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AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE SEMENTES DE BERINJELA (Solanum melongena L.) 1

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Academic year: 2021

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AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE SEMENTES DE BERINJELA (Solanum melongena L.)1

ZILDA DE FÁTIMA SGOBERO MIRANDA2, VERA DELFINA COLVARA MELLO3, DORA SUELY BARBOSA DOS SANTOS4, MARIA ÂNGELA ANDRÉ

TILLMANN5, ALVERIDES MACHADO DOS SANTOS6 e JOÃO BATISTA DA SILVA7

Revista Brasileira de Sementes, vol. 14, no 2, p. 125-129, 1992

RESUMO - O presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade de sementes de berinjela, cultivar Roxa Comprida, oriundas de frutos colhidos no terço inferior, médio e superior aos 50, 60 e 70 dias após a antese. Para a identificação da idade dos frutos, realizou-se a etiquetagem das flores abertas em intervalos de três dias, que teve início aos 80 dias do transplante e encerrou aos 160 dias. Para a avaliação da qualidade física e fisiológica das sementes, utilizaram-se os testes de umidade, peso seco de sementes, germinação e vigor (1a contagem do teste de germinação). A observação dos dados permite concluir que a qualidade fisiológica de sementes de berinjela varia de acordo com a posição dos frutos na planta. As sementes oriundas de frutos colhidos nos terços inferior e médio apresentam maior peso seco de sementes e melhor qualidade fisiológica que aquelas oriundas dos frutos do terço superior. As sementes de frutos colhidos aos 50, 60 e 70 dias após a antese, no terço inferior da planta, não apresentam diferenças entre peso seco de sementes e qualidade fisiológica. As sementes oriundas de frutos colhidos no terço superior da planta não devem ser aproveitadas para produção de sementes.

Termos para indexação: Solanum melongena, sementes, qualidade fisiológica EVALUATION OF EGGPLANT SEED QUALITY (Solanum melongena L.) ABSTRACT - The objective of this work was to evaluate the seed quality of eggplant cultivar “Roxa comprida” produced by fruits situated in the lowest, medium and upper third part of the plant at 50, 60 and 70 days after anthesis. To identify the fruits age, the open flowers were Iabelled at intervals of three days, starting from 80 days after the begining of transplantation and finishing 160 days later. For evaluating the physiological and physical seed quality, humidity tests, dry weight of seeds, germination and vigor (first counting of the germination test) were made. With the results obtained, it is possible to concluded that the eggplant physiological seed quality varies with the position of

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Aceito para publicação em 26.02.92. Trabalho de dissertação apresentado para obtenção do Grau de Mestre, ao Curso de Pós- Graduação em Agronomia da UFPeI

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Eng. Agr., M.Sc. Rua Paranaguá 840, apt2 1004 - 86.020 Londrina, PR 3

Eng. Agr., M.Sc., Prof. Adj., Depto. Fitotecnia, FAEM/UFPeI 4

Bióloga, Dra, Profa Adj., Depto. Botânica - IB/UFPeI 5

Eng. Agr., M.Sc., Depto. Fitotecnia, FAEM/UFPeI 6

Eng. Agr., M.Sc., Pesquisador do CNPFT, Pelotas, RS 7

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the fruits in the plant. Seeds from fruits of the lowest and medium third, showed greater dry weight and better seed physiological quality than those from the upper third part. Seeds from fruits harvested 50, 60 and 70 days after anthesis, in the lowest third part of the plant do not have any diferences considering the seed dry weight and physiological quality. Seeds from the upper third part of the plant must not be used as seeds.

Index terms: Solanum melongena, seeds, physiological quality INTRODUÇÃO

A produção de hortaliças desempenha um papel de grande alcance social e econômico devido às qualidades nutritivas de seus produtos e pequena demanda de áreas cultivadas, para se obter produção de alimentos para um elevado número de pessoas.

No Brasil, a olericultura vem-se expandindo lentamente devido às condições climáticas adversas, decorrentes de sua localização no Hemisfério Sul, essencialmente tropical, e no desconhecimento de tecnologias de produção, principalmente na área de sementes.

Atualmente, são produzidas no país sementes de cerca de 30 espécies de hortaliças (Guedes, 1985), entretanto em quantidade capaz de suprir apenas 30% da demanda, sendo o restante importado de diversos países da América do Norte, Ásia e Europa.

A berinjela (Solanum melongena L.) é uma solanácea que pode ser cultivada o ano todo em regiões que apresentam temperaturas elevadas, uma vez que temperaturas baixas comprometem o seu desenvolvimento vegetativo e reprodutivo.

Os estudos na área de tecnologia de sementes de olerícolas têm se concentrado basicamente na avaliação da qualidade fisiológica de sementes, sendo que as dificuldades inerentes à desuniformidade de maturação entre frutos de plantas de uma mesma espécie e metodologias de extração de sementes têm se apresentado como grandes barreiras aos avanços de pesquisa científica.

A carência de informações técnicas relacionadas com a produção de sementes de berinjela nas condições climáticas da região sul do Brasil (Pelolas, RS) motivou a realização desta pesquisa, que teve por objetivo avaliar a qualidade física e fisiológica de sementes oriundas de frutos colhidos em três épocas e três posições distintas na planta.

MATERIAL E MÉTODOS Procedimento de campo

Para a presente pesquisa foram utilizadas sementes de berinjela (Solanum melongena L.) da cultivar “Roxa Comprida”.

A semeadura foi realizada em agosto de 1986 em casa de vegetação no Centro Nacional de Pesquisa de Fruteiras de Clima Temperado (CNPFT). Após 30 dias, procedeu-se a repicagem das plantas que foram colocadas no telado

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para um período de adaptação. O transplante de 120 plantas, para o canteiro, foi em outubro, quando se realizou uma adubação de base de 80kg/ha de N, 300kg/ha de P, 180kg/ha de K e aos 30 dias do transplante 40kg/ha de N em cobertura.

A etiquetagem das flores abertas teve início aos 80 dias do transplante, em intervalos de 3 dias até 160 dias, sendo anotadas, na etiqueta, a posição da flor na planta (terço inferior, médio ou superior) e a data da etiquetagem.

Os frutos foram colhidos em três épocas distintas, 50, 60 e 70 dias a partir da antese e em três posições na planta, considerando-se como frutos do terço inferior as etiquetas no período de 80 a 95 dias do transplante; do terço médio de 98-110 dias, e do terço superior aqueles de 113 a 160 dias.

Procedimento de laboratório

No Laboratório Didático de Análise de Sementes (LDAS), do Centro de Estudos e Treinamento em Tecnologia de Sementes e Mudas (CETREISEM), os frutos, separados por idade e posição na planta (2 a 6 frutos por tratamento) permaneceram por dez dias em repouso, para completar a maturação fisiológica das sementes.

Para extração das sementes, retirou-se a casca dos frutos e abriu-se a polpa, que foi passada através de uma máquina manual de moer carne (sem faca), para desprender as sementes. O processo de separação utilizado foi o de lavagem em água corrente, através da qual as sementes de maior densidade decantavam e a polpa, juntamente com aquelas de menor densidade, flutuavam, sendo descartadas. A fim de eliminar o excesso de água, as sementes foram colocadas em peneiras, à sombra, em condições ambientais, por 3 dias. Após esse período, foram realizados os testes de laboratório.

O teste para Determinação do Teor de Umidade das sementes foi realizado conforme prescrevem as Regras para Análise de Sementes (Brasil, MA, 1976), utilizando-se 2 repetições de 5g de cada amostra. As sementes foram submetidas a uma temperatura de 105°C ± 3°C durante 24 horas, na estufa elétrica de desidratação. A percentagem de umidade foi expressa na base do peso úmido da semente.

Para Determinação do Peso da matéria seca foi utilizado o mesmo material do teste de Determinação do Teor de Umidade. Foram pesadas 2 repetições de 100 sementes, e o resultado foi expresso em gramas por 100 sementes.

O Teste de Germinação foi realizado de acordo com as Regras para Análise de Sementes (Brasil, MA, 1976), exceto quanto ao número de sementes, que foi de 200 por amostra, com duas repetições de 100 sementes. O substrato utilizado foi o papel mata-borrão, umedecido com uma solução de 0,005% de Thiran, colocados em caixas gerbox, que após o acondicionamento das sementes, foram levados ao germinador em temperatura alternada de 20-30°C. Os resultados foram expressos em percentagem de plântulas normais.

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O teste de vigor foi realizado juntamente com o Teste de Germinação, onde todas as plântulas normais foram removidas na primeira contagem. Os resultados foram expressos em percentagem.

O experimento foi delineado como um fatorial 3 x 3 em blocos casualizados, com 6 repetições. Os fatores usados foram as épocas de colheita (50, 60 e 70 dias após a antese) e as posiçções na planta (terço inferior, médio e superior). Entretanto, devido à falta parcial de informações, ocorrida por condições adversas de tempo, o delineamento proposto anteriormente teve que ser modificado, realizando-se então duas análises da variação. A primeira no esquema fatorial 2 x 3, em delineamento interiamente ao acaso, com repetições diferentes, e a segunda, com blocos casualizados para épocas de colheita, somente para o primeiro nível do fator posição da planta com 6 repetições. Os resultados de contagem, expressos em percentagem, foram transformados pela função arco seno. Aplicou-se também o teste de Duncan para comparação de médias ao nível de significância de 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A comparação de médias das épocas de colheita e posições dos frutos na planta para o teste de umidade, encontram-se na Tabela 1, onde se identificam diferenças entre as médias globais para posições dos frutos na planta. As sementes oriundas de frutos colhidos no terço médio possuíam teor de umidade mais elevado do que aquelas colhidas aos 50 e 60 dias.

Os resultados parecem indicar que a variação no teor de umidade, observada apenas nas médias globais, para as três posições na planta, não foram suficientes para detectar diferenças entre as sementes provenientes de frutos colhidos nas épocas e posições estudadas, sendo que o tempo em que as sementes permaneceram em condições ambienttais após a lavagem para eliminar o excesso de água, pode ter mascarado eventuais diferenças, o que não ocorreu em trabalho de Mantovani et al. (1980) que, realizando esse teste logo após a extração das sementes, observaram em sementes de pimentão

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que o teor de umidade decresceu de aproximadamente 85% em sementes provenientes de frutos colhidos aos 25 dias após a antese, para 50% quando colhidos aos 50 dias, época da maturação fisiológica.

No teste de peso de matéria seca a comparação de médias das épocas e posições, encontra-se na Tabela 2, onde se pode observar que sementes oriundas de frutos colhidos aos 50 dias não diferiram daqueles colhidos aos 60 dias para as três posições na planta. As sementes provenientes de frutos colhidos aos 50 dias, no terço inferior, tiveram um maior peso que aquelas do terço superior e médio, e as deste tiveram maior peso que as sementes do terço superior, entretanto os frutos colhidos aos 60 dias, dos terços inferior e médio, não diferiram entre si, e apresentaram maior peso que as do terço superior.

Os resultados mostram que houve diminuição progressiva no peso seco das sementes do terço inferior para o terço superior, sugerindo que a maior quantidade de sementes menores, mal formadas e/ou deterioradas encontravam-se no terço superior e que a maturação dos frutos ocorre do terço inferior para o superior.

Na Tabela 3 são apresentados os resultados do teste de germinação e mostram que nas sementes colhidas aos 50 dias ocorreu uma germinação similar nos terços inferior e médio e um decréscimo acentuado no terço superior. Aos 60 dias, também foi similar a germinação das sementes colhidas nos terços inferior e médio; entretanto, o decréscimo observado no terço superior foi mais drástico. Pereira et al. (1982) observaram, nas condições climáticas do Rio de Janeiro, que sementes de berinjela, cultivar Florida Market, apresentavam maior percentagem de germinação quando oriundas de frutos colhidos aos 60 dias após a antese, do que aquelas provenientes de frutos com 50 dias. Essas informações mostram que a qualidade fisiológica das sementes de berinjela é influenciada pelos fatores ambientais, fatores genéticos (precocidade) inerentes às cultivares e a localização da semente na planta.

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A comparação de médias para o teste de vigor apresentados na Tabela 4, mostram uma queda bastante drástica no vigor das sementes oriundas de frutos colhidos no terço superior, possivelmente devido a uma redução no fluxo de assimilados e das condições cIimáticas desfavoráveis, ocorridas no período de colheita dos frutos nessa posição na planta e principalmente pelo elevado índice de precipitação (Tabela 5). Pereira (1975) também observou que sementes de quiabeiro oriundas de frutos colhidos até 120cm da planta apresentavam maiores percentagens de germinação do que aqueles situados acima dessa posição, sugerindo haver menor disponibilidade de substâncias nutritivas para os pontos extremos da planta, principalmente nas ramificações. A qualidade fisiológica e o peso da matéria seca das sementes estiveram sempre intimamente relacionadas com a posição dos frutos na planta, e apenas no terço superior é que foram observadas diferenças entre épocas de colheita, sendo que essa tendência se refletiu também na germinação, ficando, entretanto, mais acentuada no vigor, onde as sementes oriundas de frutos colhidos aos 50 dias apresentaram-se com 22%, sendo superiores àquelas colhidas aos 60 dias após a antese, com 3% de vigor. Observou-se, ainda, na posição superior da planta, nas duas épocas de coheita, frutos de menor tamanho do que aqueles produzidos no terço médio e inferior.

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Os resultados de umidade, signficativamente superiores nas sementes oriundas de frutos colhidos aos 70 dias após a antese (Tabela 5), sugerem que houve tendência de aumento no teor umidade das sementes, à medida que elas permaneciam por mais tempo na planta, em condições de campo, possivelmente como decorrência do início do processo deteriorativo da polpa dos frutos, propiciando um microclima favorável para maior obtenção de umidade pelas sementes. Foi observado em alguns frutos colhidos aos 70 dias após a antese que parte das sementes encontrava-se em estádio inicial de germinação. Tal germinação precoce deve-se provavelmente ao fato de as sementes possuírem disponibilidade de água suficiente para o início do processo, pois, segundo Carvalho & Nakagawa (1983), para que ocorra o início da germinação, a umidade da semente deve oscilar, de uma forma geral, entre 30 e 40%.

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Não foram observadas diferenças no peso da matéria seca de sementes, germinação e vigor, entre as três épocas de colheita na posição inferior da planta (Tabela 6), sugerindo que a metodologia empregada para separação das sementes foi eficiente para descartar as sementes de menor qualidade fisiológica.

CONCLUSÕES

Nas condições observadas no presente trabalho, os resultados permitem as seguintes conclusões:

• a qualidade fisiológica de sementes de berinjela varia de acordo com a posição dos frutos na planta;

• as sementes oriundas de frutos colhidos nos terços inferior e médio apresentam maior peso seco e melhor qualidade fisiológica que aquelas oriundas dos frutos do terço superior;

• as sementes de frutos colhidos aos 50, 60 e 70 dias no terço inferior da planta não apresentam diferença em peso da matéria seca de sementes e qualidade fisiológica;

• as sementes oriundas de frutos colhidos no terço superior da planta não devem ser aproveitadas para produção de sementes;

• a época de colheita dos frutos exerce influência na qualidade de sementes do terço superior.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Agricultura. Equipe Técnica da Divisão de Sementes e Mudas. Regras para análise de sementes. Brasília, 1976. 188p.

CARVALHO, N.M.; NAGAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. Campinas: Fundação Cargili, 1983. 429p.

GUEDES, A.C. Levantamento da produção nacional e importação de hortaliças. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 25. Blumenau, 1985. Resumos... Blumenau,: SOB, 1985. p.72.

MANTOVANI, E.C.; SILVA, R.F.; CASALI, V.W.O.; CONDÉ, A.R. Desenvolvimento e maturação fisiológica de sementes de pimentão (Capsicum

annuum L.). Revista Ceres, 27(152):356-68, 1980.

PEREIRA, A.L. Efeito da idade do fruto e sua localização na planta sobre a qualidade das sementes do quiabeiro (Abelmoschus esculentus (L.) Moench). Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 1975. 51p. (Dissertação de Mestrado).

PEREIRA, A.L.; SILVA, E.M.; COSTA, F.A.; CARMO, M.A.M. do. Qualidade das sementes de berinjela (Solanum melongena L.) oriundas de uma cultura com finalidade de produção de frutos e sementes. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 22. Vitória, 1982. Resumos... Vitória, 1982. p.158.

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