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Poder Judiciário do Estado da Paraíba Tribunal de Justiça
Gabinete da Desa. Maria das Neves do Egito de A. D. Ferreira
ACÓRDÃO
APELAÇÃO Cá/EL N o 037.2005.001561-1/002 — SOUSA
RELATORA : Desa. Maria das Neves do Egito de A. D. Ferreira APELANTE : Aldai Fernandes Moreira
ADVOGADO: Agostinho Albério Fernandes Duarte e outros APELADO : Prefeito Municipal de Santa Cruz
• ADVOGADO: José Francisco da Silva Neto
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APELAÇÃO CÍVEL. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO EM ESTÁGIO PROBATÓRIO. EXONERAÇÃO. OBSERVÂNCIA DOS POSTULADOS DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. CUMPRIMENTO DA SÚMULA N o 21 DO STF. DESPROVIMENTO DO APELO.
— A exoneração de servidor público em estágio probatório necessita da observância do contraditório e da ampla defesa, a ser aferido em procedimento administrativo formal. Inteligência da Súmula n o 21 do STF.
• — No caso vertente, verifica-se, arredando-se da argumentação da Apelante, que houve procediMento administrativo prévio à sua exoneração, conforme se depreende dos documentos anexados às fls. 43/48, não havendo motivo plausível para se invocar qualquer vício a ponto de viabilizar a impetração do presente mandamus.
VISTOS, relatados e discutidos os autos acima referenciados.
ACO RD A, a Segunda Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade, negar provimento à apelação.
• • y'.) 2 Trata-se de Apelação Cível interposta por ALDAI FERNANDES MOREIRA, em face do PREFEITO MUNICIPAL DE SANTA CRUZ, atacando decisão proferida pelo Juízo da 4 a Vara da Comarca de Sousa, que denegou a ordem
do
mandamus.
4•
O apeláte, nas suas razões recursais, afirma que:
a)
é funcionário concursado da Prefeiturà Múnicipal de Santa Cruz;b)
o Prefeito, por meio do Decreto n° 01/2005, afastou mais de 50 (cinqüenta) funcionários concursados, entre estes, o ora apelante, sob o argumento de que os cargos seriam desnecessários;c)
no lugar dos concursados, nomeou funcionários em cargos de confiança; (A o Magistradoa quo
foi induzido a erro, ao acreditar nos cálculos da Administração Pública Municipal, informado que os gastos com a folha de pagamento estaria em patamar superior a 60% (sessenta por cento) da arrecadação municipal.A parte adversa, devidamente intimada, apresentou sua antítese, refutando os argumentos dd apelante e propugnando a incolumidade da decisão fustigada.
Instado a se manifestar, o
Parquet
lavrou parecer • (fls. 176/189) opinando pelo provimento do recurso.4
É o relatório.
VOTO: Desa. MARIA DAS NEVES DO EGITO DE A. D. FERREIRA — Relatora.
Inicialmente, consigno que não assiste razão à parte apelante.
Segundo dispõe o art. 1° da Lei n° 1.533/51,
"conceder-se-à mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por "habeas corpus; sempre. que, ilegalmente ou com abuso do poder,
•
alguém sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade,
seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça."
Entendo não ser legítimo o uso do remédio constitucional, na medida em que a apelante, servidora pública concursada, em estágio probatório, mesmo tendo sido aprovada em concurso público realizado no dia 29 de março de 2004 (autorizado pela Lei Municipal n° 329/2004), não goza de estabilidade, sendo-lhe assegurado tão-somente o direito à ampla defesa e ao contraditório, para que possa ser exonerada.
A Constituição Federal, no seu artigo 41, preconiza que só terá estabilidade o servidor público, após três anos de efetivo exercício do cargo ao qual foi admitido, através de certame público.
Mesmo estando em estágio probatório, o servidor público concursado não fica submetido à oportunidade, nem, tampouco, a conveniência do administrador, devendo, no mínimo, lhe ser assegurando direito à ampla defesa e ao contraditório, o que não ocorre com os cargos em comissão.
Eis o que dispõe a Súmula n o 21, do Supremo Tribunal Federal:
"Funcionário em estágio probatório não pode ser exonerado nem demitido sem inquérito
ou sein, as formalidades legais de apuração
de sua capacidade."
Seguindo o entendimento sumular, tem-se o seguinte julgado do Supremo Tribunal Federal, da lavra do Ministro Carlos Brido:
"RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MUNICÍPIO. DECLARAÇÃO DE DESNECESSIDADE DE CARGO. SERVIDOR PÚBLICO OCUPANTE DE CARGO EFETIVO, EM ESTÁGIO PROBATÓRIO. EXONERAÇÃO AD NUTUM E SEM CRITÉRIOS OBJETIVOS. IMPOSSIBILIDADE. O servidor público ocupante de cargo efetivo, ainda que 010 em , estágio probatório, não pode ser exonerado ad nutum, com base em decreto que declara a desnecessidade do cargo, sob pena de ofensa à garantia do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa. Incidência da Súmula 21 do STF. Recurso a que se dá provimento, para determinar a reintegração dos autores no quadro de pessoal da Prefeitura Municipal de Bicas (MG)."1
No caso vertente, verifica-se, arredando-se da argumentação da Apelante, que houve procedimento administrativo prévio à sua exoneração, conforme se depreende dos documentos anexados às fls. 43/48.
O itinerário legal à exoneração dos servidores seguiu as exortações do entendimento .sumular do Supremo Tribunal Federal e a • jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.
Portanto, não há qualquer mácula, seja no procedimento administrativo, seja na própria dispensa do funcionário, que viabilize a impetração do presente
mandamus.
A fim de rechaçar incerteza que ainda paira sobre o tema, trago lição do professor José dos Santos Carvalho Filho,
verbis:
"Embora o servidor público em estágio probatório
não tenha estabilidade, sua exdusão do serviço
público, no caso de restar comprovado que não
reúne as condições mínimas para a permanência,
não pode processar-se sem o mínimo requisito
formal. O correto, no caso, é a instauração de
1 STF - RE 378041/MG - Primeira Turma - Rel. Min. Carlos Britto - jul. 21.09.2004.4
processo administrativo em que se ofer-;7: a cada
interessado o direito de defender-se das f7bnclusões
firmadas pelos órgãos competentes'.2
In casu,
conforme já consignado, houve a prévia instauração de procedimento administrallo, possibilitando ao servidor, inclusive, a apresentação de defesa.Impende registrar a legitimidade da irresignação do apelante. A aprovação em concurso público, em tese, possibilita uma vida tranqüila, mormente nos dias de hoje, em que a instabilidade econômica do nosso País assola a população. No entanto, faz-se mister ressaltar que a submissão às leis pátrias é o corolário do Estado Democrático de Direito.
Se a lei permite ao administrador exonerar servidores públicos em estágio probatório,t ao Judiciário cabe, tão-somente, assegurar
o uso dessa prerrogativa, sob pena de, deixando a Constituição Federal no limbo da normatividade abstrata, transformar-se num
Superpoder,
sem freio no ordenamento jurídico.•
Diante. .gio exposto, por todas as consideraçõesexpendidas, nego provimento ao recurso de apelação.
É como voto.
Presidiu a Sessão o Excelentíssimo Desembargador MARCOS CAVALCANTE DE ALBUQUERQUE, que participou do julgamento com ESTA RELATORA, e com o Excelentíssimo Doutor RODRIGO MARQUES SILVA LIMA (Juiz de Direito Convocado, em substituição à Eminente Desembargadora MARIA DE FÁTIMA MORAIS BEZERRA CAVALCANTI).
Presente ao julgamento, a Excelentíssima Doutora LUCIA DE FÁTIMA MAIA FARIAS, Procurador d 'Justiça.
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Sala das Sessõ s da Colenda Segunda Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da paraíba, em João Pessoa/PB, 26 de fevereiro de 2008.
MARIA DAS NEVES DO E DE A. D. FERREIRA Desembargador R Ia tora