Reflexões introdutórias
Perspectivas dos Direitos Humanos
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Jusnaturalista – Direitos Naturais
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Técnica – Direitos emanam do Estado
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Histórica
Os Direitos Humanos são direitos históricos: existem em relação ao
contexto histórico no qual está inserido;
São construídos pelos humanos: não são naturais;
“O Homem perfaz indefinidamente a sua própria natureza – por
assim dizer, inacabada – ao mesmo tempo em que “mominiza” a
Terra, tornando-a sempre mais dependente de si próprio”(FKC).
Direitos Humanos:
• Princípios / diretrizes
• Conquistados por lutas sociais • Construídos historicamente
Magna Carta (Inglaterra: 1215)
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Contexto
“Cada Barão é soberano em sua baronia, o rei é o soberano sobre todos”
João Sem-Terra (Rei João da Inglaterra) x Rei Filipe Augusto (França) > Ducado
Normandia
Aumento de imposto sobre os Barões: feudais campanhas bélicas Pressões tributárias: reconhecimento formal de direitos
Atrito com o Papa para nomeação do Cardeal de Canterbury
João Sem-Terra é obrigado pelos barões a assinar a Magna Carta, como condição para a cessação de hostilidades
1ª vez: o rei acha-se “naturalmente vinculado pelas próprias leis que edita (poder dos governantes passa a ser limitado)
“12- Nenhuma taxa de isenção do serviço militar, nem contribuição alguma será criada em nosso reino, salvo mediante o consentimento do conselho comum do reino (...);
31- Nem nós nem nossos bailios apossar-nos-emos de madeiras que não nos pertencem;
39 - Nenhum homem livre será detido ou preso, nem privado de seus bens, banido ou exilado ou, de algum modo, prejudicado, senão mediante um juízo legal de seus pares;
41- Todos os comerciantes serão livres para sair da Inglaterra e nela ingressar, com toda a segurança(...).”
Revolução Gloriosa (Inglaterra: 1689) - “Bill of Rights”
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Contexto
Disputa religiosa (protestantismo x catolicismo)
Nascimento do herdeiro do trono de Jaime II: rebelião que fermentava Aumento de Impostos
Jaime II é expulso e Guilherme de Orange (Guilherme III) assume o trono, à
“convite” das lideranças dos principais partidos, com a condição de assinar o “Bill of Rights”
Passagem de uma Monarquia Absolutista para uma Monarquia Parlamentar
Divisão de poderes: garantias institucionais (responsabilidade do Estado)
Fortalecimento do Mercado
“- Que a cobrança de impostos para uso da Coroa, a título de prerrogativa, sem autorização do Parlamento e por período mais longo ou por modo diferente do autorizado pelo parlamento, é ilegal;
- Que os súditos têm direito de petição ao rei, sendo ilegais todas as prisões e perseguições contra o exercício desse direito;
- Que os jurados incumbidos de julgar em processos de alta traição devem ser proprietários.”
Declaração de Independência EUA (EUA: 1776)
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Contexto
Colonização não-estamental
“amor pelo lucro”: sociedade de proprietários Igualdade = livre circulação de Mercadorias
Aumento de impostos da Coroa por conta das guerras
Dificuldade de participação dos colonos no parlamento inglês: revoltas sucessivas.
Ideia de que os Reis são servidores e não proprietários do povo
Soberania Popular: direitos inerentes a todo Ser Humano Liberdade de Imprensa e Liberdade Religiosa
“Todos os homens são criaturas iguais, dotadas pelo seu criador de certos direitos inalienáveis, entre os quais a vida, a liberdade e a busca da felicidade (...) é para assegurar esses direitos que os governos são instituídos (...) derivados do
consentimento dos governados.
Toda vez que alguma forma de governo torna-se nociva à consecução dessas finalidades, é direito do povo alterá-lo ou abolí-la, e instituir uma nova forma de governo baseada nesses princípios (...) de proporcionar-lhe a segurança e a felicidade.”
Revolução Francesa (França: 1789) – “Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão”
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Contexto
Enorme desigualdade e humilhações sociais do terceiro estamento
Muitos privilégios em detrimento de uma enorme pobreza
Impostos pagos pelo terceiro estamento
Rei Luis XVI governava com poderes absolutos
O terceiro estamento rompe com as bases estamentais da sociedade numa revolução violenta, guilhotina o rei, toma o poder e implanta a Assembleia Nacional como maior instância de poder, autodeclarando seus direitos.
Ideia de Revolução Sentido Universalizante
Atestado de óbito do antigo Regime Pureza das ideias x noção de direitos
“1 – Os homens nascem e permanecem livre e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundar-se na utilidade comum;
2 – A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. Tais direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão;
3 – O princípio de toda soberania reside essencialmente na Nação. Nenhuma corporação, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane expressamente;
Carta do Atlântico (1941)
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Contexto
Em 1941 o presidente Franklin D. Roosevelt enviou ao
Congresso norte-americano a chamada “Carta do Atlântico”.
A carta demonstra que os EUA não poderiam ficar indiferentes
à ação do bloco do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), e traça as
linhas gerais do que deveria ser a política internacional dos
EUA no pós-guerra.
Ideias germinais da ONU
"Declaração conjunta do Presidente dos Estados Unidos da América, Sr. Roosevelt, e Primeiro Ministro, Senhor Churchill, representando o Governo de Sua Majestade do Reino Unido(...), nos quais se baseiam as suas esperanças de conseguir um porvir mais auspicioso para o mundo.
Primeiro - Os seus respectivos países não procuram nenhum engrandecimento, nem territorial, nem de outra natureza.
Quarto - Com o devido às suas obrigações já existentes, se empenharão para que todos os estados, grandes ou pequenos, vitoriosos ou vencidos, tenham acesso em igualdade de condições ao comércio e às matérias primas do mundo, de que precisem para a sua prosperidade econômica.
Carta das Nações Unidas (1945)
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Contexto
A “Carta do Atlântico” é incorporada à Declaração das Nações Unidas (1942), e posteriormente indexada à Carta de fundação da ONU (1945)
Conferência de São Francisco (26 de junho de 1945)
Os Signatários da Carta foram declarados membros originários da ONU (51
países)
É criado o Conselho Econômico e Social da ONU
“Art. 55 – Com o fim de criar condições de estabilidade e bem-estar, necessárias às relações pacíficas e amistosas entre as nações (...) a ONU favorecerá (...) o respeito universal e efetivo dos direitos humanos e das liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião;
Art. 68 – O Conselho Econômico e Social criará comissões para os assuntos econômicos e sociais e a proteção dos direitos do homem, assim como outras comissões que forem necessárias para o desempenho de suas funções.”
Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948)
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Contexto
Em cumprimento ao disposto no art. 68 da Carta, durante a sessão
de 16 de fevereiro de 1946 do Conselho Econômico e Social das
Nações Unidas, foi aprovado o estatuto da Comissão de Direitos
Humanos (2006: Conselho)
Competência meramente consultiva: 47 Estados eleitos por 3 anos
A Comissão de Direitos Humanos deveria desenvolver seus
trabalhos em três etapas:
1- Elaborar uma declaração de Direitos Humanos (1948)
2- Produzir um documento juridicamente mais vinculado do que uma mera declaração (1966: Pacto dos Direitos Civis e Políticos / Pacto dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais)
3- Criar uma “maquinaria” adequada para assegurar o respeito aos
Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948)
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Contexto
Pós-guerra
O mundo barbarizado com a capacidade de autodestruição do ser
humano
Novo arranjo geopolítico e econômico.
A “Declaração de 48” é uma recomendação que a Assembleia Geral
das Nações Unidas faz aos seus membros, e tem como objetivo
geral garantir a vida em sua plenitude
.
“O direito a ter direitos”
“(...) Considerando ser essencial que os direitos do homem sejam protegidos pelo império da lei, para que o homem não seja compelido, como último recurso, a rebelião contra a tirania e a opressão (...) A Assembleia Geral proclama:
1 – Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e deve agir em relação uns aos outros com espírito de
fraternidade;
17 – Todo homem tem direito à propriedade;
21 - Todo homem tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos”
Pactos Internacionais
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1966: Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e
Políticos
Dá competência ao CDH a receber e processar denúncias de
violações de Direitos Humanos, mas não pode formular juízo de
condenação do Estado responsável
Meio de defesa de indivíduos ou grupos sociais contra os privilégios
privados e abuso de poder estatal
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1966: Pacto Internacional sobre os Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais
Fortalece a necessidade de se criar Políticas Públicas de apoio aos
grupos e classes desfavorecidas (direito à diferença)
Proteção das classes ou grupos sociais desfavorecidos contra a
As Dimensões dos Direitos Humanos
• 1ª Dimensão – Direitos Civis e Políticos (negativação do Estado)
“Impõe limites ao Estado, garante a proteção do direito à liberdade, à vida, à propriedade, à manifestação, à expressão, ao voto, entre outros”
• 2ª Dimensão – Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
(positivação do Estado)
“Passa a exigir do Estado sua intervenção direta para que seja garantida o direito ao trabalho, à saúde, à educação, dentre outros”
• 3ª Dimensão – Direitos dos Povos (Respeito à vida em sentido amplo)
“Voltados para a proteção da coletividade, tratam da preocupação com o meio ambiente, da conservação do patrimônio histórico e cultural, a Participação Social etc.”
As Dimensões dos Direitos Humanos (não há consenso)
• 4ª Dimensão – Solucionamento de conflitos jurídicos inéditos
“Direito à mudança de sexo, manipulação genética, acesso à informação”
• 5ª Dimensão – Direitos Virtuais
“A honra, a imagem, e os “direitos virtuais” que ressaltam o princípio da dignidade da pessoa humana”
As características dos
Direitos humanos
• Historicidade: São históricos,
construídos historicamente;
• Inalienabilidade: são direitos
intransferíveis e inegociáveis;
• Indivisibilidade: são direitos da
pessoa, indivisíveis
• Imprescritibilidade: não deixam de
ser exigíveis em razão do não uso;
• Inviolabilidade: nenhuma lei
constitucional nem nenhuma autoridade pode desrespeitar os direitos fundamentais de outrem;
• Irrenunciabilidade: nenhum ser
humano pode abrir mão da existência desses direitos;
• Universalidade: devem ser
respeitados e reconhecidos no universo dos seres humanos;
• Limitabilidade: não há nenhuma
hipótese de direito humano absoluto, eis que todos podem ser ponderados com os demais;
• Complementaridade: os direitos
humanos fundamentais não devem ser interpretados isoladamente, mas sim de forma conjunta, com a finalidade da sua plena realização.
Questões para o debate
Direitos Humanos e Políticas Públicas
A luta pelos Direitos Humanos
Os limites dos Direitos Humanos
Mídia e Direitos humanos
A Participação Social como um Direito Humano
Capitalismo e Direitos Humanos
Sustentabilidade e Direitos Humanos