Processamento de Produtos de Uso Único no
Brasil:
aspectos legais, éticos e técnicos na perspectiva
da Anvisa.
11º Simpósio Internacional de Esterilização e Controle de Infecção Hospitalar Relacionada à Assistência à Saúde
Benefran J S Bezerra
GRECS/GGTES/Anvisa
•O que significa ‘uso único’?
• É
legal
processar um produto de uso único no Brasil?
• Quais os critérios
técnicos
para processar um produto de
uso único no Brasil?
•O que se espera de serviços de saúde e profissionais de
saúde?
O que é um “Produto de Uso Único”?
(Single-Use Device)
“Qualquer produto médico destinado a ser usado na prevenção,
diagnóstico, terapia, reabilitação ou anticoncepção, utilizável somente
uma vez,
segundo especificado pelo fabricante.”
(RDC/Anvisa nº
185/2001)
“A decisão de rotular um dispositivo como de
uso único
ou
reutilizável
cabe ao fabricante... Assim, um dispositivo
pode ser rotulado como de uso único porque:
• O reprocessamento pode não ser seguro, na ótica do
fabricante;
•
O fabricante opta por não conduzir os estudos para
demonstrar que o dispositivo pode ser rotulado como
reutilizável.
1 GAO, Report to the Committee on Oversight and Government Reform, House of Representatives; Reprocessed Single‐Use Medical Devices: FDA Oversight Has Increased, and Available Information Does Not Indicate That Use Presents an Elevated Health Risk (January 2008), at 1 (emphasis added).
Quais as implicações de Reutilizar um
Produto de Uso Único?
•Público em geral
•Profissionais de saúde ‐ usuários
•Profissionais de Centro de Material e
Esterilização
•Para os órgãos reguladores (Anvisa, Visas...)
• Para os órgãos de controle e fiscalização
É UM PROBLEMA
•
Claramente Permitido – Alemanha
•Ação permitida como ‘remanufaturador’ – Inglaterra/
EUA/ CANADA
•Não proibido nem regulamentado pelos países – maioria
•Claramente Proibido ‐ França
•REGULATION (EU ) 2017/745 – Medical Devices –
Remanufacturing –
Common Requirements...
Política de diferentes países
Reutilizar Produto de Uso
Único é legal no Brasil?
LEGISLAÇÃO DE PROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA SAÚDE
Portaria DIMED nº 03/1986
Portaria DIMED nº 04/1986
....
RDC nº 156/2006 (Vigente) ‐ Revisão
RE nº 2605/2006 (Vigente) ‐ Revisão
RE nº 2606/2006 (Vigente) ‐ Revisão
RDC nº 15/2012 (Vigente)
RDC nº 156/2006
Dispõe sobre o registro, rotulagem e reprocessamento de produtos médicos, e dá outras providências.
Produtos com
Reprocessamento
Proibido
Produtos Passíveis de
Reprocessamento
DEVEM APRESENTAR OS DIZERES: “Proibido Reprocessar”VEDADA A UTILIZAÇÃO DOS DIZERES: “Proibido Reprocessar”
PODERÁ APRESENTAR OS DIZERES: “O fabricante recomenda o uso único”
RDC nº 156/2006
ANVISA, mediante evidências científicas ‐ Enquadra os produtos médicos. Proibida a comercialização de produtos reprocessados.
As empresas e serviços de saúde que realizam reprocessamento devem adotar protocolos que atendam às diretrizes indicadas em RE.
Nota Técnica GEMAT/GGTPS nº 01 (2013)
Produto
RE nº 2605/2006
Estabelece a lista de produtos médicos enquadrados como de uso único proibidos de ser reprocessados – O Produto Não Pode Constar na Lista
RE nº 2606/2006
Diretrizes para elaboração, validação e implantação de protocolos de reprocessamento de produtos médicos – Em revisão
Produto a Ser Processado
Instruções do Fabricante são adequadas*?
Processar conforme indicação**
Proibido Reprocessar Sim Não Processar
Não Sim
Há método reconhecido como adequado e seguro?
*Qualidade das instruções ‐ ISO 17664 Não Validar Não Sim Processar conforme indicação**
Lista Negativa Sim Não Processar
Não
Há divergências?
QUESTÕES LEGAIS
Não
Constar na Lista – RE 2605/2006
Não
Constar no Rótulo –
“Proibido reprocessar”
=PROCESSAMENTO POSSÍVEL
DO
PONTO
DE
VISTA
ESTRITAMENTE LEGAL
, MAS....
O que é legal, é
ASPECTOS TÉCNICOS
• Tomada de Decisão ->
Institucional (Programa de
Reuso e Comitê de Processamento) –
RDC 15/12
• Custo-Benefício
• Segurança Microbiológica
• Integridade,Funcionalidade e Desempenho
• Ciclo de Vida
• Eventos adversos
JCI. Reuse of Single‐Use Devices: Understanding Risks and Strategies for Decision‐Making for Health Care Organizations. 2017
RE nº 2606/2006 – Diretrizes – Em revisão
As empresas reprocessadoras e os serviços de saúde‐ elaborar, validar e implantar os
protocolos de reprocessamento atendendo ao estabelecido nestas diretrizes...
• Análise e pré‐seleção; Protocolo teste – segurança e desempenho • Elaboração e implantação do Protocolo de reprocessamento;
• Monitoramento de Eventos Adversos e descarte do produto reprocessado; • Custo‐benefício da reutilização
• Tecnologia compatível com o produto
• O produto possui características que permitem a rastreabilidade e o controle do
ão
Estrutura Física
Recursos Humanos (especialização, capacitação, atribuições e segurança) Equipamentos (aquisição, qualificação, calibração, manutenção)
Insumos (aquisição do material, qualidade da água e dos saneantes)
Gerenciamento dos processos de CME (rastreabilidade, protocolos, POPs, barreiras)
Gerenciamento de processos correlatos (resíduos)
Monitoramento (do processo de CME, dos equipamentos, externo a CME)
Recepção Limpeza Secagem
Avaliação da integridad e e da funcionalid ade
Preparo e
acondicio
namento
dos
produtos
Esteriliz
ação
Armazen
amento e
Distribui
ção
Desinfe
cção
Elaborar e Validar Protocolos de Processamento.
•Escrito e
Aprovado
•Descritivo e Detalhado
•Aplicável
•Baseado em
evidências objetivas
Estabelecer por evidência objetiva de que
um processo
produz
consistentemente um
resultado ou produto
que atende às
SEGURANÇA – Processos Físicos e Químicos podem afetar
características e funcionalidade do instrumental?
1. BROWN, Stanley A, MERRITT, Katharine, WOODS, Terry O e BUSICK, Deanna N. Effects on Instruments of the
World Health Organization– Recommended Protocols for Decontamination after Possible
Exposure to Transmissible Spongiform Encephalopathy– Contaminated Tissue.
J Biomed Mater Res Part B: Appl
Biomater [online]. 2005. Vol. 72, p. 186–
SEGURANÇA – Processos Físicos e Químicos podem afetar
características e funcionalidade dos produtos?
SEGURANÇA ‐ LIMPEZA
Leichsenring, m.L. Dissertação [desenvolvimento e validação de protocolo para reutilização de cateteres de eletrofisiologia não tunelados com estudo de custo‐minimização no hospital de clínicas da universidade estadual de campinas.] Unicamp
ESTABELECE PROCESSO DE LIMPEZA APLICA O PROCESSO AVALIA LIMPEZA VISUALMENTE AVALIA LIMPEZA COM MONITOR VALIDA COM ALGUM
MÉTODO QUANTITATIVO
FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO
APLICA O PROTOCOLO
LUCAS et al. Validação do reprocessamento de cateteres cardíacos angiográficos: Uma avaliação da funcionalidade e da integridade. Revista da Escola de Enfermagem. 2010. Vol. 44, no. 4, p. 947–955. DOI 10.1590/S0080‐62342010000400013.
SEGURANÇA – Processos Físicos e Químicos podem afetar
características e funcionalidade dos produtos?
a)Se comprovado que todas as
superfícies do material não podem
ser limpas
, ele não pode ser reutilizado;
b)Se a
esterilidade
pós reprocessamento não pode ser
demonstrada, o material não pode ser reutilizado;
c) Se a
avaliação de resíduos químicos tóxicos
indicar risco de uso
no paciente, o material não pode ser reutilizado;
d)Se a
integridade e funcionalidade
do dispositivo de uso único
não puderem ser demonstradas e documentadas como seguras
para o paciente, o material não pode ser reutilizado.
FDA. Guidance for industry and FDA staff‐ medical device user fee and modernization act of 2002, validation data in premarket notification submissions (510(k)s) for reprocessed
Muito Obrigado!
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