitucionalidade do art. 5º, da Lei 1.206/87, a respeito da qual não há mais qualquer margem para discussão.

O mesmo se pode dizer quanto ao percentual de 24%, visto que foi demonstrado nos autos da Ação Ordinária nº 0024210-36.1988.19.0001, cuja decisão, após diversos recur-sos, restou confirmada pelo Supremo Tribunal Federal, transi-tando em julgado.

A infringência ao princípio da isonomia evidencia-se não só no art. 5º, da Lei nº 1.206/87, que excluiu os servidores do Poder Judiciário Estadual do reajuste concedido a todo fun-cionalismo estadual, mas, também, ao ser dado tratamento di-ferente aos serventuários que não integraram o polo ativo da Ação Ordinária nº 0024210-36.1988.19.0001, negando-lhes o direito de receberem, de forma integral, o reajuste de 24% (vinte e quatro por cento), que resulta da diferença entre os

(18)

70,5%, descontados 25% da Lei nº 1.169/1987 e 10% concedi-dos pelo processo administrativo nº 11.599/1998, conforme foi apurado na referida ação.

Como ressaltou a douta Procuradoria de Justiça:

“Conclui-se, destarte, que o reajuste já deveria ter sido estendido e implementado há muito tempo para todos os servidores do Poder Judiciário do Estado, pois inte-grantes do quadro único, com vínculo es-tatutário com a Administração, não po-dendo, por conseguinte, perceber remu-neração diferenciada, sendo cabível, por via de consequência, a percepção dos atrasados respectivos, observada a pres-crição quinquenal.”

Entendimento contrário incorre em violação ao Prin-cípio da Isonomia previsto no art. 37, X, da Constituição Fede-ral, e art. 7º, parte final, da Emenda Constitucional nº 41/2003.

O princípio da isonomia tem como finalidade princi-pal assegurar às pessoas de situações iguais os mesmos direi-tos, prerrogativas e vantagens, com as obrigações correspon-dentes, o que significa, na hipótese em exame – isonomia sala-rial -, garantir que, para todo trabalho de igual valor (com identidade de funções, produtividade, perfeição técnica, capa-cidade, etc.) deve corresponder o direito a uma mesma remu-neração.

(19)

No acórdão proferido nos autos do Mandado de Se-gurança nº 587/87, foi abordada a distinção entre aumento e reajuste, conforme se observa do trecho do voto proferido pelo relator, Exmo. Desembargador Doreste Batista, “verbis”:

“... O aumento, em regra, diz respeito às carreiras, ou às modificações por que pas-sam essas carreiras. É informado por cau-sa interna, peculiar ao grupo de destinatá-rios. Pode ser geral, mas, de ordinário, é limitado a um grupo de servidores.

O reajuste, ao contrário, é fruto de causa externa. Decorre de variação (para menos) do poder aquisitivo da moeda. É conse-quência necessária do estado da economia do país. Sua finalidade é apenas repor a perda do poder aquisitivo do vencimento ou dos proventos. Por sua natureza, senão pela ratio que o explica, o reajuste será obrigatoriamente geral e uniforme. Geral, porque a sua causa a todos lesiona; uni-forme, porque a lesão, a perda salarial (la-to sensu), em igual medida a (la-todos atin-ge...”

Como não se trata de aumento de vencimentos, mas sim de reajuste, não há que se falar em aplicação do verbete nº 339, da Súmula de Jurisprudência do E. Supremo Tribunal

(20)

Fe-deral, a qual dispõe que “Não cabe ao poder judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia”.

Sobre o tema, ressalta-se parte do voto da Exma. Desembargadora Regina Lúcia Passos, nos Embargos de Decla-ração em Apelação Cível nº 0029542-75.2011.8.19.0001, jul-gado pela E. 9ª Câmara Cível, em 24/07/2012:

“(...) Dessa forma, não há como se admitir que, por causa de uma Súmula, criada sob a égide de uma Constituição anterior, que não reflete mais os anseios da sociedade contemporânea, seja o Judiciário impedido de realizar a apreciação de um pleito tra-zido por uma categoria inteira de funcio-nários públicos. Ou seja, impossível per-mitir o prestígio da alegada Súmula em detrimento do patrocínio da isonomia. Em consequência, qualquer lesão ao direi-to subjetivo do servidor público o Judiciá-rio está autorizado a analisar e, se for o caso, agasalhar a súplica, sem que isto ocorra em afronta ao enunciado da Súmu-la do STF 339, eis que não se cuida de le-gislar, de inovar o ordenamento legal, mas de dar vigência e eficácia à Lei Maior, ten-do os serviten-dores civis, não atingiten-dos pelo tratamento isonômico, direito à revisão,

(21)

bem como pretensão de ação para exigir sua efetivação.”

Outrossim, não há que se falar em impossibilidade de cumprimento de decisão judicial que conceder a serventuá-rio o direito pleiteado, em razão da Lei de Responsabilidade Fiscal, como reconhecido em caso semelhante em decisão pro-ferida pelo E. Tribunal Regional Federal da 2ª Região, nos autos da Apelação Cível nº 1997.510742228 RJ, mencionado no pa-recer do “Parquet”, onde foi ressaltado que:

“(...) O argumento da União de que os va-lores atrasados não poderiam ser pagos por falta de previsão orçamentária é com-pletamente descabido. Se assim fosse, qualquer arbitrariedade da Administração estaria automaticamente chancelada em prol deste princípio. Por outro lado, a exe-cução dos valores devidos nos presentes autos seguirá os trâmites legais, inclusive com a expedição de precatório, na forma do art. 100 da CF.”

Na linha dos fundamentos supra, há precedentes do Superior Tribunal de Justiça e deste Tribunal de Justiça, ressal-tando-se, dentre eles, as decisões mencionadas na ementa da Apelação Cível/Reexame Necessário nº 0029542-75.2011. 8.19. 0001, acima transcrita.

(22)

Por fim, este Relator ressalta a importância dos ser-vidores do Poder Judiciário, que enfrentam desumana quanti-dade de trabalho, sacrificando em prol da sociequanti-dade, o conví-vio familiar e até a própria saúde.

Assim, acolhe-se o Incidente de Uniformização de Jurisprudência suscitado pela E. 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, confirmando-se os funda-mentos das inúmeras decisões de primeira e segunda instân-cias, no sentido de que, em respeito ao princípio constitucional da isonomia, deve ser reconhecido o direito aos servidores do Poder Judiciário Estadual à percepção do reajuste de 24% (vinte e quatro por cento), bem como ao recebimento das respectivas diferenças, observada a prescrição quinquenal.

Nessa perspectiva, formula-se o seguinte verbete de uniformização de jurisprudência:

“Em respeito ao princípio constitucional da isonomia, os serventuários que não integraram o polo ativo da Ação Ordi-nária nº. 002420-36.1988.8.19.0000, fazem jus, a exemplo dos autores da referida ação, ao reajuste de 24% em seus vencimentos, bem como à percep-ção das diferenças, a serem pagas de uma única vez, devidamente corrigidas

(23)

desde a data do pagamento efetuado àqueles, compensando-se os valores já quitados, por força do Processo Admi-nistrativo nº. 2010.259214, observada a prescrição quinquenal, a contar da propositura de cada demanda, bem como as condições pessoais e funcio-nais de cada serventuário, incidente Imposto de Renda e verbas previden-ciárias por se tratarem de diferenças vencimentais”.

Rio de Janeiro, 02 de dezembro de 2013.

DESEMBARGADOR CLAUDIO DE MELLO TAVARES Relator

Referências

Documentos relacionados

responsável pela uniformização da jurisprudência desta Corte Superior em dissídios individuais, em sua composição plena, por ocasião do julgamento do Incidente de Recurso de

Cuida-se de agravo regimental interposto pelo INSS contra decisão do Presidente da Turma Nacional de Uniformização que inad- mitiu incidente de uniformização de jurisprudência

O palácio, de estilo classicista, decorado com elementos de estilo rococó e neo-barroco, foi concebido inicialmente para assumir a dupla função de moradia e de museu, para albergar as

Os principais parâmetros de projeto dos winglets, segundo Whitcomb (1975), são os seguintes:..  Seção de aerofólio: A forma do aerofólio do winglet deve satisfazer

Adicionalmente, foram analisadas as Guias de Trânsito Animal (GTA), que permi- tiram identificar a movimentação do rebanho bovino em Mato Grosso. A maior parte dos

rearing systems (indirect suppliers) and would go on to slaughterhouses, the 40 municipalities in Mato Grosso that transported such animals accounted for 62% (4.9 million heads)

Em segundo lugar, não há qualquer fraude na compra e venda de créditos trabalhistas, desde que a compra tenha sido realizada após a consolidação dos créditos, ou seja, após a

Dos vereadores Arilde Terezinha Brum Longhi – PRB, Claudemir Zanco – PPS, Guilherme Sebastião Silverio – PMDB, Laurindo Cesa – PSDB, Luiz Augusto Silva – DEM, Osmar Braun