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Comunicação. Políticas públicas para educandos com altas habilidades ou superdotação, no Brasil

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A garantia dos direitos de educandos com altas habilidades ou superdotação

na Educação Básica: considerações sobre os desafios no contexto de aulas de

Música

Marcia Gabriela Correia Ogando

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro marciagabriela005@yahoo.com.br

Comunicação

Resumo: O presente trabalho apresenta o recorte de uma pesquisa de doutorado em

andamento na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Neste recorte, trata-se da especificidade do atendimento educacional de alunos com capacidade acima da média – referidos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional como educandos com altas

habilidades ou superdotação –, sendo apresentadas, ainda, considerações sobre: a restrita

produção de conhecimento a respeito do assunto no campo da pesquisa em Música, no Brasil, e os consequentes desafios à identificação e formação escolar desses alunos em aulas da disciplina Música ou Educação Musical, na Educação Básica. Neste contexto, são focalizadas questões referentes: às políticas públicas brasileiras nesta área da educação; à diversidade de referenciais teóricos produzidos fora do Brasil em relação ao assunto; aos equívocos existentes sobre conceitos como altas habilidades, superdotação, dotação, talento, dentre outros relacionados às capacidades acima da média.

Palavras chave: altas habilidades ou superdotação, Música, Educação Básica

Políticas públicas para educandos com altas habilidades ou superdotação, no

Brasil

Diferentes terminologias já foram empregadas no contexto das políticas públicas brasileiras desde a década de 1960 em referência aos alunos com capacidade acima da média: excepcionais, superdotados, alunos com notável desempenho, elevada potencialidade, talento especial, superdotação, altas habilidades/superdotação assim como altas habilidades ou superdotação. Embora, recentemente, a terminologia altas habilidades ou superdotação encontre-se consolidada – por meio da publicação da Lei nº. 12.796 de 04 de abril de 2013 e a Lei nº. 13.005 de 2014 –, não se observa um consenso no uso destas terminologias, fato que representa um desafio para a fundamentação de projetos educacionais desta área.

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Particularmente a respeito da terminologia altas habilidades ou superdotação, Delou (2007) explica que a conjunção ou possibilita que alunos com elevada potencialidade e fracasso escolar sejam considerados na legislação, quando diferentes estudos evidenciam que alunos capazes de ir além das exigências do currículo regular podem apresentar baixo desempenho e desinteresse na escola, à medida que não se sintam desafiados pelas atividades escolares. Além dessa especificidade na educação de alunos acima da média, outras particularidades podem ser observadas nos estudos de pesquisadores como: Joseph Renzulli (que, em síntese, propõe o Modelo de Enriquecimento Escolar, com oportunidades de enriquecimento educacional para a identificação de alunos que necessitem de compactação curricular e de estudos que transcendem o currículo escolar básico); Françoys Gagné (que diferencia a capacidade natural da capacidade adquirida, sendo o primeiro conceito resultante de oportunidades com as quais o aluno se depara naturalmente e o segundo de oportunidades de aprendizagem sistematizada e ao treinamento, relacionando o conceito de dotação e talento ao de capacidades naturais, diferenciando os conceitos de potencialidade/aptidão ao de realização/desempenho); Franz Mönks (que enfatiza a influência de fatores como o ambiente, a personalidade, a motivação e o emocional no desenvolvimento das capacidades); Abraham Tannenbaum (que, também, enfatiza fatores ambientais, destacando a possibilidade de pessoas com potencial influenciarem o contexto social e da importância de amplas oportunidades para a produção e desempenho dessas pessoas); Jane Piirto (que considera a influência de fatores como genética, personalidade, características emocionais e ambiente na identificação das capacidades, exemplificando diferentes domínios de talento em seu modelo teórico, como artes, música, dança, esportes, matemática, dentre vários). A produção desses autores representa apenas parte do vasto universo de pesquisas estrangeiras centradas no assunto, sendo comum o uso de alguns desses referenciais em projetos educacionais brasileiros.

Exemplifica este fato a política do MEC para constituição dos Núcleos de Atividades para Alunos com Altas Habilidades/Superdotação (NAAH/S), fundamentada na perspectiva de Renzulli de enriquecimento educacional para a população escolar,

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considerando que até 20% dessa população pode se desenvolver muito além do currículo regular. Entretanto, após quase uma década da criação dos NAAH/S, o “Manifesto Público dos NAAH/S” (PÉREZ, 2013) sugere que ainda existem desafios: ao financiamento; ao acompanhamento por parte do MEC e das mantenedoras dos NAAH/S (Secretarias Municipais e Estaduais de Educação e Fundações); à institucionalização dos núcleos; à infraestrutura; aos recursos materiais, humanos e financeiros; à alta rotatividade dos profissionais e ao investimento na formação desses profissionais.

Paralelamente à atuação dos NAAH/S, no Brasil, iniciativas de ONGs, de projetos por editais públicos e de extensão universitária se destacam no atendimento dos alunos acima da média da rede pública da educação básica. Estas iniciativas, geralmente, são caracterizadas por atendimento educacional suplementar em espaços externos às escolas, envolvendo equipes multidisciplinares, compostas por: profissionais que acompanham tanto o processo de identificação quanto de seleção de alunos; professores que desenvolvem atividades em áreas de conhecimento especializadas; profissionais que atuam na gestão desses programas. Neste contexto, encontram-se projetos com diferentes perfis: alguns exclusivamente centrados no desenvolvimento acadêmico dos alunos, outros que envolvem a formação esportiva e artística. Enfim, cada projeto pode ser delimitado pela disponibilidade de: espaço para a realização de atividades; profissionais (podendo envolver a participação de voluntários); verbas.

Os mitos sobre a identificação e educação de alunos com capacidades acima

da média: desafios a superar, no Brasil

A existência de mitos sobre a educação de alunos com capacidade acima da média – assim referidos no presente trabalho, tendo em vista evidenciar suas situações nas escolas, onde os currículos tendem a ser padronizados para uma média da população escolar – é relacionada por inúmeros pesquisadores como um dos desafios à garantia dos direitos desses alunos, na Educação Básica. Dentre os equívocos, Alencar (2007) destaca as ideias de que toda pessoa com capacidade acima da média: seria um gênio; teria recursos intelectuais suficientes para desenvolver por conta própria seu potencial superior; se

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caracterizaria por excelente rendimento acadêmico; se tornaria arrogante e vaidoso ao receber atendimento educacional especializado; não teria demandas educacionais urgentes como as pessoas com transtorno e deficiência; teria predisposição a apresentar problemas sociais e emocionais. Todas essas ideias podem, atualmente, ser definidas como mitos diante dos conhecimentos produzidos por diferentes pesquisadores em relação ao assunto. Sobre a capacidade acima da média ser associada exclusivamente à genialidade, Alencar (2007) destaca a desmistificação dessa ideia a partir do estudo de Lewis Terman da década de 1920, que buscou verificar a genialidade em aproximadamente 1500 crianças com altos resultados em testes de inteligência, considerando gênios apenas aqueles que deixassem contribuições originais e de grande valor. Sobre a autossuficiência, se tal condição correspondesse a realidade de aprendizagem desses alunos, não se justificariam os estudos e referenciais teóricos que ressaltam a importância de seus atendimentos educacionais especializados. No que diz respeito à relação entre a alta capacidade e o excelente rendimento acadêmico na escola, cabe considerar que notas altas na escola podem refletir, principalmente, a qualidade de treinamento ou de aprendizagem de qualquer aluno, independente se tem ou não capacidade de aprender muito além dos conteúdos exigidos no currículo escolar. Por sua vez, alunos com capacidade acima da média que não se sentem motivados ou interessados nas atividades escolares podem apresentar baixo desempenho, como observam Alencar e Fleith (2001) assim como Gama (2006). Sobre a oportunidade de atendimento especializado tornar o aluno vaidoso e arrogante, a ideia se opõe ao propósito fundamental desse atendimento, que seria proporcionar ambiente favorável a esse aluno na escola e à sua aprendizagem, uma vez que o currículo regular não lhe garante essa experiência. Tal fato reflete no artigo nº 59 da LDB, que trata da necessidade desses alunos de currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos. No que se refere à ideia de não ser prioritário o atendimento especializado desses alunos, não se pode justificar que eles têm menor importância em relação aos alunos que apresentam dificuldade em alcançar a média escolar, à medida que nos dois casos os alunos encontram-se à margem dos modelos curriculares padronizados. Sobre a ideia de que

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teriam predisposição a apresentar problemas sociais e emocionais, deve-se considerar, primeiramente, que tais aspectos são de natureza humana e podem ocorrer com qualquer pessoa em contexto de exclusão social. Pertinentemente, Alencar (2007) explica que estes problemas podem ocorrer quando os alunos “não encontram, nos ambientes de sua família, escola e sociedade onde vivem, o apoio necessário ao seu melhor desenvolvimento acadêmico, emocional e social” (ALENCAR, 2007, p.19).

Outro desafio em relação à garantia dos direitos desses alunos é a superação das ideias projetadas, na primeira metade do século XX, a respeito do modelo médico na Educação Especial, diante do surgimento de políticas públicas pelo ensino para todos. Nesta perspectiva, entendia-se que os alunos que não se integravam ao sistema de ensino vigente deveriam ser analisados e diagnosticados, logo, que as excepcionalidades deveriam ser tratadas com base em conhecimentos médicos e terapêuticos. Recentemente, a publicação da Nota Técnica nº 04 / 2014 / MEC / SECADI / DPEE (com esclarecimentos sobre a não obrigatoriedade dos laudos médicos para comprovação das necessidades educacionais dos alunos na educação básica) evidenciou a responsabilidade de professores sobre a identificação das necessidades educacionais dos alunos e a necessidade do envolvimento de professores de AEE, nesse processo. Por sua vez, o histórico de vinculação entre os estudos do campo da Psicologia sobre a inteligência e as capacidades humanas, também pode ser associado aos equívocos referentes à atuação de psicólogos na educação de alunos acima da média. Logo, é preciso que professores estejam informados que podem apontar as necessidades educacionais dos alunos e o planejamento educacional adequado para os mesmos. Entretanto, embora não seja atribuição de professores a realização de testes de inteligência (quando as aplicações de testes de QI e de outros testes psicométricos cabem a psicólogos habilitados), o conhecimento do assunto pode contribuir com a fundamentação das decisões pedagógicas do professor. Neste sentido, deve-se considerar a existência de diferentes perspectivas teóricas pertinentes, como os contrastantes conceitos de inteligência geral e de inteligências múltiplas: o primeiro relacionado ao conceito de superdotação como notável capacidade geral de raciocínio (na perspectiva de pesquisadores como Charles Spearman,

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Francis Galton, Alfred Binet, Théodore Simon, Lewis Terman e Leta Hollingworth); o segundo como capacidade em área ou áreas específicas de conhecimento (exemplificada pela perspectiva de Howard Gardner na Teoria das Inteligências Múltiplas). Além dessas perspectivas, inúmeras teorias podem ser encontradas, no mundo, a respeito dos conceitos de inteligência, como as pesquisas de: Louis Leon Thurstone e Joy Paul Guilford (sobre a definição da inteligência por capacidades delimitadas); Raymond Bernard Cattell, John L. Horn, John Carroll (sobre a inteligência em múltiplos domínios); Mike Anderson (que volta ao estudo da inteligência geral, em oposição às teorias de múltiplas inteligências); de Robert Sternberg (que relaciona a inteligência em processos internos, externos e de interação entre a pessoa e o meio); Stephen Ceci (sobre a existência de múltiplos potenciais cognitivos relacionados a influências biológicas e ambientais).

A capacidade musical acima da média: uma temática relevante e pouco

explorada no Brasil

No Brasil, não se observa a projeção da temática da capacidade acima da média, no âmbito das pesquisas em Educação Musical. Analisando periódicos brasileiros especializados em Música como a Revista Per Musi, Revista OPUS da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música e a Revista Música Hodie não se encontra sequer um artigo com as terminologias altas habilidades e superdotação no título. Por sua vez, partindo de uma busca por termos pertinentes às referidas terminologias – como dom, dotação, talento, inteligência, desenvolvimento musical, cognição musical e palavras com mesmos radicais – nos títulos de artigos dos mesmos periódicos, por um lado, não se encontram referências a respeito dos direitos dos alunos com tais características, por outro, encontram-se discussões pertinentes em: “Uma Breve Discussão sobre Talento Musical” (ZORZAL, 2012), “Capital cultural versus dom inato: questionando sociologicamente a trajetória musical de compositores e intérpretes brasileiros” (FUCCI AMATO, 2008) e “Desenvolvimento musical: questão de herança genética ou de construção?” (KEBACH, 2007) – nos quais os autores tratam das relações entre oportunidade e desenvolvimento musical, por fim, “A música e o cérebro: algumas

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implicações do neurodesenvolvimento para a educação musical” (ILARI, 2003) – no qual é citado o conceito de inteligência musical. Embora ainda possam ser encontrados nesses periódicos outros artigos que tratam do desenvolvimento e da cognição musical, os mesmos não tocam na questão das capacidades musicais acima da média. Isoladamente, diferentes trabalhos centrados na mesma temática podem ser encontrados em anais de eventos brasileiros – a exemplo dos artigos de Ferracioli (2008), Teruya (2012), Duarte (2012), Gomes (2014), Chacon et al. (2014), Ogando (2014; 2014a; 2014b) e Ogando e Fernandes (2014) –, observando-se, ainda, o desenvolvimento de pesquisas recentes em nível de pós-graduação sobre o assunto, a exemplo da dissertação de mestrado de Koga (2015), assim como a pesquisa de doutorado da qual o presente trabalho representa um recorte. Todas estas publicações certamente representam algum avanço na constituição de referenciais para a área da Educação Musical, especialmente quando a Lei nº. 11.769 de 2008 (de obrigatoriedade da música na Educação Básica) abre possibilidades de ampliação do campo de trabalho para professores de música nas escolas, onde poderão necessitar de referenciais para garantir os direitos dos alunos com capacidade acima da média. Logo, cabe considerar, neste contexto, as especificidades da identificação e do desenvolvimento desses alunos no trabalho escolar com música.

Pertinentemente, Guimarães e Ourofino (2007) ressaltam a necessidade de instrumentos adequados para a avaliação de aptidões específicas – como a aptidão musical – uma vez que não possam ser medidas por testes de inteligência. Por sua vez, Ferracioli (2008) destaca que as "crianças com altas habilidades em Artes ou em Música também podem ser consideradas superdotadas, de acordo com a visão atual sobre esta temática" (FERRACIOLI, 2008). Ogando (2004) ao tratar especificidade do ensino a alunos com capacidade musical acima da média, destaca a pesquisa realizada por Joanne Haroutounian sobre a educação de alunos talentosos em música. Haroutounian (2002), partindo do Modelo dos Três Anéis de Renzulli, destaca como características destes alunos o potencial musical acima da média, o comprometimento ou a automotivação e a criatividade no trabalho musical. Como estratégias educacionais adequadas para esses alunos, Haroutounian (2002) ressalta: oportunidades de aprendizagem individualizadas;

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pontes entre a escola e organizações da área das Artes para a ampliação da aprendizagem; atividades para a resolução criativa de problemas; oportunidade do trabalho coletivo em áreas de interesse compartilhado; aulas em nível avançado, considerando os interesses do aluno; instruções individualizadas, podendo viabilizar apresentações; projetos interdisciplinares; programas fora da escola, ligados a colégios, universidades ou conservatórios.

À medida que o referencial de Haroutounian (2002) apresenta aproximações com as perspectivas educacionais de Renzulli (incorporadas nas políticas públicas brasileiras), pode-se, consequentemente, considerar a pertinência de sua utilização por professores de música na Educação Básica. Contudo, esta representa apenas uma dentre outras referências que podem nortear professores nessa área. Diversos são os exemplos de instrumentos para a identificação de alunos com capacidade acima da média – como listas e questionários que possam ser preenchidos por professores, familiares, colegas e o próprio aluno –, existindo, no Brasil, instrumentos que incluem a observação de aspectos artísticos, a exemplo do “Guia de Observação em Sala de Aula” publicado por Guenther (2006), o “Questionário de Autonomeação e Nomeação pelos Colegas” e a “Lista de Verificação de Identificação de Indicadores de Altas Habilidades/Superdotação (LIVIAHSD)” de Freitas e Pérez (2012), que, entretanto, têm enfoque generalista. Por sua vez, pesquisadores como Koga (2015) e Pereira (2010) evidenciam que instrumentos para a identificação podem ser desenvolvidos por profissionais da educação em áreas específicas como a música, desde que embasados teoricamente. Uma vez que a identificação desses alunos deve ter em vista a adequação de seu atendimento educacional, revela-se de grande importância o uso de instrumentos de identificação que sejam válidos para um determinado contexto. Pertinentemente, Guenther (2011) afirma que não é positivo para a educação a pressa em “concluir”, “achar resposta”, criar “modelo”, uma vez que o quadro teórico pode estar em permanente construção e que a própria coleta inicial de dados para a identificação desses alunos não tem total garantia de acerto. Ainda de acordo com Guenther (2011), estudos da década de 90 verificaram que os dados obtidos na primeira aplicação de um instrumento trazem excessiva margem de erro, o que pode

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ser estatisticamente corrigido por nova observação, no ano seguinte, embora os novos dados também carreguem sua margem de erro.

Por outro lado, é interessante notar como alguns instrumentos para a identificação na Música podem apresentar pontos em comum, como analisa Ogando (2014) sobre duas referências americanas: Identification of children who are gifted in music: implementation handbook for educators do Departamento de Educação de Ohio, Music Identification Handbook da Associação de Educadores Musicais de Wisconsin. Ambas propõem a observação da capacidade de improvisação, criação, interpretação musical, percepção, memorização, reprodução, concentração e envolvimento no estudo da música. Por sua vez, a complementação dessas informações pode ocorrer por meio de questionários sobre o histórico de formação musical do aluno. Deve-se considerar, neste sentido, que o processo de identificação da capacidade acima da média não diz respeito à avaliação do desempenho de um aluno num momento isolado, mas refere-se à observação de desenvolvimento diferenciado em relação a um nível de desenvolvimento médio constatado estatisticamente em uma determinada população exposta a determinadas oportunidades de aprendizagem.

Conclusão

Diante da obrigatoriedade da música na Educação Básica, a partir da Lei nº 11.769 de 2008, é de grande importância discutir os currículos e os objetivos da Educação Musical nas escolas considerando os alunos com capacidade acima da média, uma vez que se pretenda a real garantia dos direitos de desenvolvimento de todos nas escolas (inclusive dos alunos para os quais o currículo regular não exige um desenvolvimento significativo como exige dos demais alunos). Por sua vez, diante da existência de mitos em relação aos alunos acima da média e do reduzido número de publicações brasileiras com referenciais teóricos sobre a educação desses alunos na área da Música, se justificam pesquisas que contribuam com a ampliação dos referenciais para o aprofundamento de tais discussões – como se espera da pesquisa de doutorado em andamento na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, da qual o presente trabalho representa um recorte. Neste

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sentido, entende-se que a projeção de referenciais em relação ao assunto pode contribuir para o norteamento de professores de música da Educação Básica que precisem atuar em prol da garantia dos direitos desses alunos, que necessitam de adequações curriculares e de atendimento educacional especializado, para que a escola tenha papel significativo em seus desenvolvimentos.

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