• Nenhum resultado encontrado

VIEWING ROOM. Nostalgia de Mar Missing the Sea

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "VIEWING ROOM. Nostalgia de Mar Missing the Sea"

Copied!
36
0
0

Texto

(1)
(2)

VIEWING ROOM

Nostalgia de Mar

Missing the Sea

André Azevedo | André Nacli

Antonio Malta Campos | Ayrson Heráclito

Cícero Dias | Emanoel Araujo | Gonçalo Ivo

Gustavo Speridião | José Pancetti | Juan Parada

Julia Kater | Lais Myrrha | Miguel Bakun

Roberto Burle Marx | Rodrigo Bivar

Rodrigo Torres | Romy Pocztaruk

Sergio Lucena | Yasmin Guimarães

online

até 08 de maio

until may 08

acesse o viewing room da galeria

access the gallery’s viewing room

simoesdeassis

.c

om

(3)

“Um fim de mar

colore os horizontes.”

Manoel de Barros

“An endless sea

colors the horizon”

(4)

assista o video

(5)

Nostalgia de mar

Os elementos da natureza nos conectam a um tempo maior que o cronológico: o tempo das pedras, o tempo das estrelas, o tempo dos rios, o tempo da terra, o tempo do mar. Ainda que estejamos já acostumados às metrópoles, ao concreto e à falta de horizonte, somos todavia enraizados ao chão, farfalhamos ao vento, carregamos o orvalho e o musgo. Ao conjurar essa natureza, é impossível não lembrar do poeta cuiabano Manoel de Barros, um pantaneiro apaixonado que, curiosamente, também escreveu abundantemente sobre seu encantamento com o mar – o ensejo para essa exposição. Assim nasce o recorte para este Viewing Room, a partir de um mergulho adentro do acervo da Simões de Assis, por entre temáticas de paisagem e reflexão, que encontra o mar como elemento recorrente em muitos trabalhos de suportes variados, de artistas de diferentes linguagens e gerações.

Esta exposição nos traz o horizonte à vista em um momento de isolamento e solidão, transportando-nos para outros lugares onde o oceano se impõe, domina, enche os olhos. Certas obras nos convidam à contemplação do encontro entre céu e mar: diante do grande campo de cor e luz de Sérgio Lucena, quase sentimos a brisa na pele; enquanto olhando o pequeno e sereno óleo de Miguel Bakun, podemos por pouco lembrar o cheiro da maresia. Nas pequenas telas de Yasmin Guimarães, ralas margens de cor flutuam entre uma figuração disforme e uma abstração paisagística. E as linhas de “O Mar Ático” de Gonçalo Ivo reduzem, na pureza da pintura, o limiar do firmamento, o sol, a areia, o oceano e o movimento de suas ondas.

Outros planos de céu e mar se configuram tridimensionalmente, como no objeto de Lais Myrrha, no qual uma pedra deitada, com seus veios líquidos, faz as vezes da água, enquanto uma fotografia impressa repousa perpendicularmente sobre ela, formando a linha do horizonte. Já Rodrigo Torres constrói uma topografia artificial em papel algodão, uma pequena ilha edificada sobre uma superfície azul – um fragmento insulado em um campo ampliado. Completam o conjunto as pedras e as rochas marítimas delicada e livremente costuradas por André Azevedo: de perto, aglomerados de linha colorida sem contorno; de longe, pequenas e vibrantes paisagens-arquipélagos.

Alguns trabalhos nos falam das profundezas das águas escuras e misteriosas que guardam a sopa primordial da existência. É ali onde habitam os seres estranhos de Rodrigo Bivar, criaturas desconhecidas das fendas marinhas, de onde também sai o insólito ser retratado por Antonio Malta Campos, cercado de breu e ambiguidade. Como um fóssil congelado no assoalho oceânico, entranham-se envelhecidas algas e primitivos crustáceos e moluscos na peça cerâmica de Juan Parada.

De volta à superfície ensolarada, à navegação e à pesca, temos a pintura de José Pancetti, de rara suspensão e sutileza em finas e rápidas camadas de tinta – são precisas poucas pinceladas para delinear as canoas na orla. A aquarela luminosa de Cícero Dias corporifica o vento nos coqueiros e retrata a chegada (ou seria a partida) da jangada. Há também uma tela de Burle Marx, de grandes dimensões, que carrega abstrações geométricas entre ondas e embarcações, emolduradas por campos de cor que configuram terra, céu e mar, marcadas por um sol vermelho de entardecer.

Na imensidão do mar aberto, encontramos a calmaria especular da água, numa deriva contemplativa e pacífica instaurada pela fotografia de Gustavo Espiridião, que parece ter sido tirada por um náufrago. Essa vista sem fim surge enquadrada nas colagens de Julia Kater, que também lança mão do suporte fotográfico, mas subverte a mídia em recortes e sobreposições que criam novas topografias na paisagem.

O remanso é brutalmente interrompido pela estrutura bélica fotografada por Romy Pocztaruk na costa da Inglaterra – a ruína de uma torre metálica que irrompe da água como um corpo estranho de outro tempo-espaço. Na obra de André Nacli, o desassossego surge quando a onda quebra e estronda em espuma e vapor, tão corpulenta quanto etérea. E o instante da rebentação é também capturado por Ayrson Heráclito, mas em contraste com um céu intensamente azul, e o corpo iluminado do personagem que ora parece emergir do oceano, ora parece tentar controlar a força da natureza.

Por fim, as esculturas de Emanoel Araújo invocam a presença de Iemanjá – orixá das águas salgadas, padroeira dos pescadores, rainha do mar –, celebrada nesta exposição que, mesmo ancorada no suporte virtual, lança-se como homenagem de saudade ao mar, para onde todas as águas correm; de onde a vida veio; e para onde, sempre, voltaremos.

(6)

Missing the sea

Nature’s elements connect us to a time beyond mere chronology: the time of stars, of stones, of rivers, of earth, of seas. Even though we’re used to living in concrete urban areas, to not seeing the horizon, were are nonetheless rooted in soil, rustling against the wind, carrying moss and mist. By conjuring nature, we are guided towards the the poet from Cuiabá, Manoel de Barros, who was always passionate about the pantanal, but also curiously enchanted by the sea, writing extensively about it – an inspiration for this exhibition. The selection for this Viewing Room derived from Barros’ words, diving into the Simões de Assis collection, through landscapes and contemplation, finding the ocean as a recurring element in many works, of various mediums, by artists from different languages and generations. This show reveals a horizon in a moment of isolation and loneliness, transporting us to new places where the ocean is imposing, dominating, filling our eyes. Some of the works invite us to gaze and contemplate the line dividing sky and sea: before the large color field painted by Sergio Lucena we can almost feel the ocean breeze against our skin; while gazing at Miguel Bakun’s small serene oil painting, we nearly smell the salt. In Yasmin Guimarães’ canvases, sparse colorful margins float between shapeless figurations and landscape abstractions. And the lines in “The Attic Sea”, by Gonçalo Dias, reduce in the purity of painting the firmament’s threshold, the sunrise and sunset, the sand, the ocean and its waves.

Other planes of sky and sea appear three-dimensionally, as the objects created by Lais Myrrha, in which a lying stone, with its liquid veins, doubles as the water, while a printed photograph rests perpendicularly against it, composing a horizon. Rodrigo Torres builds an artificial topography in cotton paper, a small island raised on a blue surface – an insular fragment in an expanded field. The ensemble is completed by André Azevedo’s freely and delicately sewn maritime rocks: unexamined up close, they are unclear entangled threads; from afar, small and vibrant archipelago-landscapes.

Some works speak of deep dark and mysterious waters that preserve the primordial soup of existence. That is where Rodrigo Bivar’s strange creatures inhabit, unknown beings from maritime rifts, from where the uncanny critter depicted by Antonio Malta Campo looms surrounded by darkness and ambiguity. As a frozen fossil embedded in the ocean floor, ancient algae and primitive crustaceans and shellfish are engrained in Juan Parada’s ceramic piece.

Emerging back to a sunny surface, to navigation and fishing, we see José Pancetti’s painting of a rare suspension and subtlety in thin and swift layers of paint – the artist needs merely a few brushstrokes to outline the canoes resting on the seashore. Cícero Dias embodies the wind on coconut trees and depicts the arrival (or maybe the departure) of fishermen’s rafts. There’s also a large painting by Burle Marx which carries geometric abstractions that reside between wave-like shapes and watercrafts, framed color fields that make up heaven and earth and sea, marked by a red sunset.

In the vastness of open sea, we find the reflexive stillness of water, in a contemplative peaceful drift instilled by Gustavo Espiridião’s photograph, which seems to have been taken by a castaway sailor. This endless perspective is framed in the collages created by Julia Kater, who also uses photography, but subverts the medium in cutouts and juxtapositions that create new topographies in the landscape.

This stillness is brutally interrupted by the military structured shot by Romy Pocztaruk in the English coast – the ruins of a metallic tower bursts from the water like a foreign object from a different space-time. In André Nacli’s work, unrest emerges as a wave crashes and irrupts in froth and mist. The instant of the riptide is also captured by Ayrson Heráclito, but in contrast with an intensely vibrant blue sky, and the illuminated body of the character that appears to either rise from the ocean, or try to control this force of nature.

Finally, Emanoel Araújo’s sculptures conjure the presence of Iemanjá (the Orisha of saltwater, patron of fishermen, queen of the sea), celebrated in this exhibition which, despite its virtual context, arises as a nostalgic homage to the sea – to where all waters flow; from where all life derived; to where we will always return.

(7)

André Azevedo

Sem Título, série Pequenas Paisagens, 2013 costura sobre algodão cru

tríptico, 15 x 10 cm, 15 x 10 cm, 21 x 15 cm needlework on raw cotton

(8)
(9)

André Nacli

Sem Título, série Tempo Matéria, 2017

impressão com pigmento mineral sobre papel rag 310g 75 x 75 cm cada, ed. 1/5

photograph printed with mineral pigment on paper rag 310g 29 17/32 x 29 17/32 in each

(10)

Antonio Malta Campos Profundo, 2017 óleo sobre tela díptico, 230 x 360 cm oil on canvas

(11)

Ayrson Heráclito Vodun Agbê II, 2010

impressão com pigmento mineral sobre papel rag 310g 110 x 166 cm, ed. 3/5

photograph printed with mineral pigment on paper rag 310g 43 5/16 x 65 23/64 in

(12)

Cícero Dias

Praia da Piedade, déc. 1930/40 óleo sobre tela

60,5 x 100 cm oil on canvas 23 13/16 x 39 3/8 in

(13)

Emanoel Araujo Sem Título, 2021 madeira, tinta automotiva 120 Ø x 18 cm

wood, automotive paint 47 1/4 Ø x 7 3/32 in

(14)

Emanoel Araujo Iemanjá, 2021

madeira, tinta automotiva, bronze, conchas e miçangas 240 x 53 x 20 cm

wood, automotive paint, bronze, shells and beads 94 31/64 x 20 55/64 x 7 7/8 in

(15)

“Penso que têm nostalgia de mar

estas garças pantaneiras. 

Alguma coisa em azul e 

profundidade lhes foi arrancada.

Há uma sombra de dor em seus voos.

Assim, quando vão de regresso aos

seus ninhos, enchem de entardecer

os campos e os homens.” 

Manoel de Barros

“I think these herons from

pantanal miss the sea.

Something in blue and depth

has been ripped from them.

There’s a shadow of sorrow

in their flight.

Thus, when they return

to their nests, they fill the fields

and men with dusk.”

(16)
(17)

Gonçalo Ivo O Mar Ático, 2018 óleo sobre tela 200 x 200 cm oil on canvas 78 47/64 x 78 47/64 in

(18)

Gustavo Speridão Egeu, 2011 fotografia 100 x 80 cm photography 39 3/8 x 31 1/2 in

(19)

José Pancetti

Marinha com Barcos, 1956 óleo sobre tela

38 x 55 cm oil on canvas 14 61/64 x 21 21/32 in

(20)

Juan Parada Sem Título, 2020 cerâmica vitrificada 35 x 23 x 10 cm glazed ceramics 13 25/32 x 9 1/16 x 3 15/16 in

(21)

Julia Kater

Sem Título, série Ilhas, 2018

recorte de fotografia impressa em papel algodão 75 x 50 cm cada

photography cut printed on cotton paper 29 17/32 x 19 11/16 in each

(22)

“O azul me descortina

para o dia.

Durmo na beira da cor.”

Manoel de Barros

“The blue unveils

me to the day.

I sleep on the

edge of color.”

(23)
(24)

Lais Myrrha

Quatro coordenadas topocêntricas e a construção de um possível horizonte breve, 2004-2016 fotografia e mármore calacata

45 x 30 x 30 cm

photography and calacata marble 17 23/32 x 11 13/16 x 11 13/16 in

(25)

Miguel Bakun Sem título, 1946 óleo sobre eucatex 13,5 x 20 cm oil on eucatex 5 5/16 x 7 7/8 in

(26)

Roberto Burle Marx Sem Título,1976 acrílica sobre panneaux 132,5 x 244,5 cm acrylic on panneaux 52 11/64 x 96 17/64 in

(27)
(28)

Rodrigo Bivar Peixe e Planta, 2019 óleo sobre tela 200 x 200 cm oil on canvas 78 47/64 x 78 47/64 in

(29)

Rodrigo Bivar

Formas marinhas, 2019/2020 óleo sobre tela

200 x 200 cm oil on canvas 78 47/64 x 78 47/64 in

(30)

Rodrigo Torres

Geographic Misinformation System 16, 2015 impressão colorida, papel algodão, lápis 40 x 60 x 3,5 cm

c-print, cotton paper, pencil 15 3/4 x 23 5/8 x 1 3/8 in

(31)

Romy Pocztaruk Red Sand (I), 2013

fotografia digital impressa em papel algodão 100 x 85 cm

digital photograph printed on cotton paper 39 3/8 x 33 15/32 in

(32)

Sergio Lucena

A transparência púrpura da distância, 2019 óleo sobre tela

200 x 150 cm oil on canvas 59 1/16 x 78 47/64 in

(33)

Yasmin Guimarães Sem Título, 2019 óleo sobre linho 100 x 145 cm oil on linen 39 3/8 x 57 3/32 in

(34)

“Por que deixam um menino

que é do mato

Amar tanto o mar?”

Manoel de Barros

“Why did they let a boy from

the hinterland

Love the sea so much”

(35)

Yasmin Guimarães Sem Título, 2020 óleo sobre linho 30 x 24 cm oil on linen 11 13/1 x 9 29/64 in

(36)

Curitiba

al. carlos de carvalho 2173a

80730-200 pr brasil

+55 41 3232-2315

simoesdeassis

.c

om

@simoesdeassis_

São Paulo

rua sarandi 113a

01414-010 sp brasil

+55 11 3063-3394

Referências

Documentos relacionados

Com base nos dados disponíveis, os critérios de classificação não são preenchidos. Toxicidade para órgãos-alvo específicos (STOT) - exposição repetida Perigo

Mais recentemente tem-se o tombamento do Conjunto Arquitetônico e Paisagís- tico da Pampulha (1997), o Sítio de Roberto Burle Marx e o Conjunto Arquitetônico, Urbanístico

Esse trabalho tem como objetivos apresentar a elaboração de uma trilha interpretativa no Parque da Cidade Roberto Burle Marx, município de São José dos Campos

O uso de derivações representando esquemas em conjunto com as referências extraídas da obra de Burle Marx não fez com que os estudantes passassem a projetar como

O objetivo deste trabalho é o desenvolvimento de um modelo matemático que represente o processo de resfriamento de barras de aço (vergalhão) com um sistema de água a alta pressão

Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física - IRPF acompanhada do recibo de entrega à Receita Federal do Brasil e da respectiva notificação de restituição, quando

TORAGESIC ® é contraindicado para uso por pacientes com ulceração péptica (lesão no estômago ou duodeno); sangramento gastrintestinal; sangramento

A partir dessas duas premissas, nota-se que a tríade heterossexualidade / casamento / filiação permanece como a única referência possível para pensar a cultura ou a sociedade, sendo