Objectivos:
Informar, apoiar, encaminhar e acolher a mulher grávida.
Ajudar cada mãe no processo de gravidez e nascimento do seu bebé. A mulher grávida é o centro de todo um trabalho que tem como trave mestra a informação nas áreas do planeamento familiar, sexualidade, gravidez, dando uma grande ajuda ao acolher e dar formação a grávidas com problemas mais graves; promover não apenas o bem-estar quer das grávidas quer de filhos anteriores, mas também dar formação e informação sobre saúde, acompanhar algumas grávidas em acolhimento e seus filhos (quando essas têm dificuldades económicas e sociais) e dar ainda apoio na reinserção social e profissional destas mulheres.
Grupo-Alvo: Grávidas.
AJUDA DE MÃE
APOIO DO FUNDO SOCIAL EUROPEU:
Através do Programa Operacional da Região de Lisboa e Vale do Tejo (PORLVT)
Grávidas sem esperar. À procura de um futuro que tarda em
revelar-se. Decididas a enfrentar o mundo na defesa de uma
nova vida com o acompanhamento da Ajuda de Mãe. Depois,
ganham a própria independência e recomeçam a viver, sempre
na esperança de um dia tudo ser diferente. Mulheres em busca
de equilíbrio profissional e afectivo. Fortes, muito fortes.
MÃES CORAGEM
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MÓNICA NARCISO
Curso de Auxiliar de Acção EducativaOlhar terno e firme. Gesto sincero, firmeza nas palavras e nas vontades. Determinação para se erguer e seguir em frente. É o coração que fala mais alto ao deixar cair as lágrimas que a memória lhe oferece. Tem 25 anos, 2 filhos, um rapaz de 6, o João, outro de 2, o Vítor. Mónica Narciso, exemplo de mãe coragem.
“Quando aqui cheguei, estava desesperada e grávida. Morava
no Bairro da Boavista, pensei recorrer à Ajuda de Mãe quando a assistente social de lá me deu panfletos informativos e tentei inscrever-me. Na altura estava desempregada, o meu filho mais velho estava na creche e fiz o curso de Auxiliar de Acção Educativa”.
Com o diploma do curso, que durou ano e meio, não conseguiu arranjar logo emprego mas agora está a trabalhar “Estou muito bem, não posso queixar-me,
trabalho das 9h30 às 18h30, tenho uma hora de almoço, mas nunca a faço”.
Mónica, que completou o 9º ano por equivalência na Instituição, recomenda-a com veemência. Aconselha a Ajuda de Mãe a todas as jovens grávidas, “aconselho
todas as mães que se vejam necessitadas a vir à Instituição, pois aqui temos grandes amigas”.
“Há muita gente que não sabe da existência desta Instituição, no bairro onde moro
vejo muitos exemplos, por isso andam até à última necessitadas de tudo e mais alguma coisa. A Ajuda de Mãe e as suas profissionais ajudam conforme podem, não é chegar aqui, pedir dinheiro e elas darem. Eu tive a sorte de entrar no curso remunerado, mas ajudavam-me na falta de alimentação para o meu filho, nas fraldas também, não tinha roupa quase nenhuma do mais velho porque a dei e também recebi roupas”. Mas havia mais, porque palavras amigas sempre presentes são
muitas vezes mais importantes do que a mera ajuda financeira, embora esta não seja de desprezar. “Quando era preciso apoio moral elas estavam cá... Em tudo
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CARLA DIAS
Curso de Serviços Prestados à Comunidade
Com problemas de habitação, Carla Dias recorreu à Ajuda de Mãe. Obteve a informação através da Santa Casa mas, quando utilizou o recurso, já tinha um filho e estava outra vez grávida. O apoio foi fundamental para a recuperação. Agora já dispõe de mais apoio, até porque se reconciliou com o pai dos seus filhos.
“Tenho 24 anos e precisava de arranjar um sítio para poder ficar
com os meus filhos, já tinha um e estava grávida da menina, recorri à Santa Casa da Misericórdia e sugeriram-me a Ajuda de Mãe. Fui acolhida, fiquei cá a trabalhar e tirei um curso de Serviços Prestados à Comunidade”, relembra a jovem. O passado é
desfiado em memórias de tempos difíceis, desesperados. Comparando com a actualidade, as diferenças são abissais. “Estava desempregada, grávida e não tinha conhecimento da
cá a morar, agora tenho a minha casa, mas continuo a ser utente e a trabalhar cá. Morei cá dois anos e pouco, tirei o tal curso, fiz o estágio e comecei a trabalhar”.
Apesar de tudo, as complicações não terminaram aí, mas o suporte da Ajuda de Mãe foi sempre uma realidade próxima. “Arranjei trabalho numa clínica, mas tive
de sair por causa do horário que não coincidia com os das creches e não podia mudar. Mesmo nessa fase em que trabalhava lá fora não abandonei a residência na Ajuda de Mãe. Depois, quando tive de deixar o outro emprego, ajudaram-me a encontrar o trabalho de inserção”.
Gerir o quotidiano por entre lacunas financeiras é outro dos problemas que tem sabido ultrapassar com artes de ginasta acrobática que se desmultiplica em ocupações. “É complicado equilibrar as despesas da casa e da creche. Agora
tenho o meu filho ao pé de mim, isso já é outra ajuda, tal como o apoio da família, principalmente em relação à comida. Trabalho na engomadoria, mas também faço serviço lá fora, em casa das pessoas e até em alguns escritórios. O horário é das 9h às 18h e permite-me ir buscar as crianças à creche”.
O momento actual já lhe possibilita iluminar o rosto com sorrisos. “Agora estou a
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ANDREIA SANTOS
Curso de RestauraçãoQuando entrou na Ajuda de Mãe, por intermédio do Centro de Emprego, o rendimento social de inserção era a sua forma de sobrevivência. Depois tudo mudou e depressa: curso, estágio na cantina da Cidade Universitária e, agora, casa própria onde vive com o filho de três anos.
Não receia admitir que, a princípio, olhou para a Ajuda de Mãe sem entender bem do que se tratava. Depois do primeiro contacto directo, começou a ver que só beneficiava com o recurso àquela fonte de apoio. “Quando estava grávida e me diziam para vir à
Ajuda de Mãe eu recusava, nunca liguei. Só quando mandaram a carta para tirar o curso é que vim e percebi que ajuda muito”,
afirma Andreia Santos, 23 anos, vinda de Angola e com um filho, Ivandro, de 3 anos. À entrada para a Ajuda de Mãe, era o rendimento social de inserção que lhe garantia dinheiro para
sobreviver por entre dificuldades. “Vivia na Apelação e fui ao Centro de Emprego
por convocatória, onde me disseram que tinha de procurar a Ajuda de Mãe. Depois foi rápido. Houve um curso de sete meses sobre Restauração, feito na sede da Instituição, ao qual vinha todos os dias”.
O estágio foi feito na cantina da cidade Universitária, onde esteve um ano. “Depois
vim para aqui, onde trabalho há dois meses na cozinha. Ao princípio, estava a morar com os meus pais e o meu filho tinha um ano. Agora arranjei casa e moro nela com o meu filho há quatro meses”. A situação melhorou, embora não tenham acabado
os obstáculos, porque o apoio continua a ser uma realidade. “É muito difícil pagar
a casa e a creche. O Banco Alimentar dá uma ajuda mensal que é o grande auxílio para a vida diária. E o passe social é pago pela Ajuda de Mãe”, sublinha.
No entanto, tem de andar sempre com algum dinheiro guardado. Porque o futuro tem demasiadas incógnitas e a saúde do filho está acima de qualquer encargo periódico, é a prioridade das prioridades. “No caso de o meu filho adoecer e se
tornar necessário pagar remédios, é preciso ter maneira de pagar, portanto procuro guardar uma verba para essas ocasiões”.