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MEMÓRIAS DA FAPSI. Histórias e Relatos de professores, funcionários, ex-professores e exfuncionários da Faculdade de Psicologia da PUC Minas

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MEMÓRIAS DA FAPSI

Histórias e Relatos de professores, funcionários, professores e ex-funcionários da Faculdade de Psicologia da PUC Minas

faculdade de Psicologia começou sua história em 1959, quando a

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS criou o Instituto de

Psicologia, antecipando-se à regulamentação da profissão – que

aconteceu em 29 de agosto de 1962. Desde seu início muitas

histórias e vivências marcaram – e marcam – o exitoso percurso acadêmico

e de formação profissional – e porque não, pessoal – celebrando a

maturidade da entrada nos sessenta anos, a Faculdade vem partilhar essas

histórias nesse documento, dividindo com toda a comunidade a “história

viva” presente nos discursos, vivências e experiências dos professores,

ex-professores, funcionários e ex-funcionários. Tais discursos revelam, através

da sensibilidade de cada relato, os atravessamentos afetivos, políticos, éticos,

teórico-práticos e sobretudo humanos, contidos no fazer formativo do

Psicólogo e Psicóloga da Faculdade de Psicologia da PUC Minas.

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MEMÓRIAS DA FAPSI

Histórias e Relatos de professores, funcionários, professores e ex-funcionários da Faculdade de Psicologia da PUC Minas

Professor da PUC Minas, Hélio Cardoso de Miranda Júnior, conta sua

trajetória na PUC Minas desde a sua época de estudante de Psicologia na

instituição.

Minha história começa com uma namorada que estudava psicologia na Universidade Católica em uma época na qual eu estava um pouco perdido na busca de encontrar um caminho profissional. Com ela descobri que a psicologia poderia ser este caminho. Fiz o vestibular depois de passar pelo exame psicotécnico exigido, fui da última turma que passou por isso. O exame psicotécnico pretendia verificar a aptidão para cursar psicologia, pois se considerava que era um curso que poderia ter efeitos psíquicos indesejáveis para algumas pessoas.

Quando comecei a estudar, o mundo se descortinou ao meu redor e meu entusiasmo aumentou. Eu tinha feito um curso técnico no ensino médio e encontrar naquele momento filosofia, sociologia, antropologia e até fisiologia, além das primeiras noções de psicologia, muito me fascinou.

Não posso deixar de citar um acontecimento especial: no primeiro período, quando o professor de Iniciação Filosófica foi devolver o primeiro trabalho individual, ele fez um elogio ao meu texto. Eu estava mesmo entusiasmado e me dedicava àquelas reflexões com o ímpeto de um neófito. Quando o professor foi devolver o segundo trabalho individual, ele deixou o meu por último, novamente fez um pequeno elogio e disse que queria apenas fazer uma pergunta. Então ele se dirigiu a mim, entregou meu trabalho e me perguntou: você gostaria de ser professor universitário? O 'sim' que eu disse foi tão espontâneo quanto surpreendente para mim mesmo. Ali estava lançada a semente de um desejo que iria se realizar mais tarde. 

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Segui o curso com as descobertas e as dificuldades inerentes a todos que trabalham e estudam. Comecei no turno da manhã, mas tive de parar por um semestre por problemas de trabalho e voltei no turno da noite. Feliz coincidência! Ali encontrei a minha turma, aquela com a qual vivi de uma forma melhor a formação em psicologia e com quem ainda me encontro até hoje. Na verdade, duas amigas também se tornaram professoras na PUC: Patrícia e Paula.

Na época havia algo curioso: a forma como o currículo era estabelecido coincidia com uma certa organização das salas do prédio 12. Eram oito salas no corredor do segundo andar, quatro de um lado e quatro do outro correspondendo aos oito períodos do curso. Havia uma ‘mística’ da passagem do quarto para o quinto período, quando se mudava de lado no corredor. Dizia-se que ali o curso começava a ficar mais difícil. As grandes linhas teóricas, a avaliação psicológica e as pesquisas sociais eram apresentadas de forma mais consistente. Os dois últimos períodos ficavam no andar de cima, quando a turma se dividia entre a psicologia clínica e a psicologia organizacional. Tentei aproveitar tudo que os estágios curriculares e extracurriculares me ofereceram. Experimentei trabalhar na área organizacional e na área da saúde mental. A formatura em 1990 foi um acontecimento muito importante em minha vida. Fui escolhido o orador da turma e terminamos nosso percurso com uma festa que, se não foi a ideal, deixou lembranças de uma conclusão alegre e com promessas de outras realizações.

Veio então a batalha profissional e consegui iniciar meu percurso com a clínica individual, que nunca deixei, e com a saúde mental. Aqui vale citar que, tendo chance de escolher entre algumas opções de inserção, escolhi aquela que me permitia trabalhar com a clínica na saúde mental, mais especificamente no Ambulatório Luiz Cerqueira, que compunha a organização do Hospital Galba Velloso. Escolhi aquele lugar porque ali trabalhava uma de minhas professoras preferidas, Eliane Mussel. Foi um prazer ter começado minha carreira trabalhando junto com ela. Ali também conheci Henri Kaufmanner, que também era professor da PUC e eu ainda não conhecia. Nessa época tive a chance de

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iniciar um vínculo com a PUC, era um projeto da Eliane Mussel, mas infelizmente ainda não foi daquela vez.

Dez anos se passaram, eu já estava no campo da psicologia jurídica e havia terminado meu mestrado. Foi então que um colega de mestrado, que se tornara também amigo e com quem eu dividia a realização de algumas tarefas em uma embrionária organização que pretendia se tornar uma ONG para estudar e intervir junto a crianças e adolescentes, me disse que havia a possibilidade de eu substituir uma professora da PUC que estava em licença em um curso implantado em um novo campus, o São Gabriel. Então, por meio de Rubens Nascimento cheguei a Maria Cristina, a Tininha, coordenadora nos tempos heróicos da implantação do curso no São Gabriel. Depois de analisar meu currículo e de uma entrevista, iniciei meu tempo na PUC com a disciplina “História da Psicologia”, que sempre me interessou. Minha dissertação de mestrado incluiu a história da psicologia no Brasil e eu me sentia preparado.

Na sequência, envolvi-me com os estágios que, diferente do currículo em que estudei, começavam mais cedo e envolviam pesquisa. Foi concorrendo à vaga de professor de estágio que fui definitivamente admitido na PUC. Aquela semente lá atrás já havia germinado em meu percurso na saúde mental, mas estabeleceu raízes naquele momento. Quanta coisa poderia ser dita sobre as necessárias mudanças e adaptações nas disciplinas e nos estágios naquele período inicial de curso. É uma longa história, entre substituições, procura por campos de estágio, experiências positivas e outras nem tanto. Mas o importante é que a partir daí busquei encontrar aquilo em que mais poderia contribuir com a formação dos alunos, até chegar à Teoria Psicanalítica e aos estágios em atendimento clínico, além das práticas investigativas.

Não é possível deixar de falar da satisfação em reencontrar os mestres que me formaram e dividir com eles debates, ideias, notícias e mesas redondas.

Quando a clínica-escola de psicologia ia ser implantada no São Gabriel, fui convidado a ser o coordenador adjunto e trabalhar com o professor Flávio Durães, que seria o coordenador. Foi um grande desafio

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implantar todos os procedimentos e rotinas, acompanhar os ajustes nas instalações físicas, estabelecer os materiais e seu adequado acondicionamento, verificar as legislações, estabelecer formulários, conhecer outras clínicas-escolas, dialogar com a clínica do campus Coração Eucarístico. Aliás, este diálogo foi fundamental, pois a experiência da clínica onde eu próprio havia estagiado na minha formação, com seus protocolos, formulários e orientações foi muito importante para nós. Ana Paula e Suzana Barroso foram nossos contatos mais relevantes. Para corresponder às especificidades dos atendimentos em psicologia, muitos ajustes foram feitos ao longo dos primeiros anos. Finalmente, a clínica estava pronta e funcionando. Mas apesar de todo esforço ainda faltava terminar sua regularização, que ficou para a gestão seguinte.

O corpo docente do São Gabriel era jovem e entusiasta, com forte tendência à pós-graduação. Eu me inseria neste contexto e então iniciei meu doutorado em São Paulo com o apoio relevante do programa de capacitação docente da PUC Minas, que me concedeu licença remunerada durante parte relevante de minha pesquisa. Isso é algo que também diferencia esta universidade de outras semelhantes, é um incentivo à formação do corpo docente, o que evidentemente repercute na formação dos alunos.

Um pouco antes de iniciar o doutorado, em associação com a professora Cristina Marcos, antiga colega do percurso em saúde mental, e com a professora Carla Derzi, que conheci por meio da Cristina, criamos o Curso de Especialização em Clínica Psicanalítica na Atualidade em 2004, cuja primeira turma se formou em 2006. Nossa parceria deu muito certo desde o início e logo incorporou também o professor Flávio Durães. Infelizmente (para nós), a Cristina se desligou da coordenação do curso de especialização para se dedicar melhor às suas tarefas no Programa de Pós-Graduação da PUC Minas, mas continua sendo nossa parceira. O

“Não é possível deixar de falar da satisfação em reencontrar os mestres que me formaram e dividir com eles debates, ideias, notícias e mesas redondas”.

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curso está em sua nona edição e formou muitos especialistas que seguiram na clínica particular e em instituições as mais diversas. Alguns enveredaram pelo mestrado e doutorado. Além disso, por meio de nosso curso e sempre com o apoio do colegiado do curso de Psicologia, trouxemos diversos palestrantes brasileiros e estrangeiros em eventos abertos ao público para tratar temas contemporâneos por meio de uma leitura psicanalítica: saúde mental, atendimentos e diagnósticos medicalizantes de crianças, anorexia, abordagem e tratamento da psicose, adolescência e muitos outros.

A história continua, esta é uma parte dela e espero que novas histórias sejam acrescidas e possam continuar a constituir uma experiência profissional que não tem igual: formar profissionais que tratam pessoas.

Hélio Cardoso de Miranda Júnior Novembro de 2015

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