¹ Subprojeto financiado pela CAPES, iniciado no primeiro semestre de 2014. Coordenado pela Prof.ª
SUBPROJETO GEOGRAFIA PROMOÇÃO DA SAÚDE E O PIBID: desafios e possibilidades na Escola Estadual Antônio Canela, em Montes Claros- MG ¹
MONÇÃO, Lucimara Lima Graduanda em Geografia - Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES
lucimaralima.m@hotmail.com SILVEIRA, Iara Maria Soares Costa Professora Doutora do Departamento de Geociências – Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES yara.mariasilveira@gmail.com SOUZA, Wérica Carvalho Silva Graduanda em Geografia - Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES
wericageografia@gmail.com
INTRODUÇÃO
Os primórdios até dos dias atuais, a saúde possuí significativa relevância para o homem, pois esta é imprescindível para a manutenção e sobrevivência da vida humana. Incontáveis são as descobertas científicas realizadas na tentativa de preservar a saúde dos indivíduos e dos habitats que lhes são comuns. Nos séculos passados, a ciência que estudava a saúde era a ciência biológica, mas nos tempos atuais devido às problemáticas que envolvem o mundo, como o aquecimento global, a poluição, a grande propagação dos vírus, bactérias e doenças infectocontagiosas têm levado as demais ciências a buscarem a compreensão da relação entre a saúde e seus estudos. Nessa perspectiva, a Geografia desde o século XIX estuda a influência que o espaço exerce sobre a propagação de doenças e sobre a redução das mesmas, uma vez que, os fatores climáticos são determinantes no que diz respeito à difusão da doença. Diante do exposto, surge no século XVIII a Geografia Médica e/ou da Saúde, que busca espacializar as diversas doenças nos diversos territórios, não somente mapeando-os, mas analisando aprofundadamente as suas causas.
Por se um tema amplamente discutido nos dias atuais a saúde está interligada a várias ciências, sendo por isso interdisciplinar e até multidisciplinar. No âmbito educacional a saúde é inserida como uma temática transversal, sendo considerada relevante para a promoção e qualidade de vida dos discentes, onde o processo de aprendizagem está pautado na importância da saúde, além de contextualizá-la com os conteúdos de Geografia. Essa nova abordagem dentro da ciência Geográfica possibilita aos alunos um maior conhecimento a respeito do tema, contribuindo assim para a promoção, prevenção e atenção na melhoria da saúde escolar e consequentemente, na comunidade adjacente e sociedade como um todo.
Sendo assim, o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID, em parceria com a Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES com a inclusão do Subprojeto Geografia Promoção à Saúde, tem proporcionado aos alunos da Escola Estadual Antônio Canela, situada na região sul da cidade de Montes Claros/MG, uma nova visão da saúde no seu cotidiano, especialmente, devido à carência da comunidade escolar. O referido subprojeto tem auxiliado os acadêmicos bolsistas e professores supervisores na formulação e execução de projetos que envolvam a comunidade escolar nas discussões relacionadas à saúde.
Dentro desse pressuposto, o presente estudo tem por objetivo destacar a importância da inserção do Subprojeto Geografia Promoção à Saúde na comunidade da Escola Estadual Antônio Canela, com a introdução de novas posturas, voltadas para a melhoria da qualidade de vida dos discentes e suas famílias através dos conteúdos da Geografia Escolar, por intermédio de oficinas, trabalhos de campo, intervenções em aulas expositivas dialogadas, palestras e orientações que proporcionem ganhos que evidenciam a saúde individual e coletiva da comunidade escolar.
Para responder o objetivo proposto, a metodologia esteve pautada em etapas, inicialmente foi realizado levantamento de referencial bibliográfico sobre a Geografia Média, com o intuito de compreender a relação interdisciplinar da Ciência Geográfica com a subárea Geografia e Promoção da Saúde. Posteriormente, relacionou-se o
referencial teórico disciplinar com o Subprojeto Geografia Promoção a Saúde da Escola Estadual Antônio Canela. Na terceira etapa realizou-se um trabalho de campo com os discentes do 7° ano “1” no dia vinte e oito de maio deste ano, acompanhados pelos acadêmicos pibidianos responsáveis por essa turma, além de da professora supervisora e alguns funcionários administrativos da escola.
CONHECENDO E CARACTERIZANDO A ÁREA DE ESTUDO
Nesta etapa, a expedição distribui-se pelas ruas dos Bairros Chiquinho Guimarães e Mangues que fazem parte da comunidade escolar para pesquisarem sobre a temática escolhida “a dengue”. Oportunamente foi aplicado um questionário semiestruturado sobre o assunto às famílias que compõem a comunidade escolar do Antônio Canela ali residente, com o auxilio dos professores supervisores e acadêmicos do PIBID. Ressalta-se que, as entrevistas foram aplicadas pelos discentes do 7º ano. Conforme figura 01 é possível visualizar a aplicação das entrevistas.
Figura 01: Aplicação da Entrevista Fonte: FONSECA, 2014
Complementa-se ainda a metodologia por meio das vivências e contribuições dos acadêmicos participantes do subprojeto por meio de suas atuações na Escola, onde em pareceria com os professores supervisores se reúnem para discutir as possibilidades de promover a saúde com os alunos através de oficinas, jogos, vídeos, etc. O material iconográfico também foi utilizado para mostrar a realidade dos alunos da Escola e a necessidade da atuação desse subprojeto para as suas vidas. Como escreve JACOMELI (2007, p. 92), “nada melhor que temas sociais candentes, como os dos temas transversais, para trazerem ao ambiente escolar a atualidade e a importância de se aprenderem determinados conhecimentos”.
Neste contexto, devido à carência, a falta de oportunidades e sem orientações quanto ao acesso aos cuidados da saúde dos discentes da Escola Estadual Antônio Canela, faz necessário o empenho dos professores para auxiliá-los quanto à higienização, o cuidado com o lixo, com a alimentação para que possam viver de forma saudável, além de transmitirem essas informações para suas famílias.
A educação associa-se, pois, a processos de comunicação e interação pelos quais os membros de uma sociedade assimilam saberes, habilidades, técnicas, atitudes, valores existentes no meio culturalmente preparado e, com isso, ganham o patamar necessário para produzir outros saberes, técnicas e valores (REIS, 2010).
Assim sendo, a comunidade escolar Antônio Canela assume o papel de escola como construtora do saber na sociedade, possibilitando ser um elo entre a família e os alunos. Os saberes transmitidos entre escola e família facilitam a promoção da saúde em uma escala mais abrangente. Além disso, os cidadãos que possuem maior índice de escolaridade são mais cuidadosos com a saúde, como nos mostra os (PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS, 1997):
A escola cumpre papel destacado na formação dos cidadãos para uma vida saudável, na medida em que o grau de escolaridade em si tem associação comprovada com o nível de saúde dos indivíduos e grupos populacionais. Mas a explicitação da educação para a Saúde como tema do currículo eleva a escola ao papel de formadora de protagonistas e não pacientes capazes de valorizar a saúde, discernir e participar de decisões relativas à saúde individual e coletiva.
A proposta do subprojeto é conscientizar os alunos e a comunidade escolar a evitarem danos à saúde, ensinando-os a tomarem medidas preventivas, além de adverti-los da importância das ações individuais que cada cidadão pode tomar para evitar males à saúde, como nos adverte (CARVALHO, 2007):
O direito à saúde exige que cada um de nós cumpra com seus deveres. Entre omitir-nos e compactuar existe uma terceira via: a participação e luta de cada um de nós para que todos sejamos cidadãos plenos, iguais em direitos e deveres. Ou seja, assumir o direito à saúde como parte da transformação de nosso país.
A saúde é essencial para o ser humano, por isso, as iniciativas do subprojeto inserido na Escola Antônio Canela objetivam a formação de uma consciência crítica nos alunos para que possam ser agentes ativos e transformadores da sociedade com suas ações humanitárias e de interesse coletivo, ao invés de cultivarem o individualismo e de praticarem ações que prejudicam os outros e a si próprios.
Diversas estratégias voltadas para a saúde dos discentes e da comunidade estão sendo desenvolvidas na escola, trabalhando questões relacionadas a doenças, os cuidados com a poluição e as medidas de manter a saúde. Algumas oficinas levam os alunos para conhecerem a poluição que existe em seus bairros para que possam compreender a realidade que estão vivendo, isso torna a conscientização mais sólida e efetiva.
É exatamente nesse ponto que a Geografia aparece como a ciência capaz de desenvolver o senso crítico de quem se propõe a executar uma leitura reflexiva do espaço. Isso pode
ser feito através da mudança de atitudes, como deixar o ambiente restrito da sala de aula e partir para experiências concretas, capazes de possibilitar aos alunos uma observação mais detalhada do espaço geográfico (SILVA, ARAGÃO, 2012).
Na figura 02 é possível perceber os alunos observando a poluição encontrada no bairro Mangues, onde foi realizado o trabalho de campo citado anteriormente.
Figura 02: Acúmulo de Lixo na comunidade escolar Fonte: FONSECA, 2014
A poluição encontrada diariamente pelos alunos que por aquele local transitavam pode ser percebida claramente quando realizavam pesquisa nesse bairro, eles se encontraram diante de um cenário que compreendiam a problemática envolvida mas não haviam sido incitados a olhar criticamente.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
A ciência geográfica possibilita aos professores trabalharem temas diferenciados e transversais com os alunos. A saúde é um tema de extrema importância para a formação
dos alunos e da comunidade escolar, e na Escola Antônio Canela a participação do subprojeto Promoção à saúde do PIBID tem contribuído para promover a saúde na escola e na comunidade. Esse projeto possibilita aos alunos vivenciarem a realidade atual e compreender a necessidade de tomar iniciativas que evitem a propagação de doenças, entre outras problemáticas que envolvam a saúde. Outros projetos serão desenvolvidos pelas equipes de professores supervisores, acadêmicos e alunos da escola, sendo utilizada como tema central a saúde, levando uma melhor qualidade de vida para a escola e a comunidade carente. A saúde inserida na disciplina de Geografia na escola tem sido útil para trabalhar com os alunos conteúdos importantes da Geografia e também da História, facilitando o aprendizado do aluno.
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação dos temas
transversais, ética. Secretária de Educação Fundamental. MEC/SEF, 1997.
Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro081.pdf. Acesso em 30/06/2014.
CARVALHO, G.C.M. Participação da comunidade na saúde. Passo Fundo: IFIBE; CEAP, 2007.
JACOMELI, M. R. M. PCNs e Temas Transversais: análise histórica das políticas
educacionais brasileiras. Campinas, SP: Editora Alínea, 2007.
REIS, L. P.C. A participação da família no contexto escolar, 2010. EDUCAÇÃO. Universidade Estadual da Bahia Salvador, 2010. Disponível em:
<http://www.uneb.br/salvador/dedc/files/2011/05/MONOGRAFIA-LILIANI-PEREIRA-COSTA-DOS-REIS.pdf.>
SILVA, N. M.; ARAGÃO, R. F. Observação como prática pedagógica no ensino de
Geografia. Geosaberes, Fortaleza, v. 3, n. 6, p. 50-59, jul. / dez. 2012.
