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A Alegoria Do Amor - C. S. LWIS

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Academic year: 2021

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Editora Mundo Cristão São Paulo Traduzido por: Glauco Barreira Magalhães Filho

na obra de C. S. Lewis

O imaginário

C. S. LEWIS

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Publicado no Brasil com a devida autorização e com todos os direitos reservados pela: Associação Religiosa Editora Mundo Cristão

Rua Antônio Carlos Tacconi, 79 — CEP 04810-020 — São Paulo — SP — Brasil Telefone: (11) 5668-1700 — Home page: www.mundocristao.com.br Editora associada a:

• Associação Brasileira de Editores Cristãos • Câmara Brasileira do Livro

• Evangelical Christian Publishers Association

A 1ª edição foi publicada em dezembro de 2005, com uma tiragem de 2.000 exemplares. Impresso no Brasil

O IMAGINÁRIOEM ASCRÔNICASDE NÁRNIA CATEGORIA: LITERATURA / ENSAIO Copyright © 2005 por Glauco Barreira Magalhães Filho

Coordenação editorial: Silvia Justino Colaboração: Rodolfo Ortiz

Preparação de texto: Vernáculo Ass. Editorial Revisão: Renata Bonin

Supervisão de produção: Lilian Melo Projeto gráfico: Sonia Peticov Capa: Douglas Lucas

Imagem da capa: Foto de Phil Bray © Buena Vista Internacional

Os textos das referências bíblicas foram extraídos da versão Almeida Revista e Atualizada, 2ª ed. (Sociedade Bíblica do Brasil), salvo indicação específica.

Este livro foi produzido com o apoio da Tyndale House Foundation.

10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 05 06 07 08 09 10 11 12

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Magalhães Filho, Glauco Barreira

O imaginário em As crônicas de Nárnia / Glauco Barreira Magalhães Filho — São Paulo : Mundo Cristão, 2005.

Bibliografia ISBN 85-7325-421-1

1. Espiritualidade 2. Imaginação 3. Lewis, Clive Staples, 1898-1963 - Crítica e interpretação 4. Signos e símbolos 5. Valores (Ética) I. Título.

CDD 820.9 05-8161

Índice para catálogo sistemático

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A

Júlia Miranda, socióloga, de quem colhi preciosas lições sobre o imaginário Carolina Campos e Antonino Fontenele de Carvalho, com os quais entretenho inspiradores diálogos literários

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Prefácio 9

Introdução 15

Primeira Parte: O IMAGINÁRIO E O PENSAMENTO RELIGIOSO CRISTÃO — IMPORTÂNCIA E PERIGOS DA SIMBOLOGIA

1. O símbolo e a linguagem religiosa 25 2. O imaginário como elemento intrínseco ao ser

humano: importância e perigos 37 3. O imaginário e sua relação com a realidade 59

Segunda Parte: O IMAGINÁRIO NA LITERATURA DE C.S. LEWIS — IDENTIDADE COM A SIMBOLOGIA BÍBLICA

4. O imaginário e o cristianismo 81 5. A simbologia celestial em C.S. Lewis 119 6. A simbologia do imaginário em As crônicas

de Nárnia 133

Conclusão 159

APÊNDICE — Sinopse de O leão, a feiticeira

e o guarda-roupa 165

Bibliografia 171

Sobre o autor 175

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Mas, como está escrito: “As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as coisas que Deus preparou para os que o amam.”

Apóstolo Paulo, 1Coríntios 2:9 As imagens desempenham um papel em nossa vida. Vitali-zam-nos. Por elas a palavra, o verbo, a literatura são promo-vidos à categoria da imaginação criadora. O pensamento, exprimindo-se numa linguagem nova, se enriquece ao mes-mo passo que enriquece a língua. O ser torna-se palavra. A palavra aparece no cimo psíquico do ser. A palavra se reve-la como devir imediato do psiquismo humano.

Gaston Bachelard, O ar e os sonhos1 As imagens míticas expressam a necessidade de transcender os contrários, de abolir a polaridade que caracteriza a con-dição humana, para alcançar a realidade última.

Glauco Barreira Magalhães Filho, O imaginário em As crônicas de Nárnia

Prefácio

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10 O imaginário em As crônicas de Nárnia

Sinto-me bastante lisonjeado, por dois motivos pelo me-nos, da incumbência de “preparar os caminhos” da obra “O imaginário em As crônicas de Nárnia”, de Glauco Barreira Magalhães Filho, que a editora Mundo Cristão publica. O primeiro deles diz respeito ao valor do tema imaginário, tão caro às ciências sociais atualmente. À luz do cristianismo bí-blico, o autor lhe dá um tratamento arguto, corajoso e origi-nal, ao analisar a obra do escritor irlandês C. S. Lewis.

O segundo motivo, decorrente em certa medida do pri-meiro, está relacionado à grandeza da obra e do escritor ana-lisado. Embora Lewis dispense longas apresentações, é preciso mencionar suas credenciais como poeta, filósofo, apologista cristão, escritor, professor e crítico literário.

Já há algum tempo, C. S. Lewis goza de grande populari-dade, principalmente em países de língua inglesa. Entre nós, vem ganhando notoriedade em especial por sua literatura cristã. A obra de Glauco Filho vem reforçar, portanto, esta merecida posição de destaque alcançada por Lewis.

Partindo de uma discussão bem amparada teoricamente, este trabalho analisa o imaginário como elemento constituidor da literatura ficcional do autor norte-irlandês, tão afeito à literatura fantástica, com maior atenção para As crônicas de Nárnia, mais especificamente para O leão, a feiticeira e o guar-da-roupa.

Ainda que o livro aborde com maior força a construção do imaginário na esfera do cristianismo e avente hipóteses de natureza teológica para explicar os mais diferentes aspectos que envolvem a questão, ele ultrapassa seus limites. O alcan-ce teórico pode interessar a outros campos do saber graças ao diálogo travado com uma plêiade de pensadores que Glauco

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Prefácio 11

Filho toma como seus interlocutores. Trata-se de nomes como Heráclito, Santo Agostinho, Descartes, Kant, passando por Jung, Bachelard, Feurbach, Marx e chegando a Castoriadis e Durand. Se uma obra, portanto, pode assumir seu valor pela referência apropriada a autores consagrados, “O imaginário em As crônicas de Nárnia” possui grande relevância, seja numa relação de aliança ou conflito.

Dado seu caráter polifônico, o livro assume um tom mul-tifacetado, constituindo um debate fecundo sobre o imagi-nário, debate esse pontuado de exemplos extraídos sobretudo da obra As crônicas de Nárnia.

Este trabalho pode interessar também, explícita e direta-mente, aos estudiosos de teologia que se concentrarem no que chamo de “Teologia da Nostalgia”. Ao remontar aos místi-cos medievais, Glauco Filho aposta na idéia de que há uma espécie de sentimento saudosista, consciente ou inconscien-temente, inerente à raça humana de um lugar em que reina a paz e a felicidade, um anseio por uma espécie de lugar de “onde emana leite e mel”. Tal pensamento foi alegorizado na literatura pela idéia do Paraíso e ganhou força no imaginário cristão com a figura do céu. Na literatura lewisiana, essa ima-gem está bem representada pelo mundo de Nárnia.

Uma reflexão de caráter epistemológico perpassa todo o livro. Como jusfilósofo que é, questões dessa natureza não lhe poderiam ser estranhas. Influenciado pelas idéias de Bachelard, o autor investe numa concepção teórica do ima-ginário que solapa a visão positivista da percepção da realida-de fundada exclusivamente no conhecimento empírico. Nessa direção, seria preciso desfalcar a idéia de que o conhecimen-to mítico — no sentido abordado pelo auconhecimen-tor, ancorado por

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12 O imaginário em As crônicas de Nárnia

sua vez nas idéias de “Jack” — é fruto de mente enfraquecida e inculta, resultado de ilusões e deformações cultivadas por uma imaginação baseada em enganos e erros.

De acordo com o autor, a racionalidade se alimenta do imaginário, do contrário a esquizofrenia ganharia grande es-paço no cenário social. Do ponto de vista fenomenológico, haveria uma espécie de consciência imaginário-imaginativa que percebe a realidade, não pela inteligibilidade da razão objetiva, mas pelas representações mentais fomentadas pelo imaginário.

Contribuição séria a obra tem a oferecer sobre aspectos concernentes à linguagem, envolvidos no imaginário. Como professor de Hermenêutica e de Lógica e Argumentação, dis-ciplinas em que a discussão com os elementos da linguagem é imprescindível, Glauco Filho conhece bem o assunto. Na verdade o trato com a questão do imaginário não pode des-prezar o aspecto lingüístico, pois o imaginário contribui tam-bém para mostrar os limites de linguagem a que estamos submetidos. A precariedade inerente à linguagem pode ser minimizada pelo simbólico.

Assim, se concordamos com Cassirer, a via de acesso ao real se dá pelo simbólico. Ora, não se pode esquecer que o imaginário deita raízes no simbólico, no alegórico. Para Durand, teórico contemplado pelo autor na discussão sobre o imaginário, o símbolo seria a maneira de expressar o imagi-nário, pois tem a função transcendental de permitir extrapolar o mundo material objetivo.

Por conseguinte, ao discutir sobre o imaginário, o autor resvalou no debate sobre a ficcionalização da realidade atra-vés do conceito de alegoria, pelo qual é possível falar de algo por associação a outro. Glauco, portanto, escolheu bem seu

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Prefácio 13

objeto de análise: uma narrativa literária de fundo alegori-zante, em que, por efeito associativo Nárnia, por exemplo, está para o céu, como o Leão Aslam para Jesus.

Como quer Le Goff, uma das fontes principais em que o imaginário se manifesta é a literatura, considerada, portanto, uma das fontes privilegiadas para o estudo do imaginário. A obra de Glauco Filho vem reforçar essa premissa.

Se nos alongássemos, poderíamos ainda dizer que “O ima-ginário em As crônicas de Nárnia” traz discussões que inte-ressam à antropologia ao mostrar que, nas mais diversificadas culturas, existem “arquétipos universais” da imagem divina semelhantes, em vários pontos, à idéia de Deus criada pelo cristianismo bíblico.

Existem ainda, neste livro, questões relevantes para as ciên-cias do Direito e da Psicologia (pelo menos para uma certa psicologia), para a Sociologia da Religião, a Pedagogia, a His-tória etc. que o tempo e o espaço nos impedem de considerar mais longamente. O leitor mais arguto, porém, descobrirá à medida que for se encaminhando pelas entrâncias da obra.

Por seu perfil, “O imaginário em As crônicas de Nárnia” exige uma leitura mais acurada. O leitor interessado na obra de C. S. Lewis vai deparar com discussões que o conduzirão a um enfrentamento intelectual. Apesar disso e embora a obra revele a grande formação intelectual de seu autor, a acessibi-lidade é garantida graças à clareza das argumentações e à di-dática com que Glauco Filho constrói o texto.

Tudo isso “prepara os caminhos” para o entendimento de uma obra literária que indubitavelmente se constitui num grande exemplar da literatura universal: As crônicas de Nárnia. Esta, por sua vez, “preparou os caminhos” para que o autor de “O imaginário em As crônicas de Nárnia” conhecesse o

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14 O imaginário em As crônicas de Nárnia

livro maior: as Escrituras Sagradas, e por elas chegasse a co-nhecer — no sentido bíblico do termo — aquele que lhe dá sentido e para o qual todo o texto bíblico aponta: Jesus Cristo. JOÃO BATISTA COSTA GONÇALVES

Mestre e doutorando em Lingüística

pela Universidade Federal do Ceará (UFC)

Professor da Universidade Estadual do Ceará

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Quando criança, costumava brincar sozinho, por ser o único menino da casa. Meus companheiros de brincadeiras eram criados pela imaginação. Muitos eram personagens bíblicos, pois comecei a ler a Bíblia aos oito anos de idade.

Certa vez, na época de Natal, tive a oportunidade de assis-tir pela televisão ao desenho O leão, a feiticeira e o guarda-roupa. Eu ainda não era cristão evangélico, nem muito menos sabia que o autor da obra em que o desenho se baseara era cristão. Aquela história, entretanto, ficou-me tão profunda-mente gravada na memória, que acabou entrando em mi-nhas aventuras imaginárias. Acredito que a mensagem cristã subliminar ali presente entrou-me no inconsciente e passou a integrar o conjunto de fatores implícitos que contribuíram para conduzir-me a Cristo.

Aos quatorze anos, converti-me ao evangelho. Ao ingres-sar mais tarde na Universidade como aluno e, depois, como professor, deparei com aqueles que procuravam refutar as doutrinas cristãs com argumentos que presumiam ser racio-nais. Voltei-me, então, para o estudo da apologética cristã e descobri que poderia argumentar de dois modos.

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16 O imaginário em As crônicas de Nárnia

O primeiro consistia em apontar as contradições dos ar-gumentos levantados contra o cristianismo para demonstrar, em seguida, a razoabilidade de verdades evangélicas. O se-gundo, seria mostrar que aqueles anseios existenciais que passaram a integrar o ser humano após a queda encontram resposta na mensagem cristã.

A realidade é que as necessidades mais profundas do ser humano não podem ser traduzidas em linguagem científica. As respostas que estão ao alcance da razão não são satisfató-rias. A Bíblia traz promessas que devem ser recebidas por fé. Elas falam de um suprimento espiritual que só pode ser co-municado por figuras e metáforas, ou seja, pela transposição do sentido literal de uma palavra para o sentido figurado.

Tanto as figuras como as metáforas podem ser vistas nas mensagens de Jesus e nas descrições que a Escritura faz do céu. Nesse escopo, portanto, a pregação precisa ser acompa-nhada mais pela imaginação do ouvinte que pela razão. As-sim, é necessário que mostremos o valor da imaginação como meio para expressar nossos anseios superiores e para inter-pretar o suprimento que preencherá o vácuo existente em nosso ser.

A descoberta que fiz da importância do imaginário me trou-xe à lembrança meus dias de infância. Mostrou-me ainda que pregar o evangelho envolve também a tentativa de des-pertar a criança adormecida em cada pessoa. Afinal, foi o pró-prio Jesus quem disse que aquele que não compreender seu

Reino como uma criança o faz, dele não poderá participar.1

Logo percebi que combater argumentos “racionais” con-tra o evangelho não era o bastante. Era preciso combater o

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Introdução 17

racionalismo, um movimento que tratou com muito despre-zo a imaginação humana em nome de uma razão técnica, fria e mórbida. No entanto, essa razão mostrou-se incapaz de captar o âmago da realidade, o qual transcende as catego-rias da razão e pode ser desvendado apenas por intuição emo-cional pura. O cerne da realidade que a intuição atinge, por sua vez, só pode ser anunciado por metáforas. É nesse mo-mento que percebemos a utilidade da imaginação para o co-nhecimento da verdade.

C. S. Lewis explica que o valor do mito2 — tomado no

sentido de construir uma representação mental do inefável — restaura o significado mais profundo do conhecimento que se manteve despercebido por excesso de familiaridade. A criança que reencontra gosto por um frio pedaço de carne, ao lembrar que se trata de um búfalo morto em uma caçada, mostra-se sábia. O verdadeiro sabor da carne será restituído ao ser inserido em uma história.3 Assim, o mito revela o não

dito pelo dito.

É tentando mostrar isso que Lewis, em seu livro O leão, a feiticeira e o guarda-roupa, pertencente a uma de suas obras

mais famosas denominada As crônicas de Nárnia,4 refere-se a

um guarda-roupa mágico cujo lado interno é maior que o externo.

2Entre as definições de “mito”, o Dicionário Houaiss menciona: “Relato

simbólico, passado de geração em geração dentro de um grupo, que narra e explica a origem de determinado fenômeno, ser vivo, acidente geográfico, instituição, costume social etc.”. Nesta acepção, por exemplo, podemos cha-mar de “mito” o relato da Criação, passado de geração em geração entre o povo judeu primitivo.

3C. S. LEWIS. On stories, p. 90.

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18 O imaginário em As crônicas de Nárnia

C. S. Lewis foi poeta, filósofo, apologista cristão, escritor, professor e crítico literário. Embora polígrafo — escreveu sobre filosofia, poesia, crítica literária, literatura fantástica e ficção científica —, foi sua produção no campo da literatura fantástica que mais ganhou destaque. Através de figuras tra-dicionais dos contos infantis, o evangelho pôde ser apresen-tado às crianças.

Utilizando-se de imagens oriundas da mitologia grega e nórdica, e dos contos de fadas, Lewis sempre procurou trans-mitir os valores cristãos em seus escritos. Foi grandemente influenciado pelas obras de George MacDonald, que escre-veu sobre a importância da fantasia, e G. K. Chesterton, que destacou a influência moral positiva dos contos de fada. Tan-to MacDonald como ChesterTan-ton sempre professaram a fé cristã em suas obras.

Lewis foi ainda amigo pessoal de J. R. R. Tolkien, autor da conhecida obra O senhor dos anéis, adaptada também para o cinema. Tolkien pertencia aos Inklings, um grupo de catedrá-ticos que discutia filosofia, literatura e mitologia, ao qual Lewis também se associou, em 1939. Ele costumava confessar que seu lado “imaginativo” era o mais amadurecido:

O homem imaginativo em mim é mais velho, mais conti-nuamente ativo e, nesse sentido, mais fundamental que qual-quer um dos outros, o religioso e o crítico. Ele me fez, pela primeira vez, aventurar-me como poeta. Ele é que, numa réplica à poesia dos outros, tornou-me um crítico e, em defesa a essa réplica, tornou-me muitas vezes um crítico pa-radoxal. Foi ele que, após a minha conversão, levou-me a encarnar a fé religiosa do modo simbólico ou mitopoético de um screwtape, até um tipo de ficção científica teológica. Também é claro que foi ele quem me levou, nos últimos

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Introdução 19

anos, a escrever a série de contos narnianos, destinados às crianças; não porque eu estivesse preocupado com o que elas queriam ouvir, ou que me comprometeria a fazer adapta-ções [...], mas porque o conto de fadas foi o melhor gênero literário que encontrei para expressar o que pretendia dizer.5

Clive Staples Lewis ou Jack, como gostava de ser chamado pelos amigos, nasceu em Belfast, Irlanda do Norte, em 29 de novembro 1898, numa família protestante (presbiteriana). Cresceu em meio a uma atmosfera de fértil imaginação e criatividade, compartilhando com o irmão, Warren, a leitura de livros clássicos obtidos na seleta biblioteca da família.

Lewis perdeu a mãe aos dez anos de idade, o que o levou a um relativo isolamento — estimulado pelas muitas dificul-dades do pai para recuperar-se do trauma advindo da prema-tura viuvez — e a buscar refúgio nas histórias infantis.

Ao tornar-se adulto, perdeu a fé em Deus e viu-se à pro-cura da alegria que usufruíra na infância. Tal busca levou-o a aprofundar-se no estudo de várias filosofias, o que o con-duziu de volta a Deus. No início, sentiu dificuldade em crer num Deus pessoal e na encarnação de Cristo, mas acabou

vencido pelo cristianismo e vinculou-se à igreja anglicana.6

Lewis ensinou no Magdalen College, de 1925 a 1954, tam-bém foi professor de Literatura Medieval e Renascentista na Universidade de Cambridge. Muitos de seus trabalhos foram significativamente premiados, como A alegoria do amor e A última batalha. Tornou-se popular pelas palestras transmiti-das pela BBC de Londres.

5W. HOOPER, Letters of C. S. Lewis, p. 444.

6Para mais detalhes sobre sua autobiografia, ver o livro Surpreendido

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20 O imaginário em As crônicas de Nárnia

Este famoso escritor irlandês morreu em 23 de novembro

de 1963,7 no mesmo dia de John Kennedy e Aldous Huxley,8

mas deixou um grande legado. Seus trinta e oito livros, tra-duzidos para mais de trinta idiomas, venderam mais de du-zentos milhões de exemplares.

O imaginário, tão celebrado na obra de “Jack”, é também objeto de análise neste livro. A primeira parte examina a im-portância da imaginação humana — confrontando-a com o desprezo injusto que lhe concedeu o racionalismo, hoje em decadência — e o elo existente entre ela, a verdade e os valo-res ético-políticos.

A segunda parte ressalta a relevância do imaginário na re-ligiosidade, em especial no cristianismo, e a manifestação do pensamento cristão através da criação literária de C. S. Lewis, particularmente em seu livro O leão, a feiticeira e o guarda-roupa. Sobre a associação de Aslam, o leão, à figura de Cris-to, Lewis comenta:

Não é claro que não foi inconsciente, mas, até onde consigo recordar, nem mesmo foi, a princípio, intencional. Isto é, quando comecei O leão, a feiticeira e o guarda-roupa, não creio que tenha previsto o que Aslam iria fazer ou sofrer. Acredito que ele apenas insistiu em comportar-se de seu próprio jeito, como Jesus. É claro que compreendi isso, e toda a série de crônicas [Nárnia] tornou-se cristã.9

7A vida de C. S. Lewis com sua esposa Joy Gresham foi retratada no filme

Shadowlands, no qual o escritor é representado por Anthony Hopkins. Sua vida também foi tema de outro filme intitulado The life of C. S. Lewis: through joy and beyond.

8John Fitzgerald KENNEDY foi presidente dos Estados Unidos de 1961 a

1963, ano em que foi assassinado, em Dallas, Texas. Aldous Leonard HUXLEY

(1894-1963), escritor e ensaísta inglês, é autor de Admirável mundo novo (1932) e A ilha (1962), entre outros.

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Introdução 21

Um breve resumo desse conto de Lewis integra o anexo da obra, visando a oferecer, àquele que ainda não teve opor-tunidade de lê-lo, elementos que lhe permitam compreender melhor a argumentação desenvolvida.

Devemos, pois, cingir os lombos com a verdade. Na Bíblia a palavra lombo simboliza a fertilidade e, nessa citação, ela re-mete à fertilidade da mente. Deus não condena, portanto, a imaginação criativa no campo religioso, afinal ela consiste num dos traços da imagem e semelhança que temos com aquele que fez o céu e a terra. Enquanto Deus cria do nada, nós criamos a partir das imagens armazenadas na mente. O importante é que nossa imaginação esteja cingida com a ver-dade, isto é, comprometida com o evangelho.

Se você que lê este livro compreender que a importância da imaginação transcende o prazer dos momentos de diver-são e lazer, então terei alcançado meu objetivo. Há uma di-mensão da realidade que será revelada na visão beatífica, mas que, agora, só podemos dela nos aproximar por representa-ções e figuras.

A imaginação é, portanto, uma faculdade que faz parte do tudo que há em nós que deve glorificar e bendizer ao Senhor.

Referências

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