Diagênese e litificação
Diagênese
• Diagênese (≈ litificação) incluí toda a abrangência de
alterações no sedimento que ocorre após a deposição, em relativa baixa temperatura e pressão (gradacional para o metamorfismo);
• Litificação pode ocorrer simultaneamente com a
deposição (em várias rochas carbonáticas, evaporíticas e vulcanoclásticas);
• Processos diagenéticos físicos e químicos constitui
compactação e cimentação, respectivamente;
• Diagênese comumente leva a redução da porosidade e
permeabilidade
Diagênese
Diagênese
z A passagem do intemperismo para a
diagênese não é de reconhecimento muito
fácil, embora processos diferenciados (halmirólise e aquatólise) definam esses limite, conforme os respectivos ambientes de sedimentação sejam marinhos ou de água doce.
Rocha - Matriz
Metamorfismo Intemperismo “in situ”
Intemperismo, erosão e transporte por água doce
Erosão e transporte marinhos Intemperismo Int e mpe ris mo Di agênes e Estágio pré-soterramento marinho Estágio de soterramento raso,marinho Estágio pré-soterramento de água doce Estágio de soterramento raso, de água doce Estágio de soterramento profundo
Aquatólise Halmirólise
z
A halmirólise
é
um processo de
intemperismo submarino (Hummel, 1922),
compreendendo reações de substituição e
rearranjos químicos, além da remoção de
íons dissolvidos na água, quando o
sedimento ainda se encontra no fundo do
mar sem soterramento. Dessa maneira, se
formariam a glauconita e os nódulos de
Mn (ou nódulos polimetálicos)
Diagênese
z
A aquatólise, por outro lado, corresponde
a um termo proposto por Müller (1967)
para designar os processos químicos e
físico-químicos, que ocorrem em
ambientes de água doce durante o
intemperismo, erosão, transporte e
diagênese
pré-soterramento dos
sedimentos.
Diagênese
Estágios e fases diagenéticos
z Na maioria dos casos, os estágios
diagenéticos precoces (estágio I) iniciam-se sob pressão litostática devido à superposição de sedimentos mais novos
Seqüência dos estágios diagenéticos (Strakhov, 1953) e as intensidades relativas
dos processos envolvidos (Greensmith, 1975)
Processos diagenéticos
z
De acordo com Krumbein & Sloss (1963),
entre os principais processos diagenéticos
tem-se: autigênese, cimentação,
compactação, desidratação, diferenciação
diagenética, dissolução diferencial,
recristlização, redução e substituição
metassomática.
Autigênese
z A palavra autigênese é originada do grego
authigenes e foi usada pela primeira vez por
Kalkowsky (1880), referindo-se a novos
minerais componentes dos sedimentos, formados praticamente “in situ”. Porém não deve ser confundida com o metassomatismo (ou substituição diagenética).
z Comparados aos grãos minerais mais ou menos
arredondados das partículas detríticas, os cristais autigênicos são comumente euedrais e apresentam contornos angulosos em seções delgadas, embora nem sempre esta distinção seja muito fácil.
Parâmetros controladores da
autigênese
z Entre os fatores importantes tem-se o estado físico e a composição mineralógica dos sedimentos originais, bem como as características físico-químicas dos ambientes deposicionais e pós-deposicional.
z Entre os parâmetros principais tem-se o pH (potencial do íon hidrogênio), Eh (potencial de oxirredução), fenômeno de absorção iônica e os potenciais iônicos dos componentes químicos (Na+, Mg+2, Fe+2, Al+3, Fe+3, etc.). Quando o pH
do fluido intersticial é fortemente controlado pelos teores de CO2, como em ambientes
diagenéticos precoces, as concentrações de
cátions são importantes. Outros controles fundamentais são a temperatura, a pressão e o tempo.
Parâmetros controladores da
autigênese
Diagrama mostrando alguns dos principais minerais autigênicos, formados nos ambientes deposicionais e
diagenáticos, de acordo com os valores de Eh e pH (Krumbein & Garreal, 1952)
Compactação
z Refere-se ao fenômeno físico que, em geral, conduz à diminuição de volume e porosidade de um sedimento em função do esforço de compressão exercido pelos sedimentos superpostos em uma bacia. A compactação inicia-se no instante da deposição e prossegue por muito tempo, em termos geológicos, enquanto progridem os processos diagenéticos.
Compactação
Compactação
z O fator de compactação, isto é, a razão entre as
espessuras original e atual varia muito com o tipo de sedimento, surgindo daí o conceito de compactação diferencial (ou compactação seletiva). O efeito deste processo é muito mais acentuado sobre lama do que sobre areia ou calcário. Por outro lado, na passagem de turfa para carvão betuminoso, por exemplo, pode haver redução de espessura de 50 para 5 metros (fator de compactação = 10)
Compactação
Compactação
A – tangencial B- planar C- Côncavo-convexo D – suturado
Notar a redução do volume do arcabouço Tangencial e planar: compactação física
Côncavo-convexo e suturado: compactação química
z(fonte: Bruce Railsback)
Quartzo-arenito com cimento quartzoso - Contato suturado (seta vermelha) Margens não modificadas estendem-se além dos contatos
Seta preta: contato entre três sobre crescimentos
Notar que o contato é intergranular e não contato entre cimentos Campo de visão=0,27mm
Formação Red Mountain (Siluriando Inferior) Georgia (USA) - Bruce Railsback
Compactação
• A dissolução por pressão resultado do aumento
da interconexão dos grãos, e a significativa contribuição para a litificação;
• Em carbonatos, a dissolução por pressão
usualmente pode ocorre em um horizonte específico, que pode ou não corresponder a um plano de camada deposicional;
• Estilólitos (Stylolites) são superfície irregular de
dissolução com alta proporção de material residual e representa uma das formas mais extremas deste processo.
Dissolução por pressão
Cimentação
z A cimentação é um processo diagenético
associado à precipitação química de diversas substâncias, que preenchem os poros (espaços vazios) de sedimentos. Esse fenômeno é mais facilmente observado em rochas sedimentares
macroclásticas (conglomerados e arenitos) que
em rochas sedimentares microclásticas (siltitos e folhelhos). Representa um dos mais importantes processos diagenéticos, que convertem um sedimento inconsolidado em
rocha sedimentar.
Cimentação: tipos de cimento
z Entre as substâncias minerais mais comuns, que ocorrem como agentes de cimentação tem-se;
z Cimentos carbonáticos;
z Cimentos silicosos;
z Cimentos sulfáticos;
z Cimentos de óxidos (ou hidróxidos) e sulfeto de ferro.
Cimentos carbonáticos
z
De acordo com Folk (1974), as calcitas
pobres ou ricas em Mg, dolomita,
aragonita
e siderita
representam os
carbonatos mais comuns que são
encontrados como cimentos. Os hábitos
desses minerais podem variar desde
micríticos (microcristalinos) a fibrosos até
cristais mais grossos.
Fatores que influenciam as
solubilidade do CaCO
3z
A precipitação inorgânica de cimento
carbonático, a partir de fluidos intersticiais
depende da temperatura, pressão, pH, P
CO2e das concentrações iônicas. Por outro lado,
a extração fotossintética do CO
2e os
processos bacterianos devem promover o
aumento de pH dos fluidos intersticiais e,
portanto, indiretamente causam a
precipitação do cimento de Carbonato de
cálcio (Berner, 1971).
A forma dos cristais de carbonato
controlado pelo tipo de água
A água do mar mistura a água doce
Ooids Radial– Cimento marinho
Ooids
Ooids
Radial
Radial
–
–
Cimento
Cimento
marinho
marinho
Cimento
Cimentode de AragonitaAragonita
Atoll Eniwetok – Pleistoceno
Atoll Eniwetok – Pleistoceno
Diagênese
Dolomitização
•
Dolomitas são frequentemente
formadas diageneticamente,
envolvendo a substituição da calcita
ou aragonita
por dolomita
(CaMg(CO
3)
2)
•
Quatro modelos principais de
dolomitização pode ser distinguido
na literatura:
Smackover
Jurássico
Smackover
Smackover
Jur
Jurá
ássico
ssico
Dolom itiza Dolom itizaçç ão ãododo O Oóólito s litos Disso lu Dis solu ç ção dos ão d os O Oóólit os litos C. G. St. C. Kendall C. G. St. C. Kendall
Cimentos silicosos
z O mais comum e o único termodinamicamente
estável dos cimentos silicosos, é o quartzo
macrocristalino. Entretanto, são também
relativamente freqüentes a opala (sílica amorfa hidratada) e a calcedônia (sílica microcristalina). Em termos de modo de ocorrência, os cimentos
silicosos podem apresentar-se como
macrocristais granulares, sobrecrescimentos
(crescimento secundários) ou como material de substituição de substâncias químicas preexistentes.
Cimentos silicosos
Crescimento secundário (overgroths) -Continuidade cristalográfica do grão; -O crescimento se dá até o encontro com o crescimento dos grãos adjacentes;- a rocha adquiri textura de rochas ígnea (textura granular)
- se ocorre películas de argilar ou de óxido de Fe: são preservadas
Sobrecrescimento de quartzo
seguido de cimento de calcita
Quartzo em macrocristais
Imagens de MEV do crescimento do quarto (Q), clorita (C) e da Pirita (P).Cimentos sulfáticos
z Entre os cimentos sulfáticos mais comuns têm-se a anidrita (CaSO4) e a gipsita (CaSO4 . 2H2O). Esses cimentos são mais freqüentes em regiões que foram submetidas a condições climáticas secas (áridas ou semi-áridas) no passado e acham-se associados a outros depósitos evaporíticos.
z Embora mais raramente, tem-se a barita (BaSO4), que também pode ser encontrada como cimento.
Cimentos sulfáticos
gipsita
halita
Cimentos de óxidos (ou
hidróxidos) e sulfeto de ferro
zDurante os processos de intemperismo químico, os
minerais ferromagnesianos das rochas, como os silicatos (augita, hornblenda e biotita) ou óxidos (magnetita e ilmenita) podem ser oxidados e/ou dissolvidos como Fe+2. Este íon pode ser transportado por consideráveis distâncias, através dos fluidos intersticiais redutores e levemente ácidos. Quando a concentração de sulfetos for alta deverá precipitar na forma de pirita e na presença de abundante carbonato precipitará na forma de siderita, mas em ambientes oxidantes resultará em óxidos (ou hidróxidos de ferro)
Pirita
autigênica
Cimento de Ilita
Diagênese
Cimentação
•
Nódulos
(irregular) e concreções
(arredondadas) são corpos grandes
cimentados (exemplos, sílica, calcita,
siderita, pirita)
•
Sílex (Chert) é o mais amplamente
conhecido tipo de nódulo de sílica,
especialmente comum nos carbonatos.
Sedimentos carbonosos
As matérias orgânicas, de origem animal e/ou vegetal, contidas em sedimentos e os sedimentos essencialmente carbonosos sofrem sucessivas mudanças físicas e químicas, em função dos incrementos de temperatura e pressão devido ao soterramento cada vez mais profundo.
Carvão
z Os carvões são derivados originalmente da
linhina (ou lignina), isto é, partes lenhosas e
cuticulares das plantas terrestres e apresentam conteúdo relativamente altos de oxigênio.
z Os estágios iniciais da formação do carvão, a partir da turfa, envolve a compactação da materia orgânica e a perda da umidade através da pressão de soterramento.
Carvão
Pressão dos sedimentos Turfa (100% de espessura) linhito(20% de espessura) (10% de espessura)Carvão betuminoso
Carvão
Carvão
z
Condições a formação do carvão
zVegetação desenvolvida
z
Acúmulo sub-aquoso
z
Soterramento contínuo e prolongado
zInstabilidade da crosta
Hidrocarbonetos
z Os hidrocarbonetos líquidos e gasosos são primariamente originados dos lipídios (resíduos gordurosos e graxos) provenientes de microrganismos marinhos (vegetais inferiores como algas e bactéria), com alguma contribuição de material terrestre e caracteriza-se pelo baixo conteúdo de oxigênio.
Evolução diagenética dos biolipídios para geolipídios, passando por estágios de diagêneses precoce e tardia, que explicaria a geração do petróleo (Tissot & Welter, 1978) e a formação de outros hidrocarbonetos em função das temperaturas e profundidades pretéritas.