Seminário II
Paulo J. S. Gil
Ano lectivo 2004/05
Voar
Aeroespacial: uma tecnologia complexa
O que é necessário compreender para o Homem voar?
• A
atmosfera
e o
espaço
, meios onde os veículos se deslocam
•
Aerodinâmica
: ciência que estuda como o ar que se desloca pela
aeronave interagindo com ela e produzindo sustentação e outros efeitos
•
Mecânica de Voo
: de que modo uma aeronave se desloca, sua
estabilidade
e
desempenho
•
Voo espacial
rege-se por leis diferentes após a saída da atmosfera
•
Propulsão
dos veículos, que permite o seu movimento
•
Estrutura
do veículo, que mantém a sua integridade
•
Design
das características dos veículos para se poderem mover do modo
desejado
•
Controlo
do movimento dos veículos aeroespaciais
Muitas outras questões são importantes: controlo do espaço aéreo (regras de transito), aeroportos, etc., etc., etc.
Anatomia de uma Aeronave
Ao longo da história, os veículos aeroespaciais foram-se desenvolvendo e as partes constituintes que permitem que voe tornaram-se denominador comum de quase todos (Asa) (Fuselagem) (Estabilizador Horizontal) (Estabilizador Vertical) (Baía do
Propulsor) [Gera sustentação]
[Controla a direcção]
[Controla a picada]
[Mantém tudo junto; Carga, combustível]
[Funções das Partes neste formato]
Superfícies de Controlo mais Importantes
Os Ailerons e os Flaps (que têm funções diferentes) são usados na designação original;
O Elevador também é conhecido por Leme de Profundidade
(Elevador)
Alguns termos não têm tradução em português, estando a designação original consagrada
(Leme de Direcção)
[Muda a direcção: Guinada (Yaw)]
[Fazem subir ou descer: Picar ou Cabrar (Pitch)]
[Fazem rodar sobre o eixo: Rolar (Roll)] [Os Flaps alteram a
Outras Partes
(Asa) (Fuselagem) (Estabilizador Horizontal) (Estabilizador Vertical)(Trens de aterragem: do nariz e principal; também há de cauda)
(Elevador) (Cabina) Propulsor (dentro da baía) (Leme de Direcção) [Comando e controlo] [Impulso]
Podem existir outras partes importantes dependendo dos modelos e dos fins a que se destinam; a busca de novas soluções não tem fim
Exemplos de outras partes de controlo:
• Spoilers, que abrem sobre as asas para gerar sustentação e arrasto extras
• Slats, modificando a parte anterior das asas e alterando a sustentação
[Redução de força no controlo para manutenção de atitude ]
Outras configurações
Dependendo do propósito ou do regime de voo a configuração e as partes que compõem uma aeronave podem ser muito diferentes;
A evolução das aeronaves também propõem novas soluções
[Elevon = Elevator + Aileron]
[Canard: estabilizador horizontal colocado à frente; o canard produz sustentação ajudando o trabalho da asa, ao contrário do estabilizador clássico]
(Admissão do motor)
(Nozzle)
[Stabilator = Stabilizer + Elevator; permite descolagem curta]
Perfis alares (airfoils)
• Perfil Alar (Airfoil): forma desenhada para produzir sustentação (Lift)
• Forma observada na secção de corte de uma asa
• Secções diferentes de uma asa podem ter perfis alares diferentes
Os perfis alares também podem ser encontrados nas superfícies da cauda e nos hélices de propulsão
(Perfil Alar) (Bordo de ataque)
Nomenclatura do perfis alares
Extradorso
Intradorso
• Bordo de ataque: extremidade anterior do perfil, onde primeiro chega o escoamento • Bordo de fuga: onde o escoamento
abandona o perfil
• Extradorso: superfície superior do perfil • Intradorso: superfície inferior do perfil
• Linha de curvatura (camber = curvatura): linha média entre o extradorso e o intradorso • Flecha f: desvio máximo da linha de
curvatura relativamente à corda
• Espessura t: distância máxima entre o extradorso e o intradorso
Airfoil nomenclature (Inglês)
Flecha relativa típica:
f / c ~ 4%
Espessura relativa máxima normalmente encontrada:
t /c ~ 18%
• É importante conhecer as designações também em Inglês
• Faça a correspondência das designações com as do slide anterior
Ângulo de ataque
O Ângulo de ataque geométrico é o ângulo entre o escoamento uniforme de aproximação com velocidade não perturbada V e uma direcção de referência do perfil – geralmente a
corda (Ângulo de ataque) (Escoamento de aproximação)
V
(Corda)O Ângulo de ataque efectivo é o ângulo de ataque para o qual não há sustentação
Os perfis alares podem ser simétricos; um perfil alar simétrico com ângulo de ataque geométrico não nulo é assimé-trico relativamente ao escoamento e pode provocar sustentação
Parâmetros das asas
• b é a
envergadura (span)
• A asa de cima é em
flecha
(sweep)
• A área definida pela planificação
de uma asa relativamente à corda;
esta área de placa depende da
configuração das asas; se estas
formarem um rectângulo, A = b×c
• O
ângulo diedro (dihedral angle)
Eixos de controlo
Os movimentos de atitude da aeronave são medidos
relativamente a esta e mudam relativamente à Terra e.g. Guinada não é o mesmo que
Rumo pois depende da atitude da aeronave no instante
Rolamento (Roll) [eixo longitudinal] Picada ou Cabragem (Pitch)
[eixo lateral]
Guinada (Yaw) [eixo normal]
• Em voo normal o vector velocidade da aeronave tem fundamentalmente a direcção do eixo longitudinal, com uma pequena componente ao longo do eixo normal
• Não há normalmente
componente ao longo do eixo lateral; quando tal acontece, é denominada escorregamento.
x y
Orientação relativamente à Terra
Referencial X1 Y1 Z1 é fixocom a Terra, Z1 é a vertical e aponta para baixo. XYZ é o referencial da aeronave Rotação em torno de Z1 define o Rumo Rotação em torno de Y2 define a Picada ou Cabragem (Pitch) Rotação em torno de X3 define o ângulo de Pranchamento (Bank)
As rotações são
rea-lizadas sucessivamente e relacionam os eixos fixos com os da aeronave.
Rolamento, Picada e Guinada são sempre relativos aos eixos XYZ da aeronave
Controlos e mudança de atitude
As superfícies de controlo servem para variar a atitude mas a relação com a direcção de deslocamento (i.e. movimento de translação) da aeronave não é directa pois são conceitos diferentes; à parte ventos e outros fenómenos, a direcção do movimento relaciona-se com a velocidade do escoamento; só para pequenos ajustes a relação faz sentido
Mudança de rumo (volta coordenada horizontal)
• Os ailerons são usados para mudanças de rumo, rolando a aeronave de modo a utilizar a força de sustentação para a virar
• O leme de direcção é usado apenas para pequenos ajustes de rumo e para coordenar a manobra
Quando a aeronave vira na horizontal a componente vertical da sustentação
compensa o peso. A componente horizontal, perpendicular à velocidade, provoca uma aceleração centrípeta rodando o vector velocidade; a atitude da aeronave tem que ser ajustada.
Atmosfera
A atmosfera é o meio onde as aeronaves se deslocam e é fundamental conhecer as suas propriedades
Quantidades físicas fundamentais de um gás em escoamento: pressão p, massa específica , temperatura T e velocidade do escoamento V; são a fonte de todas as forças aerodinâmicas
Em boa aproximação, a atmosfera pode ser considerada um gás perfeito i.e. as um gás em que as forças intermoleculares são desprezáveis, a equação de estado dos gases perfeitos é p = RT, em que R é a constante do gás
Para temperaturas muito elevadas (e.g. 2500K para o Oxigénio) as moléculas da atmosfera dissociam-se e a atmosfera passa a ser quimicamente reactiva; este caso é importante no caso de cápsulas a reentrar na atmosfera
ISA (International Standard Atmosphere)
• A atmosfera é um meio dinâmico muito variável
• Pressão e temperatura dependem da altitude, estado do tempo,
localização na Terra, etc.
• Equação hidrostática: balanço de forças de um elemento de fluido em repouso
• A Atmosfera Padrão é definida para ser possível relacionar testes de voo, resultados de túneis de vento, etc. i.e. resultados gerais de
design e desempenho de aeronaves A atmosfera padrão (ISA) é definida a
partir de uma variação da temperatura com a altitude baseada na experiência
Atmosfera padrão (ISA)
A atmosfera padrão é definida por troços, com camadas isotérmicas e outras em que a temperatura varia linearmente; os modelos são
actualizados periodicamente e vão até altitudes espaciais
Considerando a aceleração da gravidade aproximadamente
constante, nas camadas isotérmicas
a pressão e massa específica variam exponencialmente:
Quando a temperatura varia linearmente, a variação é uma lei de potências:
onde a é a variação de T com a altitude
( 0) 0 ( 0) 0 0 0 , RT h h g h h RT g e e p p − − − − = =
ρ
ρ
1 0 0 0 0 0 0 , − − − = = aR g aR g T T T T p pρ
ρ
Fluidos compressíveis e incompressíveis
Toda a matéria real é compressível até certo ponto; no entanto, existem muitos materiais (e fluidos) que em certas circunstâncias essa compressibilidade pode ser desprezada; esta
questão é muito importante, em particular para a aerodinâmica, porque simplifica bastante as equações
Mesmo a água é compressível embora esse facto não seja facilmente observável à nossa escala: no fundo dos oceanos, sob o peso da coluna de fluido, a massa específica é mais elevada
•
Fluido incompressível
– fluido para o qual a massa específica pode ser
considerada sempre constante
•
Fluido compressível
– a massa específica dos elementos do fluido pode
mudar de ponto para ponto
Em aerodinâmica o fluido pode ser considerado como incompressível até
Escoamento isentrópico
• A altas velocidades, a energia cinética envolvida é elevada e afecta o fluido podendo ser transformada em calor; é necessário conhecer o comportamento termodinâmico do fluido, que é obtido pelo conhecimento dos coeficientes de calor específico
• É necessário caracterizar os processos que relacionam a termodinâmica e a aerodinâmica compressível
• Num
Processo Adiabático
não há trocas de calor entre os elementos do
fluido (mas a temperatura pode ser diferente de ponto para ponto)
• Num
Processo Reversível
não ocorre fricção ou outros processos
dissipativos
Um
Processo Isentrópico
é adiabático e reversível
• Os processos isentrópicos são muito importantes na aerodinâmica compressível
• Os processos isentrópicos implicam uma relação entre a pressão e a massa específica que só depende da razão dos calores específicos
γ
= cp cv =1.4 (para ar)Velocidade do som e Número de Mach
• A velocidade do som é fundamental para o voo porque é a velocidade de comunicação entre a aeronave e o ar e entre os diversos elementos do ar
• Num fluido perfeito, a velocidade do som só depende da temperatura: • Ao nível do mar: cs = 1220 km/h
• Na estratosfera (altitude acima de ~11 km): cs = 1060 km/h
• M é uma medida adimensional da velocidade V medida em unidades da velocidade do som cS, evitando normalizações para altitudes diferentes
• O fluido só pode ser considerado incompressível para velocidades muito menores que a do
RT cs =
γ
Definição de número de Mach M:
M = V/C
SVelocidade subsónica:
M < 1
Velocidade do som:
M =1
Regime transónico de velocidade
• O número de Mach é muito utilizado porque as propriedades aerodinâmicas
alteram-se dramaticamente quando M > 1 pois os elementos adjacentes do fluido
não têm tempo de reagir ao que acontece porque a influência do fenómeno não se
fez sentir anteriormente – o que origina ondas de choque
• Quando uma aeronave se aproxima da velocidade do som, o ar que passa por
cima da asa é acelerado podendo ser supersónico em certos pontos e alterando a
aerodinâmica e fazendo aparecer ondas de choque
• Em velocidades supersónicas baixas o fenómeno inverso acontece: haverá regiões
subsónicas e a aerodinâmica é “mista”
• Quando este fenómeno acontece diz-se que se está no
regime transónico
: a
barreira do som começa abaixo da velocidade do som
Pressões estática e dinâmica (fluido incompressível)
• Pressão total
: a tomada num tubo
virado para o escoamento até este parar
• Pressão estática
: a tomada
perpendicularmente ao escoamento – a
referida muitas vezes por pressão do ar
• Pressão dinâmica
: a pressão devida ao
movimento do fluido, é a diferença entre
a total e a estática
Numa tubeira sem fontes de energia
a pressão total mantém-se constante
logo se a pressão dinâmica aumenta,
a estática diminui
Se é adicionada energia ao fluido no
espaço e.g. por um hélice, a pressão
dinâmica aumenta e sem confinamento
a pressão estática mantém-se constante
logo a pressão total aumenta
Tubo de Pitot
O tubo de Pitot permite medir a pressão dinâmica
e logo a velocidade do escoamento
•
Pressão dinâmica
tem que ver com a
energia cinética e é
dada por
22
1
V
P
Din=
ρ
Viscosidade
•
Fluido viscoso
= fluido com fricção, entre camadas que deslizam umas
relativamente às outras e às superfícies em contacto tais como perfis alares
•
Fluido invíscido
= fluido em que a viscosidade é desprezável; em certas
aplicações é uma boa aproximação
• Se não houvesse fricção, uma esfera num escoamento não seria arrastada
pois a pressão, normal à superfície seria anulada devido à forma…
• Sem viscosidade o fluido passa em torno de um perfil alar apenas
controlado pela pressão; na vida real os fluidos aderem à superfície devido
à fricção entre o gás e o material;
sobre a superfície a velocidade do fluido
é zero
relativamente a esta e na região perto da superfície o fluido é
retardado; esta região onde o fluido é retardado pela fricção da superfície
denomina-se
camada limite (boundary layer)
Camada limite
A velocidade do fluido diminui do valor da
apro-ximação invíscida, longe da superfície, até zero no
contacto com a superfície: por isso é tão difícil
retirar o pó a um automóvel apenas andando
depressa…
• A camada limite é a região
onde os efeitos da fricção se
fazem sentir e a sua
espessura é determinante
para o que acontece
• A espessura da camada
limite no bordo de fuga de
um 747 é cerca de uma
polegada
• O
número de Reynolds
Número de Reynolds Re
O número de Reynolds Re compara o valor relativo das
forças de inércia
e
as de
fricção
do escoamento não perturbado (longe da superfície)
∞ ∞ ∞
=
µ
ρ
V
L
Re
• Dois escoamentos serão
dinamicamente semelhantes
se tiverem Re similar
• Serve para comparar
veículos com dimensões e
velocidades muito diferentes
• A fricção nas superfícies
depende do número de
Reynolds
Números de Reynolds:
• 747-400
1.62×10
8• Piper Clipper
5.3×10
6• Mosca
8200
Escoamentos laminares e turbulentos
•
Escoamento laminar
: escoamento em que as linhas de corrente são suaves e os
elementos do fluido se movem suavemente ao longo da linha
•
Escoamento turbulento
: as linhas de corrente quebram-se e os elementos do
fluido movem-se de modo irregular; a pressão e a velocidade variam muito com o
tempo
Escoamento laminar
Escoamento turbulento
A turbulência depende de Re
• Se Re baixo, a viscosidade é suficiente
para amortecer as perturbações e o regime
mantém-se organizado, laminar
•Se Re alto, os efeitos dinâmicos
dominam e o escoamento degenera num
regime caótico – turbulência
• As camadas limites passam de laminares
a turbulentas para
Re ~ 10
5Separação e perda
Devido à camada limite, o escoamento pode separar-se do corpo alterando
significativamente a sua configuração, aumentando a resistência e
diminuindo a sustentação num perfil alar – é o fenómeno de separação que
leva à
perda
de sustentação
Separação
Configuração do escoamento
muito diferente devido ao
fenómeno de separação pode
causar perda de sustentação
Leis do movimento
• As leis que regem o movimento dos veículos aeroespaciais são
as leis da mecânica de Newton
• Uma veículo aeroespacial pode ser considerado, em primeira
aproximação, um corpo rígido
• Os corpos rígidos têm 6 graus de liberdade: 3 de translação
(posição) e 3 de rotação (atitude)
• O movimento dos corpos rígidos pode ser decomposto em
deslocação do centro de massa mais rotação tendo o centro de
massa como referência
Forças e binários em corpos rígidos
• As forças determinam o movimento de translação do centro de massa CM (e logo do corpo)
• Para estudar a mudança de atitude (rotação), é fundamental o momento das forças (relativamente ao CM)
• A soma das forças externas aplicadas num corpo rígido podem sempre
reduzir-se a uma força resultante,
aplicada numa linha de acção, mais um binário (2 forças iguais e opostas) de Momento M
• Quando se muda a linha de acção da força, o binário muda
O momento (torque) da Força relativamente a um ponto determina a rotação que esta induz em torno desse ponto
Voo horizontal rectilíneo
• No voo horizontal com velocidade constante, a soma das forças é nula
• A soma dos momentos das forças relativamente ao CM é nula para atitude constante
• O Impulso (Thrust) tem que compensar a Resistência (Drag) do ar
• Para compensar o Peso é necessário criar Sustentação (Lift) com as asas
Sustentação (L) = Peso (W)
Resistência (D) = Impulso (T)
Sustentação, resistência e ângulo de ataque
Por definição, a resistência tem sempre a mesma direcção do escoamento i.e. a direcção da velocidade V
Por definição, a sustentação tem sempre a direcção perpendicular ao escoamento
Velocidade do escoamento
Consequências do equilíbrio de forças
Em cruzeiro, a Sustentação iguala o Peso
•
TOGW – Takeoff Gross Weight
: Peso máximo (à descolagem)
• À medida que o combustível é gasto, a aeronave fica mais leve e requer
menor força de sustentação
• 45% do TOGW do Boeing 747-400 na configuração de alcance máximo
é combustível! – a necessidade de sustentação varia bastante ao longo da
viagem e tem que ser ajustada
Em cruzeiro, o Impulso iguala a Resistência
• O Impulso deve ser maior para voo ascensional e para acelerar
• Deve ser menor para desacelerar e descender
Forças num perfil alar
A Pressão é perpen-dicular ao dorso
Forças de corte (shear) Distribuição da variação da Pressão (gradiente) num perfil alar
Sustentação
• O ar torneia a asa mudando de direcção, logo há uma força aplicada no
ar (1ª Lei de Newton)
• Se há uma força aplicada no ar, deve haver uma força oposta aplicada
na asa (3ª Lei de Newton)
• Para uma asa se deslocar para cima (ou equilibrar o peso) o ar deve ir
para baixo!
(Ponto de estagnação frontal) (Ponto de estagnação posterior)
É induzida no ar uma velocidade descendente
Sustentação (Lift)
• A velocidade descendente (downwash) é induzida pela asa que por reacção
tende a subir contrariando o peso
• O que obriga o ar a seguir o topo da asa, em vez de passar por esta “indo em
frente”, é a
viscosidade
(mesmo em fluidos considerados
invíscidos i.e. sem
viscosidade
, ela é levada em conta)
• Se não há “downwash”, não há
sustentação
• A velocidade descendente induzida
relaciona-se com o ângulo de ataque,
que pode ser controlado pelo piloto
• Se há downwash, há sustentação
Do que depende a sustentação
Força de sustentação L iguala a quantidade de movimento
mV
do ar
induzido para baixo (2ª Lei de Newton); é provocada pela diferença de
pressão entre as partes de cima e de baixo da asa
A força de sustentação em cada situação é proporcional a:
•
Área da asa
S
: quanto maior a área da asa, mais ar induzido para baixo
•
Massa específica do ar : quanto maior a densidade mais massa de ar
induzido para baixo
• A velocidade induzida para baixo depende da velocidade do fluido mas
a massa por unidade de tempo do ar induzido também (quanto maior a
velocidade, mais ar por unidade de tempo é induzido para baixo); logo a
sustentação deve ser proporcional ao
quadrado da velocidade
V
22
V
S
Coeficiente de sustentação
S
V
C
L
L 22
1
ρ
=
Em cada situação, a sustentação depende directamente
da pressão dinâmica e da área. Então:
C
Lé o
coeficiente de sustentação
; depende
da
geometria do corpo
e da posição que
este oferece ao escoamento i.e. do
ângulo
Coeficiente de sustentação e ângulo de ataque
• C
L(sustentação para
massa específica evelocidade
constantes) é directamente
proporcional ao ângulo de
ataque até ao limite em que
se entra em
perda
• Variando o ângulo de
ataque controla-se a força
de sustentação
Ângulo de ataque efectivo é definido de modo a L = 0 para 0º
Variar a sustentação
A sustentação pode ser variada:
• Aumentando a velocidade
(necessário aumentar a potência
ou diminuir a resistência)
• Aumentando o ângulo de
ataque (limitado pela entrada em
perda)
• Aumentando a superfície (os
flaps aumentam de algum modo
a superfície das asas)
• Aumentando a massa específica
do ar voando a baixa altitude
S
V
C
L
L 22
1
ρ
=
Altitude máxima• diminui com altitude e uma aeronave tem sempre uma velocidade máxima – a partir de uma certa altitude não se pode manter asustentação necessária
Aterragem
• Para conseguir aterrar a velocidade sufici-entemente baixa aumenta-se ao máximo o ângulo de ataque, é máximo e os flaps aumentam a superfície efectiva da asa, aumentando a sustentação
Estratosfera
• Para aumentar a velocidade de cruzeiro tem que se diminuir (altitudes elevadas) ou
diminuir S (asas “esbeltas”) mas vai sempre precisar de aterrar…
Potência necessária para voar
É necessário realizar trabalho em todos os instantes apenas para manter o
voo porque em cada instante é necessário induzir ar para baixo para manter
a sustentação
Trabalho realizado / unidade de tempo = Potência = Força × Velocidade
Potência induzida
• Potência necessária para manter a
sustentação
• Asas desviam ar para baixo para
manter sustentação
• Potência induzida é proporcional
à sustentação vezes velocidade
induzida para baixo
Potência parasita
• Potência necessária para
compen-sar as perdas de energia devido às
colisões com as moléculas de ar
• Energia perdida nas colisões é
proporcional a V
2e quanto mais
depressa mais colisões logo a
Potência induzida, parasita e total
A potência induzida é
inversamente proporcional
à velocidade
para a mesma
sustentação
A potência parasita é
directamente proporcional
ao cubo da velocidade
para
a mesma sustentação o que
implica ser difícil aumentar
a velocidade máxima sem
alterar a resistência ao ar
• Existe velocidade óptima para poupar combustível mas necessário mais
potência para aterrar e muito mais para andar muito mais depressa (se não se
alterar outros parâmetros)
Resistência (Drag)
• Resistência é fundamentalmente produzida pela diferença de pressões
entre a parte anterior e posterior da aeronave (tal como a sustentação o é
entre a de cima e a de baixo)
(Provocada pela sustentação)
Resistência
Total
Resistência
Induzida
Resistência
Parasita
Resistência
de Pressão
Resistência
de Atrito
[Total Drag] [Parasite Drag] [Induced Drag] [Pressure Drag][Skin Friction Drag]
Resistência
de Onda
[Wave Drag] (Só existe nos regimes transónico e supersónico)C
Dé o
coeficiente de resistência
;
divide-se nas várias partes:
)
(
, , , ,i D p D f D w D DC
C
C
C
C
=
+
+
+
Resistência (Drag)
A resistência depende de modo similar à sustentação das variáveis que
caracterizam o escoamento
S
V
C
D
D 22
1
ρ
=
A força de resistência D é proporcional
à pressão dinâmica e à superfície (àrea
perpendicular ao escoamento)
Resistência de pressão (ou de forma)
• A resistência de pressão deve-se à diferença de pressão entre a parte da
frente e de trás (como quando uma pessoa tenta avançar dentro de água a
andar); depende fundamentalmente do tamanho e geometria do corpo
•
A separação aumenta a resistência de
pressão
: o ar não consegue “voltar” à sua
linha natural desenvolvendo-se uma zona
de pressão baixa na parte posterior,
aumentando a diferença de pressão
• Os perfis são feitas em
forma fuselada
(streamline)
de modo a evitar a
separa-ção, diminuindo a resistência e evitando
o fenómeno de perda (que só acontecerá
para ângulos de ataque grandes)
Resistência de atrito
• A resistência de atrito deve-se à viscosidade e é responsável por uma
pequena percentagem de toda a resistência parasita
• Os efeitos viscosos estão confinados à camada limite, que tenta arrastar a
superfície na direcção do escoamento
• A resistência de atrito é tanto maior quanto maiores forem a
velocidade
, a
viscosidade
e o
comprimento da superfície
onde o ar passa;
• A turbulência aumenta muito a fricção mas adia o aparecimento do
fenómeno de separação e portanto da entrada em perda; a turbulência é má
em geral
Resistência induzida
• Quando a sustentação é nula, não há resistência induzida
• Quando o ar é desviado para baixo (downwash) para produzir sustentação
está a ser travado no seu caminho e por reacção produz resistência (cf.
potência induzida)
Resistência vs Velocidade
• A resistência tem uma relação directa com a potência necessária para voar
• A resistência é uma força e logo proporcional a Potência / Velocidade
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