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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL D E C I S Ã O

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Decisão nº 132/2013-B

Autos: 59795-97.2013.4.01.3400

D E C I S Ã O

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE FARMACÊUTICOS

MAGISTRAIS – ANFARMAG impetrou mandado de segurança coletivo contra ato

do DIRETOR-PRESIDENTE DA AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA

SANITÁRIA - ANVISA, objetivando, em sede liminar, seja a Anvisa compelida a (i)

fixar prazo razoável, não inferior a 60 (sessenta) dias, para que as farmácias associadas a Impetrante

possam protocolar o pedido de renovação de suas respectivas autorizações, seja de Funcionamento

(AFE), seja Especial (AE); (ii) determinar que a ANVISA receba o protocolo do pedido de

renovação das autorizações das farmácias associadas a Impetrante por meio diverso do eletrônico, seja

protocolo físico efetuado perante a própria ANVISA, seja postagem via Sedex com aviso de

recebimento ou qualquer outro meio similar e idôneo; (iii) determinar que a ANVISA considere

automaticamente renovada as autorizações (AFE e AE) das farmácias associadas a Impetrante, para

o período 2013/2014, mediante publicação em Diário Oficial da União – DOU, nos termos do artigo

9º, da Resolução RDC/ANVISA nº 17, de 2013 ou, de outra forma, enquanto o protocolo físico

(2)

efetuado estiver sob análise perante a Autarquia; (iv) determinar que a ANVISA suspenda a

aplicação de quaisquer sanções às farmácias associadas a Impetrante em decorrência da não renovação

de suas autorizações, procedendo à imediata reparação do sistema de peticionamento eletrônico da

Autarquia” (fl. 30).

Para tanto, narra que (a) a Anvisa editou a Resolução RDC nº 17/2013

que determina que o peticionamento de concessão, renovação, cancelamento, alteração,

retificação de publicação e reconsideração de indeferimento de Autorização de

Funcionamento (AFE) e de Autorização Especial (AE) de farmácias e drogarias será

feito exclusivamente por meio de petição eletrônica e protocolo eletrônico; (b) antes da

edição da Resolução nº 17/2013, tais procedimentos eram regulados pelas Resoluções nº

1/2010 e nº 1/2012, que determinavam a preferência do meio eletrônico, sem impor

sua exclusividade; (c) a Resolução nº 17/2013 determina que a farmácia que não realizar

o peticionamento, por meio eletrônico, no período compreendido entre 180 e 600 dias

anteriores à respectiva data de vencimento, terá sua autorização sumariamente

considerada caduca; (d) o artigo 9º da referida Resolução determina que as petições de

renovação de AFE e de AE protocoladas dentro do prazo, que não forem publicadas

pela Anvisa no DOU até a data de seus respectivos vencimentos serão renovadas

(3)

automaticamente; (e) o sistema de peticionamento eletrônico da Anvisa tem apresentado

diversos problemas técnicos, o que impediu diversas farmácias de efetuar pedido de

renovação de autorização na forma e prazo estabelecidos na Resolução RDC nº

17/2013.

Com a inicial, juntou procuração e documentos (fls. 32/311).

O representante legal da Anvisa foi intimado para a finalidade do artigo

22, §2º da Lei 12.016/2009.

A Anvisa manifestou-se às fls. 316/327, alegando que não estão

presentes os requisitos autorizadores da concessão da liminar, porquanto a norma que

impõe o peticionamento por meio eletrônico objetiva beneficiar os próprios impetrados.

Ainda, afirmou que os problemas do sistema operacional foram corrigidos, sendo que

atualmente o sistema tem funcionado perfeitamente.

DECIDO.

Na apreciação do pedido liminar, deve ser considerado o atendimento

simultâneo a dois requisitos legais, quais sejam: a relevância do fundamento invocado e o

fundado receio de que do ato impugnado possa resultar a ineficácia da medida, acaso deferida somente

por ocasião da sentença, consoante disposto no art. 7º, inciso III, da Lei 12.016/09.

(4)

Em juízo de cognição sumária, vislumbro a presença de ambos os

requisitos.

Em primeiro lugar, ressalto que inexiste dispositivo legal que obrigue o

administrado a fazer uso, exclusivamente, do meio eletrônico para apresentar

requerimento perante a Administração Pública.

Confira-se a orientação do Tribunal Regional Federal da 1ª Região a

respeito da questão:

CONSTITUCIONAL - TRIBUTÁRIO - RECEITA FEDERAL DO BRASIL - RECURSO ADMINISTRATIVO NÃO RECEBIDO - COMPENSAÇÃO INDEFERIDA POR TER SIDO FORMALIZADA POR VIA DIVERSA DA INTERNET - PEDIDO CONSIDERADO INEXISTENTE - INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 600/2005 - PROTOCOLIZAÇÃO,

EXCLUSIVAMENTE, POR MEIO ELETRÔNICO -

INADMISSIBILIDADE - EXIGÊNCIA LEGAL INEXISTENTE. a) Recurso - Apelação em Mandado de Segurança. b) Decisão de origem - Concedida a Segurança para análise de "Manifestação de Inconformidade". 1 - "Nenhum ato é totalmente discricionário, pois será sempre vinculado, ao menos no que diz respeito(sic), ao fim e à competência." (RMS nº 17.081/PE - Relator Ministro Humberto Martins - STJ - Segunda Turma - Unânime - D.J. 09/3/2007 - pág. 297.)

2 - Sem espeque a alegação de que o ato impugnado tem espeque em "discricionariedade conferida à SRF" (fls. 331) porque "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei". (Constituição Federal, art. 5º, II.)

3 - Inexiste LEI que torne OBRIGATÓRIA a utilização,

com EXCLUSIVIDADE, de meio eletrônico para requerimento perante a Administração Pública. Logo, ONDE O LEGISLADOR NÃO FEZ DISTINÇÃO, NÃO CABE AO INTÉRPRETE DA NORMA DISTINGUIR.

(5)

entre o teor da Lei nº 9.430/96, em seu art. 74, § 12, e a Instrução Normativa que lhe foi editada com o fito de regulamentação, qual seja, a IN SRF nº 600/2005, em seu art. 31." (Fls. 314.)

5 - Desincumbindo-se a Impetrante do ônus que lhe cabia (Código de Processo Civil, art. 333, I), comprovar que contra ela fora praticado, efetivamente, ato ilegal ou com abuso do poder, negando-lhe o exercício de direito líquido e certo amparado por Mandado de Segurança, não merece

reparo a sentença que afastara os efeitos da Instrução Normativa nº 600/2005, da Receita Federal do Brasil, quanto à exigência de requerimentos de compensação tributária, exclusivamente, por meio eletrônico.

6 - A autoridade coatora pode, por meio da Instrução Normativa -

IN/SRF nº 600/2005, dar efetivo cumprimento ao disposto no art. 5º, LXXVIII, da Constituição Federal sem, entretanto, afrontar o disposto no seu art. 5º, II.

7 - Apelação e Remessa Oficial denegadas. 8 - Sentença confirmada.

(TRF1, AMS 200833110006277, Rel. Desembargador Federal Catão Alves, Sétima Turma, e-DJF1 data:18/05/2012 PAGINA:1106)

PROCESSUAL CIVIL - MANDADO DE SEGURANÇA - ITR - INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 600/05 - PEDIDO DE INFORMAÇÕES - REPETIÇÃO: EXIGÊNCIA DE PEDIDO POR MEIO ELETRÔNICO - APELAÇÃO NÃO PROVIDA

1. Inexistindo, na IN/SRF n.° 600/05, qualquer previsão de procedimento específico para a obtenção de informações quanto aos tributos cobrados/recolhidos, ao pagamento em duplicidade e a existência ou não do direito à restituição, mostra-se necessário o conhecimento da petição do contribuinte.

2. A exigência de que os pedidos de restituição, ressarcimento ou

compensação de créditos tributários junto à União Federal (Fazenda Nacional) sejam feitos, exclusivamente, por meio eletrônico, restringe, com edição de mera Instrução Normativa, o viola o princípio insculpido no art. 5º, II da CF/88.

3.Instrução Normativa, como norma secundária, tem caráter

regulamentar, não podendo inserir exigência que, exorbitando limites estabelecidos por lei, restrinja direitos do contribuinte.

4.Inexiste LEI que torne obrigatória a utilização, com exclusividade, de meio eletrônico para requerimento perante a Administração Pública.

(6)

5. Apelação e remessa oficial não providas. 6.Peças liberadas pelo Relator, em , para publicação do acórdão.

(TRF1, AMS 200834000019227, Desembargador Federal Luciano Tolentino Amaral, sétima Turma, e-DJF1 data:11/11/2011 página:1057)

TRIBUTÁRIO - SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL - INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 460/2004 - RESTITUIÇÃO DE TRIBUTOS INDEFERIDA POR TER SIDO FORMALIZADA EM FORMULÁRIO IMPRESSO - CONTRIBUINTE SEM ACESSO À INTERNET - EXIGÊNCIA DE PROTOCOLIZAÇÃO EXCLUSIVA POR MEIO ELETRÔNICO - INADMISSIBILIDADE. a) Recurso - Apelação em Mandado de Segurança. b) Remessa Oficial. c) Decisão de origem - Concedida a Segurança para análise do mérito do pedido administrativo de repetição de indébito.

1 - A exigência de que os pedidos de restituição, ressarcimento ou compensação de créditos tributários junto à União Federal (Fazenda Nacional) sejam feitos, exclusivamente, por meio eletrônico, restringe, com edição de mera Instrução Normativa, o direito previsto no art. 170 do Código Tributário Nacional de o contribuinte compensar seus créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos.

2 - Instrução Normativa, como norma secundária, tem caráter regulamentar, não podendo inserir exigência que, exorbitando limites estabelecidos em lei, restrinja direitos do contribuinte.

3 - Se o pedido de restituição fora protocolizado em formulário impresso e, regularmente, recebido, numerado e encaminhado a processamento, ilídima exigência de entrega, por meio eletrônico, como condição de procedibilidade, do pedido de restituição, ressarcimento ou compensação, extrapolando o poder meramente regulamentar atribuído à Receita Federal pela Lei nº 9.430/96, art.74, § 14.

4 - Inexiste LEI que torne obrigatória a utilização, com exclusividade, de meio eletrônico para requerimento perante a Administração Pública.

5 - A autoridade coatora pode, por meio da Instrução Normativa - IN/SRF nº 460/2004, dar efetivo cumprimento ao disposto no art. 5º, LXXVIII, da Constituição Federal sem, entretanto, afrontar o disposto no seu art. 5º, II. 6 - Apelação e Remessa Oficial denegadas.

7 - Sentença confirmada.

(TRF1, AMS 200833110017800, Rel. Desembargador Federal Catão Alves, Sétima Turma, e-DJF1 data:08/07/2011 página:297)

(7)

Assim, a despeito do nobre propósito do artigo 5º da Resolução RDC

nº17/2013 - evitar o acúmulo de petições físicas, que acarretaria aumento no tempo de

análise dos pedidos referentes às autorizações de funcionamento e especial – a

imposição não encontra amparo legal.

Ademais, não há dúvida de que o sistema operacional adotado pela

Anvisa apresentou problemas, haja vista que a própria agência reconheceu tal fato na

Circular nº 01-043/2013-CGIMP/ANVISA (documento acostado à fl. 277), bem como

em sua defesa.

Circular nº 01-043/2013

(...) Atualmente, é de nosso conhecimento que o sistema informatizado

tem apresentado problemas quanto às regras de prazos de peticionamento que muitas vezes não está de acordo com os prazos estabelecidos pelas respectivas normas. Dessa forma, algumas empresas não conseguem realizar o peticionamento apresar de atenderem corretamente aos prazos atualmente estabelecidos. Além disso, algumas empresas não tem conseguido peticionar novas concessões referentes a autorizações vencidas, mas que ainda não tiveram sua situação atualizada no sistema Datavisa.

Sendo assim,

esta Agência declara estar ciente de que algumas

empresas podem não ter responsabilidade direta a respeito de

sua falta de regularização perante a Anvisa

, mas ressalta que estes casos devem ser avaliados detalhadamente e estão restritos ao último exercício vigente a partir de 01/04/2013 (...)

(fl. 277)

Manifestação da Avisa de fls. 316/327

Observe-se, neste ponto, que, de fato, a princípio, foram verificadas falhas

no sistema de peticionamento eletrônico. São dificuldades inerentes a

(8)

eletrônico desse Tribunal (eproc e e-cint) –, as quais, todavia, não comprometem sua segurança, eficácia e credibilidade.

(fl. 322)

(Destaquei em todos)

Quanto à alegação de que “os erros foram corrigidos e, atualmente, o sistema

funciona perfeitamente”, os documentos juntados às fls. 331/348 demonstram a falsidade de

tal afirmação. Além disso, a Anvisa limitou-se a afirmar que o problema foi resolvido

sem comprovar o alegado.

A ser assim, presentes os requisitos legais,

DEFIRO

PARCIALMENTE o pedido liminar formulado pela impetrante para determinar à

Anvisa que:

(a) receba os protocolos dos pedidos de renovação de autorizações - AFE e

AE - das farmácias associadas à impetrante pelo prazo de 30 (trinta) dias a

contar da publicação desta sentença;

(b) receba os protocolos dos pedidos de renovação das autorizações das

farmácias associadas à impetrante por meio diverso do eletrônico, na forma

prevista no §2º do artigo 5º da Resolução- RDC nº 1, de 4 de janeiro de 2012

e nos artigos 5º c/c 2º, X, ‘a’ da Resolução RDC nº 1, de 13 de janeiro de

2010;

(c)

considere automaticamente renovadas as autorizações (AFE e AE) das

farmácias associadas à impetrante, enquanto o protocolo físico efetuado

estiver sob análise perante a Autarquia, nos termos do artigo 9º, da Resolução

RDC/ANVISA nº 17, de 2013;

(9)

(d) se abstenha de aplicar quaisquer sanções, referentes à não renovação de

autorização, às farmácias associadas à impetrante que demonstrarem que não

obtiveram a renovação de autorização em decorrência dos problemas

operacionais do sistema eletrônico da Anvisa.

Notifique-se a autoridade apontada coatora para cumprimento e para

prestar informações no prazo legal.

Cientifique-se a pessoa jurídica de direito público, na forma do art. 7.º, I

e II, da Lei 12.016/2009.

Após, ao MPF.

Publique-se.

Brasília - DF, 23 de outubro de 2013.

LUCIANA RAQUEL TOLENTINO DE MOURA

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