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URBANISMO

URBANISMO

ECOLÓGICO

ECOLÓGICO

Organizado por Mohsen Mostafavi

Organizado por Mohsen Mostafavi

com Gareth Doherty

com Gareth Doherty

G

G

G

G

Harvard University

Harvard University

Graduate School of Design

(2)
(3)

URBANISMO

URBANISMO

ECOLÓGICO

ECOLÓGICO

Organizado por Mohsen Mostafavi

Organizado por Mohsen Mostafavi

com a colaboração de Gareth Doherty

com a colaboração de Gareth Doherty

GG

GG

®®

(4)

12

12 Por que um urbanismo ecológico?Por que um urbanismo ecológico?

Por que agora?

Por que agora?

Mohsen Mostafavi

Mohsen Mostafavi

PREVER

PREVER

56

56 Avanços Avanços versus versus apocalipseapocalipse

Rem Koolhaas Rem Koolhaas 72 72  Zeekracht  Zeekracht OMA OMA 78

78 Mumbai Mumbai em em minha minha mente:mente:

reflexões sobre sustentabilidade

reflexões sobre sustentabilidade

Homi K. Bhabha

Homi K. Bhabha

84

84 Planeta Planeta urbano: urbano: MumbaiMumbai

Daniel Raven-Ellison e Kye Askins

Daniel Raven-Ellison e Kye Askins

94

94 Notas sobre a terceira ecologiaNotas sobre a terceira ecologia

Sanford Kwinter

Sanford Kwinter

106

106 Desigualdade Desigualdade social social e e mudanças mudanças climáticasclimáticas

Ulrich Beck

Ulrich Beck

110

110 Para Para um um pós-ambientalismo: pós-ambientalismo: sete sete sugestõessugestões

para uma “Nova Carta de Atenas”

para uma “Nova Carta de Atenas”

Andrea Branzi

Andrea Branzi

112

112 A A metrópole metrópole fracafraca

Andrea Branzi

Andrea Branzi

114

114 Obra Obra fraca: fraca: “A “A metrópole metrópole fraca” fraca” de de AndreaAndrea

Branzi e o potencial de projeto do

Branzi e o potencial de projeto do

“urbanismo ecológico”

“urbanismo ecológico”

Charles Waldheim

Charles Waldheim

122

122 De De “sustentar” “sustentar” a a “habilidade”“habilidade”

JDS Architects

JDS Architects

124

124 Quarenta Quarenta anos anos depois:depois:

de volta a uma Terra sublunar

de volta a uma Terra sublunar

Bruno Latour

Bruno Latour

COLABORAR

COLABORAR

130

130 O campo de trabalho da arteO campo de trabalho da arte

Giuliana Bruno

Giuliana Bruno

132

132 Urbanismo ecológico e/como metáforaUrbanismo ecológico e/como metáfora

urbana

urbana

Lawrence Buell

Lawrence Buell

134

134 Preto e branco em cidades verdesPreto e branco em cidades verdes

Lizabeth Cohen

Lizabeth Cohen

136

136 O retorno da naturezaO retorno da natureza

Preston Scott Cohen e Erika Naginski

Preston Scott Cohen e Erika Naginski

138

138 Práticas urbanas ecológicas:Práticas urbanas ecológicas:

 As três

 As três ecologiasecologias de Félix Guattari de Félix Guattari

Verena Andermatt Conley

Verena Andermatt Conley

140

140 Renovar a cidadeRenovar a cidade

Leland D. Cott

Leland D. Cott

142

142  Ambientes urbanos  Ambientes urbanos produtivosprodutivos

Margaret Crawford

Margaret Crawford

SENTIR

SENTIR

146

146  A cidade  A cidade sob a sob a perspectiva do perspectiva do nariznariz

Sissel Tolaas

Sissel Tolaas

151

151 TALKING TALKING NOSE NOSE - - Cidade Cidade do do MéxicoMéxico

Sissel Tolaas

Sissel Tolaas

156

156 Planeta urbano: Cidade do MéxicoPlaneta urbano: Cidade do México

Daniel Raven-Ellison

Daniel Raven-Ellison

164

164 CitySense: uma rede de sensores em escalaCitySense: uma rede de sensores em escala

urbana

urbana

Matt Welsh e Josh Bers

Matt Welsh e Josh Bers

166

166 East loveEast love

Marije Vogelzang

Marije Vogelzang

168

168 Ecologias autoconstruídasEcologias autoconstruídas

Christine Outram, Assaf Biderman e Carlo Ratti

Christine Outram, Assaf Biderman e Carlo Ratti

174

174 Ecologias do verde em BareinEcologias do verde em Barein

Gareth Doherty

Gareth Doherty

184

184 Toque-meToque-me, sou teu, sou teu

Luke Jerram

Luke Jerram

186

186  Mapeando  Mapeando Main Main Street Street 

Jesse Shapins, Kara Oehler, Ann Heppermann e

Jesse Shapins, Kara Oehler, Ann Heppermann e

James Burns

James Burns

Sumário

Sumário

(5)

CURAR

CURAR

190

190 Para uma cura dos recursosPara uma cura dos recursos

Niall Kirkwood

Niall Kirkwood

194

194 O mar e a monção interna: um manifeO mar e a monção interna: um manifesto desto de

Mumbai

Mumbai

Anuradha Mathur e Dilip da Cunha

Anuradha Mathur e Dilip da Cunha

208

208 Ecocidades transcendentais ou segurançaEcocidades transcendentais ou segurança

ecológica urbana?

ecológica urbana?

Mike Hodson e Simon Marvin

Mike Hodson e Simon Marvin

218

218 Paisagens aquíferas em CingapuraPaisagens aquíferas em Cingapura

Herbert Dreiseitl

Herbert Dreiseitl

222

222 Elevar o nível da água em um viveiro deElevar o nível da água em um viveiro de

peixes

peixes

Zhang Huan

Zhang Huan

224

224 Imaginando cidades ecológicasImaginando cidades ecológicas

Mitchell Joachim

Mitchell Joachim

230

230 Retorno à naturezaRetorno à natureza

Sandi Hilal, Alessandro Petti e Eyal Weizman

Sandi Hilal, Alessandro Petti e Eyal Weizman

236

236 Harmonia 57Harmonia 57

Triptyque

Triptyque

238

238 Fundamentos para uma estratégia urbanaFundamentos para uma estratégia urbana

sustentável

sustentável

Michael Van Valkenburgh Associates

Michael Van Valkenburgh Associates

240

240 Center Street PlazaCenter Street Plaza

Hood Design

Hood Design

PRODUZIR

PRODUZIR

244

244 Subestruturas, supraestruturasSubestruturas, supraestruturas

e infraestruturas energéticas

e infraestruturas energéticas

D. Michelle Addington

D. Michelle Addington

252

252 Parque de ondasParque de ondas

Pelamis Wave Power Ltd.

Pelamis Wave Power Ltd.

254

254 CR Land Guanganmen: showroom deCR Land Guanganmen: showroom de

tecnologia verde

tecnologia verde

Vector Architects

Vector Architects

256

256  Às fazendas,  Às fazendas, cidadãos!cidadãos!

Dorothée Imbert

Dorothée Imbert

268

268 Rio Local: guarda-peixes doméstico comRio Local: guarda-peixes doméstico com

horta

horta

Mathieu Lehanneur e Anthony van den Bossche

Mathieu Lehanneur e Anthony van den Bossche

270

270 Soft Cities: cidades flexíveisSoft Cities: cidades flexíveis

KVA MATx KVA MATx 174 174 ZEDfactoryZEDfactory Bill Dunster Bill Dunster 280

280 Ecocidade LogroñoEcocidade Logroño

MVRDV

MVRDV

282

282  A revolução  A revolução do pé do pé grandegrande

Kongjian Yu

Kongjian Yu

292

292 La Tour Vivante, ecotorreLa Tour Vivante, ecotorre

soa architectes

soa architectes

COLABORAR

COLABORAR

296

296 Desafios de gestão na transformaçãoDesafios de gestão na transformação

urbana: organizar para aprender

urbana: organizar para aprender

Amy C. Edmondson

Amy C. Edmondson

298

298 Purificação do ar em cidadesPurificação do ar em cidades

David Edwards

David Edwards

300

300  Justiça social  Justiça social e urbanismo e urbanismo ecológicoecológico

Susan S. Fainstein

Susan S. Fainstein

302

302 Como administrar a cidade ecológicaComo administrar a cidade ecológica

Gerald E. Frug

Gerald E. Frug

304

304 Futuro subterrâneoFuturo subterrâneo

Peter Galison

Peter Galison

306

306 Temperado e limitadoTemperado e limitado

Edward Glaeser

Edward Glaeser

308

308  Arquitetura bioinspirada  Arquitetura bioinspirada adaptáveladaptável

e sustentabilidade

e sustentabilidade

Donald E. Ingber

(6)

INTERAGIR

312 Ecologia urbana e distribuição da natureza nas regiões urbanas

Richard T. T. Forman 324  A agência da ecologia

Chris Reed

330  A infraestrutura da cidade de Nova York

Christoph Niemann

332 Redefinindo infraestrutura

Pierre Bélanger

350 Urbanismo gerado pelo usuário

Rebar

356 Experimentos urbanos ecológicos em espaços públicos

Alexander J. Felson e Linda Pollak

364 Uma visão holística do fenômeno urbano Agência de ecologia urbana de Barcelona

370 O novo sistema de parques de Gwanggyo

Yoonjin Park e Jungyoon Kim (PARKKIM)

372 Uma metodologia para inovação urbana Alfonso Vegara, Mark Dwyer e Aaron Kelley 374 Greenmetropolis

Henri Bava, Erik Behrens, Steven Craig e Alex Wall

MOBILIZAR

380 Mobilidade, infraestrutura e sociedade

Richard Sommer

382 Mobilidade urbana sustentável através de veículos elétricos leves

William J. Mitchell

398 Mobilidade sustentável em ação

Federico Parolotto

402 Sustentar a cidade diante do avanço da marginalidade

Loïc Wacquant

406 Uma teoria geral do urbanismo ecológico

Andrés Duany

412  A ecologia política do urbanismo ecológico

Paul Robbins

416 O modelo SynCity de sistema energético urbano

Niels Schulz, Nilay Shah, David Fisk, James Keirstead, Nouri Samsatli, Aruna Sivakumar, Celine Weber e Ellin Saunders

420 Cidade do petróleo: paisagens petrolíferas e futuros sustentáveis

Michael Watts

425 Os campos de petróleo do delta do Níger

Ed Kashi 428 The Upway

Rafael Viñoly

430 PESQUISA GSD: Seminário Nairóbi

Jacques Herzog e Pierre de Meuron

MEDIR

444 Cinco desafios ecológicos para a cidade contemporânea Stefano Boeri 454 Revolucionar a arquitetura Jeremy Rifkin 456 O projeto Canary Susannah Sayler 458 “Desempenhabilidade”: sistemas de

medição ambientais e planejamento urbano

Susannah Hagan

468  A cultura da natureza

Kathryn Moore

472 Investigando a importância de parâmetros personalizados de modelagem energética: um estudo do Gund Hall

Holly A. Wasilowski e Christoph F. Reinhart 476 Percepção de densidade urbana

(7)

482 a região do estuário de Londres

Sir Terry Farrell

484 Planeta Urbano: Londres

Daniel Raven-Ellison

496 Iniciativas de sustentabilidade em Londres

Camilla Ween

500  Além do LEED: uma avaliação do verde na escala urbana

Thomas Schroepfer

502 Paisagens de especialização

Bill Rankin

504 PESQUISA GSD

Meio milhão de árvores: protótipos de locais e sistemas para cidades sustentáveis

Kristin Frederickson e Gary Hilderbrand 506 SlaveCity: cidade escrava

Atelier Van Lieshout

510 ECOBox: rede ecourbana autogerida atelier d’architecture autogérée

512 Intervenção urbana: praia na Plaza Luna

Ecosistema Urbano

COLABORAR

516 Conforto e pegada de carbono

Alex Krieger

518 Urbanismo ecológico e equidade no domínio da saúde: uma perspectiva ecossocial

Nancy Krieger

520 Natureza, infraestruturas e a condição

urbana

Antoine Picon

522 Sustentabilidade e estilo de vida

Spiro Pollalis

524 O urbanismo ecológico e a paisagem

Martha Schwartz

526  A boa e velha escuridão

John Stilgoe

538 Estudos religiosos e urbanismo ecológico

Donald K. Swearer

530 O urbanismo ecológico e as literaturas da  Ásia Oriental

Karen Thornber

 ADAPTAR

536 Ecologias insurgentes: (re)tomar espaço em paisagismo e urbanismo

Nina-Marie Lister

548 Madeira funcional: projeto computadorizado integral para uma superfície lenhosa

responsiva ao clima

Achim Menges

554 Como reduzir a pegada de carbono de Gotham

Laurie Kerr

560  Adaptabilidade em arquitetura

Hoberman Associates, Ziggy Drozdowski e Shawn Gupta

568 PESQUISA GSD

Mudanças climáticas, água,

desenvolvimento e adaptação: como planejar com a incerteza (Almere, Países Baixos)

Armando Carbonell, Martin Zogran e Dirk Sijmons

INCUBAR

572 Equilíbrios e desafios da prática integrada

Toshiko Mori

578 O luxo da redução: sobre o papel da arquitetura no urbanismo ecológico

(8)

584 Bank of America

Cook+Fox Architects 588 PESQUISA GSD

Um lugar no céu, um lugar no inferno: operações táticas em São Paulo

Christian Werthmann, Fernando de Mello Franco e Byron Stigge

590  In situ: especificidade local em arquitetura

sustentável

Anja Thierfelder e Matthias Schuler 598 Projeto bioclimático

Mario Cucinella

600  Wangzhuang: ecocidade agrícola

Arup

606 Planejamento urbano ecossistêmico, região DISEZ, Senegal

ecoLogicStudio

608 Cidade vegetal: sonhando com a utopia  Verde

Luc Schuiten

610  Verticalismo (o futuro do arranha-céu)

Iñaki Ábalos

616 Protótipos urbanos

Raoul Bunschoten

622 Incubador de mudanças climáticas no estreito de Taiwan

Chora Architecture and Urbanism 629  A CIDADE Ian McHarg 630 GSD: ECOLOGICALURBANISM BLOG DA CONFERÊNCIA

 APÊNDICE

642 Colaboradores 648  Agradecimentos 650 Índice

(9)

PREVER

 A previsão fica em algum lugar entre fazer planos definitivos e não  fazer qualquer plano. Pegar uma bola é uma forma de previsão:  você sabe que ela está vindo, mas não sabe exatamente onde  vai cair – é como se antecipar às diversas possibilidades de sua

chegada. Os textos desta parte deUrbanismo Ecológicopreveem

cidades do presente e do futuro e, como sugere Rem Koolhaas, para olhar para frente temos também que olhar para trás. Homi K. Bhabha nos diz que também é preciso refletir sobre o não construído, sobre o que, por alguma razão, não aconteceu: “É sempre cedo demais, ou tarde demais, para falar das ‘cidades do futuro’”, afirma Bhabha. Bruno Latour discute a exploração do espaço sideral, e em particular o desastre do ônibus espacial Columbia. Ele observa: “Não é apenas que o tempo passou. A maneira como costumava passar também mudou completamente”. Com isso, põe em dúvida nossos

pressupostos sobre a modernidade, deixando-nos com as imagens do lançamento do Columbia e de seus destroços. Vivemos em um mundo onde as certezas do passados são fragmentos; no entanto, há também esperança nessas imagens, quando se pensa na rede de infraestruturas que mantém as partes conectadas.

(10)

 Avançosversus apocalipse

Rem Koolhaas

Zeekracht

OMA

Mumbai em minha mente:

reflexões sobre sustentabilidade

Homi K. Bhabha

Planeta urbano: Mumbai

Daniel Raven-Ellison e Kye Askins

Notas sobre a terceira ecologia

Sanford Kwinter

Desigualdade social e mudanças climáticas

Ulrich Beck

Para um pós-ambientalismo: sete sugestões para uma “Nova Carta de Atenas”e A metrópole fraca

Andrea Branzi

Obra fraca:

“A metrópole fraca” de Andrea Branzi e o potencial de projeto do “urbanismo ecológico”

Charles Waldheim

De “sustentar” a “habilidade”

JDS Architects

Quarenta anos depois: de volta a uma Terra sublunar

(11)

COLABORAR

Por um lado, parece-me tão óbvio que precisamos trabalhar fora das estruturas disciplinares e profissionais; por outro, é mais fácil dizer do que fazer. Esforços colaborativos são, em geral, tolhidos por

divergências terminológicas e de linguagem, sem falar nas diferentes maneiras de pensar e trabalhar. Esta série de textos curtos de

professores de diversos departamentos e faculdades da Harvard University ressalta não apenas as semelhanças nas perspectivas com respeito à ecologia, mas também as diferenças. Giuliana Bruno, por exemplo, discute a relação entre as artes visuais e o urbanismo ecológico e, em particular, o trabalho da artista islandesa Katrin Sigurdardóttir, cuja obra, de acordo com Bruno, demonstra que o urbanismo ecológico é “um produto da vida mental, propelido pelo movimento da energia mental e pelo impulso empático da emoção”.  Verena Andermatt Conley explica As três ecologias de Félix Guattari,

enquanto Leland D. Cott discute o reúso nas cidades – o que

Guattari poderia ter chamado de “transdução”. Lawrence Buell fala do urbanismo ecológico como uma metáfora urbana; Prest on Scott Cohen e Erika Naginski, sobre o lugar da natureza dentro da teoria arquitetônica; enquanto Lizabeth Cohen nos lembra que “um urbanismo sustentável não pode significar cidades verdes para os brancos ricos”. O texto de Margaret Crawford defende um urbanismo mais difuso, integrado com a agricultura e a horticultura, e um

(12)

O campo de trabalho da arte

Giuliana Bruno

Urbanismo ecológico e/como metáfora urbana

Lawrence Buell

Preto e branco nas cidades verdes

Lizabeth Cohen

O retorno da natureza

Preston Scott Cohen e Erika Naginski

Práticas urbanas ecológicas: As três ecologias de Félix Guattari

Verena Andermatt Conley

Renovar a cidade

Leland D. Cott

 Ambientes urbanos produtivos

(13)

SENTIR

Se pretendemos projetar a cidade de maneira mais ecológica, abraçando múltiplas ecologias, então precisamos conhecer melhor a cidade. Ao entender com mais profundidade as ecologias do

ambiente urbano, podemos projetar com elas de forma mais variada e efetiva. Dois tipos de percepção serão discutidos nesta parte. Uma refere-se a como as tecnologias podem ser utilizadas para sentir (e entender) a cidade de um modo mais sutil; a outra refere-se aos cinco sentidos humanos do tato, olfato, audição e paladar, assim como a visão. O trabalho do SENSEable City Lab mostra como dados de telefonia celular podem ser utilizados para entender as discrepâncias nas rotas de pedestres na cidade e, como resultado, planejar melhor sua convergência com os sistemas de transporte público. Vemos aqui como o poder da tecnologia pode

complementar os sentidos humanos. Enquanto isso, Sissel Tolaas desafia os urbanistas a considerar o sentido do olfato no

planejamento de cidades. Com efeito, os cheiros são em geral

menosprezados, mas não seria o caso de associar certas c idades a certos cheiros? E todos nós não temos opiniões sobre odor es de que gostamos ou não? Isso levanta a questão sobre por que

gostamos de certos cheiros e como eles podem eventualmente dar  forma ao espaço. Em seu ensaio “Ecologias do Verde em Barein”,

Gareth Doherty provoca arquitetos e urbanistas a considerar a cor na configuração da cidade, em especial a associação entre verde e ambientalismo. Em alguns climas, o verde não é uma cor fácil de manter. Prestando mais atenção, entendendo e sentindo melhor o contexto, podemos intervir com mais precisão.

(14)

 A cidade sob a perspectiva do nariz

Sissel Tolaas

TALKING NOSE - Cidade do México

Sissel Tolaas

CitySense: uma rede de sensores em escala urbana

Matt Welsh e Josh Bers

Eat love

Marije Vogelzang

Ecologias autoconstruídas

Christine Outram, Assaf Biderman e Carlo Ratti

Ecologias do verde em Barein

Gareth Doherty

Toque-me, sou teu

Luke Jerram

Mapeando Main Street

Jesse Shapins, Kara Oehler, Ann Heppermann e James Burns

(15)

SENTIR

Ecologias do verde em Barein

Gareth Doherty

Como cor, o verde não existe por si mesmo: é uma mistura de azul com amarelo. As cores, no entanto, têm fronteiras subjeti-vas, e o ponto no qual o que consideramos azul se torna verde, ou o verde se torna amarelo, depende em grande parte da cultura e da língua do observador, assim como do contexto. Os antropólo-gos Brent Berlin e Paul Kay escreveram, em 1969, sobre a relati-vidade das cores nas várias culturas; além disso, descobriram que quase sempre há uma palavra para verde, mesmo quando não existe palavra para azul.1

Filósofos também se dedicaram à questão da cor, mas não chegaram a um consenso sobre se um objeto é de fato colorido ou não. Alex Byrne e David Hilbert delineiam quatro posições prin-cipais sobre a cor na filosofia: os eliminativistas dizem que a cor não é parte de um objeto e a veem como uma espécie de ilusão; para os disposicionalistas, “a propriedade verde (por exemplo) é uma disposição para produzir certos estados perceptivos: grosso modo, a disposição de parecer verde”; fisicalistas, como Byrne e Hilbert, encaram o verde como uma propriedade física do objeto; enquanto os primitivistas concordam que objetos têm cores, mas não concordam que a cor é idêntica à propriedade física do obje-to colorido.2

Contudo, verde é mais que uma cor; é vegetação, espaço aber-to, um tipo de construção ou de urbanismo, uma causa ambien-tal, um movimento político, “a última moda”. Cor da fotossíntese e da clorofila, o verde é principalmente visto como revigorante, exuberante e saudável (exceto quando se refere ao tom da pele humana). Apresentadores de TV descansam em “salas verdes” e os aventais dos médicos (nos Estados Unidos) em geral são ver-des – para contrastar com o vermelho do sangue. Como adjetivo, verde pode significar imaturidade ou o frescor da juventude.

As ilhas de Barein são as menores, as mais densas e proporcio-nalmente as mais verdes entre os estados árabes do golfo Pérsi-co. Com dezesseis quilômetros de largura por 48 de comprimen-to, o reino é menor que Londres ou Nova York, quase do mesmo tamanho que Cingapura.

À medida que a cidade-estado se transforma em uma paisa-gem intensamente urbana, voltada para as demandas de uma população crescente e com uma área limitada de terra, os tons de verde de Barein estão mudando e, com eles, as ecologias da socie-dade, política e infraestrutura com as quais o verde está ineren-temente interligado. Os verdes acinzentados dos bosques de tamareiras nativas estão sendo substituídos pelos verdes radiantes dos gramados de canteiros de avenidas, rotatórias, áreas comuns de condomínios residenciais e empreendimentos

(16)

de lazer. Manter áreas verdes em um ambiente tão marcadamen-te urbano não é muito verde do ponto de vista ambiental, consi-derando os recursos em geral necessários para tal. Barein repre-senta um exemplo extremo do impulso de criar áreas urbanas verdes, um impulso que é ao mesmo tempo global e local.

Barein significa literalmente “Dois Mares” em árabe. Um mar, o golfo, separa Barein do Irã a leste e da Arábia Saudita a oeste (à qual é ligada por uma ponte de 32 km). O outro “mar” de água doce brota do aquífero de Damman, que se origina acima da superfície terrestre na Arábia Saudita e corre para o leste sob o mar, perfurando o leito marítimo em torno do arquipélago de Barein, assim como as ilhas, criando assim uma abundância de nascentes.3  Como resultado, Barein ganhou uma importância

regional desproporcional ao tamanho de sua área terrestre, sobretudo graças a essas fontes de água doce que abastecem suas áreas verdes e seu urbanismo.

Embora geralmente considerado um antídoto ao urbano, em ambientes áridos o verde (em forma de áreas cultivadas) indica, em geral, a presença de povoamentos humanos. Os vilarejos que pontuavam as áreas verdes de Barein foram por milênios abaste-cidos pelas fontes de água doce e pelos pomares e hortas que existiam entre e sob os bosques verdes acinzentados de tamarei-ras, até que as pressões do aumento da população e do desenvol-vimento na última parte do século XX perturbaram essa relação. Hoje, Barein usa a maior parte de suas reservas de água para irrigar as áreas agrícolas remanescentes, que produzem apenas 11% dos alimentos do país e menos de 0,05% da renda nacional. Essa agricultura foi o que restou de um tempo em que o país era autossuficiente, com uma população muito menor – Barein cres-ceu de 70 mil habitantes nos anos 1920 para mais de um milhão hoje.

Um sistema complexo de canais de irrigação, os qanats, era alimentado pelas fontes de água doce, e a água era distribuída de acordo com leis consuetudinárias sobre a irrigação que assegu-ravam um acesso justo aos fazendeiros.4 “O lago Adhari mata de

fome os próximos e alimenta os distantes”, diz um provérbio local referindo-se ao sistema de irrigação que, devido à topogra-fia e à gravidade, fornecia água para jardins distantes mas não para os que estavam perto.5 A proximidade das fontes em

rela-ção às áreas verdes foi ainda mais perturbada em razão dos poços artesianos perfurados durante as décadas de 1920 e 1930 (propiciando indiretamente a descoberta de petróleo), que levou a um rápido aumento do verde em Barein – segundo alguns, as áreas verdes quase dobraram entre meados da década de 1930 e início da de 1970.6 Porém, com o tempo isso contribuiu para a

extração excessiva e o subsequente esgotamento e salinação das reservas subterrâneas de água.

As plantações de tâmaras são as áreas verdes mais icônicas e distintivas de Barein, mas estão diminuindo rapidamente. Leis

O verde exuberante dos jardins e pomares contrasta com o branco e o marrom do deserto.

175 Ecologias do verde em Barein

(17)

SENTIR

urbanísticas permitem a construção em apenas 30% das áreas agrícolas (em contraste com todas as áreas não agrícolas); assim, muitos proprietários de terra procuram ter suas terras desclas-sificadas como agrícolas para poderem construir nelas. Se a ter-ra não é mais verde, não é mais consideter-rada agrícola, então o verde deve ficar tão branco como as areias do deserto por meio de uma negligência ativa.

Um incorporador imobiliário me disse que é fácil reconstruir o verde dos bosques de tâmaras – que mesmo que as tamareiras sejam cortadas para construir casas, as áreas verdes podem ser replantadas com árvores e gramados para reproduzir o mesmo efeito. Gostaria que fosse tão fácil. Existe algo muito verde nesses espaços que é uma parte indispensável de seu encanto: a riqueza dos tons, a gama de texturas, a variedade e a intensidade das sombras. O fascínio pelo verde é mais do que simples nostalgia, muito mais do que saudade de uma época passada que não pode mais ser recuperada. Muitos desses espaços, quer estejam sendo cuidados ou abandonados, parecem solenes e imemoriais. Muito de seu valor vem de sua história acumulada por milênios de cul-tivo, assim como dos microclimas que as plantações produzem. A urbanidade daquele verde não pode ser recuperada; pode ser imitada, mas não resgatada.

Ao escrever sobre a vida social das tamareiras de Barein, Fuad Khuri afirma que a cultura das tâmaras nas ilhas era tão elabo-rada como a cultura dos camelos entre os nômades pastorais da Arábia central.7 Existem mais de mil palavras para camelo em

árabe; não tenho certeza de quantas palavras existem para tâma-ras ou para vegetação, mas um fazendeiro de Barein me contou que deu nomes às tamareiras próximas à sua casa, como a seus filhos, e assim elas são tratadas como membros da família. É uma grande honra para um visitante ser servido com tâmaras dessas árvores. Era comum que os fazendeiros plantassem

árvo-Mapa de Barein, 1901-1902, mostrando os bosques de tamareiras na costa norte

> Alguns dos muitos tons de verde de Barein

(18)

res para comemorar o nascimento dos filhos. Atribui-se a Shaikh Isa, um antigo governante, o dito: “A palmeira é nossa mãe, pode-mos viver sob ela”.8

As tamareiras forneciam material de construção para as

barasti, as casas de verão tradicionais. Com efeito, todas as par-tes da árvore tinham um uso: as folhas, o tronco e as tâmaras, cada qual tinha seu papel. Uma dieta de tâmaras supostamente fornece os nutrientes básicos para as necessidades do corpo humano. A estação das tâmaras começa em maio e se estende até outubro ou novembro, dependendo da variedade. As tamareiras formavam apenas uma camada em pomares com diversas frutas, incluindo romãs, bananas, mangas e alfafa, todas protegidas do sol flamejante pelas grandes árvores. As tamareiras têm a capa-cidade de se tornar urbanas, já que penetram em tantos aspectos da vida de Barein, fornecendo alimentos , abrigo, materiais de construção, espaços sociais e status  social, além de terem seu papel nas industrias complementares e na produção agrícola e servirem como mote de poesia e folclore.

Ao mesmo tempo que ofereciam fontes de alimentos e empre-gos, os bosques de tamareiras também eram espaços de recrea-ção para a elite. Ao proteger do sol escaldante, os bosques propi-ciavam espaços agradáveis para encontros sociais, especialmente durante os meses de verão. Possuir áreas verdes em Barein tinha, e ainda tem, significados sociais complexos. Grandes plantações de tâmara pertenciam aos mercadores da cidade, que investiam nelas não pelo que produziam, mas pelo status da propriedade. Trabalhadores eram contratados para tomar conta dos pomares, fornecendo algumas cestas de tâmaras por semana aos proprie-tários. Os comerciantes ricos de Manama, a capital, traziam suas famílias para os bosques de tâmara nas tardes de sexta-feira e convidavam parentes e amigos para juntarem-se a eles até as preces do maghrib  ao pôr do sol. Algumas vezes, distribuíam convites impressos convidando amigos a visitarem a proprieda-de na ausência do mercador.9

É importante salientar que os pomares de tâmaras do passado não eram tão rentáveis como são hoje. Uma grande propriedade perto de Manama, ao lado de Ain Adhari (uma antiga fonte importante que já secou e será substituída em 2008 por uma pis-cina artificial) foi vendida em 1943 por 40 mil rúpias (aproxima-damente 1,2 milhão de dólares), enquanto uma loja no bazar no centro de Manama, naquela época, custava 4 mil rúpias. Essa terra foi então alugada por um valor de 27,5 rúpias por mês, garantindo assim uma renda anual de 330 rúpias, ou aproxima-damente 1% do valor da propriedade. Não foi exatamente um bom investimento financeiro, e, portanto, parece razoável dedu-zir que a compra deve ter sido feita pelo prestígio social que a propriedade iria conferir.10

Enquanto os proprietários dos pomares pertenciam historica-mente a um grupo de elite das famílias dirigentes e de mercadores,

177 Ecologias do verde em Barein

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179 Ecologias do verde em Barein

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SENTIR

os rendeiros que trabalhavam neles pertenciam, em geral, à comunidade xiita Baharna, que vivia nas aldeias vizinhas. O ver-de também é intensamente impregnado na iver-dentidaver-de xiita. Durante as comemorações do martírio do imame Hussein, nos primeiros dez dias do mês do Muharram, o centro de Manama é coberto com bandeiras e estandartes verdes, e as ruas são salpi-cadas com manjericão,mashmoom, já que o verde é considerado

a cor de Hussein e do Islã. Toda quinta-feira à noite é comum ainda levar ramos verdes demashmoom para as sepulturas nos cemitérios xiitas.

Os bareinenses suficientemente velhos para lembrar do mosaico de bosques de tamareiras lamentam sua destruição. É importante, no entanto, não romantizar excessivamente o passa-do e reconhecer que a destruição passa-dos pomares de tâmaras não é um fenômeno recente, embora a escala e o ritmo da destruição tenham certamente acelerado. Curtis Larsen, em Life and Land Use on the Bahrain Islands: The Geoarchaeology of an Ancient Society , cita E.L. Durand, o residente político britânico em

Bushi-re, que fez a seguinte observação quando visitou Barein em 1879: “Predominante entre as árvores está naturalmente a tamareira, e alguns dos pomares de tâmara são exuberantes. Muitos, no entanto, estão sendo destruídos, resultado de um mau governo, e em alguns lugares que eram antigamente pomares viridentes, não sobrou nem uma árvore”.11

No passado, os bosques de tâmaras eram pontuados com aldeias onde  viviam fazendeiros e pescadores – observe as águas verdes rasas do mar. Agora, casas de praia

substituem os bosques com outros  verdes menos variados.

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Embora as aldeias fossem entrelaçadas com áreas verdes, o centro de Manama nunca foi muito verde. Andando hoje pelo

souq, não se encontra muito verde afora uma ou outra árvore ou um matinho rebentando nas frestas da calçada. Existem muitas persianas verdes e algumas portas verdes, talvez como compen-sação parcial à falta de áreas ajardinadas na cidade. Foi no perí-odo da urbanização do início dos anos 1970, logo após a indepen-dência completa da Inglaterra, que o verde e a cidade realmente começaram a se harmonizar em Barein. Nelida Fuccaro liga isso à crise do petróleo desencadeada pela guerra árabe-israelita de 1973.12 Foi durante esse período, quando a área rural verde, com

suas aldeias, e a cidade branca e cinza se tornaram subsequente-mente uma só no imaginário popular, que as pessoas da cidade pararam de ir passear nos pomares nos fins de semana. O jardim não era mais “o outro”; ao contrário, tornou-se “corrompido” e considerado parte da cidade. O verdor especial dos pomares foi prejudicado pelo desenvolvimento imobiliário dos últimos trinta anos. O território limitado de Barein torna a demanda por terra e a continuidade dos usos passados do verde insustentável. Ao mesmo tempo, as extensas infraestruturas de distribuição de água e esgoto tratado hoje oferecem a possibilidade de mais ver-de para a maior parte ver-de Barein.

Novos condomínios residenciais verdes em Barein, com nomes como Green Oasis, são compensações parciais pelos bosques de

181 Ecologias do verde em Barein

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SENTIR

tamareiras perdidos. Ao lado das tamareiras das rotatórias, dos canteiros centrais e dos canteiros centrais de avenidas VIP (ave-nidas concebidas para ter uma área verde “extraverdejante”, mas também com considerações de segurança), eles representam o verde da Barein contemporânea. Tais espaços residenciais e de infraestrutura de transporte são importantes porque são o verde que a maioria das pessoas encontra na vida cotidiana. Os cantei-ros laterais verdes bordeando as avenidas não apontam tanto para o passado – embora as tamareiras simbolizem outros tem-pos –, mas dizem mais sobre o presente de Barein, seu lugar no mundo e suas aspirações para o futuro. Anúncios típicos de novos empreendimentos imobiliários, geralmente emoutdoors à

beira das estradas, mostram a maior parte da imagem como ver-de, em vez de apresentar as construções que estão anunciando.

Aos fins de semana e à noite, não é raro ver estrangeiros fazen-do piquenique nos canteiros laterais das avenidas, a despeito fazen-do trânsito. (Dizem que os bareinenses nunca fariam isso.) As pal-meiras que margeiam as vias, embora em geral de espécies e tons de verde diferentes das plantações tradicionais, ainda mantêm um pouco de seu valor social e agrícola. As tamareiras no Bahrain Financial Harbour, construído na área recuperada do antigo porto no centro de Manama, são polinizadas na primavera, e as tâmaras são colhidas no outono por trabalhadores imigrantes de baixa renda, para consumo pessoal.

Os pomares de tâmaras e as rotatórias e canteiros de avenidas têm valores sociais similares. As áreas verdes à beira das aveni-das podem ser vistas como os bosques de tamareiras de hoje. Ambos têm certo tipo de produção, embora as qualidades produ-tivas sejam obviamente diferentes: os pomares são agrícolas, enquanto as áreas verdes à beira das estradas indicam outra produtividade econômica, o resultado do desenvolvimento imo-biliário, uma paisagem de transformação. A abundância de rota-tórias verdes e de canteiros centrais ajardinados com petúnias das cores nacionais (vermelho e branco) celebram o poder e a benevolência do Estado. Como pode ser visto em muitos outdo-ors de beira de estrada com retratos do rei, do primeiro ministro

e do príncipe herdeiro invariavelmente colocados ao lado de áre-as naturais, os governantes se mostram felizes de serem áre- associa-dos ao verde.

“Juntos, vamos tornar Barein verde”, exortavam os organizado-res da exposição internacional de jardinagem Riffa Views Bahrain 2008, que também patrocinaram um concurso de paisa-gismo entre as escolas locais chamado “The Riffa Views Eden Challenge”. A exposição internacional, que acontece por três dias todos os anos, é uma das três organizações em Barein sob o patrocínio direto do rei, Hamad bin Isa Al-Khalifa. O verde man-tém sua posição como catalisador social, com o Clube de Jardi-nagem refletindo um interesse crescente em coisas verdes e belas e, por associação, régias.

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O poder transformativo de verdejar o deserto é extraordinário. Converter o que era árido em algo verdejante é provar que os sonhos podem se tornar realidade, que dá para conquistar o impossível, que o paraíso pode ser construído na terra. Ao escre-ver The Social Life of Trees, Maurice Bloch, invocando Claude Lévi-Strauss, mantém que para ser efetiva, uma transformação precisa ter certa importância.13 Por exemplo, transformar

deser-to árido em cascalho ou concredeser-to não é uma transformação tão potente quanto tornar o deserto verde. A presença do deserto, no entanto, não é facilmente esquecida.

Este texto foi adaptado da minha pesquisa de doutorado na Graduate School of Design de Harvard University.

1 Berlin, Brent e Kay, Paul. Basic Co lor Terms: Their Universality and Evolution.

Berkeley, University of California Press, 1969, pp. 2-4.

2 Byrne, Alex e Hilbert, David. Readings on Color: The Philosophy of Color , v. 1

Cambridge, MIT Press, pp. xi-xxv, 1997 3 As nascentes que brotam no fundo do mar provocam uma coloração particular em suas águas verdes, assim como um lustre particular nas pérolas, um elemento importante da economia de Barein até os anos 1930.

4 Veja Serjeant, R.B. “Customary Irrigation Law among the Baharnah of Bahrain”. In Al--Khalifa, Shaikh Abdullah bin Khalid e Rice, Michael (orgs.). Bahrain Throug h the Ages: The History . Londres e Nova York, Keegan

Paul International, 1993, pp. 471-496. 5 Ali Akbar Bushehri, apresentação reali-zada em 21/04/2008. Veja também Fuc-caro, Nelida. Histo ries of City and State in the Persian Gulf.Cambridge, Cambridge

University Press, 2009, p. 23. Como Fuc-caro sugere, o provérbio também se refere cinicamente à apropriação dos recursos de Barein pelos estrangeiros.

6 Veja Hamouche, Mustapha Ben. “Land--Use Change and its Impact on Urban Planning in Bahrain: A GIS Approach”. Conferência “Proceedings of the Middle East Spatial Technology”, Barein, dez. 2007. Acessado em 26/06/2009: <www. gisdevelopment.net/proceedings/mest/200 7/RemoteSensingApplicationsLanduse.htm> 7 Khuri, Fuad.Tribe and State in Bahrain: The Transformation of Social and Political  Autho rity in an Arab St ate.Chicago,

Uni-versity of Chicago Press, 1980, p. 39. 8 Khunji, Fareeda Mohammed Saleh.The Story of the Palm Tree.Barein, 2003, p. 45.

9 Ali Akbar Bushehri, comunicação pes-soal, 25/04/2008.

10 Dos arquivos de Ali Akbar Bushehri. 11 Larsen, Curtis. Life and Land Use o n the Bahrain Islan ds: The Geoarchaeology of an Ancient Society . Chicago, University

of Chicago Press, 1983, p. 22.

12 Fuccaro. Histo ries o f City an d State in the Persi an Gul f , p. 229.

13 Bloch, Maurice. “Why Trees, Too, Are Good to Think With: Towards an Anthropo-logy of the Meaning of Life”. In L aura Rival (org.).The Social  Life of Trees. Nova York,

Berg Publishers, 1998, pp. 39-40. Bloch cita o exemplo da transformação do vinho em sangue na missa católica; a transfor-mação não seria tão intensa se fosse de vinho em whisky.

183 Ecologias do verde em Barein

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CURAR

Curar em escala urbana implica um envolvimento ativo e simultâneo entre o projeto e a gestão das várias ecologias locais: ambientais, sociais e políticas. Tome a seleção de projetos urbanísticos de Herbert Dreiseitl, que colocam a água no centro da intervenção. Combinando estratégias tradicionais de gestão da água com seu uso urbano para recreação e programas ecológicos, Dreiseitl

desenvolveu um plano inovador para recuperar os recursos hídricos de Cingapura, transformando águas residuais em recursos. De  forma similar, Anuradha Mathur e Dilip da Cunha questionam se o

reconhecimento da monção anual como um benefício, em vez de uma inconveniência ou um problema público, resultaria em uma  forma urbana radicalmente diferente em Mumbai. O trabalho de Mitchell Joachim e seus colaboradores sugere maneiras de unir gestão e projeto. De acordo com Joachim, “alinhamo-nos àqueles que estão propondo um novo sentido para a cidade, que privilegiam o jogo da natureza sobre os caprichos antropocêntricos [...] Essas iterações de projeto funcionam porque ativaram a ecologia tanto como um símbolo produtivo quanto como um artefato que evolui”. Curar se relaciona com incubar. Como Raoul Bunschoten nos conta bem mais adiante no livro, temos que ser curadores e artistas e tratar o planejamento urbano como uma forma de arte, “criando novas realidades, dando forma a novas visões de futuro com as quais as pessoas possam se envolver com seus corações e suas almas”. Curar se torna um dispositivo criativo não apenas para fazer e administrar, mas também para projetar.

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Para uma cura dos recursos

Niall Kirkwood

O mar e a monção interna: um manifesto de Mumbai

Anuradha Mathur e Dilip da Cunha

Ecocidades transcendentais ou segurança ecológica urbana?

Mike Hodson e Simon Marvin

Paisagens aquíferas em Cingapura

Herbert Dreiseitl

Elevar o nível da água em um viveiro de peixes

Zhang Huan

Imaginando cidades ecológicas

Mitchell Joachim

Retorno à natureza

Sandi Hilal, Alessandro Petti e Eyal Weizman

Harmonia 57

Triptyque

Fundamentos para uma estratégia urbana sustentável

Michael Van Valkenburgh Associates

Center Street Plaza

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PRODUZIR

Cidades consomem recursos. Mas seriam capazes de produzir mais do que consomem, provendo energia e alimento em

abundância, assim como riqueza e bem-estar? Um fato basta nte citado, por exemplo, é que mais da metade da população mundial  vive hoje em cidades; contudo, mais de três quartos da energia do

mundo é usada pelas cidades. Se as cidades quiserem se tornar mais produtivas, então é imperativo ir além da ideia de que a

produção de energia, e suas indústrias conexas, só pode acontecer afastada dos centros. Os jardins verticais da Vector Architects são provocações para nos forçar a questionar se a produção de

alimentos pode vir a ser integrada à cidade. Indo além, o trabalho de Sheila Kennedy da KVA MATx sugere um futuro no qual os edifícios podem gerar eletricidade e, consequentemente, e xigem menos infraestrutura urbana. A ZEDfactory de Bill Dunster é um exemplo de como princípios de cura e produtividade são integrados em um empreendimento de escala urbana, enquanto Kongjian Yu mostra que a produção de alimentos não é incompatível com um

campus universitário. A ecocidade Logroño e a ecotorre La Tour

 Vivante são exemplos de paisagens hibridizadas.

É na sobreposição diversa de paisagens e edifícios que as ideias de produtividade dentro das cidades são mais radicais

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Subestruturas, supraestruturas e infraestruturas energéticas

D. Michelle Addington

Parque de ondas

Pelamis Wave Power Ltd.

CR Land Guanganmen: showroom de tecnologia verde

Vector Architects

 Às fazendas, cidadãos!

Dorothée Imbert

Rio Local: guarda-peixes doméstico com horta

Mathieu Lehanneur e Anthony van den Bossche

Soft Cities: cidades flexíveis

KVA MATx

ZEDfactory

Bill Dunster

Ecocidade Logroño

MVRDV

 A revolução do pé grande

Kongjian Yu

La Tour Vivante, ecotorre

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COLABORAR

 Amy C. Edmondson, professora da Harvard Business School, adverte que pesquisas mostram que os esforços colaborativos entre pessoas com ideias afins são mais bem-sucedidos do que entre grupos diversificados. Uma liderança forte é ne cessária para coordenar tais esforços, assim como um respeito recíproco e o reconhecimento das várias linguagens e maneiras de trabalhar.  A investigação de David Edwards sobre purificação do ar é seguida

da provocação de Susan S. Fainstein sobre justiça social. É naquilo que em um primeiro momento pode parecer uma contradição que surge a esperança de novas possibilidades. As questões relat ivas à qualidade do ar e à justiça social não têm relação entre si? Sem dúvida são mutuamente relacionadas. É nessas supostas

contradições que podemos descobrir algumas das respostas para a cidade contemporânea e futura. Edward Glaeser, por exemplo, defende a vida em locais mais temperados, longe dos climas extremos, excessivamente quentes ou frios; no entanto, as zonas temperadas são em geral as mais preservadas: “Se os Estados Unidos querem se tornar mais verdes, então deveriam favorecer mais construção em San Francisco e menos em Houston”.

Por que consideraríamos essas cidades mais verdes?

Uma das questões que esses textos expõem são os sistemas de medição , assim como a linguagem que usamos para av aliar o urbanismo ecológico. Donald E. Ingber, diretor do Wyss Institute  for Biologically Inspired Engineering da Universidade de Harvard,

oferece alguns modelos de como as cidades poderiam evoluir no  futuro. E adverte que esses esforços exigirão que colaboremos de

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Desafios de gestão na transformação urbana: organizar para aprender

Amy C. Edmondson

Purificação do ar em cidades

David Edwards

 Justiça social e urbanismo ecológico

Susan S. Fainstein

Como administrar a cidade ecológica

Gerald E. Frug

Futuro subterrâneo

Peter Galison

Temperado e limitado

Edward Glaeser

 Arquitetura bioinspirada adaptável e sustentabilidade

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INTERAGIR

 A ecologia, como o “estudo das interações dos organismos com o meio ambiente”, é baseada no princípio da influência mútua. Em seus mapas de regiões urbanas, Richard T. T. Forman investiga a interação entre metrópoles e o interior. Formam registra em mapa 38 regiões urbanas, áreas de 1.000 km2 ou mais, demonstrando no

processo que não se pode entender uma cidade em seus limites  físicos: as cidades interagem com suas regiões e muito além delas.

Chris Reed enxerga a ecologia como “uma ideia (uma força) mais informativa e formadora provocante sobre como as cidades são  feitas, e como evoluem ativamente, reconfiguram-se e são

reconfiguradas ao longo do tempo”. Pierre Bélanger sugere que a infraestrutura fornece a estrutura que conecta regiões e cidades ao longo do tempo: é o meio a partir do qual as interações ocorrem. O diagrama da cidade de Nova York elaborado por Christoph Niemann ilustra as interações geradas pelas múltiplas

infraestruturas da cidade. Enquanto isso, o trabalho co letivo dos artistas do Rebar, de San Francisco, está na seção sobre urbanismo gerado pelo usuário, o que eles descrevem como “o urbanismo dos táticos, daqueles que inventam usos temporários e interinos, e que buscam vazios, nichos e brechas no tecido socioespacial”. A obra do Rebar enfatiza que as interações humanas são um fator

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Ecologia urbana e distribuição da natureza nas regiões urbanas

Richard T. T. Forman

 A agência da ecologia

Chris Reed

 A infraestrutura da cidade de Nova York

Christoph Niemann

Redefinindo infraestrutura

Pierre Bélanger

Urbanismo gerado pelo usuário

Rebar

Experimentos urbanos ecológicos em espaços públicos

Alexander J. Felson e Linda Pollak

Uma visão holística do fenômeno urbano

Salvador Rueda

O novo sistema de parques de Gwanggyo

Yoonjin Park e Jungyoon Kim (PARKKIM)

Uma metodologia para inovação urbana

Alfonso Vegara, Mark Dwyer e Aaron Kelley

Greenmetropolis

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MOBILIZAR

Por um lado, mobilizar pode se referir a congregar pessoas para participarem de uma atividade social; por outro, também pode se referir à movimentação. Como Richard Sommer nos conta em seu texto, “Mobilidade, Infraestrutura e Sociedade”, esses não são aspectos mutuamente incompatíveis da cidade: a mobilidade e a justiça social estão interligadas. Ao pensar em cidades mais ecológicas, questões de mobilidade são de suma importância. O texto de William J. Mitchell discute possíveis modos de transporte do futuro. O CityCar é estacionado perpendicular à calçada, em vez de paralelo a ela, significando que mais veículos podem caber na cidade. Mas o mais radical é o sistema baseado no princípio da mobilidade sob demanda, no qual os carros são abastecidos com eletricidade gerada in loco. Tal sistema tende

a ser mais socialmente igualitário, dando acesso aos carros para grupos de menor renda que seriam normalmente excluídos. Andrés Duany, em sua teoria geral sobre o urbanismo ecológico, reve la as insuficiências dos urbanismos velho, novo e paisagístico, que privilegiavam ou a diversidade natural ou a socioeconômica, e sugere que o urbanismo ecológico oferece soluções futuras mais  justas ao reconhecer as preocupações naturais e socioeconômicas

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Mobilidade, infraestrutura e sociedade

Richard Sommer

Mobilidade urbana sustentável por meio de veículos elétricos leves

William J. Mitchell

Mobilidade sustentável em ação

Federico Parolotto

Sustentar a cidade diante do avanço da marginalidade

Loïc Wacquant

Uma teoria geral do urbanismo ecológico

Andrés Duany

 A ecologia política do urbanismo ecológico

Paul Robbins

O modelo SynCIty de sistema energético urbano

Niels Schulz, Nilay Shah, David Fisk, James Keirstead, Nouri Samsatli, Aruna Sivakumar, Celine Weber e Ellin Saun ders

Cidade do petróleo:

paisagens petrolíferas e futuros sustentáveis

Michael Watts

Os campos de petróleo do delta do Níger

Ed Kashi

The Upway

Rafael Viñoly

PESQUISA GSD Seminário Nairóbi

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MEDIR

Os sistemas de medição que usamos para medir as cidades ecológicas são fundamentais para embasar nossos projetos. Stefano Boeri esquematiza cinco desafios das políticas urbanas de grande escala, propondo novas ideias para conectar a ecologia urbana com o desenvolvimento econômico das cidades.

O urbanismo ecológico deveria criar novos híbridos, superar

 fronteiras disciplinares e equilibrar os binários estabelecidos entre o meio ambiente e a economia, a tecnologia e o homem, o racional e o irracional e, como Kathryn Moore sugere, a natureza e a

cultura. Kristin Frederickson, Gary Hilderbrand e seus alunos mostram como uma típica rua arborizada norte-americana, algo geralmente considerado sustentável, tem na realidade uma

pegada de carbono supreendentemente alta. Eles pergunta m se as árvores de ruas deveriam ser cultivadas in loco, no lugar de serem

importadas de muito longe. Enquanto isso, Bill Rankin sugere que cultivar no local não é sempre melhor. Depende, é claro, de como se mede a sustentabilidade, e as respostas são especificas a cada questão e contexto. A SlaveCity do Atelier Van Lieshout (AVL) faz uma paródia do fenômeno contemporâneo das ecocidades. Ela toma a lógica da sustentabilidade, incluindo nosso apego ávido à reciclagem, um planejamento bem determinado e o compromisso com a energia zero, tudo dentro de um regime econômico estrito, para uma resolução extrema. “A SlaveCity é uma cidade verde que não desperdiça os recursos do mundo”. O AVL apresenta uma cidade que gera bastante lucro e é sustentável com base em  vários sistemas de medição – mas a que custo humano?

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Cinco desafios ecológicos para a cidade contemporânea Stefano Boeri Re(e)volucionar a arquitetura Jeremy Rifkin O projeto Canary Susannah Sayler

“Desempenhabilidade”: sistemas de medição ambientais e planejamento urbano

Susannah hagan

 A cultura da natureza

Kathryn Moore

Investigando a importância de parâmetros personalizados de modelagem energética: Um estudo do gund hall

Holly A. Wasilowski e Christoph F. Reinhart

 A percepção da densidade urbana

Vicky Cheng e Koen Steemers

 A região do estuário de Londres

Sir Terry Farrell

Planeta urbano: Londres

Daniel Raven-Ellison

Iniciativas de sustentabilidade em Londres

Camilla Ween

 Além do LEED: uma Avaliação do Verde na Escala Urbana

Thomas Schroepfer

Paisagens de especialização

Bill Rankin

PESQUISA GSD

Meio milhão de árvores:

protótipos de locaisbe sistemas para cidades sustentáveis

Kristin Frederickson e Gary Hilderbrand

SlaveCity

Atelier Van Lieshout

ECOBox: rede ecourbana autogerida

atelier d’architecture autogérée

Intervenção urbana: praia na plaza Luna

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COLABORAR

 A seção “Colaborar” aparece três vezes no livro, em parte para reforçar a ideia de que colaborar é um aspecto essencial do

urbanismo ecológico. A cada professor que escreve nesta seção foi pedido que discutisse brevemente sustentabilidade segundo sua posição disciplinar. Os textos foram organizados alfabeticamente conforme seus títulos em inglês, criando uma ordem temat icamente arbitrária, para destacar não tanto as similaridades, mas as

divergências entre as abordagens. Diversos textos desta seção dizem respeito às relações entre sustentabilidade e estilo de vida.  John Stilgoe nos lembra de apagar as luzes, não tanto como um

aspecto punitivo da sustentabilidade, mas como uma maneira de aproveitar a noite. Antoine Picon escreve sobre a relação entre natureza, infraestrutura e urbanismo; enquanto Nancy Krieger demonstra uma relação entre longevidade e contexto social e urbano. Donald Swearer sugere que o urbanismo ecológico não deveria ser “apenas verde, mas de todas as cores do arco-íris – um símbolo de esperança, expectativa, aspiração e promessa” (p. 529). O urbanismo ecológico tem, de fato, inúmeras voze s.

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Conforto e pegada de carbono

Alex Krieger

Urbanismo ecológico e equidade no domínio da saúde: uma perspectiva ecossocial

Nancy Krieger

Natureza, infraestruturas e a condição urbana

Antoine Picon

Sustentabilidade e estilo de vida

Spiro Pollalis

O urbanismo ecológico e a paisagem

Martha Schwartz

 A boa e velha escuridão

John Stilgoe

Estudos religiosos e urbanismo ecológico

Donald K. Swearer

O urbanismo ecológico e as literaturas da Ásia Oriental

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 ADAPTAR

 A adaptação é uma característica que se refere tanto ao estado atual do ser quanto ao processo pelo qual um organismo responde a mudanças das condições ambientais para sobreviver. Nina-Marie Lister iguala arquitetura adaptável a design sustentável. Ela nos conta: “Uma arquitetura resiliente, adaptável e, por conseguinte, sustentável significa uma arquitetura capaz de ‘prosperar’, devendo necessariamente incluir saúde econômica e ecológica, além de  vitalidade cultural, entre os objetivos do planejamento e do

projeto”. De uma perspectiva urbana, ambientes adaptáveis

antecipam mudanças. Lister continua nos dizendo que precisamos projetar ecologias que sejam ao mesmo tempo “contextuais e deliberativas”. Os exemplos de madeira funcional de Achim Menges mostram como um material se torna adaptável com o tempo. Enquanto isso, as Adaptive Fritting[Fritas Adaptáveis] de

Chuck Hoberman, uma instalação na Graduate School of Design de Harvard, são um protótipo de sistema material que permite que o arquiteto microcontrole a experiência do usuário. Hoberman nos conta que está interessado em como “pequenos movimentos levam a mudanças macroscópicas, [pois] transformações físicas em

organismos ocorrem por meio da agregação de muitos pequenos movimentos”. A coordenação contextual e deliberativa de

pequenas intervenções como essas ao longo do tempo pode nos ajudar a desenhar e planejar ecologias urbanas adaptáveis.

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Ecologias insurgentes:

(re)tomar espaço em paisagismo e urbanismo

Nina-Marie Lister

Madeira funcional:

projeto computadorizado integral para uma superfície lenhosa responsiva ao clima

Achim Menges

Como reduzir a pegada de carbono de gotham

Laurie Kerr

 Adaptabilidade em arquitetura

Hoberman Associates, Ziggy Drozdowski e Shawn Gupta

PESQUISA GSD

Mudanças climáticas, água, desenvolvimento e adaptação: como planejar com a incerteza (Almere, Países Baixos)

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INCUBAR

Quando pensamos em incubação, podemos pensar em um pássaro chocando ovos em um ninho, ou em pintinhos recém-nascidos. Incubar sugere a ideia de um cuidado protetor por um período de tempo, tanto antes como após o nascimento. Ecologias urbanas precisam de incubação também. Raoul Bunschoten e o Chora  Architecture and Urbanism, de Londres, mapeiam as complexas

ecologias econômicas, culturais e ambientais no estreito de Taiwan e propõem uma série de projetos piloto. Eles desenvolveram um dispositivo organizacional para os protótipos, um incubador, que cuida dos vários projetos antes e depois deles “nascerem”. Esses projetos vão desde intervenções em pequena escala e com custos baixos, como aquecimento geotérmico e painéis solares, até

intervenções em escala regional com grandes investimentos, tais como cinturões verdes, ecocidades e comercialização de créditos de carbono. Nesse sentido, os projetos não são vistos como

intervenções isoladas, mas como parte de uma rede complexa, na qual uns se relacionam com os outros e com as cidades ao redor deles. Essas relações contextuais e deliberativas prec isam ser alentadas, nutridas e cultivadas ao longo do tempo. A incubação é um componente essencial do urbanismo ecológico.

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Equilíbrios e desafios da prática integrada

Toshiko Mori

O luxo da redução:

sobre o papel da arquitetura no urbanismo ecológico

Matthias Sauerbruch

Bank of America

Cook+Fox Architects

PESQUISA GSD

Um lugar no céu, um lugar no inferno: operações táticas em São Paulo

Christian Werthmann, Fernando de Mello Franco e Byron Stigge

In situ: especificidade local em arquitetura sustentável

Anja Thierfelder e Matthias Schuler

Projeto bioclimático

Mario Cucinella

 Wangzhuang: ecocidade agrícola

Arup

Planejamento urbano ecossistêmico, região DISEZ, Senegal

Ecologicstudio

Cidade vegetal: sonhando com a utopia verde

Luc Schuiten

 Verticalismo

Iñaki Ábalos

Protótipos urbanos

Raoul Bunschoten

Incubador de mudanças climáticas no Estreito de Taiwan

Referências

Documentos relacionados