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A SAZONALIDADE E A INDÚSTRIA DO TURISMO NO VALE DO PARAÍBA PAULISTA

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A SAZONALIDADE E A INDÚSTRIA DO TURISMO NO VALE DO PARAÍBA PAULISTA

Carla Cristina Knupp Rodrigues

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,

Jorge Luiz Knupp Rodrigues

2

1

Aluna do último ano do curso de graduação em engenharia Elétrica e Eletrônica da Universidade do Vale do Paraíba, Urbanova, Rua Shishima Hifumi, 2911, Urbanova CEP 12.244-000 – São José dos Campos/SP

– Brasil, carla_knupp@yahoo.com.br

2

Professor Doutor Pesquisador do Programa de Pós-graduação em Gestão e Desenvolvimento Regional da Universidade de Taubaté, Rua Expedicionário Ernesto Pereira, 225, Portão 2 CEP 12.020-030- Taubaté/SP

– Brasil, jorgeknupp@gmail.com;

Resumo- A sazonalidade é um fenômeno que afeta diversas atividades, dentre elas aquelas ligadas ao turismo. Este fenômeno pode ser observado sob duas perspectivas, isto é, sob dois enfoques, um enfoque

positivo e um enfoque negativo. Assim sendo, é fundamental que os agentes ligados direta ou indiretamente

as atividades do turismo busquem alternativas que agreguem valor aos resultados esperados de maneira individual e coletiva. A região do Vale do Paraíba Paulista é formada por diversas cidades do Estado de São Paulo e do Rio de Janeiro, rica em patrimônio histórico. Esta região sempre esteve nas principais rotas dos viajantes no Brasil, desde a época Colonial. A ocupação da região data do final do século XVII e início do século XVIII, quando o ouro que vinha das minas gerais, atravessando a Serra do Mar em direção ao porto de Paraty, para ser embarcado para o Rio de Janeiro e na Europa. Ao longo deste percurso, foram aparecendo povoados que serviam de apoio para viajantes e tropeiros. A abertura de um novo caminho ligando as minas diretamente ao Rio de Janeiro quase resultou no desaparecimento desses pequenos núcleos. A indústria do turismo no Vale do Paraíba Paulista possui grande destaque principalmente pelo turismo religioso e de lazer.

Palavras-chave: Sazonalidade, Turismo, Negócio turístico, Vale do Paraíba Paulista Área do Conhecimento: VI- CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

Introdução

O Brasil, pela extensão da sua costa, pelas condições climáticas e por especificidades da sua topografia, consegue congregar a diversidade

necessária para caracterizar as diferentes

especialidades da atividade turística, que é considerada por Dias (2003) e outros como um bom exemplo de atividade econômica limpa. Pode ser percebido que ao contrário do modelo industrial, a indústria turística abastece-se das vocações naturais e preserva as riquezas locais,

preservando o espaço natural e sua

biodiversidade.

De acordo com a avaliação de Rodrigues (2004, p. 20) “a expansão das atividades relacionadas ao turismo tem sido grande no Brasil e no mundo. Novos destinos são continuamente descobertos e aproveitados como locais de potencial turísticos, gerando novas atividades, oportunidades de trabalho e o desenvolvimento local e regional. Da mesma forma, pólos

receptores já consagrados continuam se

desenvolvendo e incrementando-se para melhor atender às necessidades e expectativas dos visitantes. Novas tendências, originadas da

segmentação das modalidades do turismo, também têm contribuindo significativamente para o crescimento do setor, abrindo um leque de atividades interdependentes”. Desse modo, as dimensões do turismo tornam-se cada vez mais amplas, abrangendo diversas destinações e envolvendo mais comunidades e locais, até aparentemente inexpressivos, adquirem, às vezes,

grande importância turística pelas suas

peculiaridades e atrativos. Santos e Silveira (2006, p. 249) afirmam que “as configurações territoriais são apenas condições. Sua atualidade, isto é, sua significação real advém das ações realizadas sobre elas”.

Existe uma gama bastante variada de aspectos que contribuem para o desenvolvimento e o aprimoramento das atividades turísticas. Por exemplo, o surgimento de uma sociedade baseada no conhecimento e na utilização de tecnologias cada vez mais avançadas, como a que estamos vivendo que impõe novas relações ao mundo do trabalho. A estimativa de geração de novos empregos no setor turístico é grande devido ao aumento de demanda interna, exigindo cada vez mais que o profissional seja qualificado para o desempenho das mais variadas atividades. E

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novamente, não raro, essa tendência de crescimento e profissionalização do setor tem atraído tanto turistas e investidores de várias partes do mundo. O setor que mais empregava era o de transporte (44,4%), seguido pela alimentação (26,7%) e alojamento (13,1%) com aproximadamente 5.700 estabelecimentos de Hospedagem (IBGE 2002).

Os turistas querem conhecer as belezas naturais do Brasil. Enquanto isso, os empresários do setor exploram os novos nichos do mercado.

Segundo dados do Anuário Estatístico

EMBRATUR, em 2007 a entrada de turistas estrangeiros em São Paulo representou 47% do total geral. O estado de São Paulo recebeu 29% do fluxo doméstico (Embratur 2006), sendo também o principal emissor de turistas. Segundo dados do IPEA, o estado de São Paulo concentrava, em dezembro de 2006, 19,4% dos postos de trabalho do setor turístico brasileiro e 44,4% dos empregos da região Sudeste.

Coriolano (2003, p. 9) afirma que “a importância e o significado do turismo no mundo tem crescido de forma tão expressiva que vem dando a esta atividade lugar de destaque na política geoeconômica e na organização espacial, vislumbrando-se como uma das atividades mais

promissoras para o futuro milênio”.

Metodologia

A pesquisa bibliográfica realizada para

elaboração deste artigo teve como base diversos livros que contemplam o tema e também artigos publicados em congressos, em revistas científicas sobre o assunto, em sites de instituições de ensino (dissertações de mestrados e teses de doutorado) e pesquisas de Instituições como IBGE, GESTIN e CEIVAP, dentre outras.

O Profissional do Turismo

Mesmo observando-se o surgimento de novos negócios turísticos e a crescente oferta de vagas nos mais diferentes cargos, principalmente nas redes hoteleiras, os empregadores reclamam da

carência de mão-de-obra qualificada. A

escolaridade das pessoas disponíveis para funções operacionais é baixa e para os cargos gerenciais é incompleta. Em pesquisa feita na região metropolitana de Belém do Pará, Mendes

(2008) concluiu que, embora a região

metropolitana de Belém disponibilizasse de

grandes atrativos turísticos, em diversas

modalidades – negócio, aventura, turismo

histórico, cultural, por exemplo – exibia uma lacuna fragorosamente aberta na rara oferta de cursos de especialização no setor

turístico-hoteleiro. A deficiência apontada não é

exclusividade daquela localidade. Há grande

carência de profissionais multifuncionais no mercado.

O turismo, pela sua especificidade, é mais que um negócio, um processo ou uma atividade geradora de impactos. Ele é um conjunto complexo de sistemas que inclui diversos elementos, tais como: os ambientes naturais e os construídos pelo homem, as relações entre os países emissores e receptores de turistas, as relações entre os lugares onde o turismo ocorre e o restante da sociedade, exigindo conhecimentos de diversas outras áreas, como por exemplo, da administração, da economia e do direito.

Seu potencial gerador de empregos, sua

função na redistribuição geográfica dos

investimentos, sua capacidade de atrair, tanto grandes, quanto pequenos empresários, seus efeitos na fixação do homem em sua região de origem, são todos claros e bem conhecidos, sobre isso também podemos ver Magalhães (2002), que afirma que o turismo propicia o surgimento e a utilização de uma serie de setores, serviços e equipamentos que possibilitam a permanência do

homem nos lugares. Porém, a sazonalidade

parece ser um elemento dificultador das atividades turísticas.

A região do Vale do Paraíba Paulista

Historicamente, o Vale do Paraíba Paulista sempre esteve nas principais rotas dos viajantes no Brasil, desde a época Colonial. A ocupação da região data do final do século XVII e início do século XVIII, com o ouro que vinha das minas gerais, atravessando a Serra do Mar em direção ao porto de Paraty, para ser embarcado para o Rio de Janeiro e Europa. Sobre isso encontramos apoio em Toledo (2000a) que afirma que entre as diversas trilhas indígenas existentes no território valeparaibano que adquiriram importância, mesmo depois do fim das bandeiras de apresamento de índios, uma delas é denominada de "Trilha dos Guaianás", através da qual, os viajantes oriundos do Rio de Janeiro subiam a serra de Parati, passando por um pouso denominado Facão, que mais tarde originou a cidade de Cunha e depois por Guaratinguetá, indo para as Minas ou Sertão dos Cataguás. Mais tarde, esta trilha indígena tornou-se conhecida como "Caminho Velho".

Ainda segundo Toledo (2000a), a primeira penetração dos brancos na região do Vale, ocorreu através da trilha dos Guaianás, em 14 de outubro de 1597. Uma expedição comandada por Martim Correia de Sá, saiu do Rio de Janeiro com objetivo de combater os tamoios, que estavam

unidos aos franceses na luta contra os

portugueses, o que foi denominado de

confederação dos Tamoios. No final do século

XVI, paratienses e vicentinos, por mútuo interesse, começaram a modificar o traçado da trilha dos

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Guaianás e ao chegar ao século XVII, tinha um trajeto menor e o leito melhorado. A antiga trilha dos Guaianás, denominada de "Caminho da Serra" (no trecho Parati-Cunha) ou "Caminho Velho". Passou a ser conhecida como "Caminho do Ouro", com a corrida do ouro (1693-1711). O

caminho dos índios passou por várias

modificações, algumas obras e a construção de rústicas pontes melhoraram o traçado do mesmo, segundo Toledo (2000a).

A partir de 1725, surgiram os planos para execução de um caminho por terra entre as Capitanias de São Paulo e Rio de Janeiro, com o objetivo de eliminar os riscos das viagens marítimas que saíam de Paraty. Relacionado ao contexto da mineração, numerosas trilhas do ouro foram sendo abertas, umas partindo do litoral, de

Paraty, pelo Caminho Velho, outras por

Mambucaba e seguiam em direção a Serra da Bocaina, local no qual se bifurcavam em diversas outras trilhas em direção as diferentes áreas do Vale do Paraíba, utilizando-se de atalhos pela Serra da Mantiqueira até chegar na região aurífera. A mais famosa entre essas trilhas era denominada de Cesaréa, que fora construída por volta de 1740, iniciava-se em Vargem Grande, atualmente município de Areias e seguia serra

acima, toda pedregulhada, em direção à

Mambucaba, afirma Toledo (2000b).

A região do Vale do Paraíba teve sua colonização completada, no século XVIII, a abertura das vias transversais e do Caminho Novo da Piedade. A construção das vias transversais teve como objetivo a melhoria da comunicação com o litoral, contribuindo para dar vida a núcleos urbanos como São Luís do Paraitinga e Paraibuna (TOLEDO, 2000b). Já o Caminho Novo da Piedade, tinha o objetivo de melhor controle sobre o fluxo das riquezas minerais que circulavam na região e melhorar o sistema de comunicação, por terra, entre as Capitanias de São Paulo e do Rio de Janeiro, a determinação das obras foi em 1725 e as primeiras picadas foram abertas em 1726. Seu traçado fazia a ligação da Freguesia de Nossa Senhora da Piedade, atual Lorena, até a Fazenda Santa Cruz, dos padres Jesuítas, as obras terminaram em 1778 (TOLEDO, 2000b).

Segundo Lima (2007), a região começou a sofrer já no século XVIII, com a exploração da

cana-de-açúcar, mas as culturas eram

praticamente de subsistência, porém, ainda não causavam grandes impactos ambientais, apenas trocavam parte da vegetação natural pelo plantio ou cultivo de cana-de-açúcar. As populações existentes neste momento da história eram ainda muito pequenas, os interesses econômicos locais muito incipientes e assim não contribuíam ainda para grandes impactos ambientais.

A região do Vale do Paraíba está situada entre o Leste do Estado de São Paulo e o Sul do Estado do Rio de Janeiro, possui 62 municípios, a maioria situado as margens da Rodovia Presidente Dutra (BR-116), que liga São Paulo ao Rio de Janeiro. O nome Vale do Paraíba, refere-se ao fato da região formar a bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, que tem sua nascente na serra da Bocaina, a cerca de 1.800 metros de altitude, numa região conhecida como Várzea da Lagoa, no município de Areias e deságua no Oceano Atlântico, no litoral Norte do Estado do Rio de Janeiro.

O Rio Paraíba do Sul se estende por 1.120 quilômetros e passa por municípios nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Suas águas abastecem cerca de 13,5 milhões de pessoas. Com uma área de drenagem de mais de 55.000 Km2, a bacia do rio Paraíba do Sul está localizada na região Sudeste e abrange áreas dos estados de São Paulo (39 municípios), Minas Gerais (88) e Rio de Janeiro (53). Em toda essa

extensão, 36 dos 180 municípios estão

parcialmente inseridos na bacia. É de 5,5 milhões de habitantes, a população estimada, sendo que 1,8 milhão está em São Paulo, 2,4 milhões no Rio de Janeiro e 1,3 milhão em Minas Gerais. Aproximadamente 87% desta população vive em áreas urbanas, semelhante ao padrão das demais regiões brasileiras do desmatamento e da poluição

hídrica na bacia e uma população de

aproximadamente 14 milhões de pessoas utilizam-se das águas da bacia, que drena uma das regiões mais desenvolvidas do país (GESTIN e CEIVAP, 2007).

O Vale do Paraíba Paulista é formado por 39 municípios, a saber: Aparecida, Arapeí, Areias, Bananal, Caçapava, Cachoeira Paulista, Campos do Jordão, Canas, Caraguatatuba, Cruzeiro, Cunha, Guaratinguetá, Igaratá, Ilhabela, Jacareí, Jambeiro, Lagoinha, Lavrinhas, Lorena, Monteiro

Lobato, Natividade da Serra, Paraibuna,

Pindamonhangaba, Piquete, Potim, Queluz,

Redenção da Serra, Roseira, Santa Branca, Santo Antônio do Pinhal, São Bento do Sapucaí, São José do Barreiro, São José dos Campos, São Luís do Paraitinga, São Sebastião, Silveiras, Taubaté, Tremembé e Ubatuba.

A região do Vale do Paraíba Paulista possui um

parque industrial muito desenvolvido, com

destaque para os setores automobilístico, químico, aeronáutico, bélico, aeroespacial e siderúrgico, entre outros. Entre os anos de 1943 a 1970, ocorreram alguns fatos, como a inauguração da Rodovia Presidente Dutra, a instalação da Usina Siderúrgica de Volta Redonda (RJ) e do Centro Técnico Aeroespacial (SP) o que estimulou a implantação de grandes fábricas metalúrgicas e mecânicas, além de propiciar a modernização das indústrias de bens de consumo e a criação de um

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pólo tecnológico em São José dos Campos (FERREIRA, 2000). Além disso, essa região possui um acervo histórico e cultural de raízes marcadamente rurais, herdado de importantes ciclos econômicos como o café, o que mais contribuiu para a riqueza regional e a pecuária de leite. Essa ligação com o campo se traduz numa rica e variada gastronomia, nas festas populares e demais manifestações culturais, interferindo no modo de falar e de se comportar da comunidade local, segundo Faria (2004).

As belezas naturais, compostas por paisagens, áreas planas, ao longo do Rio Paraíba do Sul, margeados de um lado pela serra da Mantiqueira e por outro pela serra do mar, com trechos de matas nativas, cachoeiras e outros atrativos alcançados através de caminhos e estradas, por vezes acompanhadas por riachos com água limpa e cristalina, merecem destaques. Esses elementos agregados a história, cultura, produção rural e agrícola e natureza, formam uma parte importante de um produto turístico, que se torna mais atraente pela facilidade de acessos e proximidade com grandes mercados consumidores, como Rio de Janeiro e São Paulo.

O turismo também representa um grande potencial para a região do Vale do Paraíba, destacando no lado Paulista o turismo religioso, principalmente na cidade de Aparecida do Norte,

Cachoeira Paulista e mais recentemente

Guaratinguetá com a canonização do Frei Galvão a categoria, turismo ecológico e rural Arapeí, Areias, Bananal, Caçapava, Campos do Jordão, Cruzeiro, Cruzeiro, Cunha, Monteiro Lobato, Paraibuna, Pindamonhangaba, Queluz, Santo Antonio do Pinhal, São José do Barreiro, São José dos Campos, São Luis do Paraitinga e Taubaté e turismo náutico Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba.

A indústria do turismo

Jafar Jafari (apud Ignarra, 1999, 24) define turismo, de um olhar também amplo, “é o estudo do homem longe do seu local de residência, da indústria que satisfaz suas necessidades, e dos impactos que ambos, ele e a indústria, geram sobre os ambientes físico, econômico e sócio-cultural da área receptora”. Essa definição não é só econômica, permite avaliar os impactos que esta atividade pode ocasionar no local visitado, tanto ao meio ambiente quanto a sociedade local.

A indústria do turismo, o negócio turístico, o produto turístico, o atrativo turístico ou as destinações turísticas, neste momento não importa como denominamos o fenômeno de atração e deslocamento de pessoas, apresenta-se como um dos principais alavancadores do desenvolvimento de regiões, cidades, estados e países. Segundo Pearce (2002), esta atividade esta amplamente

consagrada como setor maior da economia nacional, regional e local de varias partes do mundo, ou sendo indicada como uma opção de desenvolvimento. O que também parece estar acontecendo com algumas localidades da região Valeparaibana.

Podemos dizer que muitas destinações foram criadas para atender a demanda cada vez mais crescente, a qual vem se consolidando em diversas localidades da região do Vale do Paraíba Paulista. O turismo tem um papel muito importante na transformação dessas destinações, destes espaços de consumo especializados para o turismo, onde estão sendo explorados diversos outros setores acessórios para a atividade, como padarias, bares, restaurantes, serviços de limpeza e segurança, dentre muitos outros. É, por necessidade, um segmento da economia que se fortalece e que leva consigo os demais setores envolvidos a crescer juntamente, desenvolvendo uma localidade e as atividades econômicas ditas acessórias do turismo. Kotler et al (2006,p.01) afirmam que “uma das principais caracteristicas de lugares bem-sucedidos e a adoção de um plano estratégico de marketing”.

Porém, este mesmo produto que muito contribui para o desenvolvimento de diversas comunidades, na região Valeparaibana, em alguns momentos, não corresponde às expectativas de seus agentes, isto é, quando o período é de baixa estação, as condições de desenvolvimento das atividades turísticas nem sempre conseguem atrair pessoas para consumir os produtos turísticos daquela localidade e nem mesmo manter as pessoas que trabalham nas atividades ligadas ao produto turístico. A estas variações chamamos de sazonalidade.

Sazonalidade

Podemos encontrar uma quantidade enorme de conceitos de sazonalidade, mas optaremos por ver a sazonalidade como flutuações no ciclo produtivo ou de vendas de um determinado bem, serviço ou setor econômico devido a fatores exógenos, ao longo de um determinado período. A sazonalidade é um fenômeno que contribui para a modificação de algumas estratégias públicas e privadas relacionadas à indústria do turismo.

Segundo Souza (2000, p.132), a sazonalidade pode ser definida como a “época de temporada ou de alta estação mais aprazível do ano”. Dentro deste conceito, a sazonalidade é o momento considerado ideal para o consumo do produto turístico, desfrutando de toda comodidade de serviços que o mesmo oferece. O efeito da sazonalidade é comumente compreendido como o período que se revesa entre a baixa e a alta estação. Consiste nos períodos de maior e menor demanda turística por determinados produtos.

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Como já dissemos anteriormente, apesar de ser um forte gerador de benefícios para a comunidade e a economia em geral, o turismo também pode ser muito frágil e tímido ante as situações específicas e momentos de crise. Os altos e baixos das crises econômicas pode contribuir para crescimento ou não do turismo. As crises internacionais, as flutuações do dólar, as variações climáticas, as catástrofes naturais. Vários podem ser os agentes externos ou externalidades negativas, que, dificultam ou

mesmo tornam o turismo uma atividade

estagnada, afirma Viceconti (2000).

Estas oscilações na exploração do turismo contribuem para a desaceleração do crescimento, estagnação e lenta recuperação constituindo-se em um verdadeiro desafio na definição de políticas públicas e de estratégias da indústria do turismo. Muitos agentes ligados ao turismo conhecem este momento como os períodos de alta e baixa estação, ou temporada ou ainda como a sazonalidade no turismo.

É nestes períodos de alta e baixa estação que muitos produtos turísticos morrem e outros são criados. Em sua maioria, a indústria do turismo procura oferecer seus produtos em períodos de fim de baixa e início de alta estação, como forma de absorver a demanda gerada pelo princípio do consumo do lazer e das viagens de início de férias, muitas vezes sem um planejamento adequando, pois um planejamento turistico, direcionado por uma metodologia sistêmica e orientado para desenvolvimento com base local e ênfase na cidadania, confrome afirmam Oliveira, 2001) e Moesch; Gsastal (2007), pode ser uma alternativas para garantir a qualidade de vida, a autonomia das comunidades e a sustentabilidade da atividade turística nos determinados destinos.

“O fenômeno da sazonalidade pode ser explicado pelo conceito de elasticidade da demanda, onde as variações de preço de um determinado produto podem levar o consumidor a trocar este último por outro equivalente que seja mais barato, dependendo ainda de uma série de

fatores que são definidos pela área da

econometria” (VICECONTI, 2000, p.45).

Muitas regiões que são, ou já foram, grandes destinos turísticos consolidados sofreram com a sazonalidade do turismo. Devido a graves problemas dentre eles a poluição, a falta de investimentos em novos produtos, alguns atrativos declinaram como destinação turística, a ponto de perder completamente a maior parte da demanda existente, que foi direcionada para outras destinações mais aprazíveis e que ofereciam melhores produtos. O efeito da sazonalidade pode ser notado facilmente em uma determinada

localidade tendo em vista que agentes

degradantes do meio ambiente condicionam a

redução do consumo do espaço turístico, levando

os demandantes para outras localidades,

enfraquecendo o produto turístico e tornando a atividade na região completamente inviável.

Na região do Vale do Paraíba Paulista a sazonalidade é definida principalmente pelas modificações das condições climáticas, por exemplo, Campos do Jordão e Santo Antonio do Pinhal, no inverno, despertam maior interesse dos turistas, as cidades do litoral Norte, tem seu contingente populacional aumentado no verão. Porém, para que possa desenvolver-se de forma sustentável, a indústria do turismo, precisa funcionar a maior parte do ano, isto é, não podemos somente contar com as forças da natureza para fazer funcionar um negócio tão importante, gerador de trabalho e renda, como é o turismo em determinadas épocas do ano. Diante deste fato poderíamos perguntar o que pode ser feito para diminuir os efeitos da sazonalidade nas atividades da indústria do turismo?

Considerações finais

O enfrentamento da sazonalidade do turismo no

Vale do Paraíba Paulista deve passar

necessariamente por um melhor planejamento, organização e definição de estratégias, levando em consideração as especificidades das diferentes localidades, as necessidades dos diferentes

públicos alvos, conjugando, agrupando e

integrando as atividades e opções turísticas. Hall (2001:29), que “embora o planejamento não seja uma panacéia para todos os males, quando totalmente voltado para processos ele pode minimizar impactos potencialmente negativos, maximizar retorno econômico”. Assim sendo, parece viável a definição de um roteiro que envolva uma grande diversidade de atividades de lazer, de negócios, de religiosidade, de ecologia, de meio ambiente etc. para atender ao público local, regional, nacional e até internacional que têm interesse em passar um período na região do Vale do Paraíba Paulista e que tenha opções para dias chuvosos e dias de sol, para dias frios e para dias de calor.

Desta forma é necessário promover a integração entre os diversos equipamentos que formam a indústria do turismo, tais como: hotéis, pousadas, restaurantes, fazendas, igrejas, museus e outros e, não ficar a mercê somente das benesses da natureza. Sem esquecer da

capacitação dos indivíduos, funcionários e

proprietários, em qualidade no atendimento, educação ambiental etc. Alguns estudos já demonstram uma forte tendência do planejamento turístico organizar os espaços de uma maneira integrada, de forma a compor um produto

completo e desenvolver um diferencial

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conceito de cluster oriundo da administração, segundo Michel Porter, que Beni (2002, p. 156) defini como “um conjunto de atrativos com um

destacado diferencial turístico, dotado de

equipamentos e serviços de qualidade, com excelência gerencial, concentrado em um espaço geográfico delimitado. Apresenta-se aos distintos mercados consumidores de turismo como produto acabado, final, com tarifas diferenciadas na forma de package tours (pacotes) em alto nível de competitividade internacional”. Castro (1999, p. 81) lembra que o “reconhecimento de um local como turístico não é um processo natural e sim uma construção cultural, pois envolve a criação de um sistema integrado de significados, através dos quais a realidade turística de um lugar é estabelecida, mantida e negociada.“

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