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PRÉ-MODERNISMO 3. CARACTERÍSTICAS 1. INTRODUÇÃO

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LITERATURA

PRÉ-MODERNISMO

1 . INTRODUÇÃO

O Pré-modernismo não constitui um estilo de época e, sim, uma fase de transição da literatura bra- sileira, pois os primeiros vinte anos do século XX a- presentaram uma vasta e diversificada produção literária. Na realidade, Pré-Modernismo é um termo genérico que designa a produção literária de alguns autores que, não sendo ainda modernos, já promovem rupturas com o passado.

Nesta época, ainda podem-se encontrar as mais variadas tendências e estilos literários, uma vez que poetas parnasianos e simbolistas continuavam a pro- duzir. Os chamados pré modernistas começaram a desenvolver um novo regionalismo, além da preocu- pação com uma literatura política e até apresentavam propostas realmente inovadoras, como no caso de Augusto dos Anjos, na poesia.

2 . CONTEXTO HISTÓRICO

® A Europa se preparava para a Primeira

Guerra Mundial;

® Iniciou-se no Brasil a “República do café- com-leite” dos grandes proprietários rurais em substituição à “República da espada” dos marechais Deodoro da Fonseca e Flori- ano Peixoto.

® Esta época foi marcada pelo auge da eco- nomia cafeeira no Sudeste, pela entrada de grandes levas de imigrantes no país, nota- damente de italianos, pelo esplendor da Amazônia, com o ciclo da borracha e pelo surto de urbanização de São Paulo.

® O grande progresso acentuou os fortes con- trastes da realidade brasileira; por isso, nes- se período ocorreram várias agitações sociais:

1. na Bahia, ocorreu a Revolta de Canudos;

2. o Ceará viveu vários conflitos que tiveram como figura central o padre Cícero, o famoso “Padim Cíço”;

3. o sertão viveu o tempo do cangaço, com a lendá- ria figura de Lampião;

4. no Rio de Janeiro, houve a “Revolta da Vacina”. 5. também no Rio de Janeiro, tivemos a “Revolta da

Chibata”, rebelião liderada por João Cândido, o “Almirante Negro”;

6. em São Paulo, tiveram início os movimentos gre- vistas por melhores condições de trabalho.

3. CARACTERÍSTICAS

Apesar de o Pré-modernismo não constituir uma “escola literária”, pode-se perceber alguns pon- tos comuns nas principais obras desse período:

® Ruptura com o passado - mesmo havendo posturas conservadoras, na época, alguns autores optaram pela originalidade e liber- dade, como é o caso de Augusto dos Anjos, com sua poesia que era uma verdadeira a- fronta à poesia parnasiana ainda em vigor e também de Lima Barreto, que criticava a u- tilização de linguagem pomposa.

® Denúncia da realidade brasileira - a lite- ratura da época nega o Brasil literário her- dado do Romantismo e mostra o Brasil não oficial do sertão nordestino, dos caboclos interioranos, dos subúrbios.

® Regionalismo - monta-se um vasto painel brasileiro: o Norte e o Nordeste, com Eu- clides da Cunha; o Vale do Paraíba e o inte- rior paulista, com Monteiro Lobato; o Espírito Santo, com Graça Aranha; o su- búrbio carioca, com Lima Barreto.

® Preferência por tipos humanos margina- lizados - Os escritores pré-modernistas a- presentam em suas obras o sertanejo nordestino, o caipira, os funcionários públi- cos, os mulatos etc.

® Contemporaneidade política, econômica e social - a distância entre a realidade e a ficção diminui. Lima Barreto, na obra Tris- te Fim de Policarpo Quaresma, retrata o governo de Floriano e a Revolta da Arma- da; Euclides da Cunha, em Os Sertões, rela- ta a Guerra de Canudos; Monteiro Lobato, em Cidades Mortas, mostra a passagem do café pelo Vale do Paraíba Paulista e Graça Aranha, em Canaã, traz um documento so- bre a imigração alemã no Espírito Santo. 4. AUTORES

a) Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha (1866 - 1909) foi militar e engenheiro e, após deixar o exército, torna-se correspondente jornalístico e é enviado a Canudos, na Bahia, para cobrir a “Guerra de Canudos’; desta experiência, publica Os Sertões.

Apesar de influenciado pela visão determinis- ta, cientificista e naturalista do mundo, faz, em sua obra, denúncia da realidade brasileira, trazendo à to- na as reais condições do nordestino. O motivo da guerra em Canudos era, aparentemente, político, pois o grupo daquela região era considerado um foro mo-

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LITERATURA narquista, pondo em risco o regime republicano; po-

rém o que se viu no confronto foi o extermínio de mi- lhares de pessoas em condições de vida subumana que lutavam contra a estrutura social vigente.

A obra Os Sertões é dividida pelo autor em três partes:

1 A terra = em que descreve detalhadamente a regi- ão, sua geologia, seu clima, seu relevo;

2. O homem = em que faz um elaborado trabalho so- bre a etnologia brasileira, a gênese dos mestiços, a ação do meio na formação das raças. Nesta parte, introduz a figura mística de Antônio Maciel - o Antônio Conselheiro.

3. A luta = em que relata o conflito; neste ponto, há a denúncia das barbaridades no dia-a-dia dos seus acontecimentos.

Publicou ainda Peru versus Bolívia, Contras- tes e confrontos e À margem da história.

b) Afonso Henriques de Lima Barreto (1881 - 1922) não teve o prestígio e o reconhecimento em vi- da; era criticado por não apresentar cuidado no estilo. Vítima de preconceitos (era mestiço) em suas obras, há traços biográficos e sua característica mais mar- cante era a visão da realidade brasileira em tom de denúncia. Critica o nacionalismo ufanista, exagerado e utópico, o militarismo republicano, a educação re- cebida pelas mulheres, destinada ao casamento (de- fendia o voto feminino). Seu estilo, tão criticado, aproxima-se da linguagem jornalística, é leve e fluen- te.

Em Triste fim de Policarpo Quaresma, faz uma profecia sobre os regimes autoritários nazi-facistas que insurgiram na década de 30. Policarpo é um per- sonagem quixotesco, de nacionalismo absurdo que quer assegurar o nacionalismo puro, as tradições bra- sileiras mais legítimas, porém é manipulado pelo ma- rechal Floriano.

Publicou também: Recordações do escrivão I- saías Caminha, Numa e Ninfa, Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá, Clara dos Anjos; sátira: Os bruzun- dangas, Coisas do Reino do Jambom; conto: História e sonhos.

Monteiro Lobato: o moderno antimo-

dernista

Monteiro Lobato (1882-1948) paulista de Taubaté, foi um dos escritores brasileiros de maior prestígio, por sua atuação como intelectual polêmico e autor de histórias infantis.

Sua ação, além do círculo literário, estende-se também ao plano da luta política e social. Moralista e doutrinador, aspirava ao progresso material e mental do povo brasileiro. Com sua personagem Jeca Tatu, por exemplo - um típico caipira acomodado e mise- rável do interior paulista -, Lobato critica a face de

um Brasil agrário e ignorante, cheio de vícios e ver- mes. Seu ideal de país era um Brasil moderno, esti- mulado pela ciência e pelo progresso.

De fazendeiro, Lobato passou ao ramo editori- al, sendo um de seus fundadores em nosso país. Cri- ou a Monteiro Lobato & Cia., a primeira editora nacional, e mais tarde a Companhia Editora Nacional e a Editora Nacional, e mais tarde a Companhia Edi- tora Nacional e a Editora Brasiliense.

Na década de 30, envolveu-se na luta pela de- fesa das reservas naturais brasileiras, que vinham sendo inescrupulosamente exploradas por grandes empresas multinacionais. Com a publicação de ”O

escândalo do petróleo " (1936) denuncia o jogo de in-

teresses que envolve a extração do petróleo e o en- volvimento das autoridades brasileiras com os interesses internacionais. Em 1941, já durante a dita- dura de Vargas, foi preso por ataques ao governo, provocando uma grande comoção no país inteiro.

A Obra

Como escritor literário, Monteiro Lobato situa- se entre os autores regionalistas do Pré-Modernismo e destaca-se no gênero conto. Os universos retratados geralmente são os vilarejos decadentes e as popula- ções do Vale do Paraíba, quando da crise do plantio do café.

Escritor sem qualquer pretensão de promover renovação psicológica ou estética, Lobato foi antes de tudo um contador de histórias, de casos interessan- tes, preso ainda a certos modelos realistas. Dono de um estilo cuidadoso, não perdeu oportunidade para criticar certos hábitos brasileiros, como a cópia de modelos estrangeiros, nossa subserviência ao capita- lismo internacional, o carneirismo das massas eleito- rais, o nacionalismo ufanista cego etc.

Ficou famoso o seu polêmico artigo intitulado “Paranóia ou mistificação?”, publicado no jornal O Estado de S. Paulo, em 1917. Nele, Lobato criticou violentamente a exposição de pintura expressionista de Anita Malfatti, pintora paulista recém-chegada da Europa, considerando seu trabalho resultado de uma deformação mental.

Além de ter escrito literatura “adulta”, Lobato foi também um dos primeiros autores de literatura in- fantil em nosso país e em toda a América Latina. Per- sonagens como Narizinho, Pedrinho, Emília, Rabicó, Visconde de Sabugosa, dona Benta e a negra velha Tia Anastácia ficaram conhecidas por inúmeras gera- ções de crianças de vários países, e chegaram à tele- visão brasileira, na década de 70, com o seriado O

sítio do Pica-pau Amarelo. Lobato aproveita para

transmitir às crianças valores morais, conhecimentos sobre nosso país, nossas tradições, nossa língua etc. Augusto dos Anjos: O átomo e o cos- mos

(3)

LITERATURA Augusto dos Anjos (1884-1914) nasceu na

Paraíba, estudou Direito em Recife e viveu no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Exerceu a profissão de advogado, promotor e professor de literatura.

Como poeta, sua obra é de grande originalida- de. Considerado por alguns como poeta simbolista, Augusto dos Anjos apresenta, na verdade, uma expe- riência única na literatura universal: a união do sim- bolismo com o cienfificismo naturalista. Por isso, dado o caráter sincrético de sua poesia, convém situá- lo entre o grupo pré-modernista.

Os poemas de sua única obra, EU (1912), cho- cam pela agressividade do vocábulo e pela visão dramaticamente angustiante da matéria, da vida e do cosmos. Integram a linguagem termos até então con- siderados antipoéticos, como escarro, verme, germe etc. Os temas, igualmente inquietantes: a prostituta, as substâncias químicas que compõem o corpo hu- mano, a decrepitude dos cadáveres, os vermes, o sê- men etc.

Além dessa “camada científica” de sua poesia, verifica-se, por outro lado, a dor de ser dos simbolis- tas, a poesia de anseios e angústias existenciais, pro- vável influência do pessimismo do filósofo alemão Arthur Schopenhauer.

Para o poeta, não há Deus nem esperança: há apenas a supremacia da ciência. Quanto ao homem, as substâncias e energias do universo que o geraram, e a matéria de que ele é feito - carne, sangue, instinto, células - tudo fatalmente se arrasta para a podridão e para a decomposição, para o mal e para o nada.

Em síntese, a poesia de Augusto dos Anjos é marcada pela união de duas concepções de mundo distintas: de um lado, a objetividade do átomo; de ou- tro, a dor cósmica, que busca o sentido da existência humana.

Augusto dos Anjos, com sua poesia antilírica, abre a discussão sobre os conceitos de “boa poesia”, preparando o terreno para a grande renovação mo- dernista.

Vários artistas modernos retomam, mais tarde, essa tradição do antilirismo ou da antipoesia. É o ca- so, por exemplo, de João Cabral de Melo Neto, que busca pôr fim ao eu lírico e à poesia dita profunda. Na MPB atual, João Bosco e Aldir Blanc também exploram aspectos grotescos da realidade, como o submundo urbano do Rio de Janeiro, com suas carên- cias e decrepitude moral.

ESTUDO DIRIGIDO

Leia atentamente para responder às questões seguin- tes:

“Isoladas a princípio, essas turmas adunavam- se pelos caminhos, aliando-se a outras, chegando, a- final, conjuntas a Canudos. O arraial crescia vertigi- nosamente coalhando as colinas.

A edificação rudimentar permitia à multidão sem lares fazer até doze casas por dia; - e à medida que se formava, a tapera colossal parecia estereogra- far a feição moral da sociedade ali acoutada. Era a objetivação daquela insânia imensa. Documento ini- ludível permitindo o corpo de delito direito sobre os desmandos de um povo.

Aquilo se fazia a esmo, adoudadamente.

A urbs monstruosa, de barro, definia bem a ci- vitas sinistra do erro. O povoado novo surgia, dentro de algumas semanas, já feito ruínas. Nascia velho. Visto de longe, desdobrado pelos cômoros, atulhando as canhadas, cobrindo área enorme, truncando nas quebradas, revolto nos pendores - tinha o aspecto perfeito de uma cidade cujo solo houvesse sido sacu- dido e brutalmente dobrado por um terremoto”.

1 (FUVEST) Por uma questão de estilo, o autor re- fere-se a Canudos empregando diversos termos sinonímicos. Cite quatro desses termos.

2 (FUVEST) O texto de Euclides da Cunha foi ex- traído de sua obra-prima.

a) Cite o título dessa obra.

b) Diga o gênero em que ele se enquadra (roman- ce, ensaio, conto ou poema épico).

3 (FUVEST) O núcleo da referida obra são os a- contecimentos de Canudos.

a) Diga, em síntese, o que ocorreu ali. b) Quem era o chefe místico de Canudos?

EXERCÍCIOS

1 (PUC-RS) A obra pré-modernista de Euclides da Cunha situa-se a ... e a ... a) História - Psicologia. b) Geografia - Economia. c) Literatura - Sociologia. d) Arte - Filosofia. e) Teologia - Geologia.

2 (UFRS) Uma atitude comum caracteriza a postu- ra literária dos autores pré-modernistas, a exem- plo de Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro

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LITERATURA Lobato e Euclides da Cunha. Pode ela ser defini-

da como:

a) a necesidade de superar, em termos de um pro- grama definido, as estéticas românticas e rea- listas.

b) a pretensão de dar um caráter definitivametne brasileiro à nossa literatura, que julgavam por demais europeizada.

c) uma preocupação com o estudo e com a obser- vação da realidade brasileira.

d) a necessidade de fazer crítica social, já que o Realismo havia sido ineficaz nessa matéria.

e) o aproveitamento estético do que havia de me- lhor na herança literária brasileira, desde suas primeiras manifestações.

3 De conseqüências trágicas no processo de aniqui- lação dos “fanáticos” de Antônio Conselheiro, ocorrida no interior da Bahia em fins do século XIX, deu origem a várias obras fundamentais pa- ra um melhor conhecimento do país e de seu inte- rior. Entre as seguintes, assinale a de maior ressonância:

a) Pelo sertão - de Afonso Anjos. b) Os Sertões - de Euclides da Cunha. c) O Rei dos Jagunços - de Manuel Benício. d) Sertão - de Coelho Neto.

e) Grande Sertão: Veredas - de Guimarães Rosa.

4 Leia o texto:

Para comer, negociar uma barganha, ingerir um café, tostar um cabo de foice, fazê-lo noutra posi- ção será desastre infalível. Há de ser de cócoras.

Nos mercados, para onde leva a quitanda do- mingueira, é de cócoras, como um faquir do brama- puta, que vigia os cachimbos de brehaúva ou o feixe de três palmitos.

Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade!

Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo... Quando comparece às feiras, todo mundo logo adivinha o que ele traz; sempre coisas que a natureza derrama pelo mato e ao homem só custa o gesto de espichar a mão e colher - cocos de tucum ou jissara, guabirobas, bacuparis, maracujás, jataís, pinhões, cestinhas, samburás, tipitis, pios de caçador; ou uten- sílios de madeira mole - gamelas, pilõeszinhos colhe- res de pau.

Seu grande cuidado é espremer todas as conse- qüências da lei do menor esforço - e nisto vai longe.

Sobre o criador do célebre Jeca Tatu, é correto a- firmar:

a) Trata-se de Monteiro Lobato, que, por meio de textos críticos e sinceros, discutiu a realidade brasileira do início deste século.

b) Trata-se de Menotti Del Picchia, poeta e dra- maturgo da fase crítica do Modernismo, isto é, a primeira geração.

c) Monteiro Lobato, autor do fragmento acima, dedicou-se apenas à literatura infantil.

d) Mário de Andrade, criador também da figura de Macunaíma, é o célebre autor do texto da- do.

e) Poucos autores modernos brasileiros criaram figuras regionalistas marcantes como Jeca Ta- tu. Seu criador idealizou uma ilha, chamada “Pasárgada”.

5 (UNESP) Volume contendo doze histórias tira- das do sertão paulista, foi citado por Rui Barbosa, em discurso no Senado, apontando o personagem Jeca Tatu como o protótipo do camponês brasilei- ro. Aponte o autor e sua obra:

a) Monteiro Lobato - Urupês.

b) Lima Barreto - Cemitério dos vivos. c) Monteiro Lobato - Cidades mortas. d) Coelho Neto - Fogo fátuo.

e) Euclides da Cunha - Contrastes e confrontos.

6 (FEI) Uma das obras citadas abaixo foi escrita por Lima Barreto. Assinale-a:

a) Canaã. b) Os sertões.

c) Triste fim de Policarpo Quaresma. d) Eu.

e) Urupês.

7 (UFRS) Uma atitude comum caracteriza a postu- ra literária de autores pré-modernistas, a exemplo de Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato e Euclides da Cunha.

Pode ela ser definida como:

a) a necessidade de superar, em termos de um programa definido, as estéticas românticas e realistas.

b) a pretensão de dar um caráter definitivamente brasileiro à nossa literatura, que julgavam por demais europeizada.

c) uma preocupação com o estudo e com a obser- vação da realidade brasileira.

d) a necessidade de fazer crítica social, já que o Realismo havia sido ineficaz nessa matéria.

e) o aproveitamento estético do que havia de me- lhor na herança literária brasileira, desde suas primeiras manifestações.

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LITERATURA

AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS EUROPÉIAS

1. CONTEXTO HISTÓRICO

® Europa (duas primeiras décadas do século

XX) - Crise do capitalismo e nascimento da democracia de massas.

® A burguesia conscientiza-se do perigo que a revolução socialista representa para ela.

® A Revolução Científica, que rompeu barrei- ras do tempo e do espaço, produz um esta- do geral de euforia e crença no progresso. ® Surgem, no início do século, os seguintes

inventos: o telégrafo, o automóvel, a lâm- pada elétrica, o telefone, o cinema, o avião. ® A máquina se faz presente em todos os

momentos da vida e as preocupações fun- damentais eram viver confortavelmente e aproveitar o presente.

® “Belle époque” foi o nome dado a esse iní- cio do século XX.

2. MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS

A chamada Arte Moderna, surgida no início do século, reflete a inquietação e as contradições do pe- ríodo.

As primeiras manifestações artísticas do século XX caracterizam-se pela ruptura com o passado e pe- lo intuito de chocar a opinião pública, pregando idéi- as radicalmente novas. Os movimentos de vanguarda européia influenciaram de forma incontestável no surgimento do Modernismo brasileiro.

3. FUTURISMO

Foi lançado, em 1909, em Paris, época em que foi produzido seu primeiro manifesto, assinado pelo escritor italiano Filippo Tommaso Marinetti. Segui- ram-se mais de trinta manifestos.

Os futuristas pregavam especialmente a destru- ição do passado; nesse sentido, glorificavam o ritmo da vida moderna e exaltavam o futuro.

A técnica das palavras em liberdade parece ter sido o aspecto mais importante da literatura futurista.

Para conseguir tal efeito, os futuristas prega- vam, entre outras coisas:

® “É preciso destruir a sintaxe, dispondo os substantivos ao acaso, como nascem.”

® “Deve-se usar o verbo no infinitivo”.

® “Deve-se abolir o adjetivo para que o subs- tantivo desnudo conserve a sua cor essenci- al”.

® “Deve-se abolir o advérbio”. ® “A pontuação deve ser abolida”.

4. CUBISMO

O Cubismo desenvolveu-se inicialmente na pintura, valorizando as formas geométricas (cones, cilindros, esferas etc.) ao revelar o objeto em seus múltiplos ângulos. Na literatura, as características fundamentais do Cubismo são o humor e uma lin- guagem mais ou menos caótica.

Os nomes mais importantes da pintura cubista são Picasso, Braque, Fernand Léger e Mondrian.

Na literatura, o principal representante dessa corrente é o poeta francês Apollinaire, autor de um manifesto de onde extraímos o seguinte fragmento:

“Os grandes poetas e os grandes artistas têm por função social renovar continuamente a aparência que reveste a natureza aos olhos dos homens. Sem os poetas, sem os artistas, os homens aborrecer-se-iam depressa com a monotonia natural.”

A literatura cubista demonstra preocupação com a construção do texto, ressaltando a importância dos espaços em branco e em preto da folha de papel e da impressão tipográfica. Apollinaire defendia “as palavras inventadas” e propunha a destruição da sin- taxe já condenada pelo uso, criando um texto marca- do por substantivos soltos, jogados aparentemente de forma anárquica, e pelo menosprezo por verbos, adje- tivos e pontuação.

Assim como na pintura, as colagens e o rea- proveitamento de outros materiais passaram a ser in- corporados pelos textos poéticos.

A poesia cubista caracteriza-se, também, pela utilização do verso livre, a negação da estrofe, da ri- ma e da harmonia.

5. EXPRESSIONISMO

Este movimento surgiu em 1910, na Alema- nha, trazendo uma forte herança da arte final do sécu- lo XIX, preocupada com as manifestações do mundo interior e com a forma de expressá-las. Daí, a impor- tância da expressão, ou seja, a materialização, numa tela ou numa folha de papel, de imagens nascidas em nosso mundo interior, pouco importando os conceitos então vigentes de belo e feio. Por suas características, o Expressionismo desenvolveu-se mais na pintura, dando continuidade a um trabalho iniciado por Van Gogh, Cézanne e Gauguin. Van Gogh chegou a afir- mar que essa pintura, ao distorcer uma imagem para expressar a visão do artista, assemelhava-se à carica- tura. Esse julgamento explica o porquê do declínio do Expressionismo a partir de 1933, com a ascensão de Hitler na Alemanha: segundo as novas diretrizes, buscava-se uma arte pura, limpa, que retratasse a su- perioridade germânica, jamais uma caricatura.

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Em 1912, Anita Malfatti, uma jovem paulista de 16 anos, parte para a Alemanha, já matriculada na Escola de Belas Artes de Berlim. Lá, entra em conta- to com o Expressionismo alemão, retornando, mara- vilhada, em 1914, quando realiza sua primeira exposição, em São Paulo. Sua segunda exposição, em 1917, desencadeou uma série de reações e acabou sendo o fato gerador da mostra de arte moderna que se concretizaria em 1922.

Na literatura brasileira, são esporádicas as ma- nifestações expressionistas; o único caso em que elas são mais recorrentes é a poesia de Augusto dos An- jos, pré-modernista que teve suas obras publicadas em 1912.

6. DADAÍSMO

Em 1916, em plena guerra, quando tudo fazia supor uma vitória alemã, um grupo de refugiados em Zurique, na Suíça, inicia o mais radical dos movi- mentos de vanguarda européia: o Dadaísmo. Tristan Tzara, o líder do movimento, afirma que dadá, pala- vra que ele encontrou casualmente ao colocar uma espátula dentro de um dicionário fechado, pode signi- ficar: rabo de vaca santa, mãe, certamente; nome de um cavalo de pau; e ama-de-leite. Mas o próprio Tza- ra acaba afirmando:

“Dadá não significa nada”

Os dadaístas não propõem nada, apenas a des- truição, pois lançam-se contra todos os valores cultu- rais, buscando um mundo mágico, semelhante ao mundo infantil. O Dadaísmo é a negação total, a de- fesa do absurdo e da incoerência, uma atitude de pro- testo contra uma civilização que conduziria a sociedade à guerra.

Improvisação, desordem, ausência de equilí- brio são as principais características das obras dadaís- tas.

7. SURREALISMO

Em Paris, 1924, foi lançado por André Breton, um ex-participante do Dadaísmo, o Manifesto do Surrealismo, dando início àquele que seria, cronolo- gicamente, o último movimento da vanguarda euro- péia dos anos 20.

O Surrealismo apresenta ligações com o Dada- ísmo e o Futurismo. Propondo a elaboração de uma nova cultura, os surrealistas pregam a destruição da sociedade em que viviam e a criação de uma outra, a partir de novas bases. Nesse aspecto, diferenciam-se dos dadaístas, cujas propostas tinham apenas um ca- ráter destruidor.

Em termos de expressão artística, a grande no- vidade apresentada pelo Surrealismo foi a escrita au- tomática, ou seja, um método em que o escritor deveria deixar-se levar pelo seu impulso, registrando

tudo o que lhe fosse ditado pela inspiração, sem se preocupar com a ordem e a lógica.

A fantasia, os estados de tristeza e melancolia atraem muito os surrealistas, pois eles procuram atin- gir a realidade situada no plano do subconsciente e do inconsciente; nesse aspecto, sua maneira de pene- trar no espírito humano se aproxima da atitude ro- mântica, embora os surrealistas fossem mais radicais.

8. PRINCIPAIS ANTECEDENTES DA SEMA- NA DE ARTE MODERNA

1911 Oswald de Andrade funda a revista de arte “O Pirralho”, cujos princípios eram questionar a arte brasileira.

1912 Oswald de Andrade volta de sua primeira vi- agem à Europa e divulga idéias cubistas e fu- turistas, entre elas a do verso livre.

1914 Anita Malfatti, vinda da Alemanha, expõe seus quadros expressionistas.

1917 É o ano marcante na gestão da Semana; al- guns escritores publicaram textos com tími- das inovações de linguagem: Mário de Andrade, sob o pseudônimo de Mário Sobral, “Há uma gota de sangue em cada poema”, Menotti del Picchia, Manuel Bandeira e Gui- lherme de Almeira também publicaram algu- mas novidades.

Di Cavalcanti faz uma exposição de caricatu- ras em São Paulo e sugere a realização da “Semana de Arte Moderna”.

Neste momento, os modernistas ainda não ti- nham um programa ideológico e estético pronto, mas iam tomando contato com os is- mos europeus através de livros e revistas.

9. A REALIZAÇÃO DA SEMANA - PONTOS MAIS MARCANTES

Nas noites de 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, abriu-se ao público o saguão do Teatro Municipal de São Paulo, onde vários artistas mostravam obras com uma linguagem nova, afinada com as correntes esté- ticas do começo do século.

13/2/1922 Graça Aranha abre o espetáculo com sua conferência intitulada “A Emoção Esté- tica na Arte Moderna”, acompanhada da música de Ernani Braga e da poesia de Ronald de Carvalho e de Guilherme de Almeida. Villa-Lobos executou algumas peças.

15/2/1922 Ronald de Carvalho declamou o poema “Os sapos” de Manuel Bandeira, ridicu- larizando o Parnasianismo. A declama- ção foi acompanhada pelo público com gritos, miados, latidos e vaias. A grande atração da noite foi a pianista Guiomar Novaes, que apesar de ter protestado contra os organizadores da Semana, na

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noite do dia 13, compareceu e apresen- tou-se.

17/21922 Foi o último dia da Semana. Nesta noite, realizou-se o “Terceiro e último grande festival” da Semana de Arte Moderna, com a apresentação de Villa-Lobos. O público já não lotava o teatro e compor- tava-se mais respeitosamente. Exceto quando o maestro Villa-Lobos entra em cena de casaca e chinelos, o público in- terpreta a atitude como futurista e vaia. Mais tarde, o maestro explicaria que não se tratava de futurismo e, sim, de um ca- lo arruinado.

10. DIVULGAÇÕES DAS IDÉIAS DA SE- MANA

Revistas

® Klaxon (buzina) - oposição entre o velho e

o novo - São Paulo. ® Estética - Rio de Janeiro ® Festa - Rio de Janeiro

® Terra Roxa e Outras Terras - São Paulo ® Verde-Amarelo - Minas gerais

® Revista de Antropofagia - São Paulo ® A Revista - Belo Horizonte

Manifestos

® Manifesto da Poesia Pau-Brasil - poesia de

exportação, poesia primitivista, valorizando os contrastes da realidade e cultura brasilei- ras. Propunha a criação de uma “língua bra- sileira”, sem erudição, a contribuição de todos os erros.

® Manifesto Antropófago ou Antropofágico - propunha a devoração da cultura estran- geira, acreditando que, assim, assimilariam esta cultura sem perder a própria identida- de. Tinha o tamanduá como símbolo.

® Manifesto Regionalista de 1926 - procurava “desenvolver o sentimento de unidade do Nordeste” dentro dos novos valores moder- nistas. Apresentava como proposta “traba- lhar em prol dos interesses da região nos seus aspectos diversos: sociais, econômicos e culturais.”

® Verde-Amarelismo - propunha um naciona- lismo primitivista, ufanista e idolatria ao Tupi. Elegeu a anta como símbolo nacional.

ESTUDO DIRIGIDO

Leia o texto:

Ode triunfal

À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica.

Tenho febre e escrevo.

Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,

Para a beleza disto, totalmente desconhecida dos antigos.

Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno! Forte espasmo retido dos maquinismos em fú- ria!

Em fúria fora e dentro de mim,

Por todos os meus nervos dissecados fora, Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!

Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos mo- dernos,

De vos ouvir demasiadamente de perto, E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso

De expressão de todas as minhas sensações, Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!

Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa

1 Aponte, no texto acima, alguns aspectos fun- damentais do movimento futurista.

2 O poeta explora a força de alguns vocativos, invocando seres superiores. Destaque três des- ses vocativos.

3 O poeta afirma que quer cantar as máquinas com a força “de todas as minhas sensações”. Destaque os versos que expressam isso.

EXERCÍCIOS

1 Relacione as perguntas apresentadas com os movimentos de vanguarda europeus que as respondem corretamente:

a) Qual o movimento mais radicalmente niilista? b) Qual o movimento mais voltado para a idéia de velocidade?

c) Qual o movimento mais comprometido com a criação de um mundo onírico?

d) Qual o movimento mais relacionado com a i- déia de fragmentação?

e) Qual o movimento que se caracteriza funda- mentalmente pela deformação da realidade, ressaltando seus elementos grotescos e bizar- ros?

(8)

( ) o Dadaísmo. ( ) o Cubismo. ( ) o Surrealismo. ( ) o Expressionismo. ( ) o Futurismo.

2 (UFBA-BA) Analise cada afirmativa e assina- le a coluna I, se achar que a afirmativa está correta; assinale a coluna II, se achar que a a- firmativa está errada.

Esta questão se refere aos movimentos de van- guarda.

I II

São correntes de vanguarda: Futurismo, Cubismo, Expressionismo, Dadaísmo, Sur- realismo.

“...Os elementos essenciais de nossa poesia serão a coragem, a audácia e a revolta...” - é exemplo da corrente vanguardista: Dada- ísmo.

“...Eu insulto o burguês-funesto! O indi- gesto feijão com toucinho, dono das tradi- ções! Fora os que algarismam os amanhãs! Olha a vida dos nossos setembros!” - é e- xemplo da corrente futurista.

Pré-história

Mamãe vestida de rendas Tocava piano no caos”.

- é exemplo da corrente surrealista. “Quando sinto a impulsão lírica escrevo sem pensar tudo o que meu inconsciente me grita. Penso depois: não só para corri- gir, como para justificar o que escrevi”. - é exemplo da corrente dadaísta.

3 (CESCEM) A Semana de Arte Moderna re- presentou, no panorama cultural da época:

a) a ruptura total com o passado artístico mais re- cente, no qual nada permitia prevê-la; daí a co- moção que causou.

b) o resultado da condensação de aspirações va- gas, ainda informes até então, mas perceptíveis nas preferências do público em geral.

c) a congregação de tendências que, sob formas várias e nas várias artes, se vinham delineando desde a década anterior.

d) a reação aos ataques que os últimos parnasia- nos dirigiam contra a obra incipiente dos pri- meiros modernistas.

e) a decorrência de reelaboração de recursos esti- lísticos presentes tanto na poesia parnasiana quanto na simbolista.

4 (UFRGS-RS) ”O sapo-tanoeiro, Parnasiano aguado, Diz: -'Meu cancioneiro É bem martelado...”'

O poema, “Os sapos”, de Manuel Bandeira, per- tence ao primeiro momento do Modernismo bra- sileiro, em que ocorreu uma tomada de posição contra:

a) a expressão de sentimentos, o culto de temas clássicos, a atitude impessoal e erudita do poe- ta.

b) a interferência emocional do poeta, a lingua- gem classicizante, as rimas ricas.

c) o culto de rimas ricas, o metro perfeito, a ex- pressão classicizante.

d) a ênfase oratória, as atitudes sentimentais, a poesia pessoal.

e) a poesia de expressão pessoal, a linguagem menos rigorosa, a ausência de rimas.

5 (COVEST) Nesta questão, constam informa- ções sobre o Modernismo Brasileiro. Julgue os itens:

© Teve várias fases. A primeira, mais marcante, tem vários pontos comuns com o Parnasianis- mo, sobretudo o respeito à forma.

2 Na sua 1a fase, após a Semana de Arte Moder-

na que o inaugurou, subdividiu-se em vários movimentos: Pau-Brasil, Verde-amarelo, An- tropofágico e Movimento da Anta.

3 A 2a fase foi a do Romance Regional, iniciado

por José Américo e continuado por José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Raquel de Quei- roz e outros.

© Érico Veríssimo foi o representante gaúcho do romance regional, autor de “O Tempo e o Ven- to” e (muito depois) “Incidente em Antares”. O romance regional tinha como protagonistas gente anônima do interior e trazia a público os problemas sociais como objeto de estudo e re- flexão.

© A Semana de Arte Moderna renovou estetica- mente apenas a literatura, não se estendendo às demais artes como a pintura, a escultura e a música, onde despontou a figura de Carlos Gomes.

(9)

LITERATURA

FASES

DO

MODERNISMO

O Modernismo brasileiro compreende três fa- ses, marcadas por três gerações diferentes e sucessi- vas:

® Primeira fase (combativa ou heróica) - de 1922 a 1930;

® Segunda fase (maturidade) - de 1930 a 1945;

® Pós-Modernismo - de 1945 até a atualidade. É bom salientar que essa divisão é feita como um recurso didático apenas. Numa mesma fase, po- dem coexistir ideais variados; a maior parte dos escri- tores da 1a fase continuou produzindo e,

freqüentemente, passando por tendências diferentes. 1. PRIMEIRA FASE, OU GERAÇÃO DE 1922

Esta geração revolucionária teve como objeti- vo principal, demolir uma ordem social e política com caráter colonialista, uma arte e literatura baseada na imitação estrangeira e desligada da realidade na- cional. Teve como principais representantes na poe- sia: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Guilherme de Almeida, Raul Bopp, Cassi- ano Ricardo e Menotti Del Picchia. Na prosa: Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Alcântara Macha- do.

No primeiro momento, o Modernismo rompeu as barreiras da poesia e da prosa, valorizando o pro- saico e o humor, através de uma atitude demolidora e de uma crítica corrosiva contra o academicismo.

2. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA 1a

FASE

1. Negação do passado e uso de “pala-

vras em liberdade”. Exemplo:

“Sentaram-me num automóvel de pêsames”. (Oswald de Andrade - Memórias Sentimentais

de João Miramar )

2. Busca do original e polêmico na li-

teratura e apego à modernidade da

época.

Exemplo:

“... E o médico veio de Chevrolet Trazendo um prognóstico

e toda a minha infância nos olhos.”

(Oswald de Andrade)

3. Ausência de rimas convencionais e

utilização de versos livres. Exemplo:

“Naquela casa mora,

mora, ponhamos: guaraciaba.. A dos cabelos fogaréu!

(Mário de Andrade)

4. Coloquialismo de linguagem.

Exemplo:

“- Qué apanhá sordado? - O quê?

- Qué apanhá?

Pernas e cabeças na calçada.”

(Oswald de Andrade)

5. Valorização poética do cotidiano

Exemplo:

“Para dizerem milho dizem mio Para melhor dizem mió

Para pior pió”.

(Oswald de Andrade)

6. Utilização da paródia, do humor pela

piada.

Exemplo:

“Minha terra tem palmares onde gorjeia o mar os passarinhos daqui não cantam como os de lá.”

(Oswald de Andrade)

7. Nacionalismo intransigente, bairris-

mo.

Exemplo:

“Recife morto, Recife bom, recife brasileiro como a casa de meu avô.”

(Manuel Bandeira)

8. Tendência crítica e anarquista.

Exemplo:

“Eu insulto o burguês! O burguês níquel, O burguês-burguês

a digestão bem feita de São Paulo!”

(10)

LITERATURA

9. Antipassadiano

Exemplo:

“Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportado (...)

Não quero mais saber do lirismo que não é [libertação.”

10. Flashes cinematográficos, simulta-

neidade.

Exemplo:

“O céu jogava tinas de água sobre o noturno que me devolvia a São Paulo”.

11. Interesse pelo homem comum. Exemplo:

“João gostoso era carregador de feira-livre e morava no morro da Babilônia...”

(Manuel Bandeira) 3. SEGUNDA FASE, OU GERAÇÃO DE 1930

Principais Características da Prosa e da Poesia a partir de 1930

Prosa

® “A bagaceira”, de José Américo de Almei-

da, foi o marco inicial dessa fase, em 1928. ® Os romances de 30 caracterizavam-se por apresentarem uma visão crítica das relações sociais. Os romancistas buscavam ressaltar o homem hostilizado pelo ambiente, pela terra, pela cidade, o homem devorado pelos problemas que o meio lhe impõe.

® O trabalhador rural, a seca e a miséria eram temas desses romances de cunho regional e social.

® Por meio de autores como Rachel de Quei- roz, José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Érico Veríssimo e tantos ou- tros, a literatura mostra o homem como ali- cerce de cada uma das diversas áreas sócio- econômicas do país, mas quase sempre em luta desigual com ela.

Poesia

® A poesia da segunda geração modernista foi, essencialmente, uma poesia de questio- namento em torno da existência humana, do sentimento de “estar no mundo”, da inquie- tação social, religiosa, filosófica, amorosa etc.

® Essa geração de poetas, livre do compro- misso de combater o passado, mantém mui- tas das conquistas da geração anterior, mas também se sente inteiramente à vontade pa- ra voltar a cultivar certas formas antes des-

prezadas, em razão do radicalismo da primeira geração. É o caso dos versos regu- lares (metrificados), da estrofação criteriosa e de formas fixas como o soneto, a balada, o rondó, o madrigal etc.

® São autores desta geração de poetas: Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes, Cecília Meireles, Jorge de Lima, Vinícius de Morais e Manuel Bandeira.

4. TERCEIRA FASE, OU PÓS-MODERNISMO

Principais Características Da Poesia E Da Prosa

Poesia

® Maior apuro do verso;

® Mais ênfase na palavra, no ritmo, na rima; ® Tendência para uma arte mais racional, ce-

rebral, às vezes até hermética;

® Busca do regionalismo temático e do uni- versalismo;

® Caráter “engajado” da poesia. Prosa

® Investigação psicológica das personagens e

seus conflitos íntimos;

® A ação e o enredo perdem importância em favor das emoções, estados mentais e rea- ções das personagens;

® A sugestão, a associação e a expressão indi- reta passam a ser os meios de veicular a ex- periência;

® A literatura torna-se cada vez mais subjeti- va, interiorizada e abstrata, constituída de experiências mentais;

® O princípio de seleção do material expande- se para incluir todos os motivos e assuntos; ® Normalmente, o autor não faz o retrato do

personagem: este vive e o leitor o conhece e julga.

Principais Autores Poesia

João Cabral de Melo Neto, Vinícius de Morais, Carlos Drummond de Andrade e Ferreira Gullar. Prosa

Clarice Lispector e Guimarães Rosa. 5. PRODUÇÕES CONTEMPORÂNEAS

Poesia

As décadas de 50 e 60 assistiram ao lançamen- to de tendências poéticas caracterizadas por inovação formal, maior proximidade com outras manifestações artísticas e negação do verso tradicional, uma vez que deveriam acompanhar o progresso de uma civilização tecnológica e responder às exigências de uma socie-

(11)

LITERATURA dade impelida pela rapidez das transformações e pela

necessidade de uma comunicação cada vez mais ob- jetiva e veloz. Procurava-se, assim, “o poema produ- to: objetivo útil”.

Poema Concreto

A palavra como coisa, o poema objetivo em que se utilizam múltiplos recursos: o acústico, o vi- sual, a carga semântica, o espaço tipográfico e a dis- posição dos vocábulos na página.

Ex.:

VAI E VEM

E E

VEM E VAI (José Lino) Principais Poetas Concretistas

Oswald de Andrade, João Cabral de Melo Ne- to, Décio Pignatari, José Lino, Ronald Azevedo, A- roldo de Campos e Augusto de Campos.

Poema Práxis

Valoriza a palavra dentro de um contexto ex- tralingüístico, caracterizando-se pela periodicidade e repetição das palavras, cujo sentido e dicção mudam conforme sua posição no texto.

Ex.: “(...) E na mão do primeiro o punhal se empunha se

ergue chispando e em X pando desce: se crava cravo, na caixa de som”. (Colchão murcho coração)

(Azevedo Filho) Principais Autores da Poesia Praxis Mário Chamie, Mauro Gama, Yone Fonseca, Armando Freitas Filho e Antônio Carlos Cabral.

Poema Processo: Caracteriza-se mais como uma arte gráfica do que literária - a palavra dá lugar a símbolos gráficos.

Pode-se citar como exemplo o poema código “Fome”, de José de Arimatéia Soares Carvalho.

Poesia marginal: poema produzido e distribu- ído pelo próprio autor, nas ruas, bares, restaurantes etc.

Prosa

No romance, o regionalismo continua sendo um filão muito rico e produtivo, com autores consa- grados como Mário Palmério, Bernardo Elis, Antônio Calado, Josué Montello e José Cândido de Carvalho.

O romance policial e/ou histórico também é muito cultivado por autores contemporâneos como, por exemplo, Rubem Fonseca.

A crônica e o conto são narrativas curtas con- sagradas na prosa das últimas décadas. O conto, po- rém, situa-se em posição privilegiada tanto em quantidade como em qualidade, se analisado no con- junto das produções contemporâneas. Entre os contis-

tas mais significativos citam-se Dalton Trevisan, Moacyr Scliar, Luís Fernando Veríssimo, Luís Vile- la, Lygia Fagundes Teles e Domingos Pellegrini Jr. Principais Características da Prosa

A partir do golpe militar de 1964, a circulação cultural esteve sob a mira da polícia e da política.

A produção literária - quando tinha coragem de aparecer - era de caráter político e audacioso. É o caso, por exemplo de Quarup, de Antônio Callado, romance que refletiu, em 1967, a multiplicidade de formas sociais vigentes no Brasil. Características

® Incorporação de técnicas: legitimação da

pluralidade. Nos anos 70 e 80, não há mais limite entre o romance e o conto. São ro- mances que se parecem com reportagens; contos que se parecem com poemas em prosa ou com crônicas; autobiografias com aspectos de romances; narrativas que ga- nham jeito de cena teatral; textos que se fa- zem por justaposição de recortes, reflexões, documentos.

® Desestruturação do enredo: o romance per- de a visão de conjunto, devido ao acúmulo de pormenores narrativos e, também, à des- crição de estado d’alma, estados físicos etc. A monotonia nas narrativas revela o fato de que para o autor não importa o que se con- ta, mas como se conta. O mundo interior vem à tona com todas as suas nuanças e o relato ganha tons psicanalíticos.

® Ficcionalização de outros gêneros: os escri- tos trouxeram para o romance ou para o conto elementos do cinema, do teatro e da telenovela. Assim, por exemplo, a narrativa fim de século XX traz para o relato a coe- xistência entre o falado e o escrito, o monó- logo, a gíria, o texto completamente livre. ® Realismo feroz, ultra-realismo: a nova nar-

rativa, que adentra os anos 90, chega a a- gredir o leitor pela violência dos temas que aborda. É um ultra-realismo sem preconcei- tos, ao qual a própria linguagem também faz jus, não se economizando nem se res- guardando; todas as palavras são válidas, inclusive as de baixo calão.

® Realismo mágico: trata-se de uma literatura que opta pelo fantástico para registrar um mundo que não pode ser impresso pela lin- guagem comum, devido à máquina repres- siva. O fantástico e o absurdo servem para camuflar uma realidade proibida de ser vei- culada.

(12)

LITERATURA

Autores da Prosa Contemporânea

® Antônio Carlos Callado - Vários persona-

gens de seus livros foram inspirados em pessoas reais - gente cruel, participante do processo repressivo, que torturava e matava pessoas. No romance Sempreviva, por e- xemplo, o personagem Claudemiro repre- sentava o tenebroso delegado Sérgio Paranhos Fleury. Romances: Assunção de Salviano, A Madona de Cedro; Quarup; Re- flexos do baile; Sempreviva.

® José J. Veiga - Representava uma linha da nova narrativa, que tem predileção pelo fan- tástico. A força do desconhecido atuando sobre o mundo conhecido é veementemente marcada em suas obras. Romances: A hora dos ruminantes; Aquele mundo de Vascon- celos; Sombras de Reis Barbudos; Os peca- dos da tribo; De jogos e festas.

Contos: Os cavalinhos de Platiplanto; A má- quina extraviada.

® Murilo Eugênio Rubião - Grande contista, trabalhou, também, o fantástico na literatu- ra. Contos: O pirotécnico Zacarias; O Ex- mágico; O homem do boné cinzento; A es- trela vermelha; Os dragões e outros contos; O convidado; A casa do girassol vermelho. ® João Antônio Ferreira Filho - Conhece,

como poucos, o mundo da boêmia e da marginalidade, optando por retratá-lo na li- teratura que escreve. É redator de jornal e publicitário. Contos: Malagueta, Perus e Bacanaço; Paulinho perna torta; Leão de chácara; Malhação do Judas Carioca; Casa de loucos; Calvário e pores do pingente A- fonso Henriques de Lima Barreto; Lambões de Caçarda abraçado ao mundo com o meu rancor.

® Lygia Fagundes Teles - Uma das maiores contistas, escreve contos tradicionais e fan- tásticos. Lygia também possui a autoria de bons romances. Contos: Praia Viva; O cac- to vermelho; Venha ver o pôr-do-sol; Antes do Baile verde; Seminário de ratos; Seleta; O jardim selvagem, dentre outros. Roman- ces: As meninas; Ciranda de Pedra e Verão no Aquário.

® Roberto Drummond. - Um dos mais significativos autores do “boom” editorial dos anos 70. Contos: Quando fui morto em Cuba. Romances: Hilda Furação; O cheiro de Deus; Hitler manda lembranças; Sangue de Coca-Cola; O Dia em que Ernest He- mingway morreu crucificado; Ontem à noi- te era Sexta-Feira.

6. APÊNDICE

Principais Autores e Obras Primeira Fase - Poesia:

Mário Raul de Andrade - O “papa” do Mo- dernismo publica, em 1917, “Há uma gota de sangue em cada Poema”, sob o pseudônimo de Mário Sobral. Mário de Andrade considerava São Paulo a sua musa inspiradora. Deu à sua obra o caráter de missão, ou seja, considerou-se um arauto de novas idéias e colo- cou seus textos a serviço da renovação cultural e po- lítica do país. Assim, sua obra traz os traços da modernidade, ao mesmo tempo em que é participante de todos os movimentos democráticos da época.

Obras do autor: “Paulicéia Desvairada”, “Há uma gota de sangue em cada poema”, “Amar, verbo intransitivo”, “Contos Novos” e “Macunaíma”.

José Oswald de Sousa Andrade - Foi uma das figuras centrais na campanha preparatória para a Semana de Arte Moderna, de 1922. Oswald de An- drade lutou intensamente pela criação de uma litera- tura brasileira modernizada, de uma arte nacional.

Obras do autor: “Estrela do absinto”, “Memó- rias sentimentais de João Miramar”, “Serafim Ponte Grande”, “O homem e o cavalo”, “A morta”, “O Rei da Vela” e “Marco zero”.

Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho - Influenciado pelos simbolistas franceses Baudelaire e Verlaine, seus versos deixam transparecer a idéia da morte, do desalento. Com “Carnaval” (1919), Manuel Bandeira granjeia grande sucesso, porém, em con- traste com a euforia carnavalesca, a maioria dos po- emas desta obra traz a marca da decepção. Manuel Bandeira foi parnasiano antes de pensar em ser mo- dernista.

Obras do autor: “Estrela da manhã”, “Poesias escolhidas”, “Poesias completas”, “A autoria das Cartas Chilenas”, “Mafuá do malungo” e “Itinerário de Pasárgada”.

Segunda Fase - Prosa:

José Américo de Almeida - “... José Américo de Almeida - que abriu para todos nós o caminho do moderno romance brasileiro.”

(Guimarães Rosa) “O número de referências bibliográficas não dá idéia suficiente do êxito e da importância de “A ba- gaceira”, romance que abriu nova fase na história li- terária do Brasil”.

(Otto Maria Carpeaux)

Obras do autor: “A bagaceira”, “O boqueirão” e “Corteiros”.

(13)

LITERATURA

José Lins do Rego - Sua estréia literária deu- se em 1932, com o livro “Menino de Engenho”, pon- to de partida para o ciclo da cana-de-açúcar. Os ro- mances de José Lins do Rego, conforme a temática, são reunidos em:

a) Ciclo da cana-de-açúcar: “Menino de Engenho”, “Doidinho”, “Banguê”, “Moleque Ricardo” e “Fogo morto”.

b) Ciclo da seca, do cangaço e do misticismo: “Pedra Bonita” e “Cangaceiros.”

c) sem filiação a nenhum ciclo, mas ligados à paisa- gem do Nordeste, José Lins escreveu “Pureza”, “Riacho Doce”, “Água Mãe” e “Eurídice”.

Rachel de Queiroz - em 1917, em companhia dos pais, vai de Fortaleza para o Rio de Janeiro, pro- curando esquecer os sofrimentos da terrível seca de 1915. Mais tarde, a romancista aproveita esse fato como tema de seu livro de estréia, “O Quinze.”

Obras da autora: “O Quinze”, “João Miguel”, “Caminho de Pedras”, “As três Marias” e “O galo de Ouro”.

Graciliano Ramos - O estilo de Graciliano Ramos é incisivo, direto e mesmo seco, coerente com a realidade que fixou. A linguagem é rigorosamente justa e conscientemente trabalhada. Escreveu com exatidão e rigor fora do comum. Foi perfeito artista da palavra.

Obras do autor: “São Bernardo”, “Angústia”, “Vidas secas”, “Histórias completas”, “Insônia”, e “Alexandre e outros heróis”.

Jorge Amado - iniciou sua carreira com obras de cunho regionalista e de denúncia social, passando por várias fases até chegar à atual, voltada para a crônica de costumes. Sua obra apresenta altos e bai- xos, uma vez que revela certo descuido formal, abuso de clichês e lugares comuns, lirismo às vezes piegas, o que o impede de atingir o nível que se esperaria do mais conhecido romancista brasileiro.

Obras do autor: “O país do carnaval”, “Cacau”, “Suor”, “Jubiabá”, “Mar morto”, “Capitães da Arei- a”, “Terras do sem-fim”, “São Jorge dos Ilhéus” e “Gabriela, cravo e canela”.

Segunda Fase - Poesia:

Carlos Drummond de Andrade - Drum- mond, além de poeta, é um excelente prosador, de es- tilo marcado pelo humor e pelo ceticismo, ou seja, estado de espírito de quem duvida de tudo. A obra de Drummond pode ser dividida de acordo com sua te- mática: reminiscência da infância, da família, de Ita- bira; a busca da poesia; o cotidiano; a busca de si mesmo, o filosófico e o metafísico; o amor e suas

contradições, o corpo, o erotismo (última fase do poeta).

Obras do autor:

Poesia: “Alguma poesia” “Beijos das Almas”, “Sentimentos de Mundo”, “A rosa do povo”, “Claro enigma”, “Fazendeiro do Ar”.

Prosa: “Contos de Aprendiz”, “Fala, amendo- eira”, “A bolsa e a vida”, “Boca de luar”, “O avesso das coisas” e “Cadeira de Balanço”.

Cecília Meireles - “Como um todo uniforme e linear, presidido por três constantes fundamentais: o oceano, o espaço e a solidão (...)” Às vezes, se deixa seduzir pelo medievalismo e busca as sugestões do lirismo trovadoresco, incorrendo então num falso vir- tuosismo”.

(In. CÂNDIDO, A. E CASTELLO, J.A. Presença da literatura brasileira, VIII. p. 112-113) Obras da autora: “Romanceiro da Inconfidên- cia”, “Mar absoluto”, “Amor em Lenoreta”, “Ou isto ou aquilo” (poesias infantis).

Vinícius de Morais - Segundo o próprio autor, sua obra revela dois momentos bem distintos:

- na primeira fase, os poemas têm cunho reli- gioso, melancólico e o verso é livre.

- na segunda fase, o poeta afasta-se da religio- sidade e diversifica os temas e os processos poéticos. Os sonetos apresentam duas facetas: de um lado, em- pregam linguagem “nobre”; de outro, linguagem co- loquial, objetiva.

Obras do autor: “O caminho para Distância”; “Forma e exegese”, “Poemas; canções e baladas”, “Pátria minha”, “Livro dos sonetos” e “Antologia po- ética”.

Terceira fase ou geração de 45 até... João Cabral de Melo Neto - Ocupa um lugar todo especial na literatura brasileira pela inventivida- de verbal e pela participação nos problemas sociais. Distingue-se em nossa literatura pela preocupação com a construção e purificação da poesia.

Obras do autor: “O engenho”, “Psicologia da composição”, “Pedra do sono”, “O cão sem plumas”, e “Morte e vida Severina”.

“Escrevi Morte e vida Severina para aquele leitor do mercado de Recife que ouve o romanceiro de cordel

(João Cabral de Melo Neto) Ferreira Gullar - Empregando muitas vezes ritmos e temas da literatura de cordel, Gullar põe a nu as tensões sociais, fazendo uso de uma poesia voltada para a denúncia e a crítica. Suas poesias expõem forte conteúdo ideológico.

Obras do autor: “Um pouco acima do chão”, “Luta corporal”, “João Boa-Morte”, “Cabra marcado

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LITERATURA para morrer”, “Quem matou Aparecida”, “Na verti-

gem do dia” e “Barulho”. Prosa

Clarice Lispector - Clarice aprofunda a son- dagem psicológica apresentando o fluxo da consciên- cia. Este fluxo cruza vários planos narrativos, sem haver preocupação com a lógica ou com a ordem nar- rativa.

Obras da autora: “Perto do coração selvagem”, “O lustre”, “A paixão segundo G.H.”, “A hora da es- trela” e “Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres”.

João Guimarães Rosa - é uma das principais expressões da literatura brasileira. Seus romances de cunho regionalista, surpreendem em virtude da origi- nalidade de sua linguagem e de suas técnicas narra- tivas, que apontam uma mudança substancial na velha tradição regionalista. A grande novidade lin- güística introduzida pelo regionalismo de Guimarães foi a de recriar, na literatura, a fala do sertanejo, não apenas no nível do vocabulário, mas também no da sintaxe e na melodia da frase. Guimarães Rosa recria a própria língua portuguesa, a partir do aproveita- mento de temas em desuso, da criação de neologis- mos e do emprego de palavras tomadas de empréstimo a outras línguas. A prosa de Guimarães é carregada de recursos mais comuns à poesia, tais co- mo o ritmo, as aliterações, as metáforas, as imagens, obtendo assim, uma prosa altamente poética, nos li- mites entre a poesia e a prosa.

Obras do autor: “Sagarana”(contos), “Grande Sertão: Veredas” (romance), “Corpo de baile” (nove- las), publicada, atualmente em três partes: “Manuel- zão e Miguilim”; “No urubuquaquá, no Pinhém”; e “Noites do sertão”.

Poética Manuel Bandeira Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado

Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente

protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no di- cionário.

o cunho vernáculo de um vocábulo Abaixo os puristas.

Todas as palavras sobretudo os barbarismos univer- sais.

Todas as construções sobretudo as sintaxes de exce- ção.

Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis.

1 Além dos versos livres e da poesia em prosa, ou- tra característica formal modernista presente no poema é a ausência de sinais de pontuação, tais como são convencionalmente utilizados. Trans- creva um verso do poema que exemplifique si- multaneamente esses três aspectos estilísticos da primeira geração modernista.

2 Embora não possua uma seqüência linear, o texto pode ser dividido em duas partes, que se interca- lam. A primeira é de negação (estrofes 1, 2, 3, 5, 6) e a segunda, de afirmação (estrofes 7, 8). a) A que parte pertence a quarta estrofe? Por quê?

b) Que elemento formal destaca a quarta estrofe do poema, pela sua modernidade?

3 Na parte de negação do poema, o sujeito poético rejeita o lirismo parnasiano, destacando critica- mente algumas de suas características. Escolha fragmentos de versos que exemplifiquem as ca- racterísticas mencionadas. Observe o exemplo.

4 Além do Parnasianismo, outro estilo literário é rejeitado pelo sujeito poético. Identifique e cite duas de suas características, referidas no texto.

1 (Uneb-BA)

Dê-me um cigarro Diz a gramática

Do professor, e do aluno E do mulato sabido.

Mas o bom negro e o bom branco da Nação Brasileira

Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro. Os versos acima ilustram:

a) o pendor de Manuel Bandeira, inclinado a fa- zer poesia em torno de aspectos mais comuns da realidade.

ESTUDO DIRIGIDO

Contenção emocional, gerando a normativida- de academicista exacerbada, protocolar.

"lirismo comedido” / "bem comportado” / "funcionário público com livro de ponto expedi- ente" / "protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor".

a) Vocabulário elitizado, dicionarizante. b) Correção gramatical.

(15)

LITERATURA b) o projeto modernista que propaga a desvincu-

lação da cultura brasileira da arte estrangeira. c) a emoção e o lirismo que alimentam a inquie- tude de espírito de Mário de Andrade.

d) o propósito de Oswald de Andrade no sentido de renovar a linguagem para aproximá-la da naturalidade da fala.

e) a construção da poesia simples que, em Manu- el Bandeira, rompe os princípios parnasianos e inaugura o “lirismo-libertação". 2 (FCMSC-SP) Movimentos: I. Pau-Brasil II. Verde-Amarelo III. Antropofagia Objetivos:

1. Resposta ao conservadorismo manifestado pelo movimento da Anta.

2. Revalorização do primitivo, através de uma ar- te que redescobrisse o Brasil.

3. Proposição de uma estrutura nacionalista. A associação correta é:

a) I-2; II-3; III-1 b) I-3; II-2; III-1 c) I-1; II-2; III-3 d) I-3; II-1; III-2 e) nenhuma.

3 (Universidade Estadual do Mato Grosso) Leia com atenção os textos a seguir: Iracema

Capítulo II

"Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.

Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal ro- çando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a ter- ra com as primeiras águas".

(José de Alencar) Macunaíma

Capítulo I

"No fundo do mato-virgem nasceu Macunaí- ma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silên- cio foi tão grande escutando o murmurejo do Urari- coera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma.

Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Se o incitavam a falar exclamava:

-Ai! Que preguiça..."

(Mário de Andrade)

Confrontando os textos, percebe-se que:

a) Mário de Andrade "copiou" de José de Alencar o início de seu romance.

b) Em Iracema há um "herói", enquanto em Ma- cunaíma há um "anti-herói".

c) Há um choque entre o pensamento do século XVIII e o do século XX.

d) Ambos os romances são indianistas.

e) José de Alencar e Mário de Andrade utilizam- se da mesma técnica narrativa.

4 Relacione as opiniões críticas do professor Al- fredo Bosi aos poetas a que se referem: a) Cecília Meireles

b) Carlos Drummond de Andrade c) Murilo Mendes

d) Vinícius de Moraes e) Jorge de Lima

( ) "Na verdade, [...] foi pelo prosaico, pelo irô- nico, pelo anti-retórico que [...] se afirmou como poeta congenialmente moderno. O rigor da sua fala madura, lastreada na recusa e na contenção, assim como o fizera homem de es- perança no momento participante de A rosa do povo, o faz agora homem de um tempo reedi- ficado até a medula pela dificuldade de trans- cender a crise de sentido e de valor que rói a nossa época, apanhando indiscriminadamente as velhas elites, a burguesia afluente, as mas- sas." (Alfredo Bosi. História concisa da literatura brasi- leira. São Paulo, Cultrix.)

( ) "É poeta de aderência ao ser, poeta cósmico e social [...]. Tendo mantido firme a sua ânsia li- bertária, ânsia que partilhou com o Modernis- mo anterior a 30 [...] Místico, ele perfura a crosta das instituições e dos costumes culturais para morder o cerne da linguagem religiosa, que é sempre ligação do homem com a totali- dade. [...] Foi João Cabral de Melo Neto quem acertou no alvo quando reconheceu: (sua) poe- sia [...] me foi sempre mestra, pela plasticidade e novidade da imagem. Sobretudo foi ela quem me ensinou a dar precedência à imagem sobre a mensagem, ao plástico sobre o discursivo. Nessa caracterização, reconhecem-se o proces- so futurista da montagem e o processo surrea- lista da seqüência onírica; a combinação de ambos faz-se pelo traço comum, associativo,

Referências

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