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DISCURSO CITADO NA CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS DE ARTIGOS CIENTÍFICOS PRODUZIDOS POR PESQUISADORES ESPECIALISTAS

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DISCURSO CITADO NA CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS DE ARTIGOS CIENTÍFICOS PRODUZIDOS POR PESQUISADORES ESPECIALISTAS

Ilderlandio Assis de Andrade Nascimento (UERN) preto.adonai@hotmail.com Rosângela Alves dos Santos Bernardino (UERN) rosealves_23@yahoo.com.br 1 INTRODUÇÃO

Este trabalho é um recorte da pesquisa A referência ao discurso do outro em textos acadêmicos de especialistas de diferentes áreas do conhecimento, realizada no âmbito do PIBIC/CNPq/UERN (BESSA, 2010) e do Grupo de Pesquisa em Produção e Ensino do Texto (GPET). Nessa pesquisa, investigamos como pesquisadores especialistas (doutores) mobilizam, na tessitura de artigos científicos por eles produzidos, o recurso ao discurso do outro. Neste trabalho aqui proposto, procuramos, especificamente, saber: (a) como pesquisadores especialistas (doutores) mobilizam o discurso do outro em artigos científicos por eles produzidos? (b) Que modos de discurso citado são utilizados para inserir o dizer do outro? (c) Como se dá a construção de sentidos do texto considerando-se o diálogo com outros dizeres materializados textualmente? Essas são indagações que serão respondidas ao longo desse trabalho, cujo objetivo central é investigar os modos de discurso citado mobilizados em artigos científicos produzidos por pesquisadores especialistas.

Trata-se de uma pesquisa descritiva e documental, de base qualitativa e quantitativa, realizada com um corpus composto por 14 (quatorze) artigos científicos: 04 (quatro) da área de Educação Física e 10 (dez) da área de Geografia. Para compor esse corpus, foi feita consulta on-line nos periódicos das áreas de Educação Física (Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte) e de Geografia (Sociedade & Natureza) publicados no período de 2008 a 2010. Como critério de seleção, foi estabelecido que somente aqueles artigos produzidos por pesquisadores experientes, compreendidos aqui como especialistas doutores na área, constituiriam o corpus da pesquisa. Orientamos-nos, nesse caso, pelo pressuposto de que a experiência desses pesquisadores com a produção científica permite maior domínio das convenções do texto acadêmico escrito, entre elas as convenções relativas a citar o discurso do outro.

Teoricamente, mobilizamos os conceitos de vários autores que discutem a temática do discurso do outro, como, por exemplo, Bakhtin (1990, 2006), Authier-Revuz (1990, 2004), Maingueneau (2002), Boch e Grossmann (2008). Para discutir a temática da construção dos sentidos do texto, dialogamos com pressupostos da Linguística Textual (LT), mobilizando estudos de Koch (2009), Marcuschi (2008), Samoyault (2008)1.

Esse texto está estruturado em quatro seções, a saber: a introdução, na qual contextualizamos a temática, apresentamos as questões/objetivos norteaodores e a metodologia utilizada; o aporte teórico, no qual discutimos, em três subseções, sobre o dialogismo, o discurso citado e sobre a noção de texto e construção de sentidos; a análise do corpus, na qual descrevemos e analisamos os modos de discurso citado

1

Destacamos que, no aporte teórico deste trabalho, estaremos também em diálogo com alguns estudos nossos produzidos acerca dessa temática (BESSA & BERNARDINO, 2011; BESSA, BERNARDINO & NASCIMENTO, 2011), retomando, quando necessário, alguns pontos neles discutidos.

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mobilizados nos artigos científicos que constituem o corpus; e, por fim, apresentamos nossas considerações finais, em que recuperamos os resultados e tecemos os comentários interpretativos.

2 APORTE TEÓRICO

2.1 Dialogismo: princípio constitutivo da linguagem

Bakhtin (2006) diz que o dialogismo é a característica do funcionamento discursivo em que se encontram presentes várias instâncias enunciadoras. É a presença dessas várias instâncias que constitui a dimensão de toda forma de discurso. Assim, o sentido de qualquer discurso deve ser interpretado considerando o elemento que instaura a natureza interdiscursiva da linguagem.

Segundo Bakhtin (2006, p. 154): “A palavra vai à palavra. É no quadro do discurso interior que se efetua a apreensão da enunciação de outrem,”. Esse autor mostra que a experiência discursiva individual se faz nessa interação. Nesse sentido, é na tensão entre discurso próprio e discurso alheio que o sujeito se constitui e se percebe como tal.

A partir desses postulados, podemos perceber que o estudo da linguagem não pode deixar de considerar o princípio dialógico. Isso porque, conforme Bakhtin (1990, p. 86): “O enunciado existente, surgido de maneira significativa num determinado momento social e histórico, não pode deixar de tocar os milhares de fios dialógicos existentes, tecidos pela consciência ideológica em torno de um dado objeto de enunciação”. Tal concepção evidencia a natureza incessantemente dialógica dos discursos. Bakhtin (1990, p. 86) afirma que os enunciados, além de participar desse jogo dialógico, surgem desses diálogos, seja como prolongamentos desses, seja como réplicas.

Com sua concepção dialógica da linguagem, Bakhtin é considerado como referência para vários outros estudiosos que se interessam pelo assunto. Podemos citar, por exemplo, Authier-Revuz, que desenvolve estudos com base em postulados desse autor. Em sua proposta de estudo das heterogeneidades enunciativas, Authier-Revuz (1990, 2004) recorre ao dialogismo bakhtiniano para estudar a interferência do discurso do outro no discurso do sujeito. Ela classifica a heterogeneidade em duas ordens de realidades diferentes: constitutiva e mostrada. A primeira é aquela que não se mostra no fio do discurso; já a segunda é a inscrição do outro na cadeia discursiva, alterando sua aparente unicidade.

Orientando-se pelos postulados de Bakhtin, Authier-Revuz (1990) conceitua a heterogeneidade constitutiva como sendo da própria natureza da linguagem. Ela defende que a linguagem apresenta, de forma constitutiva, uma natureza heterogênea, isso porque os discursos são formados a partir de discurso já ditos, já enunciados. Esse tipo de heterogeneidade é, portanto, imperceptível, diferentemente da heterogeneidade mostrada, que é perceptível, identificável (BESSA, BERNARDINO & NASCIMENTO, 2011).

Em síntese, o fenômeno do dialogismo é, conforme salientam os posicionamentos aqui trazidos, uma característica dos discursos de um modo geral. Entende-se, contudo, que a manifestação dialógica do discurso de outrem na tessitura textual torna-se mais perceptível em se tratando de discurso reportado/citado, um

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recurso que o enunciador dispõe para introduzir, no fio de seu discurso, o discurso de outrem (BESSA & BERNARDINO, 2011). Além disso, os modos mobilizados pelo locutor para inserir a voz de outrem indicam, também, as tendências de apreensão dessa voz do outro em determinada situação comunicativa. O estudo sobre o discurso reportado é central nos escritos de Bakhtin e de seu Círculo, até porque esses modos evidenciam de forma explícita o dialogismo, que é o cerne dos postulados bakhtinianos.

2.2 O discurso citado: da materialidade à construção textual dos sentidos

O discurso citado é concebido como a voz de um outro no interior do discurso. Para Bakhtin (2006, p.150): “O discurso citado é o discurso no discurso, a enunciação na enunciação, mas é, ao mesmo tempo, um discurso sobre o discurso, uma enunciação sobre a enunciação”. Compreendemos, conforme o pensamento do autor, que ocorre um diálogo no interior do texto entre o discurso citante e o discurso citado (BESSA, BERNARDINO & NASCIMENTO, 2011). Para ele, o discurso citado não perde a estrutura que lhe é particular ao ser introduzido no interior de outro contexto linguístico. Em suas palavras:

O discurso de outrem [...] pode entrar no discurso e na sua construção sintática, por assim dizer, ‘em pessoa’, como uma unidade integral da construção. Assim, o discurso citado conserva sua autonomia estrutural e semântica sem nem por isso alterar a trama lingüística do contexto que o integrou. (BAKHTIN, 2006, p. 150).

Assim, esse outro conserva sua autonomia, isso porque o contexto linguístico que introduz uma outra fala em sua estrutura não apaga as marcas do dizer do outro.

Consoante ao pensamento de Bakhtin, Authier-Revuz (1990) entende que o discurso citado – ou discurso relatado, em sua terminologia – consiste em uma das formas da heterogeneidade mostrada do discurso, isto é, o conjunto de formas linguísticas que inscrevem o outro na sequência do discurso, representando de diferentes modos a negociação do sujeito com a heterogeneidade constitutiva do seu discurso.

Segundo Authier-Revuz (1990, p. 25): “A heterogeneidade mostrada pode ser marcada por meio de formas lingüísticas (discurso direto, aspas, formas de retoque ou de glosa), denunciando a presença do outro explicitamente”. Essas formas, como podemos depreender da autora, são responsáveis por explicitar a voz do outro no interior do discurso. Do ponto de vista linguístico, ela comenta que a presença do discurso do outro no discurso altera a unicidade aparente da cadeia discursiva, isso porque temos a presença de um outro.

A esse entendimento também chegou Maingueneau (2002), ao estudar e categorizar vários modos de discurso citado. Podemos apresentar, a partir de estudos realizados por esse autor, várias formas de instaurar o diálogo com outras vozes, ou melhor, formas de dialogismo mostrado presentes na construção dos discursos. Maingueneau (2002) lista: (i) discurso citado direto (DD); (ii) discurso citado direto com que; (iii) discurso citado indireto (DI); (iv) ilhota citacional; (v) evocação; (vi) modalização em discurso segundo e (vii) resumo com citações. Esses modos citados pelo autor se configuram como formas de apreensão do discurso do outro e apresentam particularidades que distinguem uma forma da outra.

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Orientando-se pelas reflexões dos autores evocados acima sobre o dialogismo e, ainda, sobre discurso citado/relatado, nosso estudo adota como recorte os modos de discurso citado suscitados por Maingueneau (2002) e Boch e Grossmam (2002). Com base nesses estudiosos, elaboramos o quadro abaixo, onde conceituamos e apresentamos as marcas distintivas de cada modo de discurso citado.

Modo de discurso citado

Definição/Caracterização Marcas de identificação

Discurso citado direto (DD)

- é a reprodução ‘fiel’ das palavras de outrem. (MAINGUENEAU, 2002, p. 140-41).

- uso de aspas, dois pontos, travessão, recuo e diminuição da fonte, uso do verbo dicendi como introdutor, indetificação de autoria como recursos de delimitação entre discurso citante e citado. (MAINGUENEAU, 2002, p. 144).

Discurso citado indireto (DI)

- não há reprodução literal das palavras do outro.

- há penas uma situação de enunciação, a do discurso citante;

- o sentido das palavras é atribuído ao discurso citado. (MAINGUENEAU, 2002, p. 150).

- introduzido por verbo dicendi + que; (MAINGUENEAU, 1996, p. 150).

Discurso citado direto com que

- é um fragmento entre aspas que apresenta as características do DD e que vem antecedido pela expressão ‘que’. (MAINGUENEAU, 2002, p. 151).

- apresenta um fragmento entre aspas; - é introduzido por verbo dicedi + que; (MAINGUENEAU, 2002, p. 151).

Modalização em discurso segundo

(MDS)

- por meio de modalizadores o enunciador delega a responsabilidade do enunciado a um outro. (MAINGUENEAU, 2002, p. 139).

- é introduzido por modalizadores, como, por exemplo, segundo, para, conforme. (MAINGUENEAU, 2002, p. 139).

Ilhota citacional

- pequeno fragmento entre aspa que vem no interior de um DI. É uma forma híbrida de discurso citado.

- é uma pequena parte do texto que não é assumido pelo enunciador. (MAINGUENEAU, 2002, p. 151).

- ocorre no discurso indireto, que, contendo algumas palavras atribuídas aos enunciadores citados, são marcados com aspas ou itálico; - a ilha é indicada pelas aspas e pelo itálico; (MAINGUENEAU, 2002, p. 151).

Evocação

- permite colocar em segundo plano os conhecimentos compartilhados, ou os elementos não essenciais ao propósito, inscrevendo, ao mesmo tempo, a pesquisa em um espaço epistêmico identificável. (BOCH; GROSSMANN, 2002, p.101)

- ausência de introdutores;

- ausência de reprodução de conteúdo do discurso citado;

- referência ao nome do autor e a data da obra. (BOCH; GROSSMANN, 2002, p.101)

Resumo com citações

- resumo de um texto cujo original aparece apenas em fragmentos no fio do discurso. - tais fragmentos citados são integrados sintaticamente ao discurso que cita. (MAINGUENEAU, 2002, p. 154-155).

- acúmulo de aspas e/ou itálico; - o texto citado aparece em vários fragmentos entre aspas ou em itálico no discurso citante.

(MAINGUENEAU, 1996, p. 154-155).

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Como podemos perceber, conforme exposto no quadro acima, temos 07 (sete) modos de fazer referência ao discurso de outrem. Cada um desses modos apresenta suas características, suas marcas distintivas, e pode ser mobilizado para evidenciar de forma perceptível o diálogo com outras vozes no interior dos textos em várias situações e contextos de produção textual-discursiva (BESSA & BERNARDINO, 2011). São, portanto, modos de apreensão do discurso de outrem, presentes nos contextos de interação discursiva (BAKHTIN, 2006).

2.3 Texto e construção de sentidos

Nesta seção, cabe levantarmos alguns pontos acerca do texto e da construção de sentidos, devido sua pertinência para esse trabalho. O texto e a construção de sentidos têm ocupado um lugar de destaque no campo da linguística textual. Podemos citar trabalhos como os de Koch (2008), Marcuschi (2008), Costa Val (1994), Samoyault (2008) entre outros. Esses trabalhos trazem para o centro da discussão a própria definição de texto, como também questões pertinentes àconstrução de sentidos. No âmbito dessa discussão, uma primeira questão se impõe: o que é o texto? Para responder a essa questão, muito se tem dito. Costa Val (1994, p. 3), por exemplo, diz que “para se compreender melhor o fenômeno da produção de textos escritos, importa entender previamente o que caracteriza o texto”. A autora entende o texto ou discurso como “ocorrência linguística dotada de unidade sociocumunicativa, semântica e formal”. Nessa definição, o texto é concebido como uma unidade de linguagem em uso, em que, para garantir uma unidade de sentido, convergem elementos extra e intra textual.

Colaborando com essa discussão, Marcuschi (2008, p. 72) diz que “o texto pode ser tido como um tecido estruturado, uma entidade significativa, uma entidade de comunicação e um artefato sociohistórico.” Dessa concepção, depreende-se a unidade de sentido entre suas partes, isso porque ele é tido como um tecido estruturado, ou melhor, o texto não é um aglomerado de sintagmas, frases, parágrafos desligados sintática e semanticamente, mas uma unidade produzida por meios de elementos que conservam a ligação, a relação, a progressão, a retomada dos sentidos na tessitura textual.

Dialogando com os estudos sobre o texto, Koch (2008) desenvolve conceitos relevantes com relação à coerência e a coesão. Para ela, “textualidade ou textura é o que faz de uma sequência linguística um texto e não uma sequência ou um amontoado aleatório de frases ou palavras.” (KOCH, 2008, 26). Como se percebe, o conceito de texto perpassa a ideia puramente estrutural deslocando-se para o sujeito receptor e a situação comunicativa. A autora fundamenta essa ideia ao dizer que essa sequência linguística é tida como texto coerente quando o receptor a concebe como uma unidade significativa.

No interior desses estudos sobre o texto, cabe destacar ainda, para os propósitos deste trabalho, a perspectiva de estudo que enfoca a intertextualidade. Referimo-nos aos estudos desenvolvidos por Samoyault (2008) sobre a noção de intertextualidade, noção esta retomada a partir de Julia Kristeva, que, por sua vez, toma emprestada de Bakhtin.

Fazendo uma leitura do uso do termo intertextualidade em Julia Kristeva, Samoyault (2008) destaca que “em todo texto a palavra introduz um diálogo com outros textos”. Essa é, segundo a autora, a ideia que Julia Kristeva extrai de Bakhtin, mostrando que, embora esse teórico não tenha utilizado o termo intertextualidade, a

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ideia já está presente em seus trabalhos. Com isso, a noção de texto tem a intertextualidade como elemento importante. Segundo Samoyault (2008, p.18), “o texto aparece então como o lugar de uma troca entre pedaços de enunciados que ele redistribui ou permuta, construindo um texto novo a partir dos textos anteriores.” Nesse sentido, a intertextualidade se configura como um espaço de diálogo entre textos (discursos) trazidos pelo locutor para a construção de um novo texto, esse, por sua vez, é construindo a partir de outros textos.

Com base nos escritos de Bakhtin, Samoyault (2008, p. 21) afirma que “um enunciado está sempre envolvido numa rede de outros enunciados que contribuem para construí-lo.” Isso evidencia a concepção dialógica de texto que perpassa a obra de Samoyault (2008). Essa rede de enunciados dialógicos constrói os sentidos do texto, sendo que, ao mesmo tempo em que um enunciado dialoga com outros enunciados, é formado no próprio diálogo. É esse jogo dialógico que promove a natureza dialógica de todo enunciado, conforme leitura da autora.

Cabe ainda destacar das palavras de Samoyault (2008, p. 21) o seguinte: “Todas as palavras abrem-se assim às palavras do outro, o outro podendo corresponder ao conjunto da literatura existente”. Tal concepção revela a natureza dialógica da palavra (texto), indicando que a estrutura dessa palavra não está fechada à palavra do outro, mas é flexível, permeável, acessível, podendo ser habitada pelas palavras do outro. Nesse sentido, a noção de texto considera o diálogo entre enunciados como elemento que instaura a sua própria natureza.

Diante dessas considerações sobre o texto e a construção de sentidos, verifica-se que o texto é mais que uma verifica-sequência de enunciados estruturados, pois vários elementos convergem para construir os seus sentidos. Além disso, o produtor do texto tem o papel de mobilizar os elementos linguísticos de forma que o receptor o conceba e atribua sentido. Uma violação no uso desses elementos linguísticos pode resultar na incoerência do texto, sendo, portanto, tarefa do produtor adequar o texto à situação comunicativa e ao receptor. Quanto à intertextualidade, ela é de caráter dialógico, pois revela que os textos apresentam, em sua natureza, a característica de serem abertos às palavras do outro e que são formados numa interação dialógica com outros textos.

3 ANÁLISE DO CORPUS

3.1 Análise quantitativa

Nesta seção, apresentaremos, sob uma abordagem quantitativa, os modos de discurso citado recorrentes na tessitura dos artigos científicos, procurando, desse modo, responder a primeira das questões que norteiam este trabalho, a saber: (a) Que modos de discurso citado são utilizados para inserir o dizer do outro? Para ilustrar os dados referentes a esse primeiro objetivo, veremos quantitativamente a recorrência de cada uma das categorias encontradas:

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0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% 46% 26% 9% 17% 1% 1% Evocação

Discurso citado direto

Discurso citado indireto

Modalização em discurso segundo

Discurso citado direto com "que"

Ilhota citacional

Gráfico 01: Recorrência dos modos de discurso citado na escrita de artigos científicos

Conforme o gráfico 01, verifica-se o percentual dos modos de discurso citado que foram constados na construção do gênero artigo científico produzido por pesquisadores especialistas das áreas de Geografia e de Educação Física. Quanto à percentagem em que cada um dos modos foi mobilizado no corpus, temos: (i) Evocação, com 46% das ocorrências; (ii) Discurso citado direto, com 26%; (iii) Modalização em discurso segundo, com 17%; (iv) Discurso citado indireto, com 9%; e (v) a Ilhota citacional, juntamente com o discurso citado direto com “que”, com 1% das ocorrências.

Esses dados nos mostram que os pesquisadores especialistas mobilizaram a evocação como modo de fazer referência ao discurso do outro com significativa percentagem em relação aos demais modos. Comparando a ocorrência desse modo, mais mobilizado, com a ocorrência de discurso citado direto, que foi o segundo mais mobilizado, percebemos uma diferença de 20%. Isso evidencia que os pesquisadores especialistas apresentam como estratégia a não reprodução literal do discurso do outro, privilegiando fazer referência a trabalhos realizados na área do conhecimento.

Outro motivo para a recorrência significativa de evocação seria o fato de os artigos científicos serem produzidos por doutores, o que possivelmente demonstra a capacidade de não apenas reproduzirem conceitos e teses, mas pela conclusão de ter autoridade para dizer. Além disso, a produção de conhecimento científico por parte desses especialistas supõe um leitor que compartilhe os conhecimentos, os conceitos e as teses que circulam na área em que atuam.

Observando ainda o gráfico 01, constatamos que, dos modos de discurso citado, os especialistas mobilizaram com maior frequência aqueles que não reproduzem, na tessitura textual, as palavras literais do outro. Explicando melhor: dos 100% dos modos de discurso citado, apenas 28% são modos que reproduzem literalmente o discurso do outro (discurso citado direto, discurso citado direto com “que” e ilhota citacional), sendo que 72% dos modos citados apresentam como característica a não reprodução literal das palavras do outro (evocação, discurso citado indireto e modalização em discurso segundo). Isso pode indicar que pesquisadores especialistas apresentam uma maior capacidade em atribuir sentidos, interpretar, comentar, parafrasear, mencionar sem reproduzir o discurso do outro a que faz referência.

A uma constatação semelhante também chegaram Boch e Grossmann (2002), ao analisarem textos de especialistas e de estudantes acadêmicos. Esses autores

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constataram que os especialistas mobilizam a evocação com significativa frequência em comparação aos estudantes acadêmicos menos experientes, que mobilizaram o discurso citado reproduzindo literalmente as palavras do outro. Segundo os autores, o fato dos especialistas usarem mais a evocação como modo de discurso citado pode ser explicado com dois motivos: primeiro, é mais econômica e permite que não se perca no fio da análise; segundo, ela facilita o controle do gerenciamento enunciativo (BOCH & GROSSMANN, 2002).

3.2 Análise qualitativa

Nesta seção, faremos uma análise qualitativa dos resultados, intentando responder as questões (b) e (c) propostas para este estudo, a saber: como pesquisadores especialistas (doutores) mobilizam o discurso do outro em textos por eles produzidos? Como se dá a construção de sentidos do texto científico considerando-se o diálogo com outros dizeres materializados textualmente? Para isso, mostraremos fragmentos representativos de cada um dos modos de discurso citado constatados na análise do corpus.

Evocação

[...] a etnografia deve ser compreendida não como uma mera técnica de pesquisa, mas como uma opção teórico-metodológica que, a partir do estranhamento, visa o questionamento das categorias mais abstratas. Visa o conhecimento mais complexo da realidade e a desnaturalização dos fenômenos, mostrando como práticas, concepções, valores são socialmente construídos e, portanto, simbólicos (DAUSTER, 1997). Além disso, o olhar antropológico se manifesta pelo estranhamento do que é familiar e pela tentativa de conhecer a perspectiva do outro. [...] (ACEF04, p. 45)

Nesse fragmento, temos o caso de discurso citado por evocação. Verificamos que, ao discorrer sobre a etnografia como técnica de pesquisa, o especialista faz menção a trabalhos já realizados acerca dessa temática, assim ele cita apenas o nome do autor e a data em que a obra foi escrita, no caso Dauster ( 1997). Essas informações referentes a nome e data se mostram, conforme Boch e Grossmann (2002), bastante econômicas, isso porque deixam em segundo plano os elementos não essenciais. Esses elementos são identificados por esses autores como sendo os conhecimentos compartilhados, ou seja, nesse modo de discurso citado o especialista não faz nenhum comentário, nem parafraseia o discurso do outro, mas inscreve a pesquisa em um espaço epistêmico identificável.

Destaque-se ainda que o uso da evocação, embora deixe em segundo plano os conhecimentos compartilhados, exige do locutor um conhecimento amplo, isso porque é necessário conhecer o conteúdo dos trabalhos que são citados. Desse modo, o fragmento em análise evidencia que o especialista (locutor) apresenta a leitura de Dauster (1997) e consequentemente um maior domínio da temática tratada. A evocação configura-se, portanto, como um recurso que exige do produtor, além de muitas leituras, um domínio de conteúdo de outras pesquisas realizadas na área do conhecimento, na qual se insere o produtor.

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Discurso citado direto (DD)

[...] Mesmo dizendo que as crianças geralmente agem incorporando normas e padrões de comportamentos, a partir dos elementos simbólicos que a sociedade lhes impõe, existem mudanças e contradições. Os brinquedos, como afirma Brougère (1997, p. 105), "orientam a brincadeira, trazem-lhe a matéria. (...) Só se pode brincar com o que se tem, e a criatividade, tal como a evocamos, permite, justamente, ultrapassar esse ambiente, sempre particular e limitado". No jogar, a criança geralmente deixa-se impregnar, penetrar pela atividade, pelo objeto. Na verdade ela, o brinquedo e o brincar tornam-se uma coisa só. (ACEF02, p. 30) [...]

Nesse fragmento, constamos um caso de discurso citado direto. Para fundamentar seu argumento em oposição ao que se diz que as crianças geralmente agem incorporando normas e padrões de comportamentos, a partir dos elementos simbólicos que a sociedade lhes impõe, o autor desse texto cita literalmente o discurso de Brougére (1997). Desse modo, o trecho: [...] c o m o afirma Brougère (1997, p. 105), "orientam a brincadeira, trazem-lhe a matéria. (...) Só se pode brincar com o que se tem, e a criatividade, tal como a evocamos, permite, justamente, ultrapassar esse ambiente, sempre particular e limitado", [...] é atribuído totalmente a Brougére. Assim, as palavras entre aspas não são do especialista, mas são marcadas como pertencentes a um outro ato discursivo. Esse é, portanto, um recurso em que temos o dialogismo materializado na tessitura do texto acadêmico-científico.

Além disso, percebemos que alguns elementos são mobilizados para marcar a fronteira entre os dois atos discursivos, quais sejam: as aspas, o nome do autor com ano e indicação da página da qual a citação foi extraída. Conforme discutimos no aporte teórico deste trabalho, Authier-Revuz (1990) mostra que algumas marcas linguísticas são utilizadas para delimitar o espaço das vozes de outrem no discurso, por exemplo, o discurso direto, as aspas, as formas de retoque ou de glosa. Assim, essas formas são responsáveis por explicitar, de maneira perceptível, na tessitura do discurso, as palavras de outrem. Nesse sentido, os pesquisadores especialistas, ao citarem as palavras do outro em discurso direto, tornam visível o dialogismo, ou a heterogeneidade, na constituição de seu discurso.

Discurso citado indireto (DI)

[...] Merece ênfase a contribuição de Spósito (1991) ao afirmar que o processo de reestruturação urbana ocorre não somente em áreas metropolitanas, mas também, em cidades de porte menor. Portanto, no caso das cidades médias, o processo das novas centralidades também é identificado, relacionado ao rápido processo de urbanização. [...] (ACG09, p. 359)

No fragmento em destaque, temos um caso de discurso citado indireto. Percebemos que o enunciador, ao discorrer sobre o processo de urbanização, citou em discurso indireto Spósito (1991). Identificamos essa ocorrência pelo uso da expressão introdutora afirmar que, isto é, temos aqui um caso típico de introdutores de discurso indireto. É nesse sentido que Maingueneau (2002) identifica esse modo de discurso citado, dizendo que “as falas relatadas no DI são apresentadas sob a forma de uma oração subordinada substantiva objetiva direta, introduzida por um verbo dicendi” (p.150). Desse modo, o pesquisador especialista interpreta o sentido original dito por Spósito (1991) e traduz nesse fragmento apenas o conteúdo do pensamento, ou seja, o sentido de suas palavras.

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É dessa forma que o DI é concebido por Authier-Revuz (2004, p. 12), ao dizer que o enunciador, “fazendo uso de suas próprias palavras, ele remete a um outro como fonte do ‘sentido’ dos propósitos que ele relata”. Desse modo, o locutor/escritor não se preocupa em citar fielmente as palavras do discurso fonte, mas em extrair dele o sentido. Isso exige do locutor a competência de atribuir sentidos ao discurso do outro. Logo, não é tão fácil manejar estratégias para se reportar ao discurso do outro.

Modalização em discurso segundo (MDS)

[...] Os jogos ocuparam lugar muito importante nas mais diversas culturas. Segundo Huizinga (1980), na sociedade antiga, o trabalho não tinha o valor que lhe atribuímos há pouco mais de um século e nem ocupava tanto tempo do dia. Os jogos e os divertimentos eram um dos principais meios de que dispunha a sociedade para estreitar seus laços coletivos e se sentir unida. (ACEF02, p. 28) [...]

No fragmento acima, temos uma ocorrência de modalização em discurso segundo. Temos, assim, o seguinte trecho: [...] Segundo Huizinga (1980), na sociedade antiga, o trabalho não tinha o valor que lhe atribuímos há pouco mais de um século e nem ocupava tanto tempo do dia. [...]. O conteúdo dessas palavras não é assumido pelo enunciador, mas é atribuído a um outro, o do discurso citado. Esse efeito de sentido é causado pelo uso do modalizador segundo, que indica que o enunciador está se apoiando em um outro discurso, comentando, ao mesmo tempo, o seu conteúdo (MAINGUENEAU, 2002).

Assim, ao não assumir a autoria dessas palavras, o locutor (especialista) se ausenta de qualquer responsabilidade pelo conteúdo desse discurso. Embora ele seja o autor do texto, ao trazer para seu discurso o discurso do outro, não deixa de responsabilizar esse outro pelo dito. Nessa perspectiva, o diálogo ocorre também na atribuição de responsabilidades pelo que é dito, em que palavras são assumidas e outras não.

Discurso citado direto com “que”

[...] Assim, nesta redefinição centro-periferia, a desconcentração é explícita também em locais cada vez mais distantes do centro, ou seja, na periferia. Gottdiener (1993, p.19), diz que “Em sua essência, a desconcentração foi á conseqüência de muitos anos de crescimento suburbano fora dos centros da cidade, a distâncias cada vez maiores.”

Sobre a afirmação acima, merece ser destacado que o termo suburbano, ou seja, o subúrbio nos Estados Unidos tem outra conotação e a sua produção vincula-se a outro processo sócio-espacial diferente do Brasil. [...] (ACG09, p. 355)

Temos, nesse caso, um exemplo de ocorrência de discurso citado direto com “que”. Ao analisar a relação centro-periferia, o especialista faz referência ao discurso do outro e se utiliza desse modo híbrido de discurso citado, isso porque os introdutores Gottdiener (1993, p.19), diz que são típicos de DI. Segundo Maingueneau (2002, p. 152), nesse tipo de discurso citado temos: “um fragmento entre aspas que apresenta as características do DD vem depois de ‘que’”. Diante disso, ao citar a voz do outro por meio do discurso citado com “que”, podemos perceber que o especialista (doutor) faz com que os dois atos de discurso se unam sintaticamente, ou seja, discurso citante e discurso citado estão unidos sob a forma de uma oração subordinada substantiva objetiva direta (MAINGUENEAU, 2002). Entretanto, como o fragmento entre aspas é,

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na realidade, um discurso citado direto, então o discurso citado direto com “que” apresenta características (introdutores) de DI (verbo dicendi + que) e características (aspas) de DD.

Nesse caso, o pesquisador especialista procura ao mesmo tempo unir-se ao discurso do outro, ou a sua linguagem, e manter uma certa distância em relação a ele (MAINGUENEAU, 2002). Assim, podemos ver o dialogismo materializado na relação entre discurso citante e discurso citado. Isto é, no jogo de aproximação e distanciamento entre eles, até porque, conforme Bakhtin (2006), um discurso pode entrar noutro discurso e na sua construção sintática, formando laços dialógicos na tessitura textual.

Ilhota citacional

[...] Uma das professoras relatou a importância da Fisiologia do Exercício na formação do professor de Educação Física, mas queixou-se de sua formação profissional, dizendo que as aulas de Fisiologia foram “falhas”. [...] (ACEF04, p. 51)

Constatamos, nesse fragmento, um caso de ilhota citacional. O pesquisador especialista cita vozes de professores entrevistados por ele em uma pesquisa de campo, utilizando-se, para isso, do discurso citado indireto. Ocorre que, nesse DI, uma palavra é colocada entre aspas, “falhas”. Essa última palavra do fragmento é destacada possivelmente porque ela foi dita pela professora no momento da entrevista e aqui não é assumida pelo especialista, mas atribuída à professora. Esse é um caso típico de ilhota citacional, Maingueneau (2002) diz que é geralmente uma palavra que vem entre aspas ou itálico que é atribuída ao locutor do discurso citado. Em outros casos podem ocorrer ilhotas citacionais com duas palavras ou com uma expressão completa cristalizada (BOCH e GROSSMANN, 2002). Diante disso, salientamos que a ilhota citacional é, portanto, um recurso que delimita claramente a presença de duas vozes no discurso, a do discurso citante e a do discurso citado.

Diante desses casos, é possível dizer que os pesquisadores especialistas, embora mobilizem vários modos de citar o discurso do outro, apresentam uma preferência pelo uso da Evocação como modo de citar. Isso pode indicar que esses pesquisadores preferem não reproduzir o discurso do outro literalmente, mas em apenas evocá-los. Isso fica mais evidente quando se compara os modos de discurso que reproduzem literalmente os dizeres do outro com os que não o fazem.

Além disso, pode-se entender que o uso recorrente desse modo (Evocação) demonstra a capacidade dos produtores (especialistas), em razão da própria autoridade na área, de não apenas reproduzirem conceitos e teses de outros pesquisadores, mas somente evocá-los na tessitura textual, supondo talvez um leitor também especialista. Assim, no diálogo com discursos do outro, esses produtores mobilizaram com maior frequência os modos que não reproduzem literalmente as palavras alheias. Isso pode indicar, também, que pesquisadores especialistas apresentam uma maior capacidade de atribuir sentidos, interpretar, comentar, parafrasear, mencionar sem reproduzir, os discursos do outro com os quais dialogam.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS: INTERPRETANDO OS RESULTADOS

Este trabalho se propôs a investigar os modos de discurso citado mobilizados na tessitura de artigos científicos produzidos por pesquisadores especialistas das áreas

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de Educação Física e de Geografia, procurando identificar que modos de discurso citado são mobilizados para citar o discurso do outro e, a partir disso, observar como se dá a construção de sentidos do texto científico, considerando o tecer dialógico materializado entre discurso citante e discurso citado.

A análise revela que os especialistas mobilizam vários modos de discurso citado, a saber: (i) Evocação; (ii) Discurso citado direto; (iii) Modalização em discurso segundo; (iv) Discurso citado indireto; (iv) Discurso citado direto com “que”; e (v) Ilhota citacional. Entre esses modos, a Evocação apresentou-se como o mais mobilizado. Revela ainda que os modos de discurso citado que reproduzem literalmente o dizer do outro apresenta pouco ocorrência comparados com os modos que reproduzem apenas o sentido ou apenas evoca-os.

Com isso, constata-se que a preferência por modos de citar como a evocação, o discurso citado indireto, a modalização em discurso segundo, em que não há reprodução de palavras de outrem evidencia a competência enunciativa de atribuir sentidos para o discurso do outro. Além disso, mostra que especialistas tendem a dialogar com os outros especialistas por meio de modos de discurso citado em que as palavras do outro são interpretadas, parafraseadas, evocadas. Isso pode indicar, ainda, maturidade no manejo dos modos convencionais de citar o discurso do outro, além de mostrar que esses especialistas defendem argumentos e teses utilizando-se mais palavras próprias do que as palavras de outrem.

Desse modo, um estudo dessa natureza torna claro o quão é importante o conhecimento das especificidades desses modos de citar, visto que a mobilização de cada um deles implica uma maneira de dialogar os sentidos com o outro. Além do mais, o próprio conceito de autoria perpassa pelo víeis dos estudos desses modos, pois, como se percebe, não se cita simplesmente por citar, mas a própria construção dos sentidos do texto está dependente do bom manejo desses modos. Com isso, esse estudo contribui mostrando o diálogo travado por meio dos modos de discurso citado mobilizados por especialistas na construção dos sentidos, revelando que esses modos são citados com finalidades e preenchem um espaço linguístico e, sobretudo, semântico-pragmático.

REFERÊNCIAS

AUTHIER-REVUZ, Jacqueline. Heterogeneidade(s) enunciativa(s). Cadernos de estudos lingüísticos. Trad. de Celene M. Cruz e João W. Geraldi. Campinas, São Paulo: 1990.

______. Heterogeneidade mostrada e heterogeneidade constitutiva: elementos para uma abordagem do outro no discurso. In: Authier-Revuz, Jacqueline. Entre a transparência e a opacidade: um estudo enunciativo do sentido. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004. p. 11-80.

BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. Trad. Michel Lahud e Yara F. Vieira. 12. ed. São Paulo: Hucitec, 2006.

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BESSA, Jose Cezinaldo Rocha; BERNARDINO, Rosângela A. dos Santos. A Referencia ao discurso do outro em textos acadêmicos de estudantes de curso de Letras/Português. CONGRESSO INTERNACIONAL DA ABRALIN, 7, 2011, Curitiba. Anais... Curitiba: UFPR, 2011, p.2068-2081.

______; BERNARDINO, Rosângela A. dos Santos; NASCIMENTO, Ilderlandio Assis de Andrade. Formas de retomada de discurso citado na construção de sentidos em textos acadêmicos. Intersecções, ano 4, n. 1, p. 17 – 38, Jundiaí, 2011.

BOCH, Françoise; GROSSMANN, Francis. Referir-se ao discurso do outro: alguns elementos de comparação entre especialistas e principiantes. Revista Scripta, v. 6, n.11. Belo Horizonte: PUC Minas, 2002. p. 97-108.

COSTA VAL, Maria das Graças. Redação e textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

MAINGUENEAU, Dominique. Análise de Textos de Comunicação. Trad. de Cecília P. de Souza-e-Silva, Décio Rocha. São Paulo, Cortez, 2002.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editora, 2008.

KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Introdução à linguística textual: trajetória e grandes temas. 2º ed. – São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.

SAMOYAULT, Tiphaine. A intertextualidade. Trad. de Sandra Nitrini. São Paulo: Aderaldo & Rothschild, 2008.

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