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Estado nutricional e fatores comportamentais associados à síndrome metabólica em adolescentes de 15 a 17 anos

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RESUMO

Objetivo: Identifi car a frequência dos fatores que compõem a Síndrome Metabólica (SM) em adolescentes e sua relação

com estado nutricional e fatores comportamentais. Métodos: Foi realizado um estudo transversal com 302 adolescentes de ambos e com idades entre 15 e 17 anos, estudantes do ensino médio do município de Juiz de Fora, MG. Para a obtenção dos dados foi aplicado um questionário estruturado contendo informações sobre estilo de vida e comportamento alimentar, além de analisados os parâmetros antropométricos (peso, estatura, circunferências da cintura e quadril) e bioquímicos (triglicerídeos, HDL, LDL, VLDL e glicemia de jejum). Resultados: Encontrou-se diferenças estatisticamente signifi cantes nos valores de colesterol (p= 0,001), HDL (p=0,005), Triglicerídeos (p=0,001) e pressão arterial (p=0,001) entre eutrófi cos e aqueles com excesso de peso. A frequência de síndrome metabólica entre os grupos foi de 15,89% (n=48). A inatividade física foi associada à síndrome metabólica, tendo os adolescentes sedentários duas vezes maior risco de desenvolvê-la (OR=2,22). Conclusão: Este estudo apontou para associação direta do excesso de peso com alterações metabólicas, componentes da síndrome metabólica. A associação da SM com a atividade física reforça a importância deste hábito na prevenção de doenças e promoção de saúde.

PALAVRAS-CHAVE

Adolescente, metabolismo, obesidade, dislipidemias. ABSTRACT

Objective: Identify the frequency of factors that compose the Metabolic Syndrome (MS) in adolescents and its relation

to nutrition and behavioral factors. Methods: A cross-sectional study was carried out with 302 adolescents of both sexes and with ages between 15 and 17 years old, all high school students from Juiz de Fora municipality, MG. To obtain the data it was applied a structured questionnaire containing information on lifestyle and eating behavior, besides the analysis

Estado nutricional e fatores

comportamentais associados à

síndrome metabólica em adolescentes

de 15 a 17 anos

Nutritional status and behavioral factors associated to metabolic

syndrome in adolescents from 15 to 17 years

Juliana Oliveira1 Cibelle Matias Neves2 Maíra Macário de Assis3 Juliana Farias de Novaes4 Ariana Aparecida Campos Souza5 Ana Paula Carlos

Candido6 Renata Maria Souza

Oliveira7

Juliana Oliveira (jujuliana.olv@gmail.com) - Rua José Marini de Souza, 115, Santa Lúcia. Juiz de Fora, MG, Brasil. CEP: 36090-087. Recebido em 11/11/2013 – Aprovado em 25/05/2014

1Graduanda em Nutrição na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Juiz de Fora, MG, Brasil. 2Graduanda em Nutrição na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Juiz de Fora, MG, Brasil.

3Mestranda em Saúde Coletiva. Graduação em Nutrição pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Juiz de Fora, MG, Brasil. 4Doutora em Ciências da Saúde. Professora Adjunta do Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Viçosa, MG, Brasil.

5Mestre em Saúde Brasileira pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Juiz de Fora, MG, Brasil. Graduação em Nutrição pela Universidade Presidente Antônio Carlos (UnipacJF). Juiz de Fora, MG, Brasil.

6Doutora em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Ouro Preto, MG, Brasil. Professora Adjunta do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Juiz de Fora, MG, Brasil.

7Doutora em Saúde. Professora Adjunta do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Juiz de Fora, MG, Brasil.

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Na maioria dos estudos, a resistência à insulina aparece como fator essencial para de-terminação da síndrome metabólica. Porém em 2006, a International Diabetes Federation (IDF) reconheceu a importância de cada um dos componentes da SM, não sendo necessária para diagnóstico a resistência à insulina5.

Sendo a adolescência uma fase de transi-ção, torna-se importante realizar atividades de educação nutricional que auxiliem na formação de hábitos alimentares saudáveis, prevenindo as doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares4.

Diante da complexidade de fatores que es-tão diretamente ligados a síndrome metabólica em adolescentes e suas conseqüências na vida adulta, o presente estudo tem como objetivo identifi car fatores comportamentais e o estado nutricional de adolescentes que se associam a síndrome metabólica nesta faixa etária.

METODOLOGIA

Desenho do estudo e seleção amostral

O presente estudo transversal foi realizado com adolescentes de 15 a 17 anos recrutados nas escolas de ensino médio da cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Considerando o tama-nho do município, optou-se por trabalhar com escolas localizadas na região central de Juiz de Fora. Nesta região, estima-se uma população de 11.581 adolescentes na faixa etária de interesse (61,5%da amostra total), matriculados em 13 escolas públicas e 19 particulares.

INTRODUÇÃO

A síndrome metabólica (SM) é uma desor-dem multifatorial principalmente relacionada com a deposição de gordura abdominal e altera-ções da homeostase da glicose e/ou resistência à insulina1. As repercussões metabólicas desta

síndrome são bem reconhecida em adultos, no entanto, ainda são poucos os estudos que inves-tigam esta síndrome em adolescentes.

Estudos demonstram uma forte associação entre o excesso de peso nos primeiros anos de vida e taxas de morbimortalidade altas na vida adulta e sabe-se que a presença de alterações metabólicas (resistência à insulina, dislipidemia, hipertensão, alterações trombogênicas, hiperu-ricemia) na infância e adolescência pode con-tribuir para um perfi l lipídico desfavorável, que mesmo de expressão pequena é prejudicial à saúde atual e futura dos indivíduos2.

No Brasil, segundo dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) 2008/2009, a preva-lência de excesso de peso no país é de 20,5% en-tre os adolescentes, sendo 21,5% do sexo mas-culino e 19,4% do sexo feminino. A prevalência da obesidade no mesmo grupo é de 4,9% entre os meninos e 4% entre as meninas. Comparando os resultados desta pesquisa com inquéritos an-teriores, verifi ca-se um aumento na prevalência do excesso de peso em ambos os sexos3.

Pesquisas sugerem que a obesidade na in-fância e na adolescência encontra-se associada a complicações metabólicas que, em conjunto, caracterizam a síndrome metabólica que pode permanecer na vida adulta4.

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of the anthropometric parameters (weight, height, waist and hip circumferences) and biochemical (triglycerides, HDL, LDL, VLDL and fasting glucose). Results: We found statistically signifi cant differences in cholesterol (p = 0.001), HDL (p = 0.005), triglycerides (p = 0.001) and blood pressure values (p = 0.001) among those with normal weight and overweight. The frequency of metabolic syndrome between the groups was 15.89% (n = 48). Physical inactivity was associated with metabolic syndrome, where sedentary teenagers have twice the risk of developing the disease (OR = 2.22). Conclusion: This study pointed to a direct association of overweight with metabolic disorders, components of metabolic syndrome. The association of MS with physical activity strengthens the importance of this habit in disease prevention and health promotion.

KEY WORDS

Adolescent, metabolism, obesity, dyslipidemias.

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Para o cálculo do tamanho amostral uti-lizou-se o programa Epi Info, versão 6,04 para estudos transversais, considerando-se uma po-pulação total de 11.581 indivíduos, frequência esperada de obesidade de 5%6, variabilidade

aceitável de 2,5% e 95% de nível de confi an-ça, totalizando 285 indivíduos. Ao número total de indivíduos acrescentou-se 10% para recupe-rar possíveis perdas, totalizando um tamanho amostral de 302 adolescentes.

A partir do levantamento dos diários de classe das escolas selecionadas, obteve-se o nú-mero total de adolescentes (n=4.357) com ida-de entre 15 e 17 anos. Todos os adolescentes da faixa etária de interesse foram convidados e aqueles que aceitaram foram submetidos a uma triagem (avaliação de peso e estatura) para clas-sifi cação do estado nutricional. Todos os indiví-duos classifi cados na triagem como obeso foram convidados a participar do estudo e aqueles que demonstraram interesse foram incluídos no grupo “Excesso de Peso”. Quando o indivíduo obeso recusava-se a participar, realizava-se novo sorteio entre indivíduos com sobrepeso, para reposição no grupo. Para cada indivíduo com excesso de peso incluído no projeto, foi selecio-nado um indivíduo eutrófi co, pareado por sexo, idade e tipo de escola (pública ou privada).

Avaliação Nutricional

O peso foi obtido em balança digital, ele-trônica, com capacidade máxima de 150 kg e subdivisão em 100 g, e a estatura foi aferida por estadiômetro portátil, com extensão de 2 m e escala de 0,1 cm. O peso e a estatura fo-ram avaliados segundo as técnicas preconizadas por Jellife7. A avaliação do estado nutricional foi

realizada por meio do índice de massa corporal (IMC), utilizando-se os pontos de corte e a refe-rência antropométrica preconizados pelo World

Health Organization (WHO)7.

Como não há referência para a circunfe-rência da cintura para esta faixa etária, optou-se por utilizar o percentil 90 da população como ponto de corte para obesidade abdominal8. O

sangue foi coletado na própria escola por

pro-fi ssionais capacitados, com os adolescentes em jejum de 12 horas.

As amostras foram colhidas por punção venosa em seringas descartáveis para análise de colesterol total, triacilgliceróis, HDL-colesterol (HDL), LDL-colesterol (LDL), VLDL-colesterol (VLDL) e glicemia de jejum. Para dislipidemias, foram considerados os seguintes pontos de cor-te (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2005): colesterol total: ≥ 150 mg/dL; triglicerídeos: > 100mg/dL; HDL< 45mg/dL; LDL > 100mg/dL. Para glicemia de jejum alterada utilizou-se a gli-cemia de jejum > 100 mg/dL9.

A pressão arterial foi aferida por meio de monitor de pressão sanguínea de infl ação auto-mática (Omron® HEM 907 Vernon Hills, Illinois,

EUA), seguindo as orientações da VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial6. Foram

reali-zadas três medidas com intervalo de um a dois minutos entre elas, sendo a média das duas úl-timas considerada pressão arterial do indivíduo.

Critério Diagnóstico para defi nição da síndrome metabólica

Para classifi cação da síndrome metabólica foi utilizado o critério que identifi ca a síndrome pela presença de pelo menos 3 dos fatores a se-guir: IMC > p85 2,7,9, triacilgliceróis > 100mg/dL;

HDL < 45mg/dL10; presença de diabetes mellitus

ou glicemia de jejum alterada > 100mg/dL9 e

pressão arterial > percentil 9011 para idade, sexo

e percentil de estatura.

Estilo de vida

Através de um questionário estruturado foram investigadas questões sobre hábito de fu-mar, ingerir bebidas alcoólicas e questões com-portamentais sobre o consumo alimentar.

A atividade física foi avaliada segundo questionário específi co. Para o cálculo do nível de atividade física, foi utilizado o escore fi nal como variável contínua e, como variável dico-tômica foi utilizado o ponto de corte maior ou igual a 300 minutos por semana de atividades físicas moderadas ou vigorosas, e menor do que

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300 minutos/semana com atividades físicas le-ves ou sedentárias.

Softwares e Análise Estatística

A análise dos dados foi realizada utilizan-do o software SPSS, versão 17.0, e para avaliar a distribuição das variáveis utilizou-se o teste Kol-mogorov-Smirnov. A análise da associação entre o comportamento alimentar e a adequação de consumo com o estado nutricional foi realizada através da Odds Ratio. Considerou-se o nível de signifi cância estatística de p < 0,05. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Juiz de Fora (parecer n. 066/2009).

RESULTADOS

Caracterização da amostra

Avaliou-se 302 adolescentes com idade média de 16 ± 0,7 anos, sendo 48% do sexo masculino. Dentre os avaliados, 152 (50,33%) eram eutrófi cos e 150 (49,67%) apresentaram excesso de peso (21,85% sobrepeso e 27,82% obesidade) (Tabela 1).

A maior alteração observada no perfi l lipí-dico foi a hipercolesterolemia (40,4%), seguido do HDL reduzido (27,8%), triglicerídeo aumen-tado (13,9%) e LDL aumenaumen-tado (13,2%).

Observou-se uma signifi cativa diferença estatística entre os níveis séricos de colesterol (36,6 vs 48,0%, p=0,007), triglicerídeos (18,6

vs 33,5%, p=0,003) e HDL (16,6 vs 38,8%,

p=0,001) de adolescentes eutrófi cos e excesso de peso, respectivamente. Em relação à glicemia de jejum, observou-se hiperglicemia em 2,6% (8) dos adolescentes estudados.

Dentre os avaliados, 29,80% (n=90) dos adolescentes da amostra apresentaram valores de pressão sistólica e diastólica superior ao per-centil 90 para idade, sexo e estatura.

No grupo de eutrófi cos, 11,18% (n=17), 15,78% (n=24), 19,73% (n=30), 2,63% (n=4), respectivamente, apresentaram alteração nos ní-veis de colesterol total, LDL, HDL, triglicerídeos e glicemia de jejum. Sendo que 61,84% (n=94) dos adolescentes eutrófi cos apresentaram pelo menos uma dessas alterações bioquímicas.

Já entre os adolescentes com excesso de peso, pelo menos uma alteração bioquímica foi encontrada em 86,66% dos indivíduos estudados.

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Tabela 1. Análise descritiva da amostra.

Variável N Percentual (%) Tipo de Escola Pública 222 73,51 Privada 80 26,49 Sexo Feminino 145 48,01 Masculino 157 51,99 Idade 15 89 29,13 16 117 38,74 17 97 32,13 Estado Nutricional Eutrófico 150 49,67 Sobrepeso 69 22,85 Obesidade 83 27,48

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Como pode ser visto na Tabela 2, o percen-tual do número de alterações bioquímicas é su-perior em indivíduos com excesso de peso. Esse fato pode ser explicado pela associação existen-te entre excesso de peso e variáveis bioquímicas e clínicas (Tabela 3).

O hábito de fumar e consumir bebidas al-coólicas foi relatado por 6 e 43% dos adoles-centes, respectivamente. Em relação ao nível de atividade física, observou-se a média de 240 min/semana de atividade entre os adolescentes

estudados. Ressalta-se que 27,8% declarou não realizar nenhuma atividade física.

Analisando-se o comportamento alimentar, obteve-se que 70% dos adolescentes afi rmaram realizar de 3 a 4 refeições por dia. Entre as princi-pais refeições, a mais omitida foi o desjejum (36, 5%). A omissão do Jantar também foi superior en-tre os adolescentes do sexo masculino (78,3% vs 64,8%; p = 0,009). Em relação ao horário fi xo para realização das refeições, observou-se que apenas 31,1% dos adolescentes possuem este hábito.

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Tabela 2. Número de alterações bioquímicas dos adolescentes estudados independente do sexo.

Número de Alterações Eutróficos Excesso de Peso

Nenhuma Alteração 38,1% 13,3% 1 Alteração 32,2% 28,6% 2 Alterações 19,7% 32,6% 3 Alterações 9,2% 16,0% 4 Alterações 0,6% 7,3% 5 Alterações 0% 2,0%

Tabela 3. Associação entre estado nutricional e variáveis bioquímicas e clínicas.

Variáveis Estado Nutricional OR (IC 95%) p

Eutrófico (150) Excesso de peso (152) Colesterol total (mg/dL) < 150 > 150 101 (67,3) 49 (32,7) 79 (51,9) 73 (48,1) 1 1,90 (2,51 – 7,50) < 0,001 HDL (mg/dL) > 45 < 45 125 (83,3) 25 (16,7) 93 (61,1) 59 (38,9) 1 3,17 (1,819 -53,03) 0,005 LDL (mg/dL) < 100 > 100 134 (89,3) 16 (10,7) 128 (84,2) 24 (15,8) 1 1,57 (0,79 – 3,09) 0,126 Triglicerídeos (mg/dL) < 130 > 130 141 (94) 9 (6) 119 (78,2) 33 (21,8) 1 4,34 (1,99 – 9,44) < 0,001 Glicose (mg/dL) < 99 > 99 147 (98) 3 (2) 147 (96,7) 5 (3,3) 1 1,66 (0,39 – 7,10) 0,369 Pressão arterial (mmHg) < 90th percentil > 90th percentil 127 (83,5) 23 (16,5) 85(55,9) 67 (44,1) 1 4,35 (2,51 – 7,50) < 0,001

IMC=Indice de Massa Corporal; PAS = pressão arterial sistólica; PAD = pressão arterial diastólica

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Frequência de Síndrome metabólica em

adolescentes e fatores comportamentais associados

Foram identifi cados 48 adolescentes com Síndrome Metabólica (SM) o que representa 15,89% da amostra. Dentre estes, 29 eram do sexo masculino (39,59%).

Em relação ao estado nutricional dos ado-lescentes, não foi encontrado nenhum adoles-cente eutrófi co com a síndrome, e observou-se que dentre os portadores de Síndrome Metabó-lica, 27,08% apresentavam excesso de peso e 72,92 % eram obesos.

Não se obteve diferença estatística signifi -cante da frequência da síndrome entre os sexos (p=0,132). Pode-se observar ainda a distribui-ção dos adolescentes com SM considerando

sexo e estado nutricional (Tabela 4). A análise dos fatores comportamentais associados à sín-drome metabólica também pode ser observa-da na Tabela 5.

Como visto, apenas a atividade física se as-sociou à presença da síndrome, indicando que indivíduos inativos têm duas vezes mais chances de desenvolver síndrome metabólica.

Tabela 4. Distribuição dos adolescentes com SM por

sexo e estado nutricional.

Meninas Meninos

Sobrepeso 31,57% 24,13%

Obesidade 68,43% 75,87%

Tabela 5. Associação de fatores comportamentais com síndrome metabólica em adolescentes. Variáveis SEM SÍNDROME (254) COM SÍNDROME (48) OR (IC 95%) p Sexo Feminino 126 19 1 0,132 Masculino 128 29 1,50(0,80 – 2,81) Escola Privada 93 23 1 0,148 Pública 161 25 1,46 (0,78 – 2,73)

Consumo diário de refeições

4-6 refeições 161 26 1 0,148

1-3 refeições 93 22 1,46 (0,78 – 2,73)

Horário fixo para realizar as refeições

Sim 81 13 1 0,316 Não 173 35 1,26(0,63 – 2,51) Fumante Não 250 46 1 0,244 Sim 4 2 0,36(0,65 – 2,06) Consumo de álcool Não 142 30 1 0,240 Sim 112 18 1,31(0,69-2,48) Atividade física Moderada 88 26 1 0,009 Sedentário/Leve 166 22 2,22 (1,19 – 4,16)

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DISCUSSÃO

O excesso de gordura corporal, principal-mente abdominal, está diretaprincipal-mente relacionado com diversas alterações no perfi l lipídico, aumen-to da pressão arterial, e hiperinsulinemia12; o que

provavelmente justifi ca o fato de indivíduos com excesso de peso apresentarem maior percentual de alterações nos níveis de colesterol total, LDL, HDL, triglicerídeos e glicemia de jejum, quando comparado aos eutrófi cos. Porém, estes também apresentam alterações metabólicas.

Revisões recentes exami naram a prevalên-cia da SM em todo o mundo e encontraram va-lores entre 0,1 e 49,7%, com maior freqüência entre indivíduos com excesso de peso. Além disso, foi relatada a maior prevalência no sexo masculino e entre adolescentes na faixa etária mais jovem (10 a 14 anos)13,14,15.

A frequência de Síndrome Metabólica ob-servada neste trabalho (15,89%) foi próxima à encontrada por Gontijo16 (16,6%) em

adoles-centes de Viçosa-MG. Alguns autores observa-ram frequência de SM superior a encontrada no presente estudo (42,3%), o que possivelmente pode ser proveniente de um serviço que atende casos graves de obesidade17. Tais diferenças

po-dem ser justifi cadas pela discrepância nos mé-todos diagnósticos, uma vez que ainda não há consenso para a determinação desta síndrome em adolescentes12.

Este estudo verifi cou que 27,8% dos indiví-duos portadores da SM não praticavam nenhum tipo de atividade física. Pesquisas anteriores as-sociaram inversamente a atividade física ao risco metabólico em adultos e crianças18,19. Foi

iden-tifi cado que indivíduos sedentários ou que pra-ticam atividades leves tiveram 2,22 vezes mais chances de desenvolverem a síndrome, do que os adolescentes que relataram realizar semanal-mente atividades físicas moderadas. A adoção de um estilo de vida voltado para a manutenção da saúde está associado a prática de atividade fí-sica e o consumo de uma dieta adequada, sendo estes componentes básicos para a prevenção da síndrome metabólica.

O marcador que apresentou maior percen-tual de inadequação foi o colesterol total, tanto em indivíduos eutrófi cos (33,55%) quanto nos de excesso de peso (47,33%), seguido de HDL no grupo com excesso de peso (40%) e TG dentre os eutrófi cos (19,73%). Em um estudo realizado em Viçosa com 199 adolescentes, foi encontrado também maior percentual de inade-quação do colesterol total (73,4%), seguido das frações HDL (49,7%) e LDL (44,7%), triglicerí-deos (41,2%). Os valores de glicemia de jejum encontrados foram superiores aos do presente estudo (5,5%), onde foi encontrado aproxima-damente 2,6% em ambos os grupos16. No

estu-do de Rizzo também foram observaestu-dos baixos níveis de HDL como a segunda alteração mais presente e triglicerídeos como a quarta altera-ção mais presente15.

A adoção de medidas de prevenção primá-ria em jovens tem sido reconhecida como de enorme importância no cenário da abordagem das doenças cardiovasculares. A demonstração da presença da aterosclerose na infância, na adolescência e na fase adulta jovem, aliada ao maior conhecimento sobre os fatores de risco nessas idades, aponta para propostas de pro-gramas racionais e efetivos que tenham como objetivo intervir sobres esses fatores o mais cedo possível20.

CONCLUSÃO

Este estudo apontou para associação direta entre o excesso de peso e as alterações meta-bólicas, componentes da síndrome metabólica. A freqüência de adolescentes classifi cados como portadores da síndrome aponta para necessida-de necessida-de intervenção no grupo em questão. Além disso, vários adolescentes ainda que não diag-nosticados com SM já apresentavam no mínimo uma alteração metabólica, apontando para pre-sença de um perfi l bioquímico desfavorável. A associação da SM com prática de atividade física reforça a importância deste hábito na prevenção de doenças e promoção de saúde.

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REFERÊNCIAS

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É importante que sejam defi nidos pontos de corte específi cos para essa fase da vida, bem como métodos diagnósticos que detectem a presença da síndrome de forma precoce.

NOTA

Este artigo contou com o apoio fi nanceiro da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Ge-rais (FAPEMIG – protocolo n. CDS APQ 01571).

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