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A SÍNDROME DE BURNOUT NOS PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS

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Colegiado de Psicologia: Kahelle da Silva Santos – Itabuna/2017

A SÍNDROME DE BURNOUT NOS PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS

Kahelle da Silva Santos1 Karen Setenta Loiola2

RESUMO

A Síndrome de Burnout é um estresse especifico do trabalho, onde o individuo se sente exausto emocionalmente. Um tipo de estresse ocupacional que acomete profissionais envolvidos em qualquer área. Os fatores são multidimensionais sendo influenciados pelo âmbito do trabalho e por elementos individuais. Os profissionais da educação são os mais acometidos por essa síndrome. Com o avanço da globalização o trabalho do docente foi se modificando e ganhando cada vez mais uma sobrecarga de trabalho o que acabou por interferir no convívio social e no lazer. Com isso pressupõe que o trabalho do professor tem características que o leva a motivos estressores. O objetivo desse artigo é explicar os reflexos e conseqüências dessa síndrome nos professores universitários. A metodologia utilizada foi uma revisão bibliográfica que apresentam achados teóricos que contribui para a construção desse artigo.

Palavras Chave: Síndrome. Burnout. Docente.

1. INTRODUÇÃO

A síndrome de Burnout é uma das principais doenças relacionadas ao trabalho. Nada mais é que um estresse laboral prolongado e crônico, onde o sujeito se sente esgotado, desmotivado, exausto e sem energia. Os profissionais que apresentam

1 Discente do 9º período do curso de Psicologia.

2 Psicóloga; Mestranda no programa de Mestrado de Excelência em Ciências da Saúde pela FACOP; Especialista

em Gestão de Pessoas pela Universidade Candido Mendes (2014), Especialista em Terapia Comportamental Cognitiva pelo IPCS-Instituto de Psicologia e Controle do Stress (2010), Psicomotricista pela Associação Brasileira de Psicomotricidade (2015) e Brinquedista pela Associação Brasileira de Brinquedotecas (2015).

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um contato direto com outras pessoas no trabalho são os mais vulneráveis. Entre as profissões, a de lecionar tem sido uma das mais atingidas por estasíndrome.

A atividade do professor universitário vem mudando com a evolução das organizações e fazer parte do novo enquadramento social requer que o docente tenha o domínio de grandes habilidades profissionais, estando atualizados nesse novo universo em todos os pontos que o cerca. Nesse enquadramento os professores passam a ser vistos como fundamentais nos estabelecimentos de ensino, onde ao alastrar os seus conhecimentos, aumenta a sua carga de trabalho. Com o progresso da vida moderna o docente se depara em exercer várias funções que exige do mesmo uma boa estabilidade emocional para suportar todas as cargas de trabalho. O esgotamento físico e mental que os professores tem em seu trabalho é de extrema relevância na determinação de transtornos relacionados ao estresse ocupacional causando vários danos a saúde. Com isso supõe-se que o trabalho do docente tem características que o leva a motivos estressores.

Os fatores são multidimensionais, sendo influenciados pelo ambiente e por elementos individuais, alguns motivos são o excesso de serviço, acúmulo de empregos, a falta de equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Fatores da vida moderna que levam ao estresse, interferindo nos projetos profissionais. Além dos sintomas psicológicos em alguns casos podem ocorrer sintomas psicossomáticos como: enxaqueca, sudorese, palpitações, pressão alta, dores musculares, insônia, entre outros.

É de extrema importância salientar que o serviço do professor universitário solicita um olhar mais cuidadoso. É fundamental ter estratégias na prevenção da qualidade de vida do profissional e consequentemente melhora a qualidade do ensino. Cuidar do professor é investir em uma educação mais humana, passando a compreender como um trabalho coletivo e não individual. Estudos apontam que o docente contente com seu meio de trabalho se torna mais competente para demonstrar seus saberes em sala de aula. Justifica-se a relevância desta pesquisa para compreender quais as consequências da síndrome de Burnout em professores universitários descrevendo os eventos estressores que podem causar a síndrome de Burnout em professores do ensino superior.

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2. CONCEITUANDO A SÍNDROME DE BURNOUT

Com as grandes transformações ocorridas na globalização e na tecnologia ao longo dos anos, o ser humano sofreu bastante os impactos dessa reestruturação. Não importa qual seja a profissão, todas acarretam um acentuado grau de estresse. O estresse é um fator bastante comum do atual ambiente competitivo.

Dentro desse contexto surgi uma das Síndromes que mais acarretam os profissionais de áreas da educação, da saúde, recursos humanos, entre outras no ambiente organizacional. A Síndrome de Burnout é uma conseqüência da sociedade acelerada atual. Um estresse crônico causado pelas condições desgastantes de trabalho. Atinge profissionais que trabalham intensamente com outras pessoas e são influenciadas e influenciam diretamente a vida delas.

Nos anos 70 Freudenberger, um médico americano descreveu a síndrome de Burnout como um distúrbio psíquico, registrado no grupo V da CID - 10 (classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde). Na década de 80, as investigações sobre síndrome de Burnout se deram nos Estados Unidos e posteriormente, o conceito começou a ser investigado no Canadá, Inglaterra, França, Alemanha, Israel, Itália, Espanha, Suécia e Polônia. Em cada país, se adotou e se aplicou o instrumento criado nos Estados Unidos, especificamente o instrumento criado por Maslach Burnout Inventory, de Maslach e Jackson. (MASLACH et al., 1993).

O psiquiatra publicou um artigo onde ele observou os voluntários de uma igreja que tinha um trabalho voltado para o social e tinham sintomas semelhantes com o da depressão. Todos manifestavam os mesmos sintomas como o esgotamento mental e logo depois uma fadiga.

Foi observado também o tratamento com que eles davam a outras pessoas no começo interpretado como desumanização onde a principio transmitia muito amor pelo que fazia e pelas pessoas a sua volta, depois não sentia mais prazer no que era feito se tornando cínico e negativo. Com isso foi diminuindo a produtividade onde a pessoa passava a não sentir prazer em suas atividades e seus resultados.

No Brasil existem leis que amparam o trabalhador. A portaria nº. 1339 \ GM de 18 de novembro de 1999 traz, no item XII da tabela de Transtornos Mentais do

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Comportamento relacionados com o trabalho (Grupo V da classificação Internacional das Doenças - CID - 10), o termo “Sensação de Estar Acabado” e “Síndrome de Burnout” e “Síndrome do esgotamento Profissional”, que CID – 10, recebe o código Z73.

A síndrome de Burnout é um estresse específico, psicoemocional e físico em atividades intensas em situações de circunstâncias de trabalho direto com outras pessoas, uma exaustão emocional onde o indivíduo começa a perder a energia, um estado prolongado de estresse. Burnout é um tipo de estresse ocupacional que acomete profissionais envolvidos com qualquer tipo de cuidado em relação de atenção direta, contínua e altamente emocional (MASLACH e JACKSON, 1981; VANDERBERGHE e HUBERMAN, 1999; MASLACH e LEITER 1999).

A Síndrome de Burnot é um fenômeno psicossocial que influenciará diretamente na vida do individuo, tanto no seu ambiente de trabalho, quanto na sua vida pessoal. Além de envolver a todos que rodeiam a vida dessa pessoa, como os familiares e amigos.

As pessoas mais sujeitas a Síndrome de Burnout são aquelas mais ativas e mais ansiosas. Pessoas que estão sempre muito envolvidas intensamente em tudo que faz na vida profissional. Em alguns casos os sintomas são confundidos com depressão ou com estresse comum, mas quando o problema se agrava e são feitas buscas para entender o que se passa com essa pessoa é detectado que ela pode estar sofrendo com essa Síndrome.

No estresse comum existe um esgotamento porém é um esgotamento pessoal consigo mesmo, já no estresse em Burnout a pessoa se sente esgotada e desmotivada a realizar atividades que anteriormente realizavam no ambiente de trabalho.

3. CARACTERÍSTICAS DA SÍNDROME DE BURNOUT

Há diversas características a serem analisadas dentro da Síndrome de Burnout, mas inicialmente é importante que exista um diagnostico detalhado sobre a mesma para que se faça uma distinção de outras patologias já que existem alguns sintomas em comum como é o caso com a Depressão ou do estresse comum.

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O esgotamento do profissional é percebido de diversas formas em pessoas que são acometidas por essa síndrome. São observados tanto sintomas físicos como também sintomas psicológicos.

De acordo com Silva e Carlotto (2003, p.146)

A síndrome de Burnout constitui de três dimensões conceitualmente distintas, mas empiricamente relacionadas à exaustão emocional, despersonalização e a falta de realização profissional.

A exaustão emocional é quando o profissional se sente completamente sem energia, desmotivado para fazer o que fazia antes. Na despersonalização ele passa a se tornar frio com seus colegas de trabalho e com as pessoas que usufrui do serviço se tornando cínico e negativo. Já a realização profissional é onde muitas vezes ele pensa em desistir de sua carreira, passando a não estar satisfeitos com suas atividades, achando que seu papel no trabalho é inútil e deixa de atingir suas metas.

O sujeito sente que seu papel no trabalho se torna inútil, sentindo-se exausto emocionalmente, sem energia e entusiasmo, insensibilidade emocional, auto avaliação profissional negativa, perdendo sua atenção e foco. Não consegue se enxergar fazendo o que fazia antes, se tornando inerte, incapacitado, deixando de atingir suas metas no trabalho, passando a se sentir descontentes consigo mesmo.

Além da parte emocional, podem ocorrer sintomas psicossomáticos como: enxaqueca, sudorese, palpitações, pressão alta, dores musculares, insônia, crise de asma, problemas gastrointestinais, disfunções sexuais, alterações menstruais em mulheres, ressaltando que os sintomas dependem das peculiaridades do indivíduo.

De acordo com Nunes,

“Burnout envolve atitudes e condutas negativas com relação aos usuários, clientes, organização e o trabalho, é assim uma experiência subjetiva, envolvendo atitudes e sentimentos que vêm acarretar problemas de ordem prática e emocional ao trabalhador e a organização” (2008, p.26).

O indivíduo com Síndrome de Burnout apresenta uma baixa auto-estima, uma desmotivação para realizar atividades que anteriormente tinha o prazer de serem feitas. Muitos acabam por abandonar suas atividades laborais, por conta dessa

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desmotivação. É importante que esse indivíduo compreenda que sem tratamento adequado não importa onde esteja à síndrome estará o acompanhando.

O individuo que não apresenta essa síndrome quando chega ao final do dia com todas as suas tarefas realizadas, consegue descansar perfeitamente e com alegria, pois tudo que ele planejou, conseguiu ser feito.

Já o individuo com Burnout, mesmo realizando todas as suas atividades, chega ao fim do dia e não consegue sentir a mesma satisfação. Pois o esgotamento de energia é sentido pelo mesmo. Característica bem comum de pessoas que são acometidas pela Síndrome de Burnout.

A pessoa com a síndrome de burnout não necessariamente deva vir a denotar todos esses sintomas. O grau, tipo e o número de manifestações apresentados dependerá da configuração de fatores individuais (como predisposição genética, experiências socioeducacionais), fatores ambientais (locais de trabalho ou cidades com maior incidência de poluição, por exemplo) e a etapa em que a pessoa se encontra no processo de desenvolvimento da síndrome. (BENEVIDES-PEREIRA, 2002 p.44).

Com a evolução das organizações a síndrome de Burnout vem ganhando força pelo grande processo de produtividade, criando um acúmulo de tarefas e contribuindo com o adoecimento do trabalhador. Gerando uma fonte de insatisfação e colocando os profissionais em situações cada vez mais estressantes no meio laboral, que começam a encarar o ambiente de trabalho como uma ameaça, atingindo dessa forma não somente a vida profissional como também a pessoal.

Os fatores são multidimensionais, sendo influenciado pelo ambiente de trabalho e por elementos individuais. Dentre os motivos pode-se exemplificar: o excesso de trabalho, o acúmulo de empregos, a falta de equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Fatores da vida moderna que levam ao estresse severo, interferindo nos projetos profissionais.

Segundo Assis e Pacheco (2017, p.39):

“O trabalho, historicamente, é determinante para a construção do sujeito como ser social, é por meio desse que o sujeito projeta suas realizações, é de fonte de renda de sobrevivência e deve estar atrelado a fonte de prazer, quando não se torna fonte de sofrimento”.

Para evitar o adoecimento do empregado é de fundamental importância que esse trabalhador seja ouvido e tenha uma boa qualidade de vida no seu trabalho, como direitos básicos a condição humana. O trabalho auxilia na criação da

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subjetividade do sujeito e na integração social. Sabe-se que é dentro do ambiente de trabalho onde os indivíduos passam a maior parte do seu dia.

A síndrome acomete mais mulheres, o que é um fato que tem bastante relevância. Pois a mulher além do trabalho profissional também tem o trabalho do lar que consome bastante na sua energia.

4. ATUAÇÃO DOS PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS

O professor tem um papel significativo e que contribui para o desenvolvimento da sociedade. O seu papel é auxiliar o indivíduo para que se torne um profissional qualificado para o mercado de trabalho. Ser professor universitário não é apenas ser pesquisador e conhecer os objetivos específicos, deve também ser capaz de dominar a técnica de ensinar, favorecendo aos alunos uma formação de criticidades e iniciativas para que possam conduzir suas próprias vidas.

O professor dentro das universidades tem o dever de estimular os alunos para que eles sintam prazer em aprender e se sintam estimulados na busca da concretização dos seus sonhos.

Segundo Cruz et al. (2010, p.149):

“A atividade docente foi modificando-se, ao longo da história, para atender as necessidades da sociedade em cada fase. Assim, professores de todas as partes do mundo tiveram que se adaptar às características evolutivas dos processos de trabalho, ainda que, na maioria das vezes, tal quadro não tenha sido acompanhado pelas melhorias das condições objetivas no exercício profissional”.

O trabalho do docente com o avanço da globalização foi se modificando e ganhando cada vez mais uma sobrecarga de trabalho. Além de lecionar os docentes instruem os alunos, fazem trabalhos administrativos, planejam aulas, participam de reuniões e tem que estar sempre se atualizando e em busca de capacitações para acompanhar as mudanças ao seu redor. Dessa forma acabam tendo uma falta de tempo para o convívio social e lazer.

A maioria dos professores espera mais do seu emprego do que salário. Todos querem executar um trabalho que tenha sentido – sentir, no final do dia, que o que fez contribuiu para um importante propósito. Para a vítima de burnout, trabalhar torna-se sem sentido e o entusiasmo é substituído pelo cinismo (“para que ligar? Não estou nem aí!”), especialmente em pessoas que antes eram muito dedicadas e entusiasmadas com o seu trabalho. (REINHOLD, 2007, p 70.).

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Muitos docentes exercem mais de um tipo de trabalho além de lecionar. Existem aqueles que se desdobram em outros locais como: atuar em escritórios, clínicas, hospitais. Tudo como forma de complementar a sua renda financeira. Com tantas tarefas a serem cumpridas acabam por gera um estresse severo que faz com que o professor fique cada vez mais sujeito a ter a síndrome. Vale ressaltar que Burnout é um estresse crônico caracterizado por um intenso sentimento de exaustão e frustração que surge no ambiente de trabalho.

Ainda de acordo com Cruz et al, ensinar é uma atividade altamente estressante que repercute no desempenho profissional do docente e na sua saúde física e mental. (2010, p.150)

Educar é complexo e exige do profissional muita dedicação. O desempenho do docente vai depender das suas condições emocionais e alguns fatores que podem potencializar o estresse, alguns correlacionados ao ambiente social e outros da organização, seu desempenho vai depender das suas condições emocionais.

De acordo com Harden (1999, p.245):

“Afirmações alarmantes têm sido publicadas na literatura da educação sobre a crescente permanência do stress e Burnout em professores e os efeitos adversos que isto causa no ambiente de aprendizagem e na realização dos objetivos educacionais. Uma maneira que os professores reagem à pressão que recai sobre eles é a síndrome chamada ‘Burnout’’. O indivíduo se sente esgotado o que acaba afetando negativamente o trabalho passando a estar desmotivado e desanimado. Prejuízos relacionados ao planejamento de aula, baixa tolerância, acabam por gerar uma perda no entusiasmo e na criatividade, o que fazem muitos a pensarem e a cogitar a ideia de desistir da profissão.

Carlotto e Câmara (2007, p.102) relatam que:

“No caso de sua ocorrência em professores, esse fenômeno afeta o ambiente educacional e interfere na obtenção dos objetivos pedagógicos, levando os professores a um processo de alienação, cinismo, apatia, problemas de saúde e intenção de abandonar a profissão.”

Com isso pressupõe que o trabalho do professor tem características que o leva a motivos estressores, é de grande importância entender os fatores laborais e psicossociológicos que podem ser relativos ao adoecimento. Ao mesmo tempo é um trabalho recompensador, ao ver que os alunos conseguem terminar seus cursos e

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se tornarem bons profissionais, tudo isso graças a sua ajuda, é gratificante para o profissional.

Por ser um trabalho desgastante em certa medida, cabe a instituição se preocupar com a saúde e a qualidade de vida do docente para isso é importante que as instituições: foquem na prevenção e tratamento dos sintomas, evitem o exagero de hora extra, disponibilize possibilidades de trabalhos atrativos e gratificantes, invista em projetos voltados ao bem estar do docente. Usando medidas preventivas com isso irá melhorar a qualidade do ensino porque cuidar do professor é investir em uma educação melhor, passando a compreender como um trabalho coletivo e não individual.

Muitos professores acabam abandonando a profissão pois não conseguem lidar com os estresses ocasionados pela profissão. Os amigos, colegas de profissão e a família são os primeiros que começam a perceber uma mudança no comportamento dos profissionais acometidos pela Síndrome.

A maior parte dos profissionais que lecionam fica contando o tempo e os dias para que as férias cheguem ou que venham os feriados para se “livrarem” da sala de aula, dos alunos, do trabalho. Sem contar que muitos já ficam com o desejo de que venha logo a sua aposentadoria e se livrem de vez do seu trabalho por definitivo. Ainda existem aqueles profissionais que aprendem a lidar com a síndrome e buscam estratégias para contornar e conseguir conviver com ela.

O indivíduo com Burnout começa a perceber os alunos como problemas. E a partir disso começa a tratá-los com indiferença. Fazendo com que o problema agrave-se. A falta de reconhecimento por parte das pessoas que cercam esses profissionais (família, colegas, diretores, alunos) causa uma piora no quadro dessa síndrome. O que ocasiona uma queda no rendimento desse profissional, uma desmotivação para preparar as aulas, uma baixa na sua criatividade e consequentemente os que serão afetados diretamente serão os alunos em sala de aula.

5. SITUAÇÕES DESENCADEADORAS DO ESTRESSE OCUPACIONAL

A categoria professor universitário encara situações desencadeadoras do estresse constantemente principalmente na sua vida profissional trazendo insatisfação e desgaste emocional no âmbito trabalho. Com isso compreende-se a

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relação entre aspectos psicológicos e sociais e com isso reconhecer que essas fases e dimensões, poderão precaver a síndrome de Burnout.

Segundo CRUZ et al., (2010, p.155):

“O desgaste físico e emocional que os professores estão submetidos em seu ambiente de trabalho e na execução de suas tarefas é bastante significativo na determinação de transtornos relacionados ao estresse, como é o caso das depressões, transtornos de ansiedade, fobias, distúrbios psicossomáticos e a síndrome de Burnout. “.

O estresse ocupacional e a Síndrome de Burnout representam comportamentos que ocasionam sérios danos na saúde psicológica, física, no âmbito da organização e no comprometimento da produtividade no trabalho, esse estresse irá surgir quando o a demanda for maior que a habilidade do sujeito.

Existem três fases do estresse que devem ser analisadas são elas: 1) de alarme - quando o indivíduo confronta com o estressor;

2) resistência – a ação do estressor é prolongada;

3) esgotamento – nesta fase costuma aparecer as doenças psicossomáticas como: dores de cabeça, agressividade, perda de sono, instabilidade emocional, perda de energia, fobias, baixa auto- estima, dificuldade em se alimentar, entre outros.

De acordo como Lipp (1991, p.36):

“O stress pode originar-se de causas externas ou internas: As externas são aquelas representadas pelo que nos acontece na vida ou pelas pessoas com as quais lidamos, isto é, trabalho em excesso ou desagradável, família em desarmonia, acidentes etc. As causas internas são aquelas que referem a como pensamos, às crenças e aos valores que temos e como interpretamos o mundo ao nosso redor.”

Os fatores que são ou não estressores irá depender da avaliação cognitiva de cada pessoa. De acordo com alguns estudos as causas externas desencadeadoras do estresse são: a sobre carga de trabalho, orientar e criar projetos, prazos a cumprir, ocorrências ligadas a vida pessoal, divergências com colegas de trabalho, aprendizagem constante, falta de tempo, ausência de assistência da administração, trabalho com alunos, falta de reconhecimento profissional, alunos difíceis de lhe dar, desgaste.

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Wisniewski & Gargiulo (apud Carlotto & Gobbi, 1999, p.109), relatam que:

“Geralmente níveis elevados de Burnout fazem com que os indivíduos fiquem contando as horas para o dia de trabalho terminar, pensam freqüentemente nas próximas férias e se utilizam de inúmeros atestados médicos para aliviar o estresse e tensão proveniente do trabalho”.

Diversos são os fatores desencadeadores de estresse que as pessoas podem encarar nas situações cotidianas. É essencial reconhecer qual a origem do estresse para diminuir os fatores estressantes para entender seu significado e seus procedimentos tentando aumentar a resistência ao estresse, e consequentemente fugir de situações estressoras.

Lipp (2002, p.136) fala da importância dos quatro pilares que são:

“Alimentação antistress, relaxamento, atividade física e, acima de tudo, monitoramento de pensamentos a fim de evitar cognições distorcidas que se constituam em uma fábrica interna de stress”.

A síndrome é formada por vários fundamentos que ao aparecerem causam conseqüências muitas vezes silenciosas tanto na vida pessoal quanto profissional na vida do profissional. Por isso é importante ressaltar que o trabalho do professor de ensino superior requer um olhar mais atencioso, pois a profissão do docente proporciona risco a saúde do mesmo nos seus mais diversos contextos. É de suma importância crias estratégias para amparar na prevenção a integridade mental e física do individuo.

6. INTERVENÇÃO E PREVENÇÃO DA SÍNDROME DE BURNOUT

Quando a empresa tem uma forma rígida e foca apenas nos aspectos econômicos a consequência será uma disfunção entre o trabalhador e o método de trabalho. Esgotando o psicológico do profissional gerando insatisfação, ansiedade, estresse e dando espaço para o adoecimento do mesmo.

Dessa maneira a forma que o trabalho é organizado necessita ser revista criando atitudes que promova o bem-estar do empregado e possam prevenir de possíveis doenças sendo flexível para facilitar esse processo. Os métodos de enfrentamento da síndrome de Burnout irão depender da necessidade de cada individuo.

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O enfrentamento não depende de uma única dimensão, e sim de mudanças que envolvem vários fatores buscando modificar o clima de trabalho, a organização e situação que se realiza a atividade, trazendo intervenções relativas à organização.

A principal ferramenta para o enfrentamento ou prevenção da Síndrome de Burnout é a qualidade de vida desse profissional. É importante que as organizações invistam não apenas em um ambiente físico seguro, mas principalmente em um ambiente que proporcione a esses profissionais um equilíbrio psicológico e profissional.

Algumas atitudes para a intervenção em Burnout pode ser: criar grupos com o intuito de prevenir a síndrome é um fator indispensável para a prevenção, assim todos irão se informar, trocar experiências, tirar dúvidas, falar dos medos, frustrações, angústia e do estresse diário relativos no âmbito de trabalho.

É importante que se lembre a esse profissional o motivo pelo qual fez escolher lecionar. Caso não haja nenhum motivo é importante que se leve em consideração a busca por uma profissão que ele sinta prazer. Além disso, os profissionais devem transformar as crenças negativas em relação à escola e ao trabalho em que realiza em crenças positivas. Pois aquilo que se atrai tem grande influência nas ações. Compreender que não existe perfeição, mas que tudo que for feito com dedicação trará resultados positivos.

Deve se levar em consideração que em alguns casos os profissionais deverão dizer “não” ao acumulo de trabalho e as obrigações desnecessárias impostas por parte da equipe que rege a escola (direção ou colegas). É fundamental que o profissional saiba otimizar o seu tempo e saiba estabelecer prioridades.

Os administradores da organização devem ter um olhar voltado para as condições de trabalho apropriadas, promovendo saúde e bem-estar aos trabalhadores, estabelecendo um ajuste na sobrecarga para que o empregado consiga administrar da melhor forma, buscar uma solução para os conflitos interpessoais, contribuindo para um ambiente de trabalho agradável.

Ainda de acordo com França et al. (2014, p. 3539):

“A solução dessa síndrome é focar suas ações em programas preventivos que normalmente enfatizam três níveis: Programas centrados na resposta do indivíduo, os quais criam no indivíduo condições de ter respostas para as situações negativas ou estressantes; Programas centrados no contexto ocupacional e no indivíduo”.

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O tratamento para a síndrome de Burnout deve ser orientado por um psicólogo junto com psicoterapias, em alguns casos é necessário o acompanhamento do psiquiatra para administração do medicamento, o tratamento junto com a organização que o profissional trabalha é essencial, com isso pode haver uma redução nos motivos que acarretam o estresse.

O terapeuta ajuda o paciente a superar a síndrome proporcionando ao indivíduo uma troca de experiências que ajudam a melhorar o autoconhecimento e a ganhar mais segurança no seu trabalho. Os relacionamentos interpessoais e a família são cruciais no tratamento ofertando carinho, compreensão e apoio. Contribuindo para aliviar as tensões que o trabalhador sofre.

É importante que o profissional busque o sentido real de se estar realizando aquele tipo de trabalho e compreenda se o que ele realiza agrega positivamente não só a sua vida profissional como também a sua vida pessoal. Caso contrario é hora de buscar algo com que realmente ele sinta prazer em estar realizando. O principal responsável pelo controle das emoções é o próprio individuo, o profissional precisa focar nas situações boas para que consiga vencer os obstáculos comuns que toda profissão demanda.

7. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Com a observação desse artigo o procedimento utilizado para construção foi uma pesquisa bibliográfica baseada em artigos publicados com o intuito de entender a importância de um estudo voltado para o trabalho do docente universitário que estão cada vez mais vulneráveis a síndrome de Burnout por conta da sobrecarga de trabalho. A pesquisa bibliográfica proporciona ao observador achados teóricos e materiais que contém conteúdos que contribui na construção da mesma.

8. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observa- se no que foi realizado a respeito dos resultados em síndrome de Burnout em professores universitários uma exaustão emocional, despersonalização e a realização profissional reduzida. Com isso acredita-se que as funções do trabalho docente no momento atual apresentam características que acarretam ao

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estresse ocupacional podendo a ser levado a Burnout por conta da sobrecarga de trabalho. Por esse motivo é de grande importância focar nas consequências que causam na vida do sujeito estudando a cultura da síndrome de Burnout em públicos diferentes, pois mesmo sendo da mesma área de trabalho cada região tem suas peculiaridades tentando evidenciar os pontos principais de cada região.

9. CONCLUSÃO

A Sindrome de Burnout tem acarretado cada vez mais os profissionais de diversas profissões. Muito ainda falta a ser estudado sobre essa síndrome. É preciso que os paradigmas sejam quebrados. E que se perceba esse individuo em sua singularidade, como um ser biopsicossocial, que influencia e é influenciado pelo meio em que vive. É de suma importância que se busque compreender as causas dessa síndrome e bem como ela pode afetar a vida das pessoas acometidas por ela. Conclui- se que a Síndrome de Burnout causa aos professores universitários preocupantes consequências e tem reflexo tanto na sua vida profissional quanto na sua vida pessoal. Em muitos casos até mesmo acaba por impossibilitar a sua atuação enquanto docente. Por isso é importante que se compreenda esse sujeito como um ser biopsicossocial, e cuide desse individuo em toda a sua complexidade, pois isso terá um reflexo positivo para uma educação melhor.

Diante desse contexto exposto é de suma importância medidas de promoção e prevenção executadas com o intuito de diminuir consequências da síndrome de Burnout criando estratégias organizacionais e individuais ajudando o docente a lhe dar não só com o estresse, mas também com os conflitos profissionais possibilitando um ambiente de trabalho agradável onde os trabalhadores podem influenciar nas decisões da organização.

REFERÊNCIAS

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