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Ordem dos Advogados do Brasil Seção do Paraná

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Ordem dos Advogados do Brasil

Seção do Paraná

Sede “Presidente Accioly Neto”

Rua Brasilino Moura, nº 273 - Tel.: (41) 3250-5718 - CEP: 80.540-340 - Curitiba - PR www.oabpr.org.br

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA FEDERAL

CRIMINAL DE FOZ DO IGUAÇU - PARANÁ.

Autos n.º 5005325-03.2016.4.04.7002

A ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL- SEÇÃO DO

PARANÁ, serviço público federal independente, com personalidade jurídica

regulamentada pela Lei 8.906/94, situada na Rua Brasilino Moura, n° 253, Ahú,

Curitiba,

Paraná,

através

de

seus

representantes

legais,

vêm

respeitosamente, perante Vossa Excelência, nos termos do art. 49, § único,

da Lei 8.906/94, expor e requerer o seguinte:

1 – DOS FATOS

Os advogados Willy Costa Dolinski (OAB/PR 28.302) e

Raimundo Araújo Neto (OAB/PR 14597) requereram perante esta Seccional

assistência nesta demanda, para garantir o cumprimento das prerrogativas

profissionais, conferidas pela Lei sob nº 8.906/94.

Relata o MPF que os achados de auditoria

apontaram irregularidades perpetradas pelos advogados assistidos, as quais

justificaram a sua inclusão nesta demanda, pois inexigiram licitação fora das

hipóteses previstas em lei, incorrendo nas penas do artigo 89, combinado

com o artigo 99, § 1º, da Lei 8.666/93.

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Desta forma, o requerimento foi deferido.

2. DA INTERVENÇÃO DA OAB

Assim, se observa que o tema é muito relevante de

modo a justificar a habilitação da OAB/PR como assistente do presente feito,

notadamente em decorrência de sua finalidade institucional, conforme

prevê a Lei nº 8.906/94, a saber:

Art. 44. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), serviço público, dotada de personalidade jurídica e forma federativa, tem por finalidade:

I - defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os direitos humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas;

II - promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a disciplina dos advogados em toda a República Federativa do Brasil.

(...)

A OAB pode de acordo com o art. 49 da Lei

8.906/94, intervir em processo em que sejam acusados ou ofendidos os

advogados. Isto significa que a OAB tem interesse de atuar nos casos que

envolvam direitos e garantias de seus membros. Vejamos:

“Art. 49. Os Presidentes dos Conselhos e das Subseções da OAB têm legitimidade para agir, judicialmente e extrajudicialmente, contra qualquer pessoa que infringir as disposições ou fins desta lei.

Parágrafo único. As autoridades mencionadas no caput deste artigo têm, ainda, legitimidade para intervir, inclusive como assistentes, nos inquéritos e processos em que sejam indiciados, acusados ou ofendidos os inscritos na OAB”.

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Outrossim, o artigo 54 do EAOAB fixa que a OAB

PODE REPRESENTAR EM JUÍZO INTERESSES INDIVIDUAIS DOS ADVOGADOS,

vejamos:

“Art. 54. Compete ao Conselho Federal:

I - dar cumprimento efetivo às finalidades da OAB;

II - representar, em juízo ou fora dele, os interesses coletivos ou individuais dos advogados; [...]”

Desta forma, tal assistência não se confunde com a

assistência simples do CPC, uma vez que, entre outras situações, a OAB não

é substituta processual dos advogados nos processos. Nosso interesse é,

portanto, apenas a defesa das prerrogativas profissionais dos advogados.

Assim, conforme acima demonstrado uma das

finalidades da OAB é promover a defesa dos advogados (art. 44, II do EOAB),

atuando, judicial ou extrajudicialmente, contra pessoas que violem nosso

Estatuto (art. 49, § único) – inclusive como assistente - podendo representar

em juízo interesses individuais dos advogados (art. 54, II do EOAB).

Em que pese o advogado exercer a advocacia

pública que está prevista nos artigos 131, 132 e 134 da Constituição Federal e

contar com diplomas legais específicos, o ponto comum com os advogados

particulares, é que todos tratam da atividade de advocacia. Inteligência

compreensiva do artigo 133 da CF segundo o qual “O advogado é

indispensável à administração da Justiça, sendo inviolável por seus atos e

manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.”.

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A advocacia pública, exercida pelo mencionado

advogado, é espécie do gênero advocacia, porque integra a administração

da justiça e não tem natureza e nem atribuições da Magistratura ou do

Ministério Público. Como os demais advogados, seus integrantes postulam

em Juízo ou realizam serviços de consultoria, assessoria ou direção jurídicas,

que são justamente as atividades de advocacia tipificadas no art. 1º do

Estatuto da Advocacia e da OAB.

Sobre o tema, a lição de Paulo Lôbo (Comentários

ao Estatuto da Advocacia e da OAB, 4ª ed. rev. e atual. – São Paulo:

SARAIVA, 2007, PP. 38):

O Estatuto [Lei n. 8.906/94] não disciplina apenas a advocacia privada. Os arts. 131 a 134 da Constituição têm de ser interpretados de modo sistemático, integrado e harmônico. A Constituição não cuida de atividades paralelas e excludentes, umas de outras, mas de uma advocacia de mesma natureza ontológica e jurídica, a advocacia, pouco interessando o interesse patrocinado (estatal ou de pessoa juridicamente necessitada) ou o tipo de vínculo público ou privado do profissional que a exerce.

A corroborar o entendimento acima, cumpre

transcrever o §1º do art. 3º do Estatuto da Advocacia e da OAB:

Art. 3º. (...)

§ 1º Exercem atividade de advocacia, sujeitando-se ao regime desta lei, além do regime próprio a que se subordinem, os integrantes da Advocacia-Geral da União, da Procuradoria da Fazenda Nacional, da Defensoria Pública e das Procuradorias e Consultorias Jurídicas dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas entidades de administração indireta e fundacional.

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Ademais, faz-se necessário mencionar, com alicerce

fixado em decisão exarada pelo Supremo Tribunal Federal, especificamente

na ADI n. 2.652, restou declarado pela Corte Suprema que, no exercício da

advocacia, não existe diferença entre advogado público e particular.

Destarte, resta demonstrada a possibilidade de

atuação deste Conselho Seccional da OAB Paraná em favor dos advogados

públicos assistidos, haja vista que as atividades que exerce se inserem na

gama do exercício da “advocacia pública”, e, portanto, tutelado pelo

Estatuto, sendo irrelevante a origem ou vínculo do profissional que a exerce.

Logo, diante da repercussão da matéria no seio da

advocacia, comparece este Conselho Seccional da OAB para solicitar seu

ingresso no processo, na condição de ASSISTENTE, passando, ainda, a aduzir

as seguintes razões:

3 – DAS RAZÕES DE IMPOSSIBILIDADE DE

RESPONSABILIZAÇÃO DOS ADVOGADOS POR EMISSÃO DE PARECER COM

CONTEÚDO. PRERROGATIVA PROFISSIONAL. VIOLAÇÃO AO DISPOSTO NO

ARTIGO 2º, PARÁGRAFO 3º, DO ESTATUTO DA ADVOCACIA E DA OAB:

Requer este Conselho Seccional da Ordem dos

Advogados do Brasil – Seção Paraná a improcedência desta demanda

interposta em face do mencionado advogado, já que ausente indício que

possa satisfazer a pretensão do Ministério Público Estadual.

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O advogado Raimundo Araujo Neto adotou

conduta lícita, consistente em regular análise da modalidade de licitação a

ser utilizada que culminou na emissão de parecer jurídico. Já o advogado

Willy Costa nem emitiu o parecer.

Sendo o profissional da advocacia indispensável à

administração da justiça e inviolável por seus atos e manifestações no

exercício da profissão, prerrogativa esta patentemente reafirmada pela Lei

nº 8.906/1994 (Estatuto da Advocacia e da OAB) em seu art. 2º, § 3º,

inconstitucional e ilegal se mostra o prosseguimento desta demanda.

É dizer, em outras palavras, que num Estado

Constitucional e Democrático as prerrogativas desempenham uma

importante missão com o escorreito desempenho das atividades funcionais,

sendo que a preservação da liberdade de manifestação e exposição de

argumentos, opiniões e teses pelo advogado, em hipótese alguma, pode

sofrer mitigação.

É evidente que a responsabilização do advogado

em razão de atuação jurídica– pela elaboração de um parecer jurídico –

não atende os comandos constitucionais e legais acima mencionados, o

que, na prática amesquinha direito e prerrogativa definida em lei.

Data venia, a inviolabilidade do advogado ergue-se

como poderosa garantia em prol do cidadão. É, pois, à cidadania que, em

última análise, interessa a prerrogativa que se confere ao advogado.

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Os direitos fundamentais consistem precisamente em

limites ao desempenho de funções dos Poderes Públicos, descabendo impor

restrições à liberdade profissional com medidas e condicionamentos que

atentam contra a inviolabilidade dos advogados.

A OAB, como já dito, tem o dever de defender o

direito dos advogados, seja ele publico ou privado, de exercer a profissão,

descabendo o cerceamento da liberdade profissional do réu, em clara

violência ao art. 2º, § 3º, da Lei nº 8.906/1994, o qual, repita-se, tutela a

advocacia. O Conselho Federal da OAB possui entendimento consagrado

pela edição da Súmula de seu Conselho Pleno n. 05/2012/COP, acerca da

impossibilidade de responsabilização criminal do advogado por emissão de

parecer técnico, verbis:

CONSELHO PLENO SÚMULA N. 05/2012/COP

(DOU, Seção 1, 23.10.2012, p. 119)

O CONSELHO PLENO DO CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, no uso das atribuições que lhe são conferidas nos arts. 75, parágrafo único, e 86 do Regulamento Geral da Lei nº 8.906/94, considerando o julgamento da Proposição n. 49.0000.2012.003933-6/COP, decidiu, na Sessão Ordinária realizada no dia 17 de setembro de 2012, editar a Súmula n. 05/2012/COP, com o seguinte enunciado: “ADVOGADO. DISPENSA OU INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO.

CONTRATAÇÃO. PODER PÚBLICO. Não poderá ser

responsabilizado, civil ou criminalmente, o advogado que, no regular exercício do seu mister, emite parecer técnico opinando sobre dispensa ou inexigibilidade de licitação para contratação pelo Poder Público, porquanto inviolável nos seus atos e manifestações no exercício profissional, nos termos do art. 2º, § 3º, da Lei n. 8.906/94 (Estatuto da Advocacia e da OAB).”

Brasília, 17 de setembro de 2012. OPHIR CAVALCANTE JUNIOR Presidente

JARDSON SARAIVA CRUZ Relator

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Ora, o profissional da advocacia, cuja função é

essencial e elementar à administração da Justiça, está autorizado a exercer

a advocacia com as prerrogativas a ela inerentes e tais prerrogativas

profissionais, dizendo o Ministro Celso de Mello :

“não devem ser confundidas nem identificadas com meros privilégios de índole corporativa, pois se destinam, enquanto

instrumentos vocacionados a preservar a atuação

independente do advogado, a conferir efetividade às franquias constitucionais invocadas em defesa daqueles cujos interesses lhe são confiados. O Supremo Tribunal Federal, por isso mesmo, compreendendo a alta missão institucional que qualifica a atuação dos Advogados e tendo consciência de que as prerrogativas desses profissionais existem para permitir-lhes a tutela efetiva dos interesses e direitos de seus constituintes, construiu importante jurisprudência, que, ao destacar a vocação protetiva inerente à ação desses imprescindíveis operadores do Direito, tem a eles dispensado o amparo jurisdicional necessário ao desempenho integral das atribuições de que se acham investidos.”

A Constituição Federal e o Estatuto da Advocacia e

da OAB, ao preceituar que o advogado é inviolável por seus atos e

manifestações no exercício da profissão, outra coisa não está fazendo senão

garantir-lhe uma atuação livre, independente, desassombrada, segura e

eficaz.

Ademais, o parecer elaborado pelo advogado foi

praticado no exercício das atribuições constitucionais, estando ausente

improbidade ou imoralidade administrativa.

A

inviolabilidade

do

advogado

por

suas

manifestações e pareceres, aliás, vem sendo diuturnamente externada pela

jurisprudência pátria. Vejamos:

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EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. TRIBUNAL DE CONTAS. TOMADA DE CONTAS: ADVOGADO. PROCURADOR: PARECER. C.F., art. 70, parág. único, art. 71, II, art. 133. Lei nº 8.906, de 1994, art. 2º, § 3º, art. 7º, art. 32, art. 34, IX. I. - Advogado de empresa estatal que, chamado a opinar, oferece parecer sugerindo contratação direta, sem licitação, mediante interpretação da lei das licitações. Pretensão do Tribunal de Contas da União em responsabilizar o advogado solidariamente com o administrador que decidiu pela contratação direta: impossibilidade, dado que o parecer não é ato administrativo, sendo, quando muito, ato de administração consultiva, que visa a informar, elucidar, sugerir providências administrativas a serem estabelecidas nos atos de administração ativa. Celso Antônio Bandeira de Mello, "Curso de Direito Administrativo", Malheiros Ed., 13ª ed., p. 377. II. - O

advogado somente será civilmente responsável pelos danos causados a seus clientes ou a terceiros, se decorrentes de erro grave, inescusável, ou de ato ou omissão praticado com culpa, em sentido largo: Cód. Civil, art. 159; Lei 8.906/94, art. 32. III. -

Mandado de Segurança deferido.

(Supremo Tribunal Federal. MS 24073, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Tribunal Pleno, julgado em 06/11/2002, DJ 31-10-2003 PP-00015 EMENT VOL-02130-02 PP-00379)

EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CONTROLE

EXTERNO. AUDITORIA PELO TCU. RESPONSABILIDADE DE PROCURADOR DE AUTARQUIA POR EMISSÃO DE PARECER TÉCNICO-JURÍDICO DE NATUREZA OPINATIVA. SEGURANÇA DEFERIDA. I. Repercussões da natureza jurídico-administrativa do parecer jurídico: (i) quando a consulta é facultativa, a autoridade não se vincula ao parecer proferido, sendo que seu poder de decisão não se altera pela manifestação do órgão consultivo; (ii) quando a consulta é obrigatória, a autoridade administrativa se vincula a emitir o ato tal como submetido à consultoria, com parecer favorável ou contrário, e se pretender praticar ato de forma diversa da apresentada à consultoria, deverá submetê-lo a novo parecer; (iii) quando a lei estabelece a obrigação de decidir à luz de parecer vinculante, essa manifestação de teor jurídica deixa de ser meramente opinativa e o administrador não poderá decidir senão nos termos da conclusão do parecer ou, então, não decidir. II. No caso de que cuidam os autos, o parecer emitido pelo impetrante não tinha caráter vinculante. Sua aprovação pelo superior hierárquico não desvirtua sua natureza opinativa, nem o torna parte de ato administrativo posterior do qual possa eventualmente decorrer dano ao erário, mas apenas incorpora sua fundamentação ao ato. III. Controle externo: É lícito

concluir que é abusiva a responsabilização do parecerista à luz de uma alargada relação de causalidade entre seu parecer e

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o ato administrativo do qual tenha resultado dano ao erário. Salvo demonstração de culpa ou erro grosseiro, submetida às instâncias administrativo-disciplinares ou jurisdicionais próprias, não cabe a responsabilização do advogado público pelo conteúdo de seu parecer de natureza meramente opinativa. Mandado de segurança deferido. (MS 24631, Relator(a): Min.

JOAQUIM BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado em 09/08/2007, DJe-018 DIVULG 31-01-2008 PUBLIC 01-02-2008 EMENT VOL-02305-02 PP-00276 RTJ VOL-00204-01 PP-00250).

Inclusive, o posicionamento do Superior Tribunal de

Justiça – STJ é firme no sentido de que a simples emissão de parecer jurídico,

sem a necessária comprovação da efetiva relação ou nexo de causalidade,

é manifestamente incapaz de imputar ou tipificar enquadramento de tal

conduta criminosa, a propósito, confira-se:

“RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS – DENÚNCIA. ARTIGO 89 DA LEI 8.666/93. PROCURADORES MUNICIPAIS – SIMPLES EMISSÃO E APROVAÇÃO DE PARECER JURÍDICO OPINANDO PELA DISPENSA DE PROCEDIMENTO LICITATÓRIO – IMUNIDADE DO ADVOGADO – ATIPICIDADE DA CONDUTA – AUSÊNCIA DE QUALQUER ELEMENTO INDICIÁRIO VÁLIDO – TRANCAMENTO – RECURSO PROVIDO.

1. Recorrentes denunciados juntamente com outros 10 corréus como incursos no artigo 89, caput, da Lei 8.666/93, pois teriam colaborado com dispensa indevida de licitação para realização de obra pública, beneficiando a empresa contratada em exatos R$ 21.607.812,96.

2. Resta evidenciada a atipicidade das condutas dos recorrentes, uma vez que foram denunciados apenas pela simples emissão e suposta aprovação de parecer jurídico, sem demonstração da presença de nexo de causalidade entre a conduta a eles imputada e a realização do fato típico.

3. O regular exercício da ação penal – que já traz consigo uma agressão ao status dignitatis do acusado – exige um lastro probatório mínimo para subsidiar a acusação. Não basta mera afirmação de ter havido uma conduta criminosa. A denúncia deve, ainda, apontar elementos, mínimos que sejam, capazes de respaldar o início da persecução criminal, sob pena de subversão do dever estatal em inaceitável arbítrio. Ausente o requisito indiciário do fato alegadamente criminoso, falta justa causa para a ação penal.

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4. Recurso provido para trancar a ação penal em tela somente em relação aos ora recorrentes. (RHC 39644/RJ, relatora ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em 17/10/13, DJe 29/10/13).

Acrescente-se ainda que, a jurisprudência do STJ

pregoa que para a caracterização do ato de improbidade administrativa,

faz-se necessária a presença do elemento dolo, na conduta do agente, o

que não se verificou em nenhum momento nos autos, sequer indícios de

participação ou auferimento de vantagem, a propósito, confira-se:

ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE. ATO ÍMPROBO. ELEMENTO SUBJETIVO. DOLO NÃO CARACTERIZADO. PRECEDENTES.

1. Pleiteia o Ministério Público a condenação do agravado por improbidade administrativa, decorrente da celebração de "termos e aditivos sem o necessário procedimento licitatório e sem o devido procedimento de dispensa ou inexigibilidade de licitação por mais de dez anos".

2. As considerações feitas pelo Tribunal de origem afastam a prática do ato de improbidade por violação de princípios da administração pública, uma vez que não foi constatado o elemento subjetivo do dolo na conduta do agente, mesmo na modalidade genérica, o que não permite o reconhecimento de ato de improbidade administrativa previsto no art. 11 da Lei 8.429/92.

3. O Tribunal a quo decidiu de acordo com a jurisprudência desta Corte, no sentido de que "a caracterização do ato de improbidade por ofensa a princípios da administração pública exige a demonstração do dolo lato sensu ou genérico" (EREsp 772.241/MG, Rel. Min. Castro Meira, Primeira Seção, DJe 6/9/2011. Outros precedentes: AgRg nos EREsp 1.260.963/PR, Rel. Min. Humberto Martins, Primeira Seção, Dje 3/10/2012; e AgRg nos EAREsp 62.000/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, DJe 18/9/2012. Incidência da Súmula 83/STJ.) Agravo regimental improvido. AgRg no AREsp 456.655/PR, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 25/03/2014, DJe 31/03/2014).

ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PREFEITO DE CAMPINÁPOLIS/MT. ALEGAÇÃO DE PROMOÇÃO PESSOAL INDEVIDA EM JORNAL LOCAL (FOLHA DO ARAGUAIA). ART. 11 DA LEI 8.429/92. ELEMENTO SUBJETIVO (DOLO) NÃO CONFIGURADO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.

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1. A Lei da Improbidade Administrativa (Lei 8.429/92) objetiva punir os praticantes de atos dolosos ou de má-fé no trato da coisa pública, assim tipificando o enriquecimento ilícito (art. 9o.), o prejuízo ao erário (art. 10) e a violação a princípios da Administração Pública (art. 11); a modalidade culposa é prevista apenas para a hipótese de prejuízo ao erário (art. 10). 2. Não se tolera, porém, que a conduta culposa dê ensejo à responsabilização do Servidor por improbidade administrativa; a negligência, a imprudência ou a imperícia, embora possam ser consideradas condutas irregulares e, portanto, passíveis de sanção, não são suficientes para ensejar a punição por improbidade; ademais, causa lesão à razoabilidade jurídica o sancionar-se com a mesma e idêntica reprimenda demissória a conduta ímproba dolosa e a culposa (art. 10 da Lei 8.429/92), como se fossem igualmente reprováveis, eis que objetivamente não o são.

3. O ato ilegal só adquire os contornos de improbidade quando a conduta antijurídica fere os princípios constitucionais da Administração Pública coadjuvada pela má-intenção do administrador, caracterizando a conduta dolosa; a aplicação das severas sanções previstas na Lei 8.429/92 é aceitável, e mesmo recomendável, para a punição do administrador desonesto (conduta dolosa) e não daquele que apenas foi inábil (conduta culposa).

4. No presente caso, a conduta imputada ao recorrente (e destacado na Sentença e no Acórdão condenatórios) consiste na suposta realização de promoção pessoal indevida nos meses de agosto e setembro de 2003, quando, em Jornal Local (Folha do Araguaia), houve publicação de matéria jornalística que apresentava a imagem do recorrente e trechos do periódico que afirmavam o seguinte: A Administração do prefeito Joaquim Matias Valadão saiu na frente e já deu inicio às obras; (...); O Bananeira está de parabéns por ter conseguido incluir Campinápolis dentro do programa de construção de casas populares do Governo Blairo, já no primeiro ano. Não podemos esquecer e sempre devemos lembrar: ele (prefeito) corre atrás das coisas; Joaquim Bananeira, o político do Vale do Araguaia.

5. Insta salientar, ainda, que a primeira passagem do periódico que foi apontado na Sentença possui caráter informativo acerca das ações governamentais, enquanto a segunda alude a um comentário feito por um morador do próprio Município de Campinópolis/MT, sendo o terceiro insuficiente para a configuração de ato de improbidade.

6. Ademais, não houve associação à conduta do recorrente do elemento subjetivo doloso, qual seja, o propósito desonesto, não havendo que se falar, portanto, em cometimento de ato de improbidade administrativa tipificado no art. 11 da Lei 8.429/92. Precedentes: REsp. 939.142/RJ, Rel. Min. FRANCISCO

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FALCÃO, Rel. p/ Acórdão Min.LUIZ FUX, DJe 10.04.2008; AgRg no REsp. 1.260.963/PR, Rel. Min.BENEDITO GONÇALVES, DJe 14.05.2012.

7. Recurso Especial provido, para absolver o recorrente da conduta ímproba que lhe é imputada, a despeito do parecer Ministerial oficiar pelo seu desprovimento. (REsp 1186192/MT, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 12/11/2013, DJe 02/12/2013)

Não existe nos autos, a efetiva ou mesmo indireta

comprovação de erro grave, inescusável, de ato ou omissão praticado com

dolo pelo advogado; ou ainda a real existência de prejuízo ao erário público,

as quais não podem ser presumidas, e sim, devidamente provadas.

Desse modo, conclui-se que o advogado não

realizou práticas ilegais, tendo em vista que desempenhou atos no exercício

da profissão, razão pela qual, em estrita observância à jurisprudência dos

Superiores Tribunais e os fundamentos jurídicos ora oferecidos, imperioso seja

julgada improcedente a presente demanda, pois a elaboração de parecer

foi praticada no exercício de suas funções, não podendo atribuir ao

advogado público, a responsabilidade por eventuais problemas licitatórios,

quando atua ofertando parecer, sem qualquer caráter decisório.

4 - PEDIDOS

Assim, requer-se:

a) que a Ordem dos Advogados do Brasil – Seção

Paraná seja nomeada assistente no presente feito, com base no art. 49, §

único, da Lei 8.906/94, uma vez que uma das finalidades da OAB é promover

a defesa dos advogados (art. 44, II do EOAB), podendo representa-los em

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juízo os interesses individuais dos advogados (art. 54, II do EOAB), para o fim

de resguardar as prerrogativas e direitos dos advogados Willy Costa Dolinski

(OAB/PR 28.302) e Raimundo Araújo Neto (OAB/PR 14597).

b) expressas determinações de V.Ex.ª a i. Secretaria

para que proceda as anotações necessárias, a fim de que todas as

intimações de termos e atos sejam levadas a efeito em nome do Procurador

Geral da OAB/PR Andrey Salmazo Poubel (OAB/PR 36.458).

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

Curitiba, 19 de julho de 2016.

Andrey Salmazo Poubel

OAB/PR 36.458

Bernardo Nogueira Nóbrega Pereira

OAB/PR 44.276

Referências

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