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ANÁLISE GRAVIMÉTRICA DE RESÍDUOS SÓLIDOS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA MUNICIPAL DA CIDADE DE CARUARU

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ESCOLA MUNICIPAL DA CIDADE DE CARUARU

Lucas Trajano de Freitas Almeida lucastrajano05@hotmail.com Stephanie Kristina Barbosa da Silva stephaniek_b@hotmail.com Gilvan Mota dos Santos Júnior jrs.mota@hotmail.com Fernando Barros fernandocmbarros@gmail.com

Os avanços industriais desencadearam uma produção desenfreada e exploração em massa de recursos naturais. Essa situação gerou diversos impactos ambientais e sociais, induzindo as pessoas a pensarem em formas de reduzir a geração de resíduos sólidos e os danos que o lixo causa no meio ambiente, mas criar planos de gerenciamento ambiental é uma tarefa desafiadora. Assim, instituiu-se no Brasil a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), no intuito de estabelecer metas municipais para diminuição e gerenciamento dos resíduos sólidos. Estudos sobre os tipos de resíduos gerados tornam-se necessários, como a análise gravimétrica, que objetiva a quantificação do lixo e seus componentes principais, no intuito de separá-los de acordo com sua composição. O presente trabalho faz uma revisão bibliográfica sobre o tema e um estudo de caso em uma escola municipal da cidade de Caruaru, utilizando a análise gravimétrica para auxiliar na elaboração de projetos e ações sustentáveis no ambiente educacional.

Palavras-chave: Análise gravimétrica, Resíduos sólidos, Política Nacional de Resíduos Sólidos, Educação Ambiental, Gravimetria

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2 1. Introdução

Promover ações mitigadoras sobre a produção de lixo em qualquer ambiente existente, não é tarefa fácil. As dificuldades são diversas, tais como: sensibilidades dos agentes produtores de resíduos do local em questão, destinação desses resíduos à locais apropriados, composição adequada dos receptores do lixo produzido e compreensão da tipologia residual produzida pelo ambiente. Nesse aspecto, conhecer os resíduos para o qual as ações de minoração serão realizadas é um dos pontos essenciais para o planejamento e execução dos projetos idealizados.

Dentro dos ambientes de trabalho público a análise se torna mais complexa, já que nesses locais as responsabilidades são difusas e a produção e destinação do lixo torna-se um fator desdenhado pela equipe governamental. Outro aspecto de importância é que o gerenciamento e destinação dos resíduos estão sobre a tutela dessas repartições, assim o gerenciamento dessa produção residual se torna um problema, já que a falta de conhecimento sobre os tipos de resíduos produzidos torna o trabalho mais difícil de lidar e a projetação de possibilidades

mitigadoras, como a coleta seletiva, mais confuso (BARCZAK; DUARTE, 2012).

Um dos locais públicos de relevante importância é o âmbito escolar, já que são essas repartições os primeiros responsáveis pelas ações de sensibilização sobre a seriedade da gestão dos resíduos, além de serem locais de grande circulação de indivíduos, como também são locais com um número elevado de unidades para possibilitar o atendimento efetivo da

população (SATO; CARVALHO, 2009).

Nessas características é notório que essas unidades educacionais produzam uma quantidade significativa de resíduos e o gerenciamento eficiente dessa produção é um fator importante para garantir o cumprimento das leis vigentes sobre o gerenciamento dos resíduos sólidos. Assim, faz-se necessário disponibilizar o conhecimento sobre a tipologia dos resíduos sólidos produzidos pelas escolas, principalmente as escolas municipais, já que elas são uma boa representatividade sobre a composição da população local. Outra questão substancial é que para o governo, aqui representado pelas prefeituras, entender a composição tipológica dos

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resíduos produzidos pelas escolas, pode promover um auxílio necessário para projetos mitigadores.

Um dos processos metodológicos de análise tipológica residual é a gravimetria. Para Costa et

al (2013), esse processo transcreve de forma efetiva a composição dos resíduos gerados pelas

escolas e dá uma descrição confiável sobre eles. Assim, a gravimetria se torna uma análise importante para a tomada de decisão em relação os melhores caminhos que devem ser tomados no gerenciamento dos resíduos sólidos.

A escola em estudo aqui apresentada está localizada no município de Caruaru, Pernambuco, e foi selecionada a partir de sua participação em um projeto de formação de agentes ambientais fomentada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e idealizada e executada pelo Grupo de Gestão Ambiental avançada (GAMA), além de ter o apoio operacional da prefeitura local.

O presente trabalho propõe fazer uma análise específica apenas da escola observada, proporcionando aos gestores e responsáveis pelo local educacional ferramentas de auxílio à tomada de decisão em relação às ações projetadas para a gestão dos resíduos sólidos escolar.

2. Referencial Teórico

2.1. Os resíduos sólidos

A partir do século XVIII, com o desenvolvimento tecnológico e industrial, as empresas passaram a produzir suas mercadorias em massa. Em contrapartida, esses avanços geraram diversos impactos ambientais, desde a exploração desenfreada de recursos naturais até as consequências causadas pelo descarte incorreto de produtos.

Assim, juntamente com todos os impactos causados e percebidos pelo homem, assuntos sobre o meio ambiente foram tomando lugar e gerando discussões acerca das formas de agredir preservar a natureza, surgindo o conceito de “Desenvolvimento Sustentável”, como o desenvolvimento que é capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não

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esgota os recursos para o futuro (WWF). Nesse contexto, começaram a ser pensadas formas de preservar os recursos naturais para garantir o desenvolvimento futuro das nações.

Um dos agentes que mais agrava a situação do planeta é a grande geração e o descarte incorreto dos lixos, os chamados “resíduos sólidos”. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) por meio da NBR 10.004 (2004, p.1) define os resíduos sólidos como resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.

A produção de lixo está associada diretamente ao modo de vida, trabalho, alimentação, higiene e consumo da população. (AMORIM, 2010). Dessa perspectiva, a cultura em que as pessoas estão inseridas não está totalmente convicta do seu papel com a preservação do meio ambiente. Além dos produtos descartados pelos seres humanos, existe a grande quantidade de resíduos gerados na atividade industrial. A Figura 1 mostra o volume gerado de lixo no Brasil, separado por regiões.

Figura 1 - Volume de resíduos sólidos coletados

Fonte: IBGE (2008)

O grande problema relacionado ao lixo está na forma como ele é descartado e os danos que ele causa a saúde e ao meio ambiente. Segundo o IBGE, em 64% dos municípios brasileiros o lixo é depositado de forma inadequada, em locais sem nenhum controle ambiental ou sanitário. Esses são os chamados “lixões”, grandes locais a céu aberto onde o lixo é depositado sem nenhum tratamento e traz diversas consequências ambientais e à saúde da população.

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Dos destinos atuais para o lixo, o que apresenta maior eficiência em termos de diminuir o impacto ambiental gerado é a coleta seletiva e a reciclagem. Reciclar é o processo de reutilizar objetos descartados e transformá-los em novos produtos. Essa alternativa apresenta vantagens não somente ambientais, como também sociais e econômicas: economia de recursos naturais para a produção, economia de energia e água, diminuição do volume de lixo e a geração de empregos (MMA).

Entende-se por coleta seletiva a separação dos resíduos de acordo com a sua composição em categorias distintas, de forma que facilite o processo de reciclagem, uma vez que os materiais estarão previamente separados. A Política Nacional de Resíduos sólidos prevê que a coleta seletiva deve ser oferecida pelos municípios e as metas da coleta seletiva são o conteúdo mínimo do plano de gerenciamento. A figura 2 mostra as diferentes classificações utilizadas para separar os resíduos. Ainda assim, existem materiais que não servem para o processo de reciclagem, como mostrado na figura 3.

Figura 2: A coleta seletiva

Fonte: UFAM (2016)

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Fonte: adaptado de Korin Meio Ambiente (2013)

Nesse contexto, para que o processo de reciclagem seja facilitado e efetivado, é necessário que a coleta seletiva seja realizada e, para o gerenciamento dos resíduos, tenha-se o conhecimento de quais materiais são reciclados para estabelecer suas metas.

2.2. Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)

A nível federal, no Brasil foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), uma lei bastante atual no país e que define as estratégias a serem adotadas para enfrentar os problemas causados pelo manejo inadequado dos resíduos sólidos.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei nº. 12.305/2010, em seu Art. 3º. inciso XI (BRASIL, 2010) define a gestão integrada de resíduos sólidos como o conjunto de práticas voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável.

Segundo o MMA (Ministério do Meio Ambiente), essa política visa a prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de consumo consciente e um conjunto de ferramentas para impulsionar aumento da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que pode ser reciclado ou reaproveitado) e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado).

O grande diferencial dessa estratégia é que, além de incluir os consumidores e a população, a PNRS também direciona aos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes a

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responsabilidade pelo manejo dos resíduos gerados. A lei também determina que além da Política Nacional devem existir as Políticas Estaduais e Municipais de Resíduos Sólidos, onde cada governo deve elaborar o seu plano para gerenciamento de resíduos, identificando os principais geradores de resíduos e estabelecendo metas a serem atingidas. Assim, criou-se uma responsabilidade compartilhada em todo o país, colocando o Brasil em um patamar equivalente ao dos países desenvolvidos. Após a elaboração do plano, devem ser buscadas as formas para que ele seja verdadeiramente executado e monitorado, com a criação de indicadores de desempenho para as ações.

2.3. Processos Gravimétricos

Bidone e Povinelli (1999) afirmam que as composições diversificadas dos resíduos se decorrem em função das variadas origens dos mesmos. Suas características diferem em função de particularidades climáticas, econômicas, sociais e geográficas (ALBERTIN et al., 2011).

Para conhecer acerca da gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, faz-se necessário entender o processo de geração do mesmo. Desta forma, a caracterização do resíduo torna-se relevante neste estudo. Segundo a ABNT - NBR 10.007/2004, a pré-caracterização de um resíduo é feita através de levantamento dos processos que lhe deram origem.

A composição qualitativa dos resíduos sólidos é dada pelos seus diversos tipos de componentes que constituem o descarte dos materiais. Deste modo, a gravimetria é um processo de amostragem e trata-se precisamente da separação dos componentes e avaliação de suas quantidades através de seu percentual. Normalmente, no processo gravimétrico os materiais são divididos entre: madeiras, papéis, plásticos, materiais orgânicos, metais e outros. Assim, as propostas para a redução resíduos gerados e coleta seletiva tem como ponto de partida os componentes de forma individual e suas origens e não o todo resíduo gerado no ambiente.

A amostragem realizada foi a de “quarteamento”, também definida pela ABNT-NBR 10.007/2004 define que gravimetria é o processo de divisão em quatro partes iguais de uma

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amostra, sendo duas partes opostas entre si para constituir a nova amostra e as outras partes sendo descartadas. A atividade é repetida até que se tenha o volume desejado.

Em se tratando de análise macro, toma-se como base a composição gravimétrica estimada dos resíduos sólidos urbanos coletados no Brasil, onde para estimar a quantidade dos diferentes tipos de resíduos produzidos, foram utilizados os dados da composição gravimétrica média do Brasil, que são provenientes da média de 93 estudos de caracterização física realizados entre 1995 e 2008 (MMA). A Figura 4 ilustra a composição gravimétrica brasileira.

Figura 4 - composição gravimétrica urbana no Brasil em 2008 Fonte: MMA (2012)

De acordo com a Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH), têm-se a

distribuição dos resíduos sólidos em todo o estado de Pernambuco, na Região Demográfica (RD) na qual o município de Caruaru está inserido (Agreste Central) e da própria cidade em estudo. Segundo a CPRH, para os resíduos sólidos urbanos são avaliadas as produções domiciliares e a produção de resíduos públicos, referentes aos serviços de limpeza de vias e logradouros, capinação e podação.

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Fonte: ITEP (2012)

A figura 5, ilustração acima, indica quanto ao descarte de resíduos de acordo com a sua tipologia e a sua totalidade em todo o estado, ou seja, a sua composição gravimétrica.

3. Caracterização do Problema Proposto

3.1. Área de Estudo

A cidade de Caruaru está situada na região nordeste do Brasil, mais precisamente no Agreste Central do estado de Pernambuco, como mostra a figura 6. Fundada em 18 de maio de 1857, estima-se que a população caruaruense hoje seja cerca de 356.128 habitantes (IBGE, 2017).

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Fonte: IBGE

Figura 7: Vista da cidade de Caruaru

Fonte: Wikipédia (2016)

O município exerce um papel importante no agreste pernambucano no contexto médico-hospitalar, comercial, acadêmico e turístico. É conhecida por ter a maior festa junina do mundo e também pela Feira de Caruaru, atraindo turistas, comerciantes e artesãos de todo o país. A figura 7 ilustrada acima mostra uma vista da cidade de Caruaru tirada do Morro Bom Jesus, ponto turístico do município.

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Embora a legislação tenha instituído desde 2010 para os municípios a criação do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, em Caruaru essa ideia ainda não está concretizada. Somente no ano de 2012 o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) começou a realizar audiências referentes à destinação dos resíduos sólidos da cidade e apurar fatos e sugestões que possam contribuir para a criação do Plano Municipal de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Em primeira instância, a promotoria apontou a falta de um local adequado para o descarte do lixo e da coleta seletiva, dificultando o processo de reciclagem. Também foram discutidas as propostas para implantar a educação ambiental no município, instalação de mais coletores de lixo em pontos estratégicos dos bairros e fortalecer a associação de catadores do município, afim de gerar mais empregos (MÁRIO, 2012).

A cidade conta com um aterro sanitário em funcionamento, construído a partir de recursos próprios, numa área de 12 hectares, distante da cidade e da população, dados divulgados pela Secretaria de Infraestrutura do município. O aterro sanitário caruaruense foi projetado para receber cerca de 200 toneladas diárias, e, atualmente, são coletadas cerca de 252, 7 toneladas de lixo, sendo que apenas o lixo hospitalar e as metralhas são separados dos demais (OLIVEIRA, 2013).

Segundo o jornal NE10 (2018), em maio de 2018 foi apresentado na Câmara de Vereadores do município o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, com o objetivo de diagnosticar a situação atual da prestação de serviços de saneamento básico, limpeza urbana e gerenciamento dos resíduos sólidos. O Plano de Saneamento Básico Setorial para a Limpeza Urbana e o Manejo dos Resíduos Sólidos também foram discutidos na audiência, pois estes planos devem ser atualizados periodicamente, devido à necessidade de elaboração de um diagnóstico da situação atual da prestação de serviços pelo município. O documento vai apresentar a situação atual dos resíduos na cidade, que servirá para a tomada de decisões referente a ações de geração de emprego e renda, controle ambiental, melhor participação da comunidade no gerenciamento dos resíduos, entre outros.

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A escola escolhida para estudo foi a Escola Municipal Landelino Rocha, localizada na Vila de Peladas, município de Caruaru, Pernambuco. A instituição conta com aproximadamente 645 pessoas, distribuídas entre alunos, gestores e funcionários, durante três turnos de atividades escolares, oferecendo o ensino nas modalidades infantil, fundamental e EJA (Educação de Jovens e Adultos).

4. Metodologia

O procedimento gravimétrico foi realizado na escola em estudo entre os dias 7 e 12 de junho de 2017. Para a realização deste, fez-se necessária à coleta de resíduos gerados por todas as salas de aulas, coordenações e laboratórios.

A equipe composta por três alunos, colaboradores do Grupo de Gestão Ambiental Avançada (GAMA), realizou as pesagens dos resíduos devidamente fardados e identificados, com equipamentos de proteção individual, tais como luvas e máscaras de proteção respiratória, de forma a assegurar a saúde e segurança dos mesmos, através de uma balança digital com capacidade de até 150 quilos.

Os resíduos gerados pela escola foram separados para análise durante um período de três dias, sendo descartados rejeitos sanitários e rejeitos gerados pela cozinha do local. O total de resíduos utilizados para o estudo foi de 7,6kg, seccionados em plásticos, papéis, metais, vidros, orgânicos e não recicláveis.

A determinação da composição percentual dos resíduos foi realizada a partir da homogeneização de todos estes coletados na instituição, como especificada na norma ABNT NBR 10.007:2004 onde diz que para os resíduos no estado sólido, o método de homogeneização deve ser realizado através do quarteamento (ABNT, 2004). O processo de quarteamento foi realizado por três vezes, até a obtenção da amostra para o seu estudo de composição, como definido também pela norma brasileira. As figuras 8 e 9, apresentam as etapas de quarteamento dos resíduos dentro de uma área de 3m², divididas horizontal e verticalmente na altura de 1,5m²:

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Fonte: Os autores (2017)

Figura 9: Segunda divisão da amostra pré-homogeneizada

Fonte: Os autores (2017)

Após a realização desta etapa, o valor (em quilogramas) da amostra adquirido para análise foi pesado em seu todo e, em seguida, foi realizada a análise qualitativa, que consistiu na separação e classificação dos resíduos pela sua tipologia. Estes também foram pesados separadamente para a obtenção de seu percentual em relação a todos os resíduos descartados pela instituição, ou seja, a gravimetria por porcentagem. Os resultados de todo processo foram organizados em tabelas para que assim possa ser discutido o estudo gravimétrico do local.

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14 5. Resultados e discussões

Após a aplicação do processo metodológico teve-se amostra dos resíduos em análise de 1,63 kg. A partir desse espaço amostral se obteve uma composição dos resíduos gerados pela escola, como demonstrado na tabela 1.

Tabela 1: Distribuição dos resíduos

Distribuição Residual

Orgânico Não Recicláveis/Rejeitos Reciclável Total

0,3 kg 0,1 kg 1,23 kg 1,27 kg

18,40% 6,14% 75,46% 100%

Fonte: Os autores (2018)

A tabela 1 demonstra de forma efetiva que mais de 75% dos resíduos produzidos no ambiente estudado são de cunho reciclável o que esclarece que medidas mitigadoras podem ser tomadas, tanto pelo poder público responsável pela preservação escolar, tanto pelos usuários do ambiente. Algumas ações como a coleta seletiva escolar ou parcerias com recolhedores residuais são políticas relevantes para serem colocadas em prática pelos responsáveis.

Promove-se também a tipologia da fração reciclável dos resíduos em estudo, assim à promover uma melhor observação do processo, para melhor auxiliar na tomada de decisão das práticas mitigadoras a serem escolhidas. A tabela 2 faz a demonstração real da divisão tipológica dos resíduos da escola analisada.

Tabela 2: Proporção dos materiais

Tipologia Massa Percentual

Papel 0,6 Kg 48,80%

Plástico 0,6 Kg 48,80%

Metal 0,03 Kg 2.40%

Vidro 0,00 Kg 0,00%

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Assim é possível notar, por exemplo, que programas de reciclagem de vidros ou políticas com os cuidados relacionados a esse tipo de material não teriam efetividade nenhuma no espaço da escola em estudo, já que esse tipo de material é produzido de forma insignificante na mesma. Em contrapartida, a produção residual de papel e plástico lidera na descrição tipológica. Assim, programas como reeducação no uso desses tipos de material, programas e ações de redução do consumo ou reutilização teriam eficácia mais observável dentro da escola em estudo.

Outra comparação interessante é entender a parcela de produção residual entre a escola e a região em que a escola está inserida, como mostra a figura 10.

Figura 10: Comparação da composição gravimétrica na região central do estado de Pernambuco e a escola estudada

Fonte: Os autores (2018)

A figura 10 apresenta a relação entre a produção de resíduos dada pela região central do estado de Pernambuco, onde está inserido o município de Caruaru, e a Escola Municipal Landelino Rocha, seccionados pela sua tipologia. Os resíduos orgânicos, que apresentam resultados em ambas as localidades, não estabelecem critérios mínimos de comparação, já que os resíduos oriundos da cozinha da instituição não fizeram parte do processo de avaliação

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gravimétrica. Através desta comparação, pode-se constatar que as quantidades de resíduos, tais como plásticos e papéis são mais presentes no contexto da escola estudada e, comparativamente, no âmbito educacional como um todo.

Para se realizar a implementação de um sistema de coleta seletiva na instituição é necessário

também a existência da consciência ambiental de todos aqueles que estão inseridos direta ou indiretamente na mesma. Pode-se notar que as práticas sustentáveis ocorrentes são aplicadas por uma pequena porcentagem de alunos e funcionários, o que dificulta a efetividade de ações perante a constatação dos resultados. O processo de análise gravimétrica é uma importante ferramenta para o auxílio na tomada de decisão na elaboração de projetos e ações sustentáveis não só do ambiente educacional, mas em todos os âmbitos sociais.

6. Conclusões

O ambiente escolar é um dos entes transformadores com maior impacto dentro de uma comunidade. A promoção das atividades que possibilitem essa transformação é um dos pontos principais para definir se a escola está tendo êxito ou não. Não é diferente em relação às práticas e políticas ambientais. A fomentação de atividades que gerem uma transformação com relação à produção, manipulação e descarte dos resíduos sólidos que uma entidade escolar produz é um dos pontos primordiais para a fundar a educação ambiental nessas localidades. Para saber como trabalhar o “lixo” é necessário a compressão tipológica do mesmo.

Assim surge a metodologia gravimétrica, que é usada para a estruturação dos tipos de resíduos produzidos por uma comunidade e, assim, auxiliar no processo de tomada de decisão para a fomentação de projetos mitigadores. Cabe salientar, que a metodologia gravimétrica, dá um arcabouço relevante para a fomentação dos projetos mitigadores, mas o principal agente de transformação são as práticas diárias de sensibilização sobre o consumo e produção excessiva de resíduos sólidos.

Por fim, tendo conhecimento da quantidade de resíduos produzidos e sua composição, é possível que as entidades analisem e estabeleçam metas para a redução de geração de

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resíduos, bem como a coleta seletiva de forma efetivada e a reciclagem desses produtos, reduzindo assim os impactos ambientais e trazendo também vantagens socioeconômicas.

7. Bibliografia

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