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RESUMO. Palavras-chave:. Educação Física. Jogos e Brincadeiras. Mediação. Teoria Histórico- Cultural.

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Academic year: 2021

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GOFFI, Lucyanne Cecília Dias. A mediação nas aulas de Educação Física por

meio dos jogos e brincadeiras. Artigo final - (Parte da Avaliação do Programa de

Desenvolvimento Educacional - PDE) – Universidade Estadual de Maringá. Orientadora: Profª. Drª. Nerli Nonato Ribeiro Mori. Maringá, 2009.

RESUMO

Nesse texto mostramos os resultados do curso de extensão intitulado: Jogos, brinquedos e brincadeiras como mediação nas aulas de Educação Física, que foi ministrado para professores de Educação Física da rede estadual de ensino do estado do Paraná. Objetivamos com o referido curso: entender as relações que podem ser estabelecidas entre a temática dos jogos e brincadeiras na perspectiva da teoria histórico-cultural e a prática pedagógica da educação física nas escolas; sistematizar o conteúdo estruturante jogos e brincadeiras no ensino fundamental séries finais e auxiliar na busca por novas investigações sobre a temática dos jogos e brincadeiras e da Educação Física de forma geral. Para tanto nos pautamos nas Diretrizes Curriculares para a Educação Básica do Estado do Paraná – DCE´s/2008, da disciplina de Educação Física e em autores clássicos da Teoria Histórico-Cultural que enfocam a importância de jogos e brincadeiras, como mediação para o desenvolvimento psíquico infantil e para a interação social.

Palavras-chave:. Educação Física. Jogos e Brincadeiras. Mediação. Teoria

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GOFFI, Lucyanne Cecilia Dias. The mediation in the classes of Physical Education

using games and entertainments. Final Article- (Part of the Avaliation in the

Program of Educational Development – 2008 – State Univercity of Maringá. Supervisor: Nerli Nonato Ribeiro Mori. Maringá, 2009.

ABSTRACT

In this text we shows the results of the extention course titled: Games, toys and entertainments as mediation in Physical Education classes that where ministrated to teachers of Physical Education that works in the state division for teachers of the state of Parana. The objectives of the named course were: understand the relations that could be stablished betheween the thematic of games and entertainments in the perspective of the Historical-Cultural Theory and the pedagogics practices of the Physical Education in the school; systematicaly the contents - games and entertainments - in the teaching of junior school and help in the news searchs about the thematic of the games and entertainments and also of the Physical Education in general. For this matter we folowed the Guidelines Curriculum of Basic Education in the state of Paraná - 2008 of the discipline - Physical Education and classic authors of the Historical-Cultural Theory that accentuate the importance of the games and entertainments as a mediation for the children’s psychological development and their social interaction.

Key worlds

: Physical Education. Games and Entertainments. Mediation.

Historical-Cultural Theory.

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1. INTRODUÇÃO

A temática dos Jogos e brincadeiras é estudada por diversas áreas, tais como sociologia, antropologia, psicologia, pedagogia e Educação Física. Nesse artigo temos como objetivo mostrar uma forma de sistematizar o conteúdo estruturante – Jogos e Brincadeiras, contidos nas Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná – DCE´s/ 2008, no ensino fundamental séries finais. Dessa forma, levamos em consideração as contribuições de autores da teoria Histórico-Cultural – Vigotski, Leontiev e Elkonin – sobre a importância dos jogos e brincadeiras na formação das funções psicológicas superiores, quais sejam atenção, memória, percepção, pensamento e linguagem e de que maneira essa perspectiva teórica pode relacionar-se com a prática da educação física na escola.

Corroboram para o entendimento dessa temática, outros autores tais como Jukoviskaia (1978), Lara (2000) e Kishimoto (2005). Nesse estudo não pretendemos contextualizar historicamente o surgimento das brincadeiras e dos jogos, mas, constatar sua importância como mediador do desenvolvimento psicológico infantil. Nesse sentido, necessitamos conceituar os vocábulos jogos, brinquedos e brincadeiras e, principalmente compreendermos como se dá o desenvolvimento humano na visão da teoria histórico-cultural.

De acordo com Kishimoto1 (2005), há uma dificuldade em definir a palavra jogo, pois existe uma série de fenômenos considerados jogos, tais como - jogos de regras, jogos políticos, jogos imaginários, jogos dramáticos - entre outros. Para a autora outro fato complexo para o entendimento deste vocábulo são as diferenças culturais entre os povos, pois uma mesma ação pode ser considerada jogo para determinada cultura e não-jogo para outra. Por exemplo, o arco e flecha para alguns é um jogo com regras definidas e para a cultura indígena significa o preparo profissional para a caça.

Em relação ao brinquedo e à brincadeira, a autora citada anteriormente afirma que o brinquedo é um objeto que está intimamente ligado à criança e não é determinado pelo

1A autora Tizuko Morchida Kishimoto, embora não pertença à escola Vigotskiana, corrobora nesse estudo com

sua opinião sobre a definição dos termos jogos, brinquedos e brincadeiras, encontrados em sua obra “Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação”.

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uso de regras e, a brincadeira é a ação lúdica que acontece com ou sem a utilização do objeto lúdico, ou seja, do brinquedo. Assim, recorremos à seguinte citação para melhor esclarecermos esses conceitos:

O vocábulo ‘brinquedo’ não pode ser reduzido à pluralidade de sentidos do jogo, pois conota criança e tem uma dimensão material, cultural e técnica. Enquanto objeto, é sempre suporte de brincadeira. É o estimulante material para fazer fluir o imaginário infantil. E a brincadeira? É a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica. Pode-se dizer que é o lúdico em ação. Desta forma, brinquedo e brincadeira relacionam-se diretamente com a criança e não se confundem com o jogo (KISHIMOTO, 2005, p. 21).

Embora apresentem significados diferentes, tanto os jogos, como os brinquedos e as brincadeiras passaram por mudanças que acompanharam os diferentes movimentos sociais e culturais existentes no decorrer da história. O caráter lúdico foi perdendo-se conforme apareceram os processos de urbanização, de industrialização e de informatização, dando lugar a brincadeiras individualizadas influenciadas pelo crescente poder da mídia e da indústria cultural.

Para que a atividade lúdica se realize, é necessário que, em primeiro lugar exista um objeto. Esse objeto terá uma função, criada pela ação que a criança vai dar a ele. Essa ação independe da imaginação exclusiva da criança e, sim, está vinculada à mediação de outros sujeitos, que por meio de suas ações com os objetos, fazem com que a criança desenvolva a atividade de brincar.

Para o autor russo, Leontiev (1978), a brincadeira e o jogo são chamados de atividades principais da infância. Isso se caracteriza pela importância dessas ações na mudança do desenvolvimento psíquico da criança e dentro da qual se desenvolvem processos psicológicos que preparam o caminho da transição da criança para um novo e mais elevado nível de desenvolvimento.

A pesquisa sobre a atividade lúdica, no enfoque da teoria histórico-cultural, ressalta a importância dessa atividade para o desenvolvimento psíquico da criança, além do papel central que ela assume nos esforços para a compreensão dos sujeitos, em seu percurso de desenvolvimento e humanização.

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O fator principal do desenvolvimento humano, para os estudiosos dessa corrente teórica é a mediação. É por meio da mediação de outros sujeitos (adultos e crianças) que a criança compreende o mundo que a cerca, apropriando-se dos conhecimentos produzidos histórica e socialmente pela humanidade. A compreensão da criança, desse mundo de objetos semióticos, marcados pela cultura, não se dá de forma direta, e sim, nas relações dialéticas.

Nesse sentido, Lara (2000) em seus estudos sobre a teoria histórico-cultural ressalta que, para essa perspectiva teórica, o desenvolvimento infantil constitui-se por meio do uso de instrumentos disponibilizados culturalmente às crianças. Essa integração com a cultura modifica o comportamento e os mecanismos que se desenvolvem, e influencia o desenvolvimento psicológico infantil, principalmente funções específicas como a memória, a atenção, a abstração, a fala e o pensamento. Sobre as funções psicológicas superiores, um dos precursores dessa corrente teórica afirma que:

[...] O que determina diretamente o desenvolvimento do psiquismo da criança é a sua própria vida, o desenvolvimento dos processos reais dessa vida, por outras palavras, o desenvolvimento dessa atividade, tanto exterior como interior. E o desenvolvimento dessa actividade depende por sua vez das condições em que ela vive. O mesmo é dizer que, no estudo do desenvolvimento do psiquismo da criança, devemos partir da análise do desenvolvimento da sua actividade tal como ela se organiza nas condições concretas da sua vida (LEONTIEV, 1978, p. 291-2).

Dessa forma, o processo de desenvolvimento da criança como ser humano está intimamente ligado à sociedade em que ela está inserida e a característica social das brincadeiras e dos jogos de acordo com a perspectiva histórico-cultural é vista como a mola propulsora para o desenvolvimento infantil.

Para Vigotski (2003b), na atividade lúdica a criança pode ser aquilo que ela ainda não é, ou seja, na brincadeira a criança pode agir e interagir de acordo com padrões que, ainda, estão distantes do que lhe é determinado pelo lugar que ela ocupa na sociedade. Em relação aos objetos lúdicos, esses são considerados substitutos daqueles, os quais a criança ainda não tem permissão para manusear. Assim, as ações amalgamadas de

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símbolos, possibilitam à criança ultrapassar os limites dados pelo seu desenvolvimento real, proporcionando fatores de constituição de seu desenvolvimento proximal2.

Para a estudiosa russa Jukovskaia (1978), a capacidade de criar formas de ação a partir da significação dos gestos pela mediação com outros sujeitos, no caso das crianças, com os adultos, educadores ou crianças maiores, enfatiza a propriedade cognitiva e criativa do nosso cérebro. Dessa forma, a atividade lúdica não se constitui meramente na reprodução de gestos, e sim, na criação de novas formas, novos gestos e novas ações. O autor da teoria histórico-cultural, também enfatiza o papel criador do cérebro ao afirmar que:

O cérebro não se limita a ser um órgão capaz de conservar ou reproduzir nossas experiências passadas, é também um órgão combinador, criador, capaz de reelaborar e criar com elementos de experiências passadas, novas normas e estabelecimentos. Se a atividade do homem se reduzisse a repetir o passado, o homem seria um ser voltado exclusivamente para o ontem e incapaz de adaptar-se ao amanhã diferente. É precisamente a atividade criadora do homem que faz dele um ser projetado para o futuro, um ser que ajuda a criar e que modifica seu presente (VIGOTSKY, 2003a, p. 9, tradução nossa)3.

Temos, portanto, que o homem, num processo dialético, modifica a natureza, ao mesmo tempo, que é modificado por ela superando seu modo de vida. No entanto, como a prática pedagógica nas aulas de Educação Física pode contribuir para que esse processo ocorra? Na sequência apresentamos alguns apontamentos teóricos sobre essa questão.

Os jogos e brincadeiras são um dos conteúdos estruturantes da disciplina de Educação Física, estabelecidos pelas Diretrizes Curriculares para Educação Básica do Estado do Paraná – DCE´s/2008 e a teoria histórico-cultural enfatiza a importância dessa temática para a interação social e o desenvolvimento psíquico infantil. Dessa forma,

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Para Vigotiski (2003), o desenvolvimento humano se dá em dois níveis: o nível de desenvolvimento real, referente às funções psicológicas já completadas no sujeito e no qual ele realiza ações sem auxílio de outros sujeitos ou instrumentos; e o nível de desenvolvimento proximal, aquele em que as funções psicológicas são emergentes e no qual o sujeito, ainda não é capaz de realizar ações sozinho, sem auxílio.

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El cerebro no se limita a ser um órgano capaz de conservar o reproducir nuestras pasadas experiencias, es también um órgano combinador, creador, capaz de reelaborar y crear con elementos de experiencias pasadas nuevas normas y planteamientos. Si la actividad del hombre se redujera a repetir el pasado, el hombre sería un ser vuelto exclusivamente hacia el ayer e incapaz de adaptarse al mañana diferente. Es precisamente la actividad creadora del hombre la que hace de él un ser proyectado hacia el futuro, un ser que contribuye a crear y que modifica su presente (VIGOTSKY, 2006, p. 9).

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pretendemos verificar as relações que podem se estabelecer entre os jogos e brincadeiras e essa perspectiva teórica na prática da Educação Física na escola.

Educação, segundo Vigotski (2003b), pode ser definida como a influência e intervenção planejadas, adequadas aos objetivos, premeditados, conscientes, no processo de crescimento do homem. Porém, a educação com qualidade é uma das questões que tem preocupado as pessoas, pois o acesso e desenvolvimento científico são necessidades que a sociedade criou.

A necessidade dessa melhoria na qualidade do ensino em nosso país leva à preocupação por parte dos educadores e da comunidade, em geral, em buscar novos recursos e novas práticas pedagógicas que atentem para esse fim. Nesse sentido, em conformidade com o que preconiza as DCE´s/2008 em relação aos conteúdos de jogos e brincadeiras, procuramos estudar essa temática com o enfoque da teoria histórico-cultural, entendendo que essa abordagem epistemológica vai ao encontro da teoria marxista e teoria histórico-crítica, que fundamentam as diretrizes do Estado do Paraná. Dessa forma, acreditamos ser importante esse estudo para colaborar com a prática pedagógica do professor de Educação Física, haja vista que essa corrente teórica versa sobre a importância dessa temática para a interação social e o desenvolvimento psíquico infantil.

O aspecto sócio-cultural que vimos ser na teoria histórico-cultural, fator de influência nas manifestações lúdicas, quer sejam, nos jogos e brincadeiras, também, encontra-se enfatizado nas DCE´s/2008 – Educação Física, ao mencionar que as atividades relacionadas ao jogo são formas de perpetuar hábitos pela transmissão de geração em geração, hábitos esses, vinculados ao interesse do sistema capitalista e que têm influência na educação e consequentemente, na educação física escolar.

Essas diretrizes preconizam que o trabalho do professor deva ser um trabalho crítico frente às práticas que enfatizam um modelo excludente, no qual ele deva buscar alternativas que possibilitem uma efetiva participação dos alunos nas aulas de Educação Física. O conteúdo – jogos e brincadeiras – segundo as DCE´s/2008, deve levar em consideração as questões culturais e regionais dos alunos, pois que os jogos e brincadeiras possuem regras, mas podem ser adaptados, conforme as necessidades dos sujeitos. Dessa forma, torna-se interessante a participação dos alunos na reconstrução e resignificação dessas regras, para que atendam os desafios estabelecidos, não mensurando o desempenho, mas sim, os princípios de cooperação e autonomia.

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Para Elkonin (1998), a atividade que mais influencia no desenvolvimento psíquico da criança, é o jogo, pois auxilia na superação do egocentrismo, já que na realização dessa atividade é necessária a participação de outros sujeitos. Assim, a criança aprende a controlar a impulsividade e a aceitar regras, além de permitir vivências de autonomia e de organização do pensamento, dessa forma auxiliando no desenvolvimento da memória, da atenção, da percepção e da criatividade, ou seja, auxiliando na formação das funções psicológicas superiores.

Até aqui, pudemos constatar que tanto as Diretrizes Curriculares para Educação Básica do Estado do Paraná – 2008, como a teoria histórico-cultural, enfatizam a importância que as atividades lúdicas possuem para o desenvolvimento da criança, seja nos aspectos psíquicos, como nos aspectos de interação social. Porém, de que maneira a prática pedagógica de Educação Física, por meio do conteúdo estruturante – jogos e brincadeiras – pode mediar o desenvolvimento de tais aspectos, é a questão que necessita ser solucionada.

Embora tenhamos na teoria informações sobre a importância dessa temática, na prática, não existe a sistematização desse conteúdo, de forma a contemplar adequadamente seus pressupostos. O que podemos constatar é que contraditoriamente a alguns conceitos naturalistas sobre a atividade lúdica, que enfatizam o caráter livre das brincadeiras, a teoria histórico-cultural defende, principalmente, por meio do autor russo Elkonin, que a brincadeira embora tenha um caráter espontâneo, ou melhor, conquanto a atividade lúdica promova certa liberdade de ação na criança, essa liberdade contém determinadas limitações internas, e que, subordinando-se a essas limitações, a criança aprende a subordinar-se às limitações externas, ou seja, às normas de conduta.

Em outras palavras, mesmo sendo a atividade do brincar uma atividade livre e sem normas explícitas, nela estão implícitas regras que regulam a conduta da criança na atividade da brincadeira. E é observando esses modos de ação das crianças nas atividades do brincar, que podemos iniciar um processo de entendimento dessas ações e assim, procurarmos elaborar uma maneira de sistematizar essas atividades, de forma que elas possam auxiliar o desenvolvimento infantil. Esse pensamento encontra-se expresso nas DCE´s/2008, quando ressaltam, em relação aos jogos e brincadeiras que “para um melhor aproveitamento desse trabalho, recomenda-se, como ponto de partida, levantar

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dados e valorizar manifestações peculiares ao grupo, que expressem características de seu ambiente cultural” (PARANÁ, 2008, pg. 25).

Sobre a prática pedagógica da Educação Física, destacamos o Coletivo de Autores (1993) que enfoca a importância em se entender, apreender e reconstruir o jogo e a brincadeira, como conhecimento que constitui um acervo cultural.

Por meio desses pressupostos, implementamos nossa pesquisa na escola em forma de curso de extensão, voltado para os professores de Educação Física da rede estadual de ensino. Além dos estudos teóricos referenciados nesse artigo, elaboramos junto com os professores, uma proposta de sistematização do conteúdo estruturante - jogos e brincadeiras - para o ensino fundamental séries finais.

O curso de extensão contou com 32 horas de duração, divididas em oito encontros de quatro horas cada um. Foi realizado de março a abril de 2008 e os seguintes assuntos foram abordados:

1º ENCONTRO

• Exposição do conteúdo – Jogos e brincadeiras na visão da teoria Histórico-Cultural.

o Materialismo-Histórico-Dialético.

o Teoria Histórico-Cultural.

o A importância de jogos e brincadeiras para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores: memória, atenção, percepção, pensamento e linguagem.

o Teoria Histórico-Crítica.

o Didática da Teoria Histórico-Crítica.

o Abordagem Crítico-Superadora – Educação Física.

Os conteúdos abordados no primeiro encontro foram necessários para o entendimento da fundamentação teórica que rege as Diretrizes Curriculares do estado do Paraná e como isso influencia na nossa prática pedagógica.

2º ENCONTRO

Nesse encontro os temas abordados foram:

• Jogos e brincadeiras na perspectiva das Diretrizes Curriculares para o Ensino Básico do Estado do Paraná – DCE´s/2008.

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o A fundamentação teórica do conteúdo estruturante Jogos e Brincadeiras. 1. Histórico dos jogos, brinquedos e brincadeiras.

2. Influência da cultura nas manifestações lúdicas.

3. O sistema capitalista e os jogos, brinquedos e brincadeiras.

o A sistematização do conteúdo Jogos e Brincadeiras dentro das DCE´s/2008.

o A importância da mediação do professor ao se trabalhar com os conteúdos da Educação Física, especificamente com os Jogos e Brincadeiras.

Neste encontro, alguns pontos importantes foram refletidos junto com os professores, principalmente sobre o papel da escola (reprodutora ou transformadora da sociedade?) e de que maneira podemos aliar as correntes teóricas referidas ao nosso trabalho pedagógico, para auxiliarmos a aprendizagem e desenvolvimento de nossos alunos.

3º ENCONTRO

• Foi solicitado aos professores que trouxessem para esse encontro, referências teóricas sobre a categorização dos jogos e brincadeiras para análise. Os professores trouxeram as seguintes referências:

1. CAILLOIS, Roger. Los Juegos Y Los Hombres – Lá máscara y el vértigo. México: Fondo da Cultura Económica, 1994.

2. ELKONIN, D. Psicologia do jogo. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

3. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes curriculares de Educação Física para os anos finais do ensino fundamental e para o ensino médio. 2008. 4. OLIVEIRA, Amauri Ap. Bássoli de. Planejando a Educação Física Escolar. In:

VIEIRA, José L. L. (org). Educação Física e Esportes: estudos e proposições. Maringá: Eduem, 2003.

5. MATTOS, Mauro G.; NEIRA, Marcos G. Educação Física Infantil: inter-relações, movimento, leitura, escrita. São Paulo: Phorte Editora, 2002.

o Pela análise das categorizações existentes, fundamentadas pelos autores e documentos citados anteriormente foi elaborada outra categorização pelo grupo de estudos. Essa nova categorização procurou envolver os jogos e

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brincadeiras, as quais os professores acharam pertinentes como conteúdos do ensino fundamental séries finais e foi base para a sistematização dos mesmos. As seguintes categorias de jogos e brincadeiras foram elaboradas pelos professores:  Jogos motores;  Jogos dramáticos;  Jogos intelectivos;  Jogos cooperativos;  Jogos rítmicos.

OBS: Pelos estudos realizados, os professores concluíram que todos os jogos devem envolver a inclusão de pessoas com necessidades especiais, não havendo necessidade de existir a categoria – jogos adaptados.

4º ENCONTRO

Após a elaboração das categorias, as seguintes ações foram realizadas:

o Análise do conteúdo Jogos e Brincadeiras por série (séries finais do ensino fundamental) contidas nas DCE´s.

o Elaboração de uma proposta de sistematização, realizada pelo grupo de estudos, para o conteúdo estruturante - Jogos e Brincadeiras - para as séries finais do ensino fundamental. Iniciamos a proposta da 5ª série/6º ano.

o Os professores deram sugestões de atividades, de metodologia e de avaliação de cada categoria de jogo para trabalhar na série citada anteriormente.

5º, 6º e 7º ENCONTROS

o Retomada das atividades dos encontros anteriores.

o Elaboração de uma proposta de sistematização, realizada pelo grupo de estudos, para o conteúdo estruturante - Jogos e Brincadeiras - para as séries finais do ensino fundamental. Iniciamos a proposta da 6ª série/7º ano, na sequência os outros anos: 7ª série/8º ano e 8ª série / 9º ano.

o Os professores deram sugestões de atividades, de metodologia e de avaliação de cada categoria de jogo para trabalhar nas séries citadas anteriormente.

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8º ENCONTRO

o Elaboração de um exemplo de aula.

o Análise e síntese do material elaborado pelos professores.

o A avaliação da proposta foi realizada no decorrer da análise e da síntese do material proposto. Constatamos que para a elaboração de um material didático mais aprofundado, ou seja, mais fundamentado na teoria histórico-cultural, deveríamos ter um constante estudo e experimentação desse material, todavia nossa intenção foi a de mostrar a possibilidade de ação prática da Educação Física, permeada pela teoria histórico-cultural e pelas DCE´s do estado do Paraná, abrindo, dessa forma, caminhos para novas investigações dessa temática.

Os quadros a seguir mostram a sistematização do conteúdo – jogos e brincadeiras, nas séries finais do ensino fundamental e, também, um exemplo de aula.

Quadro I – Conteúdos da 5ª série/6ºano

A SISTEMATIZAÇÃO DO CONTEÚDO ESTRUTURANTE “JOGOS E BRINCADEIRAS” NO ENSINO FUNDAMENTAL SÉRIES FINAIS.

Quadro I – 5ªsérie/6ºano Conteúdo

Básico

Conteúdo

Específico Sugestões de atividades

Encaminhamento

metodológico Resultados Esperados

Jogos Motores Valências Físicas

Pega-pega, bet´s, queima, amarelinha,bandeirinha, pequenas corridas, mãe-da-rua; beisibol maluco, sirumba, variações, etc.

- Abordagem e discussão da origem, conceito e nomenclaturas desses jogos no mundo. Variadas formas de vivências.

Conhecer o histórico dos jogos, situando-se nesse contexto. Reconhecer as possibilidades de desenvolvimento das qualidades físicas, por meio de diferentes vivências.

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Jogos Dramáticos Expressão corporal; imitação, improvisação e mímica.

Espelho; Qual o filme; dramatização de histórias; escultor e escultura; Jogo imagem e ação. - Abordagem e discussão da origem, conceito e nomenclaturas desses jogos no mundo. Variadas formas de vivências. Reconhecimento das possibilidades de expressão dos alunos.

Jogos Intelectivos Trabalham raciocínio, memória, atenção e percepção.

Jogos de tabuleiro; jogos de memória; sudoku; GO; jogos de atenção. - Abordagem e discussão da origem, conceito e nomenclaturas desses jogos no mundo. Variadas formas de vivências. Compreender a importância dos jogos intelectivos para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores (memória, atenção, percepção, linguagem e pensamento). Jogos Cooperativos Interação social, trabalho em equipe, colaboração Queima cooperativa;

volençol; Vôlei tartaruga.

- Abordagem e discussão da origem, conceito e nomenclaturas desses jogos no mundo. Variadas formas de vivências. Compreender a

diferença entre jogo cooperativo e jogo competitivo. Jogos Rítmicos Ritmo corporal, ritmos da natureza, ritmos urbanos, ritmos musicais.

Corrida ritmada; jogo das palmas; corda; paródias de brinquedos cantados; - Abordagem e discussão da origem, conceito e nomenclaturas desses jogos no mundo. Variadas formas de vivências. Reconhecer os diversos tipos de ritmos (da natureza, corporal, urbanos, musicais). Criação de outros ritmos.

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Quadro II – Conteúdos de 6ª a 8ª séries – 7º ao 9º anos.

Na 6ª série - 7º ano, os conteúdos serão os mesmos, a diferença será a reconstrução de novas vivências por parte dos alunos.

Quadro II – 7ª série – 8º ano Conteúdo

Básico Conteúdo Específico

Sugestões de atividades

Encaminhamento

metodológico Resultados Esperados

Jogos Dramáticos Expressão corporal; imitação, improvisação e mímica. Dramatização de conteúdos da educação física( ex: jogos e brincadeiras, esporte, lutas, dança e ginástica)

Estudar a possibilidade de reformular os jogos existentes, a partir dos conhecimentos teóricos e práticos, levando em consideração a reflexão crítica do momento histórico em que os alunos se encontram.

Reconhecimento das possibilidades de expressão dos alunos.

Jogos Intelectivos

Trabalham raciocínio, memória, atenção e percepção.

Jogos de tabuleiro, jogos de memória, sudoku, Go, jogos de atenção.

Estudar a possibilidade de reformular os jogos existentes, a partir dos conhecimentos teóricos e práticos, levando em consideração a reflexão crítica do momento histórico em que os alunos se encontram.

A construção de novas formas de jogar, a partir do entendimento de que os jogos e brincadeiras são permeados pela sociedade.

Jogos Cooperativos

Interação social, trabalho em equipe, colaboração. Fut-par; jogo do barbante; Nó humano; Dinâmica da bexiga; Dinâmica do barco. Estudar a possibilidade de reformular os jogos existentes, a partir dos conhecimentos teóricos e práticos, levando em consideração a reflexão crítica do momento histórico em que os alunos se encontram.

A construção de novas formas de jogar, a partir do entendimento de que os jogos e brincadeiras são permeados pela sociedade.

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Jogos Rítmicos

Ritmo corporal, ritmos da

natureza, ritmos urbanos, ritmos musicais. Diferentes ritmos musicais urbanos e regionais. Rap,

Sertanejo, Funk, hip-hop

Estudar a possibilidade de reformular os jogos existentes, a partir dos conhecimentos teóricos e práticos, levando em consideração a reflexão crítica do momento histórico em que os alunos se encontram.

A construção de novas formas de jogar, a partir do entendimento de que os jogos e brincadeiras são permeados pela sociedade.

Na 8ª série – 9º ano, os alunos farão uma retomada de todos os conteúdos de jogos e brincadeiras desde a 5ª série, fazendo um aprofundamento teórico em relação à história e a influência sócio-cultural nessas atividades. Eles também deverão reconstruir algumas vivências, levando em consideração o que refletiram sobre a teoria.

Quadro III – Exemplo de aula.

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE PROJETO DE IMPLEMENTAÇÃO

PROFESSOR (A) PDE: Lucyanne Cecília Dias Goffi ORIENTADORA: Profª Drª Nerli Nonato Ribeiro Mori ESCOLA: Instituto de Educação Estadual de Maringá DISCIPLINA: Educação Física

ANO: 2009

EXEMPLO DE AULA:

Instituto Estadual de Educação de Maringá Disciplina: Educação Física

Série: 8ª série

Número de alunos: 38

Conteúdo: Jogos e brincadeiras Tema: Jogos dramáticos Objetivo:

• Oportunizar o conhecimento sobre a importância dos jogos dramáticos no desenvolvimento humano.

Objetivos específicos:

• Pesquisar as brincadeiras de faz-de-conta que pessoas mais velhas realizavam na infância.

• Analisar a influência da sociedade nas brincadeiras de faz-de-conta do mundo infantil.

• Dramatizar algumas atividades do mundo infantil, fazendo analogia com as questões sociais que as envolvem.

A) Desenvolvimento da aula:

1- Por meio da brincadeira de “Batata-quente” verificaremos junto aos alunos quais os seus conhecimentos sobre a temática da aula: jogos dramáticos.

2- Qual a importância de jogos dramáticos, de imitação ou de faz-de-conta para o desenvolvimento humano?

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3- O professor trará aos alunos o conhecimento científico sobre os jogos dramáticos ou de faz-de-conta, utilizando-se de autores da teoria histórico-cultural como Elkonin,

Vygotsky e Leontiev que destacam a importância dos jogos de faz-de-conta para o desenvolvimento psicológico infantil e mostram a influência da cultura e da sociedade sobre esses jogos. Para esses autores, jogos e brincadeiras são regidos pela sociedade, portanto não são livres, como costumam estabelecer alguns autores de correntes naturalistas.

OBS: A forma como o professor se utilizará para passar o conteúdo fica a critério de cada um, lembrando que a utilização do material multimídia disponibilizado nas escolas do Paraná é uma ferramenta que auxilia nesse aspecto.

4- a) Os alunos deverão pesquisar com pessoas ou parentes mais velhos e, também, por meio da lembrança de quando eles mesmos eram crianças, atividades ou brincadeiras de faz-de-conta que costumavam fazer ou brincar.

b) Os alunos deverão, também, fazer uma análise da influência da sociedade sobre essas atividades ou brincadeiras.

5- Os alunos serão divididos em grupos, onde cada grupo de 6 a 7 alunos escolherá uma atividade que pesquisou e farão uma dramatização aos demais componentes da sala. Essa dramatização deverá conter a análise da influência que a sociedade imprime aos jogos e brincadeiras.

B) Metodologia utilizada:

Brincadeiras para averiguação do conhecimento. Pesquisa dos alunos sobre a temática proposta.

Exposição de conteúdos utilizando os recursos da TV pendrive (imagens, vídeo e sons) Reflexão em grupo sobre as atividades encontradas na pesquisa.

C) Avaliação:

O professor deverá analisar a participação dos alunos;

Os alunos farão uma análise da proposta e metodologia da aula e darão sugestões.

OBS: Dependendo do número de aulas por semana, o conteúdo proposto poderá ser ministrado em um mês.

2. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com as DCE´s/2008, a disciplina de Educação Física deve interagir com outras disciplinas, afim de entender o corpo, de forma não fragmentada e sim, em toda sua complexidade, melhor dizendo, cabe à Educação Física o entendimento do corpo por várias abordagens, quer seja biológica, antropológica, sociológica, psicológica, filosófica e política. Para esclarecer melhor essa afirmação recorremos à seguinte citação:

Considera-se a Educação Física de modo mais abrangente, ou seja, está voltada a uma consciência crítica, em que o trabalho constitui categoria de análise e é princípio fundante da disciplina nestas Diretrizes Curriculares (PARANÁ, 2008, p. 20).

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Encontramos aqui, um dos principais pontos de convergência entre as DCE´s/2008 e a Teoria Histórico-Cultural, pois ambas ressaltam a necessidade da mediação adequada do professor, na utilização dos jogos e brincadeiras, para o auxilio do desenvolvimento infantil e do processo de humanização.

Nesse sentido, constatamos que a prática pedagógica nas aulas de educação física, fundamentadas pela teoria histórico-cultural e pelas DCE´s/2008, pode ser um importante caminho na busca de novas estratégias na melhoria da qualidade de ensino nas escolas do Paraná.

Ressaltamos, que essa pesquisa, não tem a pretensão de solucionar a problemática da disciplina no contexto escolar. Esperamos contribuir para novos estudos e pesquisas sobre a temática dos jogos e brincadeiras, de modo a auxiliar no entendimento de que a Educação Física não se restringe à ação motriz, mas avança para uma dimensão histórica, cultural e social.

3. REFERÊNCIAS

COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1993. Coleção magistério 2º grau. Série formação do professor.

JUKOVSKAIA, R. I. La educación del niño en el juego. Habana: Pueblo y Educación, 1978.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida (Org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 2005.

LARA, A. M. de B. Pode brincar na escola? Algumas respostas da educação

Infantil. 2000. Tese (Doutorado em Educação)-Universidade Estadual Paulista,

Marília, 2000.

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PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes curriculares de Educação

Física para os anos finais do ensino fundamental e para o ensino médio. 2008.

VIGOTSKY, L. S. La imaginación y el arte en la infância. Madrid: Akal, 2003a.

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