• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE MEDICINA DÉBORA SOARES JARDIM

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE MEDICINA DÉBORA SOARES JARDIM"

Copied!
38
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE MEDICINA

DÉBORA SOARES JARDIM

SAÚDE AUDITIVA NA MICRORREGIÃO DE BETIM: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E AVALIAÇÃO DO SERVIÇO SOB A PERSPECTIVA DO USUÁRIO

BELO HORIZONTE 2014

(2)

DÉBORA SOARES JARDIM

SAÚDE AUDITIVA NA MICRORREGIÃO DE BETIM: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E AVALIAÇÃO DO SERVIÇO SOB A PERSPECTIVA DO USUÁRIO

Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial do Programa de Pós Graduação em Ciências Fonoaudiológicas, da Faculdade de Medicina - Universidade Federal de Minas Gerais para obtenção de título mestre.

Orientadora: Profª. Dra. Stela Maris Aguiar Lemos Colaboradora: Fernanda Jorge Maciel

BELO HORIZONTE 2014

(3)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Reitor: Jaime Arturo Ramirez

Vice-reitor: Sandra Regina Goulart Almeida Pró-Reitor de Pós-Graduação: Antônio de Paiva Duarte

Pró-Reitor de Pesquisa: Adelina Martha dos Reis

FACULDADE DE MEDICINA

Diretor da Faculdade de Medicina: Prof. Tarcizo Afonso Nunes Vice-Diretor da Faculdade de Medicina: Prof. Humberto José Alves Coordenador do Centro de Pós-Graduação: Profa. Sandhi Maria Barreto Subcoordenadora do Centro de Pós-Graduação: Profa. Ana Cristina Côrtes Gama

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FONOAUDIOLÓGICAS Coordenadora: Ana Cristina Côrtes Gama

Subcoordenadora: Stela Maris Aguiar Lemos

COLEGIADO

Profa. Amélia Augusta de Lima Friche - Titular Profa. Lúcia Maria Horta Figueiredo Goulart - Suplente Profa. Ana Cristina Côrtes Gama – Titular Prof. Marco Aurélio Rocha Santos - Suplente

Profa. Andréa Rodrigues Motta – Titular Profa. Helena Maria Gonçalves Becker - Suplente Profa. Stela Maris Aguiar Lemos – Titular Profa. Patrícia Cotta Mancini - Suplente Profa. Luciana Macedo de Resende – Titular Profa. Juliana Nunes Santos - Suplente Márcia Emília da Rocha Assis Elói – Disc. Titular Aline Rejane Rosa de Castro – Disc. Suplente

(4)

AGRADECIMENTOS

À Deus por me capacitar para realizar as tarefas cotidianas e viver a realidade com a intensidade em que me é dada.

À Profa Stela pela acolhida na universidade, caridade e paciência em me ensinar a fazer pesquisa e ser uma profissional melhor. Muito obrigada.

À minha mãe (in memoriam) dedico esse trabalho. Sei que não é capaz de saber que irei concluir o mestrado, mas a sua presença e o seu exemplo de amor e generosidade me acompanharam nos momentos difíceis do estudo e me ajudaram a superar os obstáculos. Te amo mãe.

Ao meu pai e meu irmão pela presença incondicional.

Ao Renato, meu companheiro da vida, de noites mal dormidas e preocupação com o cumprimento de prazos.

À Fga. Fernanda Maciel pela disponibilidade de acompanhar a minha pesquisa desde o momento em que não tínhamos a pretensão do mestrado.

À Fga. Renata Martinelli, minha amiga e companheira de profissão da Saúde Auditiva de Betim.

À equipe do Centro de Referência em Especialidades Divino Ferreira Braga, especialmente às pessoas que trabalham no arquivo, à Andrezza, Rhaísa e Joana que ajudaram muito para que a pesquisa fosse concluída.

À Marina Piastrelli pela dedicação à coleta de dados da pesquisa.

Às amigas Poliandra, Rosângela e Amanda com as quais compartilhei o cansaço e as alegrias dos frutos do estudo.

(5)

RESUMO

Introdução: Em 2004, o Ministério da Saúde assegurou a assistência integrada à pessoa com deficiência auditiva por meio dos Serviços de Atenção à Saúde Auditiva. Desde então, conhecer dados epidemiológicos desses serviços e avalia-los torna-se fundamental para o processo de planejamento e tomadas de decisões adequadas à saúde da população. Objetivo: Investigar a organização de uma Junta de Saúde Auditiva Microrregional quanto ao perfil epidemiológico da população atendida e avaliar o serviço ofertado sob a perspectiva do usuário. Métodos: Trata-se de estudo observacional analítico transversal. Para cumprir os objetivos foram realizados dois estudos. O estudo I baseia-se em análise de prontuários de usuários atendidos na Junta de Saúde Auditiva Microrregional de Betim em duas etapas, a primeira corresponde ao período de maio de 2009 a maio de 2011 e a segunda a maio 2009 a maio de 2013. Em ambas as etapas do estudo I, foi utilizado o protocolo de avaliação para autorização da concessão de AASI/SUS, desenvolvido pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte/MG, com análise dos seguintes eixos temáticos: dados sociodemográficos, dados clínicos, dados assistenciais, aspectos comunicativos e comportamentais. O estudo II consiste na análise de dados primários com amostra probabilística estratificada por sexo e idade. Foram aplicados dois instrumentos, o questionário Avaliação do Serviço de Saúde Auditiva, contendo 18 perguntas (acesso, avaliação da audição, atendimento personalizado, benefício para a família, comunicação e informação e competência profissional) baseadas no Hearing and Communication Group, para verificar a satisfação do usuário com deficiência auditiva quanto ao serviço ofertado pela JSAM Betim; e o Critério de Classificação Econômica Brasil, para avaliação do perfil econômico da população estuda. Foi realizada análise descritiva da distribuição de frequência das variáveis categóricas e análise das medidas de tendência central e de dispersão para as variáveis contínuas em ambos os estudos. No estudo I, na primeira etapa foi utilizado o software SPSS versão 15 e utilizados os testes t Student, ANOVA e Correção de Bonferroni. Na segunda etapa estudo I, foi utilizado o software Stata versão 12 e realizado o modelo de regressão logístico multivariado, a fim de se verificar a associação entre perda auditiva incapacitante e fatores associados. A análise univariada foi composta pelas variáveis com valor p ≤ 0,20. A magnitude da associação foi aferida pelas razões de chance (odds ratio), com IC 95%. No estudo II, foi utilizado o software Stata versão 12 realizada a análise de correlação de Spearman. O nível de significância adotado foi 5%, IC 95%. Resultados: Na primeira etapa do estudo I, a população estudada correspondeu a 307 usuários. A maioria apresentou idade acima de 60 anos, diagnóstico de presbiacusia, perda auditiva neurossensorial, grau moderado e estavam motivadas para iniciar o

(6)

processo de reabilitação auditiva. A segunda etapa do estudo I, a população estudada correspondeu a 745 usuários. Aqueles que apresentaram provável etiologia perda auditiva congênita, tinham ensino fundamental, fizeram uso de AASI anteriormente, não apresentaram reações auditivas sem o aparelho auditivo e tinham acompanhante no momento da avaliação; possuem maior razão de chances de ter perda auditiva incapacitante. O estudo II, a amostra foi constituída por 214 usuários. Quanto à avaliação do serviço, a maioria relatou estar satisfeito quanto ao acesso (61,1%), à avaliação da audição (81,5%), ao atendimento personalizado (79,5%), ao benefício para a família (51,7%), à comunicação (86,4%), à informação (86,4%) e quanto à competência profissional (95,5%). Em relação à classificação econômica, a maioria dos usuários foi identificada na classe C. Na análise de correlação entre os escores verificou-se que, quando o usuário avalia bem o acesso, a comunicação e a informação, aumenta o escore total. Conclusão: O presente trabalho apresentou uma reflexão sobre a importância de se conhecer a população com deficiência auditiva atendida em um serviço público ofertado nas diretrizes da Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva. A partir desse resultado é possível propor nesse serviço, medidas de intervenção para o diagnóstico precoce da perda auditiva na população idosa e ações preventivas de deficiência auditiva na atenção primária em todas as faixas etárias, não somente com a realização da Triagem Auditiva Neonatal, como também ações voltadas para a comunidade. No campo da gestão, é importante intervir nos fatores que interferem no acesso ao serviço de saúde. Além disso, é preciso qualificar a escuta e o diálogo entre profissionais e usuários durante o processo da reabilitação auditiva. Os resultados reforçam a necessidade de consolidação de uma rede estruturada de atenção à pessoa com deficiênciaauditiva, e podem subsidiar a criação de indicadores de saúde auditiva na regiãode saúde de Betim e também no âmbito nacional.

(7)

ABSTRACT

Introduction: In 2004, the Ministry of Health assured integrated assistance to the hearing impaired population through Hearing Health Care Units. Since then, it has become essential to know epidemiological data of these units and to assess them for the planning process and to make appropriate decisions for the health of the population. Purpose: To investigate the organization of a Micro-Regional Hearing Health Board (JSAM) regarding the epidemiological profile of the assisted population and to evaluate the service under the perspective of the user. Methods: It is an observational analytic cross-sectional study. In order to meet the purpose, two studies were conducted. The study I is based on the analysis of user records assisted at the Hearing Health Care Unit of the city of Betim. It was conducted in two stages, the first one corresponds to the period between May 2009 and May 2011 and the second one to the period between May 2009 and May 2013. Both stages of the study I used the evaluation protocol for granting Personal Hearing Amplifiers (AASI)/Single Health System (SUS), developed by the City Hall of Belo Horizonte/MG, with analysis of the following themes: socio-demographic, clinical, care data, communicative and behavioral aspects. The study II comprises the analysis of primary data with probability sample stratified by sex and age. Two instruments were applied, the questionnaire of Evaluation of Hearing Health Services, containing 18 questions (access, hearing assessment, personalized service, benefit for the family, communication and information and professional competence) based on the Hearing and Communication Group, to verify the satisfaction of the hearing impaired user with the service offered by the Micro-Regional Hearing Health Board (JSAM) of Betim; and the Brazilian Economic Classification Criteria, to assess the economic profile of the studied population. A descriptive analysis of the frequency distribution of the categorical variables, and the analysis of the measures of the central tendency and dispersion of the continuous variables were made in both studies. In the study I, the first stage was carried out using SPSS software version 15 and t-student and ANOVA tests and the Bonferroni correction. In the second stage of study I, the Stata software version 12 was used and the multivariate logistic regression model was performed in order to verify the association between disabling hearing loss and associated factors. The univariate analysis was composed of the variables with p value ≤ 0.20. The association magnitude was measured by odds ratio with confidence interval of 95%. In the study II, the Spearman correlation analysis was performed using the Stata software version 12. The significance level was 5%, confidence interval of 95%. Results: In the first stage of the study I, the population studied consisted of 307 users. Most of them was older than 60 years, had presbycusis, moderate sensorineural hearing loss, and was

(8)

motivated to start the hearing rehabilitation. In the second stage of the study I, the population studied consisted of 745 users. Those that presented congenital hearing loss as probable etiology had completed the primary education, have used Personal Hearing Amplifiers (AASI) before, they did not present hearing reactions without the hearing aid, and had companion at the time of evaluation; they have greater odds ratio for disabling hearing loss. The sample of study II consisted of 214 users. Regarding the evaluation of the service, most of them reported to be satisfied in relation to access (61.1%), hearing evaluation (81.5%), personalized service (79.5%), benefit for the family (51,7%), communication (86.4%), information (86.4%) and professional competence (95.5%). Regarding the economic classification, the majority of users was of class C. In the analysis of correlation between the scores it was found that, when the user evaluates the access, communication and information as good, the total score increases. Conclusion: This paper presented a reflection on the importance of knowing the hearing impaired population assisted by the public service, which is offered under the guidelines of the National Policy on Hearing Health Care (PNASA). From this result it is possible to offer, in this service, intervention measures for the early diagnosis of hearing loss for the elderly population and measures to prevent hearing loss in the primary care for all age groups, not only the Neonatal Hearing Screening (NHS), but also actions aimed at the community. In the field of management, it is important to intervene in the factors that affect the access to health services. In addition, it is necessary to qualify listening and dialogue between professionals and users during the hearing rehabilitation process. The results reinforce the need for consolidation of a structured care network for hearing impaired people, and can support the creation of hearing health indicators in the health region of Betim and also in the country.

(9)

Lista de Ilustrações

Revisão de Literatura

Figura 1 - Estruturação da Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva no estado de Minas Gerais...11 Figura 2 - Fluxo do usuário na Rede de Atenção à Saúde Auditiva de Minas Gerais...16

Artigo 1

Figura 1 - Análise comparativa entre os graus de perda auditiva na melhor orelha em relação à idade ... 47 Figura 2 - Análise comparativa entre idade e uso pregresso de Aparelho de Amplificação Sonora Individual ... 50

Artigo 2

(10)

Lista de Tabelas Metodologia

Tabela 1 - Tamanho de amostra necessário de acordo com erro amostral e nível de significância ... 33

Artigo 1

Tabela 1 - Dados sociodemograficos da população atendida na Junta de Saúde Auditiva Microrregional de Betim/MG no período de maio de 2009 a maio de 2011... ... 45 Tabela 2 - Dados clínicos da população atendida na Junta de Saúde Auditiva Microrregional de Betim/MG no período de maio de 2009 a maio de 2011 ... 46 Tabela 3 - Análise comparativa entre os melhores graus de perda auditiva em relação a idade ... 48 Tabela 4 - Dados assistenciais da população atendida na Junta de Saúde Auditiva Microrregional de Betim/MG no período de maio de 2009 a maio de 2011 ... 49 Tabela 5 - Aspectos comunicativos da população atendida na Junta de Saúde Auditiva Microrregional de Betim/MG no período de maio de 2009 a maio de 2011...51

Artigo 2

Tabela 1 - Associação perda auditiva incapacitante e características sociodemográficas dos usuários atendidos pela JSAM Betim no período de maio de 2009 a maio de 2013 ... 62 Tabela 2 - Associação entre perda auditiva incapacitante e dados clínicos e assistenciais dos usuários atendidos pela JSAM Betim no período de maio de 2009 a maio de 2013 ... 63 Tabela 3 - Associação perda auditiva incapacitante e características comunicativas dos usuários atendidos pela JSAM Betim no período de maio de 2009 a maio de 2013 ... 65 Tabela 4 - Modelo Logístico Hierárquico ... 67

(11)

Artigo 3

Tabela 1 - Características sociodemográficas de usuários atendidos na JSAM Betim e adaptados AASI no período de maio de 2009 a maio de 2013 ... 81 Tabela 2 - Distribuição de escores por domínios ... 82 Tabela 3 - Correlação das variáveis idade, escolaridade, grau de dificuldade e tempo ... 83 Tabela 4 - Análise de correlação entre os escores ... 84

(12)

Lista de Abreviaturas e Siglas AASI – Aparelho de Amplificação Sonora Individual

COEP – Comitê de Ética em Pesquisa

CCEB – Critério de Classificação Econômica Brasil CIB – Comissão Intergestores Bipartite

GM – Gabinete do Ministro

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IC – Intervalo de Confiança

JRSA – Junta Reguladora da Saúde Auditiva JSAM – Junta de Saúde Auditiva Microrregional FD – Fonoaudiologia Descentralizada

MG – Minas Gerais MS – Ministério da Saúde

OMS – Organização Mundial da Saúde

PNASA – Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva PPI – Programação Pactuada Integrada

SASA – Serviço de Atenção à Saúde Auditiva SPSS – Statical Package for Social Science SRTAN – Serviço de Triagem Auditiva Neonatal STATA – Stata Corporation, College Station, Texas SUS – Sistema Único de Saúde

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais OMS – Organização Mundial da Saúde

(13)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 11

2.REFERENCIAL TEÓRICO ... 14

2.1 Organização do fluxo de atendimento do usuário com deficiência auditiva na Rede Estadual de Atenção à Saúde Auditiva em Minas Gerais. ... 14

2.2 Usuário da Rede de Atenção à Saúde Auditiva: caracterização e perfil ... 16

2.3 Avaliação dos Serviços de Saúde ... 17

2.4 Estudos de Avaliação de Serviços da Rede de Atenção à Saúde Auditiva ... 18

2.5 Satisfação do usuário ... 20 3. OBJETIVOS ... 28 3.1 Objetivo Geral ... 28 3.2. Objetivos Específicos ... 28 4. MÉTODOS... 29 4.2 Estudo I ... 29 4.3 Estudo II ... 32 5. RESULTADOS ... 39

5.1 Artigo 1: Perfil epidemiológico de uma população com deficiência auditiva. ... 39

5.2 Artigo 2: Perda auditiva incapacitante: análise de fatores associados. ... 58

5.3 Artigo 3: Atenção à Saúde Auditiva: percepção dos usuários de um serviço público. . 75

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 96

7. ANEXOS ... 98

7.1 Avaliação para autorização da concessão de AASI/SUS ... 98

7.2 Instrumento de avaliação do serviço de saúde auditiva ... 100

7.3 Critério de Classificação Econômica Brasil ... 103

7.4 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ... 104

7.5 Termo de Concordância PMB ... 105

7.6 Aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa ... 106

7.7 Folha de Aprovação da Apresentação ... 107

(14)

P á g i n a | 11

1. INTRODUÇÃO

Figura 1. Estruturação da Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva no Estado de Minas.

O ano de 2004 foi um marco para a Saúde Auditiva no Brasil, com a publicação da Portaria 2.073/2004 GM/MS(1), que instituiu a Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva, a Portaria 587/2004 GM/MS(2), que estabeleceu a Organização e Implantação das Redes Estaduais de Atenção à Saúde Auditiva e a Portaria 589/2004 GM/MS(3), que definiu a Operacionalização dos Serviços de Atenção à Saúde Auditiva. Essas portarias garantem o acesso do usuário com deficiência auditiva ao diagnóstico, adaptação e reabilitação audiológica em um serviço integrado. Os serviços de saúde auditiva ofertados anteriormente seguiam os critérios de credenciamento da Portaria 432/2000(4), que garantia o processo de adaptação do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI), mas não exigia o acompanhamento do paciente adaptado e a reabilitação fonoaudiológica.

O Estado de Minas Gerais organizou-se para realizar o credenciamento dos Serviços de Atenção à Saúde Auditiva (SASA) e o município de Belo Horizonte foi contemplado em 2004, com o credenciamento do SASA Hospital das Clínicas da UFMG/Hospital São Geraldo; em 2010, com o credenciamento do

(15)

P á g i n a | 12

SASA Clínicas Integradas em Saúde Izabela Hendrix e, em 2012, o credenciamento do SASA PUC Minas.

Com a implantação do SASA Hospital das Clinicas da UFMG/Hospital São Geraldo, em 2004, os usuários dos municípios vizinhos eram atendidos diretamente pela Junta Reguladora de Saúde Auditiva de Belo Horizonte, sem necessariamente passarem por agendamento prévio do órgão regulador do seu município de origem.

No dia 19 de novembro de 2008, o Estado de Minas Gerais, por meio da Secretaria Estadual de Saúde, aprovou a Deliberação CIB-SUS (Comissão Intergestores Bipartite) nº 485/2008(5) e a Resolução nº 1669/2008(6), que descreveram o fluxo de inclusão do usuário com deficiência auditiva na Rede Estadual de Atenção à Saúde Auditiva de Minas Gerais e definiram as atribuições do Fonoaudiólogo Descentralizado, da Junta de Saúde Auditiva Microrregional (JSAM) e da Junta Reguladora da Saúde Auditiva.

No dia 07 de maio de 2009, em CIB Microrregional, o município de Betim e região de saúde, composta por treze municípios (Brumadinho, Esmeraldas, Juatuba, Rio Manso, São Joaquim de Bicas, Igarapé, Mário Campos, Bonfim, Crucilândia, Mateus Leme, Florestal e Piedade dos Gerais) oficializam a composição da JSAM de Betim e a Fonoaudiologia Descentralizada, garantindo, assim, o acesso do usuário da região de saúde de Betim ao SASA ofertado em Belo Horizonte e um fluxo próprio de avaliação e reabilitação da pessoa com deficiência auditiva no município de origem.

A JSAM de Betim está instalada no Centro de Referência em Especialidades Médicas Divino Ferreira Braga, situado na Avenida Juiz Marco Túlio Isaac, 1.500, Chácaras, Betim/MG e é composta por dois profissionais fonoaudiólogos, sendo um profissional responsável pelo acolhimento, avaliação para concessão de Aparelho Amplificação Sonora Individual (AASI), por definir as prioridades clínicas de encaminhamentos (média e alta complexidade) de acordo com a sua cota mensal (Deliberação CIB-SUS/MG nº 464, de 17 de julho de 2008), monitorar o agendamento do atendimento dos usuários no Serviço de Atenção à Saúde Auditiva e acompanhar os usuários já adaptados que se encontram em reabilitação nos municípios da microrregião. O outro profissional

(16)

P á g i n a | 13

fonoaudiólogo é responsável pela reabilitação auditiva dos pacientes usuários de AASI.

Diante da estruturação do serviço de Junta de Saúde Auditiva Microrregional, é realizada a proposta do presente estudo sobre a Saúde Auditiva na Microrregião de Betim, tendo como foco a análise do perfil epidemiológico da população com deficiência auditiva e a avaliação do serviço sob a perspectiva do usuário.

Acredita-se que os resultados configuram-se como importantes ferramentas para a discussão com a Coordenação Municipal de Betim, uma vez que são escassas as pesquisas na área de saúde auditiva no município, e o seu resultado poderá nortear a criação de indicadores de saúde auditiva no âmbito municipal, regional e nacional, sobretudo, proporcionar ações que tenham impacto na melhoria da qualidade de vida das pessoas que possuem deficiência auditiva.

Este trabalho é constituído de referencial teórico, objetivos, métodos, resultados e considerações finais. No capítulo de resultados optou-se por apresentação em forma de artigos que incluem a discussão dos achados.

Os três artigos científicos elaborados são:

1. Artigo 1: Perfil epidemiológico de uma população com deficiência auditiva. 2. Artigo 2: Perda auditiva incapacitante: análise de fatores associados.

3. Artigo 3: Atenção à Saúde Auditiva: percepção dos usuários de um serviço público.

(17)

P á g i n a | 14

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Organização do fluxo de atendimento do usuário com deficiência auditiva na Rede Estadual de Atenção à Saúde Auditiva em Minas Gerais.

Com a publicação da Resolução nº 1669/2008 e a Deliberação CIB-SUS nº 485/2008, o Estado de Minas Gerais oficializou a Rede Estadual de Atenção à Saúde Auditiva, interligada entre as três esferas de governo (federal, estadual e municipal), propondo o desenvolvimento de ações da Política Nacional da Saúde Auditiva de forma abrangente: garante a todo o usuário com deficiência auditiva que necessita de assistência, o acesso aos Serviços de Atenção à Saúde Auditiva.

A porta de entrada do usuário com deficiência auditiva nos municípios é o serviço de Fonoaudiologia Descentralizada (FD) ou a Referência Técnica em Saúde Auditiva, com exceção dos recém-nascidos cujo primeiro contato é no Serviço de Triagem Auditiva Neonatal (SRTAN) (7).

A Fonoaudiologia Descentralizada é responsável por acolher o usuário, avaliar, realizar encaminhamentos necessários de uma avaliação audiológica básica, preferencialmente para a Junta de Saúde Auditiva Microrregional. Deve promover a saúde auditiva, acompanhar o usuário no processo de adaptação do AASI, responsabilizar-se pelo processo de reabilitação e ser referência da saúde auditiva de todos os usuários de seu município(6).

O usuário avaliado no serviço de Fonoaudiologia Descentralizada e classificado como candidato ao uso do AASI é referenciado para a Junta de Saúde Auditiva Microrregional (JSAM), que, por sua vez, solicita à Junta Reguladora de Saúde Auditiva o agendamento do usuário no Serviço de Atenção à Saúde Auditiva (SASA) de referência.

A JSAM tem por objetivo a inclusão dos usuários dos municípios que compõem a Microrregião de Saúde no Programa Estadual de Saúde Auditiva, localizada preferencialmente no município polo da Microrregião(6).

Compete à JSAM avaliar os usuários referenciados pelos fonoaudiólogos descentralizados de referência da saúde auditiva da sua microrregião, realizar exames auditivos, definir as prioridades clínicas de encaminhamentos de acordo com a sua cota mensal, nos termos da Deliberação CIB-SUS/MG nº 464, de 17 de

(18)

P á g i n a | 15

julho de 2008, monitorar o agendamento do atendimento dos usuários no SASA, acompanhar os usuários já adaptados que se encontram em reabilitação nos serviços de Fonoaudiologia Descentralizada da sua Microrregião, subsidiar o perfil epidemiológico dos usuários de sua Microrregião, trabalhar pela qualidade e humanização da Atenção à Saúde Auditiva(6).

A Junta Reguladora da Saúde Auditiva tem por objetivo a regulação, o controle, a avaliação e o acompanhamento técnico permanente da execução do Programa de Atenção à Saúde Auditiva. Ela existe somente nos municípios sede dos Serviços de Atenção à Saúde Auditiva(6).

Os Serviços de Atenção à Saúde Auditiva constituem-se em unidades de Média e Alta complexidade, seguindo fluxo de referência e contrarreferência(6,7).

O Serviço de Atenção à Saúde Auditiva de Média complexidade atende crianças acima de 3 anos de idade, adultos e idosos que apresentam somente a deficiência auditiva. O SASA de Alta complexidade atende crianças de 0 a 3 anos e adultos e idosos que tenham outra deficiência associada (física, intelectual ou visual)(2).

Nos Serviços de Atenção à Saúde Auditiva, são realizadas consultas com equipe interdisciplinar, exames complementares, seleção e adaptação de AASI e encaminhamento para cirurgia de implante coclear quando necessário(7).

Após a conduta clínica do SASA, seja adaptação de AASI, cirurgia de Implante Coclear ou monitoramento auditivo, o usuário é contrarreferenciado ao Serviço de Fonoaudiologia Descentralizada que o acompanhará em sessões de terapia fonoaudiológica individual em seu município ou município referenciado(7). (Figura 2).

(19)

P á g i n a | 16

Figura 2. Fluxo do usuário na Rede de Atenção à Saúde Auditiva de Minas Gerais Fonte: Maciel FJ, et. al; 2013.

2.2 Usuário da Rede de Atenção à Saúde Auditiva: caracterização e perfil Um estudo de análise de diferentes pesquisas epidemiológicas realizadas em Audiologia, no Brasil(8), relata que maior atenção é dada aos trabalhadores expostos a ruído ocupacional e pouca atenção é dada a população idosa e neonatale descreve a importância da Fonoaudiologia unir-se à Epidemiologia para que a sua atuação com a população nos três níveis de hierarquia da Política Nacional seja cada vez mais eficaz.

Cabe ressaltar que, na área de saúde auditiva, até o momento, existem apenas três estudos de base populacional seguindo a metodologia proposta pela Organização Mundial de Saúde(9). Um estudo realizado em Canoas-RS(10), que evidenciou 26,1% da população com algum grau de deficiência auditiva, sendo que 19,3% apresentam perda auditiva leve e 6,8% perda auditiva incapacitante. O segundo estudo, realizado em Monte Negro-RO(11), que detectou 15,5% da população com algum grau de deficiência auditiva, sendo 11,7% perda auditiva leve e 3,8% perda auditiva incapacitante. O terceiro estudo aconteceu em Itajaí-SC(9), realizado entre 2008 e 2011, revelou que a prevalência de deficiência auditiva incapacitante no município é de 7%, com predominância na faixa etária acima dos 50 anos e tendo como principal causa a presbiacusia.

(20)

P á g i n a | 17

No município de Santa Maria-RS, realizou-se um estudo retrospectivo de corte transversal(12), no período de fevereiro de 2006 a julho de 2010, totalizando 1.572 indivíduos atendidos em um Programa de Concessão de Aparelhos de Amplificação Sonora Individual Federal, evidenciando que a maioria dos pacientes atendidos no Programa apresenta idade superior a 60 anos, não existindo diferença de frequência entre homens e mulheres. O tipo de perda auditiva neurossensorial e o grau moderado foram os mais frequentemente diagnosticados nos gêneros e faixas etárias estudadas, exceto em crianças em que o grau de perda auditiva mais prevalente foi o profundo.

Pesquisa(13) realizada em crianças atendidas no Espaço Reouvir, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, concluiu que ainda recebe crianças para diagnóstico e/ou intervenção tardios, e que o serviço é capaz de realizar um número maior de acompanhamento de crianças usuárias de AASI e possibilitar o processo efetivo de adaptação.

Estudos nacionais descrevem(8,9,12) que o perfil da população atendida pelos programas públicos de saúde auditiva são escassos e tornam-se necessários no planejamento para melhor atender o usuário com deficiência auditiva.

2.3 Avaliação dos Serviços de Saúde

Após a Segunda Guerra Mundial, o conceito de avaliação surgiu para programas públicos nos quais o Estado buscou encontrar meios em que a atribuição dos recursos fosse o mais eficaz possível(14).

Na década de 70, com a diminuição do crescimento econômico e o aumento da participação do Estado no financiamento dos serviços de saúde, houve a necessidade de avaliar as ações sanitárias e desde então a avaliação na saúde ganha destaque e prestígio em países como Estados Unidos, Canadá, França, Austrália, que criam organismos capazes de avaliar novas tecnologias(14).

No Brasil, a avaliação das ações de saúde vem ocupando posição de destaque entre as ações de planejamento e gestão e o modelo de avaliação adotado se dá por meio da pesquisa científica, com enfoque na avaliação dos serviços de saúde. O Ministério da Saúde vem incorporando pesquisas avaliativas

(21)

P á g i n a | 18

com o objetivo de subsidiar a elaboração de políticas e programas de difusão dos seus resultados(15).

O termo Avaliar significa: “fazer um julgamento de valor a respeito de uma intervenção ou sobre qualquer um de seus componentes, com o objetivo de tomada de decisões” (16)

.

Estudosda avaliação da qualidade dos serviços de saúde(17,18) seguem os conceitos teóricos que abordam três segmentos:

 Estrutura: corresponde às condições físicas, equipamentos, materiais e profissionais presentes no serviço de saúde.

 Processo: conjunto de atividades desenvolvidas na relação profissional com o paciente.

 Resultado: refere-se às mudanças verificadas na condição de saúde do paciente.

A literatura(16) revela a importância de se analisar o processo de trabalho e suas relações com os resultados. Além disso, é necessário construir estudos de impacto epidemiológico com o objetivo de se entenderem as repercussões das ações operacionais que atendem à população usuária ou de referência.

Segundo o referencial teórico da área de planejamento em saúde(24), “a incorporação da avaliação como uma dimensão da gestão e serviços, pode contribuir para o aperfeiçoamento dos processos de tomadas de decisões, programação e organização. À medida que os resultados de pesquisas avaliativas se tornam referências, elas apontam as fragilidades de um programa, debilidades organizacionais e lacunas acerca dos problemas presentes em vários níveis e planos da realidade do Sistema Único de Saúde”.

2.4 Estudos de Avaliação de Serviços da Rede de Atenção à Saúde Auditiva A Política Nacional de Saúde Auditiva apresenta como ações o processo de reabilitação auditiva, prevê a adaptação de aparelhos de amplificação sonora individual de fluxo contínuo, com acompanhamento médico e fonoaudiológico, tanto para ajustes como para verificações periódicas das condições técnicas e do benefício obtido com o uso do AASI, terapia fonoaudiológica e assistência social e psicológica(19).

(22)

P á g i n a | 19

Atualmente, na área de Audiologia, estudos estão sendo realizados com o objetivo de avaliarem o benefício e a satisfação do paciente em relação ao uso do AASI, como forma de conhecer os resultados da intervenção(20).

Obter o conhecimento de como está o desempenho com o aparelho de amplificação sonora individual relatado pelo usuário propõe um direcionamento aos profissionais quanto às medidas cabíveis a serem tomadas, possibilitando o reconhecimento de vantagens oferecidas por esses dispositivos em relação às dificuldades auditivas, podendo evitar o abandono do uso do aparelho e possibilitar o aumento do uso diário e, consequentemente, a satisfação do usuário(21).

Para avaliação dos serviços de saúde auditiva são utilizados frequentemente questionários autoavaliativos(20-22), com a finalidade de se investigar a satisfação e as desvantagens do usuário com relação ao uso do AASI e obter informações sobre a adaptação, se está sendo efetiva, se supre as necessidades auditivas, sociais e emocionais dos indivíduos(21).

A literatura mostra que, para se avaliar o benefício fornecido pelos aparelhos de amplificação sonora individual, os questionários mais utilizados, na prática, são o Hearing Handicap Inventory for Adult (HHIA) e o Hearing Handicap Inventory for the Elderly Screening Version (HHIE-S), ambos com o objetivo de aferir o impacto causado pela perda auditiva no indivíduo(22).

Em relação à análise da satisfação do usuário, o questionário mais utilizado em pesquisas(21,22,23) é o Satisfaction with Amplification in Daily Life (SADL), desenvolvido pela Universidade de Memphis, nos Estados Unidos.

Um estudo nacional(18) relata que os protocolos de avaliação de serviços de saúde auditiva sob a perspectiva do paciente, utilizados internacionalmente de maneira pontual, nenhum é adequado para a realidade brasileira, e propõe um questionário inspirado pelo Hearing and Communication Group, denominado Questionário de Avaliação de Serviços de Saúde Auditiva, apresentando os três eixos da qualidade: estrutura, processo e resultado.

Tal estudo(18) aplicou o questionário de Avaliação de Serviços de Saúde Auditiva em 53 pacientes, dos gêneros masculino e feminino, com idades variando entre 15 e 76 anos, que frequentaram o serviço de saúde auditiva em Bauru (SP), no ano de 2008. A pesquisa concluiu de forma positiva que o atendimento

(23)

P á g i n a | 20

realizado na instituição de referência e os domínios: competência profissional, avaliação da audição e atendimento personalizado apareceram com melhores escores, enquanto que os domínios acesso e benefício para a família apresentaram os piores.

2.5 Satisfação do usuário

Escrever sobre a satisfação do usuário dos serviços de saúde é bem desafiador, porquanto requer um estudo mais aprofundado do conceito, suas variáveis determinantes e como o conceito é aplicado no âmbito dos serviços de saúde.

Um estudo(25) de revisão de literatura realizado em 2006 revelou que existe uma variedade de conceitos formulados para abordar a satisfação do usuário e as dificuldades enfrentadas, até então, são para se estabelecer um referencial teórico.

2.5.1 Conceito de satisfação

Estudo téorico(26) apontou que os conceitos de satisfação atualmente oferecidos permitem apenas construir uma abordagem limitada do tipo checklist para a obtenção da satisfação do paciente, em lugar de desenvolver uma compreensão de questões amplas sobre as experiências individuais (valores, crenças e visões do mundo) relativas aos serviços de saúde.

Outro estudo sobre a temática(25) revelou que os enfoques teóricos encontrados para descrever a compreensão da satisfação do usuário de serviços de saúde foram predominantemente abordagens da escola de psicologia social norte-americana e do marketing. Para essa teoria, existem quatro denominações, a saber:

1. Teoria da atitude: a satisfação é entendida como uma avaliação positiva ou negativa feita pelo indivíduo sobre um determinado aspecto do serviço.

2. Teoria da discrepância: é a mais utilizada em pesquisas. Os níveis de satisfação são descritos tendo como referência a diferença entre as expectativas e a percepção da experiência.

(24)

P á g i n a | 21

3. Teoria da realização: é dada pela diferença entre o que é desejado, ou esperado, e o que é obtido. Existem críticas a essa teoria por não considerar a experiência do serviço. Apresenta dois tipos: teoria da realização da expectativa, segundo a qual o usuário demonstra satisfação quando recebe aquilo que esperava do serviço ou mais do que esperava; e teoria da necessidade, que leva em conta aspectos da efetividade do serviço e o nível de saúde do indivíduo.

4. Teoria da equidade: os usuários avaliam os serviços em termos de ganhos e perdas individuais e na comparação com outros usuários. Estudo teórico da década de 1980(27) já apontava o conceito satisfação como uma avaliação pessoal do serviço recebido, baseada em padrões subjetivos de ordem cognitiva e afetiva e estabelecida pela comparação entre a experiência vivida e critérios subjetivos do usuário.

Estudo(28) descreve um modelo de quatro construtos básicos: percepção do desempenho do serviço, confirmação da expectativa a respeito do desempenho e percepção de tratamento equitativo, satisfação geral e a intenção de retornar ou não no serviço no futuro. O fato positivo nesse modelo é a equidade: definida como o sentimento do paciente de ter sido tratado justa ou injustamente; o que é importante no processo de avaliação, expectativa e percepção do desempenho do serviço recebido.

2.5.2 Variáveis da satisfação

Na análise de literatura(25), observou-se que, diante da dificuldade em se definir o termo satisfação, muitos pesquisadores buscam estudar a relação entre satisfação e as variáveis que a determinam, embora as variáveis encontradas sejam divergentes e possuam baixa coincidência entre as pesquisas.

De modo geral, existem dois grandes grupos de fatores determinantes relacionados à satisfação: um relativo aos usuários e outro ao serviço(25).

No grupo dos usuários, a variável que apresenta maior coincidência entre as pesquisas é a idade(29,30), em que os idosos são apontados como a faixa etária mais satisfeita. Quanto ao gênero, alguns autores não encontram variação, outros apontam que as mulheres criticam mais os serviços(31). Quanto à renda e à escolaridade, em estudos brasileiros há associação entre satisfação e renda,

(25)

P á g i n a | 22

satisfação e escolaridade, em que os usuários de camadas mais populares estão mais satisfeitos com os serviços(30,32).

No grupo de serviços, estudos(33,34) associam a satisfação a aspectos humanitários da relação médico-paciente, à quantidade e qualidade das informações recebidas, à efetividade na solução dos problemas e à continuidade do atendimento.

Para o pesquisador(35) os determinantes da satisfação podem ser divididos em: características dos pacientes (variáveis sociodemográficas, expectativa do paciente sobre a consulta médica e os seus estados de saúde), características dos profissionais que prestam o atendimento (inclui traços de personalidade, qualidade técnica e a arte do cuidado), aspectos da relação médico-paciente, fatores estruturais e ambientais (acesso, forma de pagamento, tempo de tratamento, marcação de consulta e outros).

2.5.3 Aplicação do conceito de satisfação na perspectiva da avaliação em saúde

A literatura(25) aponta que a medida de satisfação do usuário admite distintas funções, destacando-se duas: estudos que descrevem os serviços na perspectiva do usuárioe estudos que avaliam a qualidade dos serviços de saúde.

A função de avaliação dos serviços de saúde sob a perspectiva do usuário é descrita por estudiosos(36) que observaram o termo satisfação como bastante complexo e nem sempre compreendido pelo usuário. Segundo eles, o termo é vago e fluido, sendo definido, redefinido e reavaliado diversas vezes pelo usuário durante o processo de avaliação dos serviços de saúde.

Para outros pesquisadores(37), existe uma dificuldade de se identificar questões conceituais e metodológicas relativas à satisfação de usuários, marcados pela confusão entre a percepção e a satisfação dos pacientes, bem como a dificuldade de determinar se as variações na percepção dos pacientes devem ser atribuídas às diferenças em suas expectativas ou às diferenças em suas experiências atuais.

Os estudos de avaliação da qualidade dos serviços de saúde são considerados os mais frequentes na função de avaliação dos serviços(25).

(26)

P á g i n a | 23

Segundo a literatura(16), na avaliação de qualidade, a satisfação insere-se no componente relacional entre usuários e profissionais e admite sempre duas dimensões: o desempenho técnico (aplicação do conhecimento e da tecnologia médica a fim de se maximizarem os benefícios e de se reduzirem os riscos) e o relacionamento com o paciente.

Um estudo(23) sobre o grau de satisfação de usuários de aparelho de amplificação sonora individual descreve que a população atendida nos serviços de saúde auditiva no Brasil, tendo em vista a classificação econômica de baixa renda e baixa expectativa em relação aos serviços que lhes são normalmente prestados, a variável satisfação pode ser influenciada pelas características dos serviços recebidos, ou seja, aspectos relativos à aquisição e uso dos dispositivos, acolhimento e acompanhamento da adaptação.

(27)

P á g i n a | 24

Referências Bibliográficas

1. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria 432/GM, de 14 de novembro de 2000. Normatiza a atenção aos portadores de deficiência auditiva. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília (DF), 2000.

2. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria 587/GM, de 7 de outubro de 2004. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília (DF). Disponível em http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2004/PT-587.htm>.

3. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria 589/GM, de 8 de outubro de 2004. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília (DF). Disponível em http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2004/PT-589.htm>.

4. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria 2.073/GM, de 28 de setembro de 2004. Institui a política nacional de atenção à saúde. Diário Oficial da República

Federativa do Brasil, Brasília (DF). Disponível em

<http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2004/GM/GM-2073.htm>. 5. MINAS GERAIS (Estado). Secretaria de Estado da Saúde. Deliberação CIB-SUS/MG 485, de 19 de novembro de 2008. Diário Oficial do Estado de Minas

Gerais, Belo Horizonte. Disponível em

<http://www.saude.mg.gov.br/atos_normativos/deliberacoes/2008/Del 485 fono descentralizada.pdf>

6. MINAS GERAIS (Estado). Secretaria de Estado da Saúde. Resolução SES 1669, de 19 de novembro de 2008. Diário Oficial do Estado de Minas Gerais, Belo

Horizonte. Disponível em

<http://www.saude.mg.gov.br/atos_normativos/resolucoes/2008/RESOLUCaO SES No1669 DE 19 DE NOVEMBRO DE 2008.pdf>

7. Maciel FJ, Januário GC, Henrique CMA, Campos C, Esteves MADS, Carvalho ASS, et al. Indicadores de saúde auditiva em Minas Gerais : um estudo por macrorregião. Audiol Commun Res. [online]. 2013; 18: 275-84.

8. Arakawa AM, Sitta EI, Caldana ML, Sales-Peres SHC. Análise de diferentes estudos epidemiológicos em Audiologia realizados no Brasil. Rev CEFAC. 2011; 13: 152-8.

9. Gondim L, Balen S, Zimmermann K, Pagnossi D, Fialho I, Roggia S. Estudo da prevalência e fatores determinantes da deficiência auditiva no município de Itajaí, SC. Braz J Otorhinolaryngol. 2012; 78: 27-34.

10. Béria JU, Raymann BCW, Gigante LP, Figueiredo ACL, Jotz G, Roithman R, et al. Hearing impairment and socioeconomic factors: a population-based survey of an urban locality in southern Brazil. Rev Panam Salud Publica. 2007; 21: 381-7. 11. Bevilacqua MC, Banhara MR, Oliveira AD, Moret ALM, Alvarenga KF, Caldana ML, et al. Population based survey ear and hearing disorders Monte Negro, RO, Brasil. Revista de Saúde Pública. 2013; 47: 309-15.

(28)

P á g i n a | 25

12. Gresele ADP, Lessa AH, Alves LC, Torres EMO, Vaucher AVM, Moraes AB, et al. Levantamento e análise de dados de pacientes atendidos em um programa de concessão de aparelhos de amplificação sonora individual. CoDAS. 2013; 25: 195-201.

13. Pinto MM, Raimundo JC, Samelli AG, Carvalho ACM, Matas CG, Ferrari GMS, et al. Idade no diagnóstico e no início da intervenção de crianças deficientes auditivas em um serviço público de saúde auditiva brasileiro. Arq Int Otorrinolaringolog. 2012; 16: 44-9.

14. Hartz ZMA, org. Avaliação em Saúde: dos modelos conceituais à prática na análise da implantação de programas [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1997.

15. Felisberto E. Da teoria à formulação de uma Política Nacional de Avaliação em Saúde: reabrindo o debate. Ciênc Saúde Coletiva [online]. 2006; 11: 553-63. 16. Contrandioupoulos AP, Champane F, Denis JL, Pineault RA. A avaliação na área de saúde: conceitos e métodos. In: Hartz ZMA (org). Avaliação em saúde: dos modelos conceituais à prática na análise da implantação de programas. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 1997.

17. Donabedian A. The definition of quality and approaches to its assessment. Ann Arbor, Mich: Health Administration Press; c 1980. (Série: His Exploration in quality assessment).

18. Armigliato ME, Prado DGA, Melo TM, Martinez MANS, Lopes AC, Amantini RBC, et al. Avaliação de serviços de saúde auditiva sob a perspectiva do usuário: proposta de instrumento. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2010; 15: 32-9.

19. Freitas CD, Costa MJ. Processo de adaptação de próteses auditivas em usuários atendidos em uma instituição pública federal - parte I: resultados e implicações com o uso da amplificação. Rev Bras Otorrinolaringol. [online]. 2007; 73: 744-51.

20. Bevilacqua MC, Melo TM, M Morettin, Lopes Al. A avaliação de serviços em Audiologia: concepções e perspectivas. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2009; 14: 421-6.

21. Aurelio FS, Silva SP, Rodrigues LB, Kuniyoshi IC, Botelho MSN. Satisfação de pacientes protetizados em um serviço de alta complexidade. Braz J Otorhinolaryngol. [online]. 2012; 78: 69-77.

22. Silva D, Braga PC, Silva VB, Aurelio FS. Satisfação auditiva de pacientes protetizados pelo Sistema Único de Saúde e benefício fornecido pelos dispositivos. Braz J Otorhinolaryngol. [online]. 2013; 79: 538-45.

(29)

P á g i n a | 26

23. Farias RB, Russo ICP. Saúde auditiva: estudo do grau de satisfação de usuários de aparelho de amplificação sonora individual. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2010; 15: 26-31.

24. Teixeira CF. Institucionalizando a prática de avaliação em saúde: significado e limites. Ciência Saúde Coletiva [online]. 2006; 11: 572-4.

25. Esperidião MA, Leny ABT. Avaliação de satisfação de usuários: considerações teórico-conceituais. Cad Saúde Pública. Rio de Janeiro. 2006; 22: 1267-76.

26. Turris AS. Unpacking the concepto f patient satisfaction: a feminist analysis. J Adv Nurs. 2005; 50: 293-8.

27. Pascoe GC. Patient satisfaction in primary health care: a literature review and analysis. Eval Program Plann. 1983; 6: 185-210.

28. Swan J. Deepening the understanding of hospitals patient satisfaction: fulfillment and equity efects. J Health Care Mark. 1985; 18: 5-7.

29. Aspinal F, et al. Using satisfaction to measure the quality of palliative care: a review of the literature. J Adv Nurs. 2003; 42: 324-339.

30. Souza EM. A satisfação de idosos com os serviços de saúde: um estudo de prevalência e de fatores associados em Taguatinga, Distrito Federal [Dissertação de Mestrado], Brasília. Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade de Brasília, 1997.

31. Coyle J. Exploring the meaning of “dissatisfaction” with health care: the importance of “personal identity threar”. Sociol Health Illn. 1999; 123:21-95.

32. Santos MP. Avaliação da qualidade dos serviços públicos de atenção à saúde da criança sob a ótica do usuário [Dissertação de Mestrado]. Salvador: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia, 1995.

33. Aharony L, Strasser S. Patient satisfaction: what we know about and what we still need to explore. Med Care. 1993; 50:49-79.

34. Ware JE, Snyder MK. Dimensions of patient atitudes regarding doctors and medical care services. Med Care. 1975; vol.13, pp. 669.

35. Weiss GL. Patitent satisfaction with primary medical care: evaluation of sociodemographic and predispositional fator. Med Care. 1988; 26: 383-92.

36. Collins K, Nicolson P. The meaning of “satisfaction” for people with dermatological problems: reassessing approaches to qualitative health psychology research. J Health Psychol. 2002; 7: 615-29.

(30)

P á g i n a | 27

37. Sofaer S, Firmenger K. Patient perception of the quality of health services. Ann Rev Public Health. 2005; 9: 26-51.

(31)

P á g i n a | 28

3. OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral

Investigar a organização de uma Junta de Saúde Auditiva Microrregional quanto ao perfil epidemiológico da população atendida e a avaliação do serviço ofertado sob a perspectiva do usuário.

3.2. Objetivos Específicos

1. Descrever a população atendida na Junta de Saúde Auditiva Microrregional de Betim no período de maio/2009 a maio/2013 quanto a aspectos assistenciais, perfil epidemiológico e satisfação do usuário; 2. Verificar a associação entre perda auditiva incapacitante e fatores

clínicos, sociodemográficos, aspectos assistenciais, comunicativos e comportamentais.

3. Caracterizar a satisfação do usuário atendido na Junta de Saúde Auditiva Microrregional de Betim;

4. Verificar a associação da satisfação do usuário e aspectos sociodemográficos (idade, gênero, escolaridade e classificação econômica), tempo de adaptação do AASI e grau de dificuldade auditiva.

(32)

P á g i n a | 29

4. MÉTODOS

Para cumprir os objetivos da pesquisa foram realizados dois estudos, sendo o primeiro um estudo epidemiológico, baseado em dados secundários e o segundo um estudo de avaliação do serviço pautado em entrevista com usuários.

4.1 Cenário dos estudos:

O cenário dos estudos é a Junta de Saúde Auditiva Microrregional localizada no município de Betim, Minas Gerais, polo de uma região de saúde de 623.582 habitantes, onde 23.482 (3,76%) são portadores de alguma dificuldade auditiva e 5.503 (0,88%) apresentam grande dificuldade para ouvir, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2010(1).

A Junta de Saúde Auditiva Microrregional de Betim (JSAM) tem por objetivo a inclusão dos usuários dos municípios que compõem a região de saúde (Betim, Igarapé, São Joaquim de Bicas, Esmeraldas, Juatuba, Mateus Leme, Mário Campos, Piedade dos Gerais, Bonfim, Crucilândia, Florestal e Brumadinho) no Programa Estadual de Saúde Auditiva(2).

O serviço é responsável por realizar atividades de prevenção, identificação, diagnóstico da deficiência auditiva, avaliação para concessão do AASI e terapia fonoaudiológica do usuário com deficiência auditiva da região de saúde. A adaptação do AASI é realizada nos Serviços de Atenção à Saúde Auditiva localizados em Belo Horizonte e Nova Lima, de acordo com pactuação estabelecida entre municípios e Secretaria Estadual de Saúde(2) e após a adaptação os usuários são contra referenciados para realização da terapia fonoaudiológica.

4.2 Estudo I

4.2.1 Delineamento do estudo

Trata-se de estudo observacional, analítico, transversal, baseado em análise de prontuários de usuários atendidos na Junta de Saúde Auditiva Microrregional de Betim no período de maio de 2009 a maio de 2013.

(33)

P á g i n a | 30

4.2.2 Casuística

A coleta de dados foi realizada com análise de prontuários de usuários atendidos na Junta de Saúde Auditiva Microrregional de Betim, período de maio de 2009 a maio 2013.

Vale destacar que foi realizado um estudo epidemiológico dos prontuários do período de 2009 a maio de 2011.

Os prontuários utilizados encontram-se organizados na sala de arquivo da instituição e foram solicitados ao arquivista, pela fonoaudióloga responsável, no período da coleta de dados.

4.2.3 Critérios de inclusão

Foram incluídos no estudo prontuários de usuários que fizeram a avaliação para concessão de AASI no período de maio de 2009 a maio de 2013. Os usuários cujos dados da Avaliação para Autorização da Concessão de AASI estavam com preenchimento incompleto (superior a 20%) ou o prontuário não foi localizado no arquivo local foram excluídos.

Foram utilizados dados secundários do arquivo morto do serviço, incluídos sujeitos na faixa etária de 1 mês a 100 anos.

Nessa etapa, foi solicitado dispensa do Termo de Consentimento Livre Esclarecido.

4.2.4 Instrumentos

Para a coleta de dados do perfil epidemiológico da população atendida na JSAM Betim, foi utilizado o protocolo de avaliação para autorização da concessão de AASI/SUS, desenvolvido pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte/MG(4), com análise dos seguintes eixos temáticos:

 Dados sociodemográficos: idade, sexo, profissão, local de moradia, escolaridade, situação funcional;

 Dados clínicos: provável etiologia da perda auditiva, tipo da perda auditiva, grau da perda auditiva, fatores de risco para surdez;

 Dados assistenciais: tempo de espera para avaliação do AASI, tempo de espera para adaptação do AASI, se o usuário já fez uso de AASI anteriormente, tipo de AASI, tipo de adaptação, se há indicação do uso do AASI pelo otorrinolaringologista, tipo de exame apresentado, se faz terapia

(34)

P á g i n a | 31

fonoaudiológica e conduta da Junta de Saúde Auditiva Microrregional de Betim;

 Aspectos comunicativos e comportamentais: grau de motivação do paciente para uso do AASI, contexto sociocultural (autonomia para uso do AASI, linguagem oral, aceitação, socialização em relação à perda auditiva, família).

4.2.5 Procedimentos de análise de dados

A análise dos dados foi realizada em duas estapas:

A primeira etapa corresponde à análise do perfil epidemiológico da população atendida pela JSAM Betim no período de maio de 2009 a maio de 2011.

Nessa etapa as informações coletadas foram digitadas em um banco de dados desenvolvido no programa Excel®. Adotou-se o software Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 15 para realização da análise descritiva das variáveis utilizadas no estudo.

Para as variáveis categóricas foram feitas tabelas de distribuição de frequências. Para as variáveis contínuas foram utilizadas medidas de tendência central e variabilidade (média, moda, desvio padrão, mínimo e máximo).

Foram verificadas também comparações existentes entre as variáveis: idade e uso do AASI anteriormente com aplicação do Teste T Student. Para análise de comparação entre idade e o melhor grau da perda auditiva foram utilizados o Teste ANOVA e Correção de Bonferroni. Foi estabelecido o nível de significância de (5%) e os intervalos constituídos foram de 95% de confiança estatística.

A segunda etapa do perfil epidemiológico da população atendida pela JSAM Betim corresponde ao período de maio de 2009 a maio de 2013. Foi realizada a análise de regressão logística multivariada a fim de se verificar a associação da perda auditiva incapacitante e os fatores sociodemográficos, clínicos, assistenciais e comunicativos e comportamentais da população estudada.

As informações coletadas foram digitadas em um banco de dados no Excel®. Adotou-se o Software STATA (Stata Corporation, College Station, Texas)

(35)

P á g i n a | 32

versão 12.0 para realização da análise descritiva, regressão logística univariada e modelo logístico hierárquico.

A variável resposta considerada no estudo foi perda auditiva incapacitante, definida por limiares auditivos na melhor orelha igual ou superior a 41 dB em adultos, e em crianças abaixo de 15 anos – limiares auditivos igual ou superior a 31 dB, incluindo perdas auditivas não permanentes(5).

Na análise de regressão logística univariada as variáveis explicativas foram comparadas à variável resposta: perda auditiva incapacitante. Posteriormente foram agrupadas em um modelo hierarquizado de análise. As variáveis mais distais correspondem as do primeiro bloco seguindo até as mais proximais no último bloco considerando a experiência clínica das pesquisadoras e o modelo biopsicossocial (estrutura e função)(6).

Todas as variáveis associadas à perda auditiva incapacitante com valor p≤0,20 na análise univariada foram consideradas estatisticamente significativas e incluídas no modelo multivariado hierárquico, considerando apenas as variáveis pertencentes ao mesmo bloco. Foram adotados nível de significância de 5% e intervalo de confiança de 95%. Para avaliar se o ajuste pelo bloco seguinte foi significativo foi utilizado o critério de Akaike (AIC).

A magnitude da associação foi aferida pelas razões de chance (odds ratio) com intervalos de confiança de 95%.

4.3 Estudo II

4.3.1 Delineamento do estudo

Trata-se de estudo observacional, analítico do tipo transversal, com amostra probabilística estratificada por sexo e idade composta por usuários atendidos na Junta de Saúde Auditiva Microrregional de Betim no período de maio de 2009 a maio de 2013.

4.3.2 Casuística

Para definição da amostra de estudo foi realizado o cálculo amostral que foi definido considerando-se uma amostragem aleatória estratificada por sexo e idade com alocação proporcional. Assim, as expressões usadas no cálculo do tamanho da amostra e no ajuste do tamanho da amostra foram,

(36)

P á g i n a | 33

respectivamente, 𝑛 = 𝑍1−𝛼2 𝑋𝑝(1−𝑝)

𝑒𝑟𝑟𝑜2 (tamanho da amostra) 𝑛𝑎𝑗𝑢𝑠𝑡𝑎𝑑𝑜 =

𝑛

1+(𝑁𝑛), (ajuste do tamanho da amostra, usado nos casos em que a população estudada é menor que 2.000 elementos).

Onde:

n = tamanho da amostra,

najustado = tamanho da amostra ajustado, N = tamanho da população,

p = proporção do evento na população,

Z1-α = valor correspondente ao nível de significância α na distribuição normal padrão

O tamanho da amostra escolhido considera erro amostral de 5%, nível de significância de 5%, total 253 usuários. Para cumprir a meta, 306 usuários foram convidados a participarem do estudo. Contudo, 86 não compareceram no agendamento da consulta e 01 se recusou a participar da pesquisa. Desse modo a amostra final foi constituída por 214 usuários, com perda amostral de 15%. Contudo, considera-se que a perda não tenha influenciado nos resultados analisados no presente estudo.

4.3.3 Critérios de inclusão

Foram incluídos usuários atendidos pela Junta de Saúde Auditiva Microrregional de Betim para avaliação de concessão de Aparelho de Tabela 1: Tamanho de amostra necessário de

acordo com erro amostral e nível de significância Nível de Significância Erro Amostral 1% 5% 10% 1% 713 691 671 2% 632 569 517 3% 531 439 374 4% 433 332 270 5% 351 253 198 6% 285 196 150 7% 233 155 116 8% 192 125 93 9% 161 102 75 10% 136 85 62

(37)

P á g i n a | 34

Amplificação Sonora Individual e que receberam o AASI no SASA de referência no período de maio de 2009 a maio de 2013.

Usuários e/ou responsáveis que aceitaram participar da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

4.3.4 Critérios de exclusão

Foram excluídos os usuários que realizaram a cirurgia de implante coclear e, portanto, apresentaram percurso assistencial distinto dos demais.

4.3.5 Recrutamento da amostra

Para aplicação do questionário de avaliação do serviço, os usuários foram convidados a participarem da pesquisa por meio de contato telefônico no qual era explicitado o objetivo do estudo, a ausência de benefícios diretos para o participante e realizado agendamento para entrevista.

4.3.6 Instrumentos

Foi aplicado o questionário estruturado de Avaliação do Serviço de Saúde Auditiva proposto em 2010(7), contendo 18 perguntas baseadas no Hearing and Communication Group, para se verificar a satisfação do usuário com deficiência auditiva quanto ao serviço ofertado pela JSAM Betim:

 acesso ao serviço: quatro questões acerca da avaliação da forma de acesso do usuário ao serviço em diferentes momentos da assistência (agendamento, primeiro atendimento, acompanhamento);

 avaliação da audição: duas questões referentes a se houve explicação por parte dos profissionais sobre cada exame realizado para avaliar a audição do candidato ao uso do Aparelho de Amplificação Sonora Individual, diferentes tipos de tratamentos possíveis e sobre o aparelho auditivo;

 atendimento personalizado: duas questões que avaliam se a conduta de exames, consultas, retornos, tipo de tratamento, aparelho auditivo, molde, escola, trabalho foi discutida com o usuário e/ou com sua família;

 benefício para a família: duas questões acerca do resultado do tratamento, se houve melhorias nos relacionamentos com a família, trabalho e/ou escola ;

(38)

P á g i n a | 35

 comunicação e informação: seis questões que abordam se o usuário teve oportunidade de esclarecer suas dúvidas sobre a audição, exames, tratamento, se a informação dos profissionais foi satisfatória, se o usuário recebeu por escrito a orientação sobre os exames de audição, aparelhos auditivos, tratamento e consultas agendadas, e se o usuário julga importante receber essas informações por escrito;

 competência profissional: duas questões que avaliam a equipe de recepção e os profissionais envolvidos no atendimento do serviço de saúde auditiva.

Cabe ressaltar que a avaliação permite a análise do escore geral de avaliação do serviço e de cada eixo temático separadamente.

Foi aplicado também o questionário Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB)(8) que consiste em um conjunto de questões usadas para compor um indicador com a função de estimar o poder de compra das pessoas e famílias. O instrumento fornece a classificação das classes econômicas de A a E, tendo como referência as variáveis: posse de itens e grau de instrução do chefe da família.

A fim de evitar constrangimentos aos usuários e vieses ao estudo evitou-se a aplicação dos instrumentos de coleta de dados pela pesquisadora principal que é a fonoaudióloga responsável técnica do serviço e também funcionária efetiva da Prefeitura Municipal de Betim.

Assim os questionários foram aplicados por uma estudante do curso de graduação de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Minas Gerais e bolsista de iniciação científica. A estagiária recebeu supervisão da mestranda e da orientadora do presente estudo.

4.3.7 Local de coleta dos dados

A aplicação dos questionários em forma de entrevista individual aconteceu em um consultório do Centro de Consultas Especializadas Divino Ferreira Braga em Betim. As entrevistas foram gravadas em áudio, por meio de gravador digital Sony, ICD – PX 820, com duração média de 30 minutos.

Referências

Documentos relacionados

Serviço de Psiquiatria, Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte (MG), Brasil Departamento de Saúde Mental, Faculdade de Medicina,

2 Universidade Federal do Paraná, Hospital de Clínicas, Serviço de Neurologia, Curitiba PR, Brasil; 3 Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Medicina, Departamento

Curso de Pós-Graduação em Ciências da Saúde: Infectologia e Medicina Tropical, Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG.. Serviço de

Divisão de Neurologia, Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG.. Divisão de Doenças Infecciosas, Faculdade de Medicina, Universidade Federal

que avalia a satisfação do usuário com deiciência auditiva quanto ao serviço ofertado no que se refere a: acesso ao serviço (quatro questões); avaliação da audição

Naturalmente, é preciso conter os desvios significativos que possam ser ditados por comportamentos como resistência às mudanças ou postura comodista em razão das

Vale ressaltar que o PNE guarda relação direta com o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) que tem como objetivo o desenvolvimento econômico e social, além de

Tais análises puderam contribuir de forma mais efetiva para que, por meio das ações sugeridas, possa-se de fato a- tender a demanda de alunos que ainda não se encontram no