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Intervenção do Ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, por ocasião da abertura solene do ano letivo do Instituto Universitário Militar

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João Gomes Cravinho

Ministro da Defesa Nacional

Intervenção doMinistro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, por ocasião da

abertura solene do ano letivo do Instituto Universitário Militar

(2)

Esta é a primeira oportunidade que tenho, enquanto Ministro da Defesa

Nacional, de visitar o Instituto Universitário Militar e é com grande

satisfação que me associo à abertura solene deste ano académico, num

local onde passei várias semanas do meu serviço militar, naquela altura com

a incumbência de traduzir de inglês para português partes de um manual

de cavalaria. Tendo em conta a expressão italiana, “Traduttore, traditore”,

ou seja, quem traduz trai, portanto resta-me esperar que o trabalho

efetuado naquela altura não tenha induzido em erro os nossos oficiais de

cavalaria a quem esse trabalho foi passado para efeitos operacionais.

Mas virando agora para o presente, esta cerimónia permite-me realçar a

importância inequívoca que a qualificação superior na área das ciências

militares tem, para o Ministério da Defesa Nacional. O Instituto

Universitário Militar cumpre uma função essencial no desenvolvimento de

uma formação de excelência na área da defesa, o que por sua vez

representa um contributo fundamental para que as nossas Forças Armadas

(3)

Quero também, de dar os meus parabéns a todos os premiados e

graduados, hoje aqui homenageados, e deixar o meu estímulo para que

outros e outras sigam este exemplo.

Ultrapassaram-se já os desafios iniciais à integração da oferta formativa

militar neste Instituto, e tendo em conta o espaço disponível para crescer e

melhorar, parece-me que os ganhos são amplamente evidentes. Ao longo

dos dois últimos anos, o Instituto tem sabido afirmar a especificidade do

Ensino Superior Militar, procurando oportunidades – que entendo deverem

ser continuadas – de integração no Sistema de Ensino Superior Português.

Disso mesmo são ilustrativas as discussões com vista à inclusão do Instituto

Universitário Militar no Conselho de Reitores das Universidades

Portuguesas. Se essa possibilidade reconhece a relevância e excelência do

trabalho aqui desenvolvido, ela deve ser vista, também, como um estímulo

à crescente cooperação e interligação com o restante universo do ensino

superior.

Uma outra área em desenvolvimento e que merece toda a nossa atenção é

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estreitamento de relações entre Portugal e os seus parceiros internacionais,

através da mobilidade internacional e da captação de fundos competitivos

para a investigação.

Quero também fazer aqui referência à formação técnico-profissional, como

mais uma área onde o Instituto tem sabido dar resposta às necessidades

dos quadros militares portugueses, através da criação da Unidade

Politécnica Militar. Esta valência é essencial para formar os Sargentos dos

quadros permanentes das Forças Armadas e da GNR, assegurando uma

formação que tem em conta as necessidades específicas do contexto de

trabalho e do treino militar. Este é um trabalho que continuará a ser

desenvolvido com o Instituto, no futuro, esperando-se para breve a

aprovação dos respetivos Estatutos em Conselho de Ministros.

Gostaria, finalmente, de deixar uma saudação a todos os oficiais a

frequentar cursos no atual ano letivo e, em especial, aos oficiais de países

parceiros, nomeadamente de Angola, Brasil, Cabo Verde, Espanha e

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A adequação do Ensino Superior Militar às exigências da formação na área

da Defesa e a sua estreita articulação com as restantes instituições de

ensino superior nacional devem ser vistas como contributos estruturantes

do salto qualitativo que a Defesa Nacional é desafiada a dar nas próximas

décadas. É meu entendimento que estes passos beneficiarão da existência

de canais formais que fomentem uma colaboração regular com outras

instituições de ensino superior nacionais, potenciando a formação dos

nossos quadros e capitalizando os recursos disponíveis na sociedade

portuguesa. Essa colaboração tem também a vantagem de dar a conhecer,

de forma mais aprofundada, as características e particularidades da Defesa

Nacional, os seus desafios e os contributos valiosos que esta área pode e

deve dar para o avanço dos interesses nacionais.

A este respeito, quero sublinhar a importância de integrar a perspetiva de

género nos Cursos de Formação de Oficiais. Este objetivo deriva das

recomendações presentes na Resolução 1325 do Conselho de Segurança

das Nações Unidas, que sublinha, entre outros aspetos, a importância de

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da paz e da segurança. A urgência desta dimensão ficou, mais uma vez bem

patente na atribuição do Prémio Nobel da Paz deste ano a Denis Mukwege

e Nadia Murad, ambos diretamente envolvidos em questões de violência

sobre mulheres em situações de conflito.

Para além do ensino, também a investigação científica na área da defesa

deverá configurar-se como um alicerce fundamental do desenvolvimento

industrial do setor da Defesa, seja na Base Tecnológica e Industrial de

Defesa, seja no quadro das organizações internacionais em que Portugal se

insere, nomeadamente no âmbito da Cooperação Estruturada Permanente

da União Europeia. Na PESCO, a formação de consórcios internacionais será

uma oportunidade de aprendizagem e modernização da Defesa Nacional.

O trabalho desenvolvido pelo Centro de Investigação e Desenvolvimento do

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A referência à participação portuguesa na defesa europeia permite-me

abrir uma reflexão mais ampla sobre os vetores que considero centrais para

a dimensão internacional da Defesa Portuguesa nos próximos anos.

O primeiro vetor que gostaria de destacar prende-se com a necessidade,

diria mesmo obrigação, de termos umas Forças Armadas modernas,

preparadas e equipadas para o contexto em que vivemos. Para esse

objetivo concorrem, por um lado, a formação superior dos nossos recursos

humanos e, por outro, a proposta de revisão da Lei de Programação Militar

em apreciação pela Assembleia da República. É assim que Portugal terá

credibilidade e poderá honrar os seus compromissos internacionais,

promover ativamente a estabilidade na nossa vizinhança próxima e reforçar

a presença nacional no Oceano Atlântico. Neste quadro, é fundamental

sublinhar a importância dos esforços nacionais no contexto do

desenvolvimento da chamada “Europa da Defesa” e dos meios, em

particular financeiros, que vão ser mobilizados a nível europeu para

materializá-la. A definição de áreas prioritárias de cooperação União

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segurança marítima e à cooperação em contexto de crise nas áreas

fundamentais da ciberdefesa, ameaças híbridas e comunicações

estratégicas, configuram oportunidades importantes que queremos

aproveitar.

Vale a pena destacar também a formação e treino em ciberdefesa,

proporcionados pela Academia NATO de Oeiras, a NATO Communications

and Information Academy, cuja operação terá início no próximo ano lectivo.

Este projeto pretende potenciar o relacionamento com a academia,

indústria e organizações internacionais, na medida em que vai constituir

uma instituição de ensino cuja missão abrange a integração num “Pólo de

Inovação e Conhecimento”, as áreas do Comando, Controlo, Comunicações,

Computadores, Informação, Vigilância e Reconhecimento. Ao Instituto

Universitário Militar deixo o desafio de pensar formas de cooperação

institucional com esta Academia da NATO, que permitam ganhos de

qualidade para ambas as instituições.

O segundo vetor, decorrente do primeiro, é a manutenção dos

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multilaterais que integra. É isso que nos leva a manter o nosso

empenhamento em regiões distantes dos nossos espaços de interesse

imediato ou tradicional, como seja no Afeganistão ou nos países bálticos:

porque esse envolvimento reforça o perfil de Portugal no seio da Aliança

Atlântica e credibiliza os nossos argumentos para orientar as atenções dos

demais aliados para os pontos cardeais nos quais queremos que a

capacidade de atuação da NATO e da União Europeia aumente. O parecer

favorável conferido pelo Conselho Superior da Defesa Nacional no início

desta semana à manutenção das Forças Nacionais Destacadas tem de ser

visto, em meu entender, como sinal de um consenso amplo da sociedade

portuguesa nesta matéria.

A minha visita à República Centro Africana e a São Tomé e Príncipe no

último fim de semana reforçou a minha convicção profunda de que a

presença portuguesa nestes cenários complexos e difíceis é absolutamente

necessária. A presença de Portugal em missões internacionais representa o

nosso compromisso inabalável com os princípios de direito internacional

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complexas ameaças do nosso tempo. Através da intervenção, Portugal

eleva também a capacidade operacional das suas Forças Armadas e põe à

prova os seus equipamentos e métodos. E não me canso de reptir a forma

como a atuação dos nossos militares nesse exigente teatro de operações

tem prestigiado Portugal.

Através da dissuasão da pirataria no Golfo da Guiné, com a Operação Mar

Aberto e outras iniciativas, Portugal promove o desenvolvimento

económico da região, cimenta a sua influência em regiões onde

historicamente é relevante e fomenta oportunidades para que a

cooperação empresarial ou cultural, como a promoção da língua

portuguesa, seja levada a cabo. O pensamento estratégico nesta matéria

permanece central. Não posso deixar de fazer aqui referência – e porque

ainda não tive oportunidade de o fazer em funções oficiais – ao contributo

incontornável do Prof. Adriano Moreira no que se refere ao pensamento

estratégico sobre Portugal no mundo. São estes exemplos inspiradores que

certamente alavancarão a reflexão crítica e frontal que esta casa saberá

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O terceiro vetor que merece particular destaque é a afirmação do Atlântico

como um espaço de interesse central para Portugal e para os nossos

aliados. A centralidade do Atlântico enquanto espaço de cooperação e paz

permanece um objetivo claro da nossa cooperação, quer no âmbito da

União Europeia e da NATO, quer noutros formatos mais restritos, como a

cooperação bilateral com países da África Ocidental e o Brasil. Os ganhos

em termos de segurança e defesa para o espaço da União Europeia e da

Aliança Atlântica, derivados de iniciativas como o Centro de Defesa do

Atlântico ou a promoção da visão 360 da NATO, são evidentes. A segurança

do espaço euro-Atlântico tem de ser pensada a partir das pontes que o

Atlântico permite criar e para as quais Portugal tem um posicionamento

privilegiado para contribuir ativamente. Também aqui contamos com os

contributos de todos, no desenho de formas inovadoras de valorizar este

património comum, onde Portugal assume, fruto da sua enforme futura

Plataforma Continental, uma centralidade reforçada.

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O ensino superior militar, na sua missão de criar oportunidades de

formação e investigação científica de ponta, é um elemento central para

que possamos tirar proveito do posicionamento geo-estratégico do nosso

País. A valorização dos recursos humanos da Defesa Nacional, a par da

aposta no reforço dos meios técnicos também em curso, desempenha um

papel decisivo na afirmação da qualidade – amplamente reconhecida – dos

nossos contributos internacionais. É por isso que vejo com grande

satisfação que o caminho de um futuro de excelência, inovação e dedicação

está a ser aqui trilhado, e faço votos de que o Instituto Universitário Militar

possa corresponder às expetativas que a Defesa Nacional nele deposita.

Referências

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