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Câmara Municipal de Vila Real de Santo António

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Academic year: 2021

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Câmara Municipal de Vila Real de Santo António Volume I

(2)
(3)

Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor do Bairro

da Caixa de Vila Real de Santo António

Volume I – Relatório Ambiental

Volume II – Resumo Não Técnico

Í

NDICE

G

ERAL

1. Introdução 1

 

2. Identificação da Equipa Técnica 3

 

3. Descrição do Plano 5

 

3.1. Enquadramento geográfico

3.2. Situação actual da área de intervenção do Plano

3.3. Questões estratégicas associadas ao Plano

3.4. Proposta urbanística

3.5. Alternativas

11 

3.6. Relações com outros planos de gestão territorial

12 

4. Âmbito da Avaliação Ambiental 13

 

4.1. Enquadramento legal

13 

4.2. Abordagem metodológica

15 

4.3. Faseamento

22 

4.4. Pareceres das entidades sobre o âmbito da Avaliação Ambiental

26 

(4)

4.6. Pareceres das entidades sobre o Relatório Ambiental

29 

5. Ordenamento do Território (FCD 1) 33

 

5.1. Ordenamento do território e desenvolvimento regional

33 

5.1.1. Caracterização da situação actual 33

 

5.1.2. Tendências de evolução 42

 

5.1.3. Avaliação de efeitos significativos 42

 

5.2. Identificação de oportunidades e riscos

46 

6. Qualificação do Território (FCD 2) 47

 

6.1. Qualidade do espaço urbano

47 

6.1.1. Caracterização da situação actual 47

 

6.1.2. Tendências de evolução 49

 

6.1.3. Avaliação de efeitos significativos 50

 

6.2. Relação com a envolvente

52 

6.2.1. Caracterização da situação actual 52

 

6.2.2. Tendências de evolução 56

 

6.2.3. Avaliação de efeitos significativos 56

 

6.3. Identificação de oportunidades e riscos

62 

7. Desenvolvimento Socioeconómico (FCD 3) 65

 

7.1. População e condições de vida

65 

7.1.1. Caracterização da situação actual 65

 

7.1.2. Tendências de evolução 90

 

7.1.3. Avaliação de efeitos significativos 92

 

(5)

8. Avaliação Global do Plano de Pormenor 97

 

9. Recomendações 103

 

10. Programa de Gestão e Monitorização 105

 

10.1. Medidas de Gestão

105 

10.2. Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável

107 

11. Lacunas de Conhecimento 109

 

Bibliografia 111

 

Anexo I – Desenhos 117

 

Anexo II – Fotografias 141

 

Anexo III – Parecer sobre a Proposta de Definição de Âmbito 145

 

Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve

147 

(6)

Í

NDICE DE

Q

UADROS

Quadro 2.1 – Composição da Equipa Técnica 3

 

Quadro 3.2.1 – Indicadores de caracterização dos bairros sociais da Caixa e do Farol 6

 

Quadro 3.4.1 – Quadro de Áreas e Parâmetros 10

 

Quadro 4.2.1 – Métrica para avaliação de oportunidades e riscos 21

 

Quadro 4.5.1 – Factores Críticos de Decisão e respectivos Domínios de Análise 28

 

Quadro 3.4.1 – Sinopse dos pareceres das entidades sobre o Relatório Ambiental (versão Abril de

2009) e sobre o Plano de Pormenor do Bairro da Caixa (versão Março de 2009) 29

 

Quadro 3.4.2 – Sinopse dos pareceres adicionais das entidades sobre o Relatório Ambiental (versão

Setembro de 2009) e sobre o Plano de Pormenor do Bairro da Caixa (versão Agosto de 2009) 31

 

Quadro 5.1.1 – Objectivos Estratégicos e Eixos de Desenvolvimento para o Algarve no horizonte de

2013 34

 

Quadro 5.1.2 – Avaliação de efeitos significativos em termos de Ordenamento do Território 43

 

Quadro 5.2.1 – Oportunidades e riscos: FCD 1 – Ordenamento do Território e Desenvolvimento

Regional 46

 

Quadro 6.3.1 – Oportunidades e riscos: FCD 2 – Qualificação do Território 62

 

Quadro 7.1.1 – Indicadores seleccionados de população por freguesia do Concelho de Vila Real de

Santo António (1991, 2001 e 2008) 66

 

Quadro 7.1.2 – Cenários de evolução da população residente em VRSA no horizonte de 2018 67

 

Quadro 7.1.3 – Estimativa das carências habitacionais de VRSA (2001) 68

 

Quadro 7.1.4 – Dotação de VRSA em habitação a custos controlados promovida pela Câmara Municipal

e respectiva taxa de ocupação, por freguesia e bairro (2009) 69

 

Quadro 7.1.5 – Previsão de nova habitação e lojas a custos controlados (localização/bairro e n.º de

fogos/lojas previstos e em construção), por freguesia (2009) 70

 

Quadro 7.1.6 – Dotação de VRSA em habitação a custos controlados promovida por outras entidades

(que não a Câmara Municipal) e respectiva taxa de ocupação, por freguesia e bairro (2006) 71

 

Quadro 7.1.7 – Distribuição dos desempregados inscritos nos centros de emprego por concelho da

área do Centro de Emprego de VRSA, no Algarve e no Continente, segundo as suas principais

(7)

Quadro 7.1.8 – Distribuição dos desempregados inscritos nos centros de emprego por concelho da área do Centro de Emprego de VRSA, no Algarve e no Continente, segundo o nível de habilitação

(Dezembro de 2008) 75

 

Quadro 7.1.9 – Número de respostas de acção social por freguesia do Concelho de Vila Real de Santo

António (2008) 78

 

Quadro 7.1.10 – Capacidade e utilização (n.º de utentes) das respostas de acção social existentes no Concelho de Vila Real de Santo António, por freguesia (2008) 79

 

Quadro 7.1.11 – Taxa de cobertura e taxa de utilização das respostas de acção social existentes no

Concelho de Vila Real de Santo António, por freguesia (2008) 80

 

Quadro 7.1.12 – Equipamentos de saúde por freguesia do Concelho de Vila Real de Santo António

(2002) 81

 

Quadro 7.1.13 – Indicadores de saúde por concelho do Algarve (2005) 83

 

Quadro 7.1.14 – Dotação em equipamentos desportivos por freguesia do Concelho de Vila Real de

Santo António 84

 

Quadro 7.1.15 – Dotação em equipamentos de cultura e lazer por freguesia do Concelho de Vila Real

de Santo António 85

 

Quadro 7.1.16 – Distribuição dos equipamentos hoteleiros por freguesia do concelho de Vila Real de

Santo António segundo o tipo de equipamento (2002) 86

 

Quadro 7.1.17 – Número de estabelecimentos turísticos (classificados) e respectiva capacidade (n.º de camas), segundo o tipo de estabelecimento – Concelho de Vila Real de Santo António (2002 e

2007) 86

 

Quadro 7.1.18 – Evolução do número de dormidas no Algarve e no Concelho de Vila Real de Santo

António (2005-2007) 87

 

Quadro 7.3.1 – Oportunidades e riscos: FCD 3 – Desenvolvimento Socioeconómico 96

 

Quadro 8.1 – Matriz de Riscos e Oportunidades (de grau elevado e médio) associados a cenários

alternativos de desenvolvimento: 0 (evolução da situação de referência sem Plano), 1 (versão do

Plano de Março de 2009) e 2 (versão de Agosto de 2009) 99

 

Í

NDICE DE

F

IGURAS E

D

ESENHOS

Figura 4.2.1 – Factores Críticos de Decisão (Diagrama de Venn) 18

 

Figura 4.2.2 – Desenvolvimento metodológico de uma Avaliação Ambiental Estratégica com Domínios

de Análise Relevantes 20

 

Figura 7.1.1 – Densidade populacional (n.º de habitantes por km2) por concelho do Algarve (2008) 66

 

Figura 7.1.2 – Evolução do rácio Desemprego registado / População activa estimada (%) na área do Centro de Emprego de VRSA, no Algarve e no Continente (Dezembro de 2005 – Dezembro de 2008) 73

 

(8)

Figura 7.1.3 – Evolução da taxa de ocupação-cama (bruta) no Algarve e no Concelho de Vila Real de

Santo António (2005-2007) (%) 88

 

Figura 7.1.4 – Evolução da proporção de residentes nacionais nas dormidas no Algarve e no Concelho

de Vila Real de Santo António (2005-2007) (%) 88

 

Figura 7.1.5 – Distribuição do total de dormidas no Concelho de Vila Real de Santo António por país de

origem (2007) (%) 89

 

Figura 7.1.6 – Evolução do peso relativo (%) dos residentes nos Países Baixos no total de dormidas ocorridas no Concelho de Vila Real de Santo António (2005-2007) 89

 

Desenho 1 – Enquadramento administrativo 119

 

Desenho 2 – Situação actual da área de intervenção 121

 

Desenho 3 – Planta Síntese da Proposta de Plano de Pormenor 123

 

Desenho 4a – Perfis da Proposta de Plano de Pormenor 125

 

Desenho 4b – Perfis da Proposta de Plano de Pormenor (continuação) 127

 

Desenho 5 – Edificado Existente e Proposto e Unidades de Execução 129

 

Desenho 6 – Extracto do Modelo Territorial Proposto pelo PROT Algarve 131

 

Desenho 7 – Extracto do Plano de Uso dos Solos do PDM de Vila Real de Santo António 133

 

Desenho 8 – Extracto do Plano de Salvaguarda e Estrutura do PDM de Vila Real de Santo António 135

 

Desenho 9 – Planta de Condicionantes 137

 

Desenho 10 – Área de risco de inundação 139

 

Í

NDICE DE

F

OTOGRAFIAS

Fotografia 3.1.1 – Interior do Bairro da Caixa 143

 

Fotografia 3.1.2 – Pormenor de prédios degradados no interior do Bairro da Caixa 143

 

Fotografia 3.1.3 – Avenida do Ministro Duarte Pacheco (Bairro da Caixa à esquerda e Complexo

Desportivo à direita) 143

 

Fotografia 3.1.4 – Rua Luís de Camões (Bairro da Caixa à esquerda) 143

 

Fotografia 3.1.5 – Rua Padre Jorge Leiria (Bairro da Caixa à esquerda e EB 1 com Jardim-de-Infância

António Aleixo à direita) 143

 

Fotografia 3.1.6 – Av. Engenheiro Sebastião Ramirez (Bairro da Caixa à direita e Mata Nacional das Dunas Litorais de Vila Real de Santo António à esquerda) 143

 

(9)

1. Introdução

O presente documento constitui o Relatório Ambiental produzido no âmbito do processo de Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor (PP) do Bairro da Caixa de Vila Real de Santo António, promovido pela Câmara Municipal de Vila Real de Santo António (VRSA).

A proposta de Plano de Pormenor do Bairro da Caixa, elaborada pelo atelier Saraiva & Associados e datada de Agosto de 2009, prevê a demolição integral (programada) de dois bairros de habitação social degradados que datam de finais da década de 60 / princípios da década de 70 do séc. XX (Bairro da Caixa e Bairro do Farol). O PP propõe uma solução de requalificação do espaço público e de consolidação de usos mistos (habitação, comércio e hotelaria) para uma parcela localizada no extremo Sul da Cidade de Vila Real de Santo António que confina com o Sítio de Importância Comunitária (SIC) Ria Formosa – Castro Marim (PTCON0013) e com a Mata Nacional das Dunas Litorais de VRSA.

O presente documento apresenta-se revisto face ao Relatório Ambiental datado de Abril de 2009, incidindo sobre uma versão alternativa do Plano (datada de Agosto de 2009) face à proposta urbanística (de Março de 2009) discutida na conferência de serviços realizada, em Faro, no dia 6 de Julho de 2009. Em particular, o presente relatório incorporou, não apenas as alterações entretanto introduzidas no Plano de Pormenor do Bairro da Caixa, evidenciando as diferenças face à versão anterior desse plano, mas também a maioria das recomendações específicas ao Relatório Ambiental emanadas pelas entidades presentes na citada conferência e/ou que produziram pareceres escritos nesse âmbito.

Foram também incorporadas recomendações posteriores emanadas pelo ICNB – Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, I.P. através do ofício n.º 17.777 de 01-10-2009, solicitando uma análise mais desenvolvida de efeitos cumulativos na envolvente natural bem como a apresentação de uma bateria de indicadores de desenvolvimento sustentável mais exaustiva.

Assim, o relatório ora apresentado incorpora já a ponderação das consultas realizadas junto das entidades com responsabilidades ambientais específicas (e/0u que estão a acompanhar o desenvolvimento do Plano de Pormenor do Bairro da Caixa), incidindo sobre uma versão desse plano também ela ponderada com base nas mesmas consultas.

Desta forma, esta versão revista do Relatório Ambiental corporiza e contribui para a própria natureza interactiva e construtiva dos processos de avaliação ambiental e de elaboração de planos municipais de ordenamento do território, indo ao encontro das disposições legais instituídas pelo Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de Junho (que transpôs a Directiva comunitária n.º 2001/42/CE, de 27 de Junho) e pelo

(10)

Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro (alterado e republicado pelos Decretos-Lei n.os 316/2007, de 19 de Setembro, e 46/2009, de 20 de Fevereiro), bem como de boas práticas em Avaliação Ambiental Estratégica.

O presente documento tem como objectivo dar resposta às disposições do Artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 232/2007, segundo o qual a entidade responsável pela elaboração de determinada plano sujeito a Avaliação Ambiental deve elaborar um relatório ambiental no qual se “identifica, descreve e avalia os eventuais efeitos significativos no ambiente resultantes da aplicação do plano (...), as suas alternativas razoáveis que tenham em conta os objectivos e o âmbito de aplicação territorial respectivos (...)”.

De modo a alcançar o objectivo proposto, o presente documento inclui um capítulo introdutório (Capítulo 1); a identificação da equipa técnica responsável pela respectiva elaboração (Capítulo 2); uma descrição do plano em avaliação (Capítulo 3); a apresentação do âmbito da Avaliação Ambiental, incluindo uma súmula dos pareceres emitidos pelas entidades consultadas, quer para efeito de validação prévia desse âmbito, quer já no quadro da validação do anterior Relatório Ambiental (datado de Abril de 2009) em conferência de serviços (Capítulo 4); a Avaliação Ambiental propriamente dita, incluindo a caracterização da situação actual e tendências de evolução, a avaliação de efeitos significativos e a identificação de oportunidades e riscos, organizada por Factor Crítico de Decisão e por Domínio de Análise (Capítulos 5 a 7); uma avaliação global das oportunidades e riscos identificados que compara a versão mais actual do plano com a anterior (Capítulo 8); a apresentação de recomendações (Capítulo 9) e de medidas de gestão e acompanhamento (Capítulo 10), bem como a identificação de lacunas de conhecimento (Capítulo 11).

No final do presente volume foram inseridos três anexos: Anexo I – Desenhos; Anexo II – Fotografias e Anexo III – Parecer sobre a Proposta de Definição de Âmbito.

(11)

2. Identificação da Equipa Técnica

O presente Relatório de Caracterização foi elaborado pela empresa NEMUS – Gestão e Requalificação Ambiental, Lda., sob a direcção do Dr. Pedro Bettencourt Correia.

A composição da equipa técnica, bem como a formação de cada um dos seus elementos e as responsabilidades que lhes foram atribuídas, são indicadas no quadro seguinte.

Quadro 2.1 – Composição da Equipa Técnica

Nome Formação Função

Pedro Bettencourt Correia Geólogo; Especialista em Geologia Marinha Direcção de Projecto

Pedro Afonso Fernandes Economista; Mestre em Planeamento Regional e Urbano e em Economia

Coordenação de Projecto; Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional; Desenvolvimento Socioeconómico; Património Arquitectónico e Urbanístico

Elisabete Teixeira Arquitecta Paisagista

Qualidade do Espaço urbano; Paisagem; Património Arquitectónico

e Urbanístico

Sara Moras Arquitecta Paisagística

Acompanhamento do processo de Avaliação Ambiental e apoio geral ao

Projecto Sara Sousa Bióloga Ambiente Natural Gonçalo Dumas Técnico de CAD e SIG Cartografia CAD e SIG

(12)
(13)

3. Descrição do Plano

No presente capítulo é efectuada uma breve descrição do Plano de Pormenor (PP) do Bairro da Caixa de Vila Real de Santo António, focalizada no enquadramento geográfico e usos actuais da área de intervenção do PP, nas características gerais e nas questões estratégicas associadas ao mesmo, bem como nas relações que estabelece com outros instrumentos de gestão territorial, que não substitui a descrição completa e pormenorizada da proposta urbanística realizada ao longo do Relatório de Análise e

Fundamentação do PP (Saraiva & Associados, 2009a).

A presente descrição encontra-se actualizada de acordo com a versão do PP do Bairro da Caixa datada de Agosto de 2009 (Saraiva & Associados, 2009a).

3.1. Enquadramento geográfico

A área de intervenção do PP do Bairro da Caixa, com cerca de 2,5ha (24.691,92 m2), localiza-se junto ao

limite Sul do perímetro urbano de Vila Real de Santo António. Esta área encontra-se inserida na Freguesia e Concelho de Vila Real de Santo António, Distrito de Faro (cf. Desenho 1 – Anexo I).

A área de intervenção do Plano tem como confrontações:

• A Poente, a Avenida do Ministro Duarte Pacheco (cf. Fotografia 3.1.3 – Anexo III); • A Norte, a Rua Luís de Camões (cf. Fotografia 3.1.4 – Anexo III);

• A Nascente, a Rua Padre Jorge Leiria (cf. Fotografia 3.1.5 – Anexo III);

• A Sul, a Avenida Engenheiro Sebastião Ramirez (cf. Fotografia 3.1.6 – Anexo III).

Este local confina, a Sudoeste, com o Sítio de Importância Comunitária (SIC) “PTCON0013 Ria Formosa – Castro Marim”, proposto pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 142/97 de 28 de Agosto e aprovado pela Decisão da Comissão 2006/613/CE de 19 de Julho que adopta, nos termos da Directiva 92/43/CEE do Conselho (“Directiva Habitats”), a lista dos sítios de importância comunitária da região biogeográfica mediterrânica. A pequena sobreposição que se verifica com o SIC Ria Formosa – Castro Marim (a Sudoeste

(14)

da área de intervenção do PP) parece dever-se à diferença de escalas utilizada na delimitação de ambas as áreas: o SIC é delimitado a uma escala bastante mais pequena (1:100 000) face ao PP (1:500) 1.

3.2. Situação actual da área de intervenção do Plano

A área de intervenção do PP do Bairro da Caixa corresponde a um quarteirão permeável formado por dois bairros sociais contíguos: o Bairro da Caixa e o Bairro do Farol (cf. Desenho 2 – Anexo I). Trata-se de uma área de usos essencialmente habitacionais e com um edificado, em geral, degradado (cf. Fotografias 3.1.1 e 3.1.2 – Anexo II).

Quadro 3.2.1 – Indicadores de caracterização dos bairros sociais da Caixa e do Farol

Indicador Bairro Social Total

Caixa Farol

N.º total de fogos 102 108 210 N.º de fogos em regime de arrendamento 53 79 132

N.º de fogos vendidos em regime de custos controlados 49 12 61 N.º de fogos habitados 97 82 179

N.º de agregados familiares residentes 97 83 180 N.º de fogos destinados a “lojas” ocupados 0 6 6 N.º de fogos residenciais vagos 5 10 15 N.º de fogos destinados a “lojas” vagos 0 10 10 Fonte: informação disponibilizada pela Câmara Municipal de VRSA

1 Embora ocorra uma pequena sobreposição entre a área de intervenção do PP e este SIC, a cartografia dos valores

naturais que suporta o Plano Sectorial da Rede Natura 2000 (PSRN2000) “deve ser considerada como um instrumento de orientação e enquadramento, atendendo à sua escala de referência (1:100 000) e ao dinamismo inerente aos sistemas naturais, que implicam a contínua necessidade de actualização desta informação de base” [Resolução do Conselho de Ministros n.º 115-A/2008, de 21 de Julho, p. 4536-(21)]. Como o próprio PSRN2000 reconhece, “a sistematização para a escala 1:100 000 da informação de base cartográfica disponível, em diversos formatos (polígonos, estruturas lineares, pontos de amostragem e levantamentos em quadrícula) e com escalas de levantamento variadas, implicou simplificações e generalizações que carecem de posterior aferição e validação, para efeitos da sua mais adequada utilização na transposição de orientações para os IGT [Instrumentos de Gestão Territorial]” [p. 4536-(8) da mesma Resolução do Conselho de Ministros].

(15)

De facto, o Bairro da Caixa foi um dos primeiros a surgir em VRSA. Construído em 1967, visava debelar as necessidades de realojamento de muitas famílias que viviam em condições de extrema pobreza e sobrelotação:

“Até finais dos anos 60 [do séc. XX], a maioria das famílias operárias fabris e de pescadores do concelho [de VRSA] habitavam casas feitas em alvenaria e junco, e algumas famílias viviam em casas de colmo na zona poente de Monte Gordo. Na periferia de VRSA e em Monte Gordo, erguiam-se aglomerados insalubres de casas abarracadas feitas de latas de conerguiam-serva e madeira, erguiam-sem esgotos, água canalizada, com estradas de terra batida ou areia” (CMVRSA, 2006a, p. 22).

O Bairro da Caixa tem 102 fogos de habitação, a maioria dos quais habitados (97) e cedidos em regime de renda apoiada (53) (cf. Quadro 3.2.1). É propriedade da Segurança Social e o seu edificado encontra-se, em geral, “em mau estado” ou “com problemas” – de acordo com um Diagnóstico das Carências

Habitacionais do Concelho de VRSA realizado, em 2006, pela Divisão de Acção Social da respectiva câmara

municipal (CMVRSA, 2006a, p. 46).

Já o Bairro do Farol foi construído no início da década de 70 do séc. XX pelo então Fundo de Fomento da Habitação (FFH), mais tarde IGAPHE – Instituto de Gestão e Alienação do Património Habitacional do Estado e INH – Instituto Nacional de Habitação, actual IHRU – Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, I.P. Tem um total 108 fogos, 92 destinados ao uso habitacional (82 habitados + 10 vagos) e 16 destinados a “lojas” (6 ocupados + 10 vagos), cedidos também na maior parte dos casos em regime de renda apoiada (79) (cf. o mesmo quadro). Apesar de mais recente face ao Bairro da Caixa, o Bairro do Farol ou do “Fundo de Fomento da Habitação” (como é comummente designado) parece estar em pior estado de conservação – na opinião dos respectivos residentes:

“Em relação à conservação dos edifícios, no Bairro do FFH (Bairro do Farol) 71,4% dos inquiridos consideram que os seus edifícios estão em mau estado, seguido do Bairro da Caixa. Estes dois bairros (…) são os que apresentam maiores problemas de conservação dos edifícios, que, como já se referiu, datam dos finais dos anos 60 e princípios da década de 70. O elevado estado de degradação observado pode estar relacionado com o facto destes bairros serem geridos por entidades nacionais (nomeadamente IGAPHE / INH e Caixa de Segurança Social) que estão localizadas na capital do país, e que se alhearam por vários anos da [respectiva] gestão e manutenção (…)” (CMVRSA, 2006a, pp. 46-47).

De acordo com o mesmo diagnóstico, os principais problemas mencionados pelos moradores dos bairros da Caixa e do Farol prendem-se, para além da degradação do edificado, com a necessidade de arranjo dos

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espaços exteriores, com a ausência/deficiente limpeza desses espaços e com a escassez de equipamentos colectivos ou comércio de proximidade, nomeadamente: creche, farmácia, esquadra e supermercado e/ou mercearia (CMVRSA, 2006a, pp. 94-95).

3.3. Questões estratégicas associadas ao Plano

O Plano de Pormenor do Bairro da Caixa encontra justificação no estado de degradação em que se encontra o edificado e o espaço público dos bairros sociais da Caixa e do Farol, referido na secção anterior.

Este plano insere-se também na política de requalificação da Cidade de VRSA no sentido de lhe conferir uma maior atractividade turística e residencial. Aliás, como é referido no Relatório de Análise e

Fundamentação, o Plano de Pormenor do Bairro da Caixa tem “um carácter essencialmente instrumental e

programático no quadro dos objectivos gerais de desenvolvimento de Vila Real de Santo António” (Saraiva & Associados, 2009a).

Em particular, a área de intervenção caracteriza-se pela sua proximidade a áreas de grande sensibilidade paisagística e/ou em termos de conservação da natureza (Mata Nacional das Dunas Litorais de Vila Real de Santo António e praias) o que, por si só, justificaria uma intervenção de requalificação urbanística.

Nesse sentido, a proposta de PP do Bairro da Caixa corporiza os seguintes objectivos estratégicos:

• Assegurar uma efectiva integração da área na sua envolvente, tendo especial atenção ao seu relacionamento com a morfologia urbana de Vila Real de Santo António e com a paisagem envolvente;

• Contribuir para uma identidade urbana própria, com arquitectura de elevada qualidade, e dotar a zona de equipamentos e infra-estruturas numa lógica de requalificação urbana e qualificação do espaço público;

• Garantir a viabilidade do Plano sob o ponto de vista urbanístico e económico/ financeiro, através de uma abordagem realista e tecnicamente segura nas suas implicações orçamentais.

(17)

3.4. Proposta urbanística

A proposta de Plano de Pormenor do Bairro da Caixa assenta em três elementos morfológicos distintos [cf. desenhos 3, 4a e 4b – Anexo I e (Saraiva & Associados, 2009a)].

Na parte mais ocidental, urbana e cosmopolita da parcela, que confina com a Avenida do Ministro Duarte Pacheco e com o Complexo Desportivo de VRSA (lotes L.01 a L.04), são propostos quatro blocos (ou “corpos”) perpendiculares a essa via, com 6 pisos (de pavimento) e um máximo de 12 fogos cada, embasados numa banda com 4 pisos que se desenvolve longitudinalmente ao longo da Avenida, com comércio e serviços (pisos térreos dos lotes 2 e 3) e perfazendo um total de 56 fogos. Desta forma, 104 é o número total (máximo) de fogos associado a esses quatro lotes

No tardoz deste conjunto “denteado” são propostos espaços verdes, quer confinados aos lotes (de utilização pública ou semi-pública), quer de utilização colectiva para efeito de recreio e lazer. Neste último caso, é proposto um passeio pedonal segregado dos acessos viários aos lotes, que contribui para a permeabilidade geral pretendida com a proposta urbanística, em articulação com o vazamento parcial do piso térreo dos lotes 2 e 3 (Saraiva & Associados, 2009a).

Imediatamente a sul desse conjunto, mais precisamente na esquina entre a Avenida do Ministro Duarte Pacheco e a Estrada da Mata, é proposto um hotel com 8 pisos (com cércea de 25 metros regulada pelo vizinho farol), cerca de 70 quartos e um máximo de 140 camas (Lote L.05). Trata-se de um elemento morfológico autónomo, que poderá contribuir para o reforço da identidade desta importante entrada da Cidade: “este edifício é afirmativamente assumido como um elemento pontual e autónomo na área de intervenção do Plano, pela sua morfologia elipsoidal e volumetria, buscando nestas suas características um desempenho simbólico e emblemático enquanto referência urbana que assinala a porta sul da cidade” (Saraiva & Associados, 2009a).

O terceiro e último elemento morfológico consiste num quarteirão permeável formado, num dos seus lados por dois edifícios com seis pisos e , no lado oposto, por dois edifícios com um só piso, parcialmente vazado onde se integram as actividades de comércio e serviços: “este corpo vazado faz a ligação entre o espaço público e o espaço privado, permitindo o usufruto de espaços verdes de recreio e lazer de carácter privado ou semi-público, tais como esplanadas que poderão surgir, enriquecendo estas áreas” (Saraiva & Associados, 2009a).

Este quarteirão – para o qual se prevê um máximo de 72 fogos e que apresenta “um desenho aparentemente mais clássico” – é aplicado, de um modo simétrico, por duas vezes na zona nascente do

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Plano, ou seja, naquela que se encontra mais próxima do núcleo fundacional pombalino (lotes L.06 a L.09 e L.10 a L.13) (Saraiva & Associados, 2009a). Para o espaço intersticial que separa ambos os quarteirões é proposta uma “alameda” ou faixa verde equipada com parque infantil e mobiliário urbano, que estabelece uma relação de continuidade com a citada zona verde confinante aos lotes L.01 a L.04 e que poderá contribuir “para a vivência de bairro enquanto unidade de vizinhança” (Saraiva & Associados, 2009a).

Assim, a proposta de plano aponta para um total de 248 fogos, ou seja, mais 38 face aos 210 actualmente existentes nos bairros da Caixa e do Farol (cf. quadros 3.2.1 e 3.4.1).

Quadro 3.4.1 – Quadro de Áreas e Parâmetros

Lote

Áreas (m2) Área Bruta de Construção (m

2) Pisos acima soleira Fogos Camas Tur. Estac. Total

Acima soleira Ab. sol.

Lote Implant. Habit. Turismo Com./ Serv. Estac.º n.º

L.01 1.185 1.039 5.098 4.060 1.039 6 26 30 L.02 1.344 1.344 5.546 3.782 420 1.344 6 26 38 L.03 1.344 1.344 5.528 3.782 402 1.344 6 26 38 L.04 1.185 1.039 5.098 4.060 1.039 6 26 30 L.05 1.052 1.052 4.672 3.620 1.052 8 140 30 L.06 735 735 2.065 1.176 154 735 4 e 1 8 18 L.07 735 735 2.065 1.176 154 735 4 e 1 8 18 L.08 1.645 1.645 5.761 1.645 6 e 4 28 47 L.09 1.645 1.645 5.761 1.645 6 e 4 28 47 L.10 1.645 1.645 5.761 1.645 6 e 4 28 47 L.11 1.645 1.645 5.761 1.645 6 e 4 28 47 L.12 735 735 2.065 1.176 154 735 4 e 1 8 18 L.13 735 735 2.065 1.176 154 735 4 e 1 8 18 Total 15.629 15.338 57.247 36.851 3.620 1.438 15.338 - 248 140 428

Fonte: Saraiva & Associados (2009a)

O estacionamento privativo (em cave) é de cerca de 1,6 lugares por fogo (398 lugares), acrescidos de 30 lugares (também em cave) associados às 140 camas previstas para o hotel (cf. Quadro 3.4.1). Ao longo das vias que delimitam o Plano são ainda propostas bolsas de estacionamento público, perfazendo um total de 110 lugares [cf. Desenho 3 – Anexo I e (Saraiva & Associados, 2009a)].

(19)

A área bruta de construção (ABC) total é de 57.247 m2, com 15.338 m2 localizados abaixo da cota de soleira

e destinados a estacionamento e arrecadações [cf. Quadro 3.4.1 e (Saraiva & Associados, 2009a)]. Os restantes 41.909 m2 são repartidos da seguinte forma pelos diferentes usos: habitação – 36.851 m2;

turismo/hotelaria – 3.620 m2 e comércio/serviços – 1.438 m2.

Dada a área do plano (os citados 24.691,92 m2), o índice de utilização bruto (ou índice bruto de

construção)2 é de 1,70. O índice de implantação bruto3 é de 0,62 e o índice de utilização líquido4 é de 3,73,

notando que a área total dos treze lotes é de 15.338 m2 (cf. o mesmo quadro).

Refira-se que o loteamento proposto é compatível com uma eventual demolição faseada do edificado existente, como sugere o Desenho 5 (Anexo I) e o programa de execução incluído na proposta urbanística (Saraiva & Associados, 2009a).

3.5. Alternativas

A versão datada de Agosto de 2009 do Plano de Pormenor do Bairro da Caixa (Saraiva & Associados, 2009a) constitui uma alternativa viável face à versão anterior do Plano, de Março de 2009 (Saraiva & Associados, 2009) e já sujeita a conferência de serviços (realizada no dia 6 de Julho de 2009, em Faro).

Ao longo do presente Relatório Ambiental são referidos, em particular, os riscos ambientais evitados ou minimizados com esta versão mais actual do Plano, bem como a forma como foram incorporadas as recomendações anteriormente formuladas pelo avaliador ambiental (vertidas na versão de Abril de 2009 do Relatório Ambiental).

Foi ainda realizada uma análise comparativa entre essas versões alternativas do Plano, em sede de avaliação global de oportunidades e riscos (Capítulo 8).

2 Quociente entre a superfície de pavimento (ABC acima da cota de soleira) e a superfície total do plano. 3 Quociente entre a superfície total dos lotes (área de implantação) e a superfície total do Plano. 4 Quociente entre a superfície de pavimento (ABC acima da cota de soleira) e a superfície total dos lotes.

(20)

3.6. Relações com outros planos de gestão territorial

O Plano de Pormenor do Bairro da Caixa de Vila Real de Santo António articula-se com os seguintes instrumentos de gestão territorial (cujo âmbito foi definido pelo Decreto-Lei n.º 380/99 de 22 de Setembro, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 46/2009 de 20 de Fevereiro):

• Instrumentos de âmbito Nacional:

1. Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT), aprovado pela Lei n.º 58/2007, de 4 de Setembro (rectificada pela Declaração de Rectificação n.º 80-A/2007, de 7 de Setembro);

- Planos sectoriais com incidência territorial:

2. Plano de Bacia Hidrográfica (PBH) do Guadiana, aprovado por Decreto Regulamentar n.º 16/2001, de 5 de Dezembro (rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 21-C/2001, de 31 de Dezembro);

3. Plano Regional de Ordenamento Florestal (PROF) do Algarve, aprovado pelo Decreto Regulamentar n.º 17/2006, de 20 de Outubro;

• Instrumentos de âmbito Regional:

4. Plano Regional de Ordenamento do Território (PROT) para o Algarve, cuja revisão foi aprovada pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 102/2007, de 3 de Agosto (rectificada pela Declaração de Rectificação n.º 85-C/2007, de 2 de Outubro e alterada pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 188/2007, de 28 de Dezembro);

• Instrumentos de âmbito Municipal:

5. Plano Director Municipal (PDM) de Vila Real de Santo António, ratificado pela Portaria n.º 347/92, de 16 de Abril, publicado por Declaração a 14 de Julho de 1992 (Diário da República 2.ª série n.º 160) e alterado por: Declaração n.º 324/2002 (2.ª série), de 26 de Outubro; Resolução do Conselho de Ministros n.º 114/2004, de 30 de Julho; Declaração n.º 160/2005 (2.ª série), de 26 de Julho; Aviso n.º 728/2008 (2ª série), de 8 de Janeiro e Regulamento n.º 103/2008 (2.ª série), de 29 de Fevereiro.

(21)

4. Âmbito da Avaliação Ambiental

No presente capítulo é realizado um breve enquadramento ao processo de Avaliação Ambiental. Começa-se por descrever o enquadramento legal, a abordagem metodológica e o faComeça-seamento previsto para esComeça-se processo. De seguida, são apresentados o parecer emitido pela entidade consultada (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve) relativamente ao conteúdo da Proposta de Definição de Âmbito (PDA) e o âmbito da Avaliação Ambiental propriamente dito.

Neste último incluem-se os Factores Críticos de Decisão e os respectivos Domínios de Análise, considerados fundamentais para a tomada de decisão dadas as características do Plano de Pormenor do Bairro da Caixa (nomeadamente, os seus objectivos estratégicos) e da respectiva área de intervenção e envolvente próxima (nomeadamente, em termos de factores ambientais), bem como os instrumentos de gestão territorial e desenvolvimento regional de natureza estratégica mais relevantes para o presente contexto avaliativo (Quadro de Referência Estratégico).

4.1. Enquadramento legal

O enquadramento legal, a nível nacional, para o processo de Avaliação Ambiental é dado pelo Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de Junho, que estabelece o regime a que fica sujeita a avaliação dos efeitos de determinados planos e programas no ambiente. Este diploma transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva n.º 2001/42/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de Junho – que prevê a avaliação dos efeitos de determinados planos e programas no ambiente –, e a Directiva n.º 2003/35/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de Maio – que estabelece a participação do público na sua elaboração.

À Avaliação Ambiental dos instrumentos de gestão territorial aplica-se ainda o Decreto-Lei n.º 380/99 de 22 de Setembro, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 46/2009 de 20 de Fevereiro, que estabelece o regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial.

Segundo o Decreto-Lei n.º 232/2007, a Avaliação Ambiental de planos e programas pode ser entendida como um processo integrado, contínuo e sistemático, que visa assegurar a integração global das considerações biofísicas, económicas, sociais e políticas relevantes no procedimento de tomada de decisão.

(22)

A realização de uma Avaliação Ambiental ao nível do planeamento e da programação garante que os efeitos ambientais são tomados em consideração durante a elaboração de um plano ou programa e antes da sua aprovação. Desta forma, os eventuais efeitos ambientais negativos de uma determinada opção de desenvolvimento passam a ser considerados numa fase que precede a Avaliação de Impacte Ambiental de projectos.

De acordo com o n.º 1 do Artigo 3.º deste diploma, estão sujeitos a Avaliação Ambiental:

a) “Os planos e programas para os sectores da agricultura, floresta, pescas, energia, indústria, transportes, gestão de resíduos, gestão das águas, telecomunicações, turismo, ordenamento urbano e rural ou utilização dos solos e que constituam enquadramento para a futura aprovação de projectos mencionados nos anexos I e II do Decreto-Lei n.º 69/2000, de 3 de Maio [que aprova o regime jurídico da Avaliação de Impacte Ambiental], na sua actual redacção;

b) “Os planos e programas que, atendendo aos seus eventuais efeitos num sítio da lista nacional de sítios, num sítio de interesse comunitário, numa zona especial de conservação ou numa zona de protecção especial, devam ser sujeitos a uma avaliação de incidências ambientais nos termos do artigo 10.º do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril [que transpôs para a ordem jurídica interna a Directiva Aves e a Directiva Habitats], na redacção que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro;

c) “Os planos e programas que, não sendo abrangidos pelas alíneas anteriores, constituam enquadramento para a futura aprovação de projectos e que sejam qualificados como susceptíveis de ter efeitos significativos no ambiente.”

Ainda segundo o mesmo diploma compete à entidade responsável pela elaboração do plano ou programa:

• Averiguar se o mesmo se encontra sujeito a Avaliação Ambiental, podendo consultar as entidades às quais, em virtude das suas responsabilidades ambientais específicas, possam interessar os efeitos ambientais resultantes da aplicação do plano ou programa (nomeadamente, Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICBN), Instituto da Água (INAG), Administrações de Região Hidrográfica (ARH), Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), autoridades de saúde ou municípios da área abrangida pelo plano ou programa) (n.º 3 do Artigo 3.º);

(23)

• Determinar o âmbito da Avaliação Ambiental a realizar, bem como determinar o alcance e nível de pormenorização da informação a incluir no Relatório Ambiental, devendo solicitar parecer sobre esta informação às entidades referidas anteriormente (Artigo 5.º);

• Elaborar um Relatório Ambiental no qual identifica, descreve e avalia os eventuais efeitos significativos no ambiente resultantes da aplicação do plano ou programa e as suas alternativas razoáveis, que tenham em conta os objectivos e o âmbito de aplicação territorial respectivos (Artigo 6.º);

• Promover a consulta do plano ou programa e do respectivo Relatório Ambiental:

ƒ Pelas entidades às quais, em virtude das suas responsabilidades ambientais específicas, sejam susceptíveis de interessar os efeitos ambientais resultantes da aplicação do plano ou programa (n.º 1 do Artigo 7.º);

ƒ Consulta pública (n.º 6 do Artigo 7.º);

ƒ Consulta transfronteiriça (sempre que o plano ou programa em elaboração seja susceptível de produzir efeitos significativos no ambiente de outro Estado membro da União Europeia) (Artigo 8.º).

• Ponderar o Relatório Ambiental e os resultados das consultas realizadas na elaboração da versão final do plano ou programa a aprovar (Artigo 9.º);

• Enviar à APA o plano ou programa aprovado (quando o mesmo não seja objecto de publicação em Diário da República) e uma Declaração Ambiental, que deve também ser disponibilizada ao público (Artigo 10.º);

• Avaliar e controlar os efeitos significativos no ambiente decorrentes da aplicação e execução do plano ou programa, verificando a adopção das medidas previstas na Declaração Ambiental (Artigo 11.º);

• Divulgar e remeter à APA os resultados do controlo efectuado (Artigos 11.º e 12.º).

4.2. Abordagem metodológica

A abordagem metodológica a utilizar no processo de Avaliação Ambiental em curso baseia-se, fundamentalmente, nos seguintes elementos:

• A legislação aplicável em vigor;

O Guia de Boas Práticas para Avaliação Ambiental Estratégica publicado pela APA (Partidário, 2007);

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As Orientações para a Avaliação Ambiental de Planos e Programas em termos de

Conservação da Natureza e da Biodiversidade preparadas por uma equipa do ICNB (Silva et al., 2008);

O Guia de Avaliação Ambiental da Avaliação Ambiental dos Planos Municipais de

Ordenamento do Território (DGOTDU, 2008);

O Practical Guide to the Strategic Environmental Assessment Directive adoptado pelo Governo Britânico (Office of the Deputy Prime Minister, 2005);

O Handbook of Strategic Environmental Assessment (SEA) for Cohesion Policy 2007-2013 desenvolvido pela Greening Regional Development Programmes Network e recomendado pela Comissão Europeia – DG REGIO e DG AMBIENTE (GRDP, 2006);

• A experiência da equipa técnica em Avaliação Ambiental Estratégica, em Avaliação de Impacte Ambiental, em Apoio Multicritério à Decisão e em avaliação de programas e projectos.

Em termos introdutórios, é importante referir que a Avaliação Ambiental (AA) tem uma natureza diferente da Avaliação de Impacte Ambiental (AIA), apesar de ambas possuírem um tronco comum: a avaliação de impactes.

De facto, enquanto a AIA incide sobre projectos concretos, num estado avançado de determinado processo de decisão (perspectiva de curto e médio prazo e processo discreto motivado por propostas concretas de intervenção, conhecidas com elevado detalhe e certeza), a AA intervém numa fase mais precoce do processo de tomada de decisão, tipicamente marcada pela incerteza quanto aos efeitos ambientais das decisões, contribuindo de forma construtiva para um processo (desejavelmente) cíclico e contínuo que deverá culminar com a adopção de soluções sustentáveis a longo prazo.

Mais do que um fim em si mesma, a AA deve ser um meio para uma tomada de decisão mais consciente e bem fundamentada, assegurando uma visão de longo prazo e propondo, eventualmente, estratégias ou soluções alternativas que conduzam a um desenvolvimento mais sustentável, no sentido em que o bem-estar das gerações vindouras não é comprometido pelo bem-bem-estar das actuais gerações. É por isso que a AA se deve focalizar nos aspectos essenciais da tomada de decisão, adoptando simultaneamente uma postura metodológica integrada, interdisciplinar, participativa, interactiva, verificável e orientada para a sustentabilidade (Partidário, 2007).

(25)

É neste sentido que a AA incorpora habitualmente uma dimensão estratégica:

“A Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) é um instrumento de avaliação de impactes de natureza estratégica cujo objectivo é facilitar a integração ambiental e a avaliação de oportunidades e riscos de estratégias de acção no quadro de um desenvolvimento sustentável” (Partidário, 2007).

Quando assume este tipo de postura, a AAE não apenas se afasta dos limites da AIA em termos de capacidade de influenciar decisões ou opções estratégicas, como incorpora uma visão contemporânea da tomada de decisão, entendida como um processo sistémico onde a actividade de consultoria de apoio à decisão pode (e deve) ter um importante papel facilitador caso adopte “uma abordagem interactiva, construtiva e de aprendizagem” (Bana e Costa, 1993).

De facto, a AAE tem evidentes pontos de contacto com a abordagem do Apoio Multicritério à Decisão (AMCD), nomeadamente, na sua interpretação mais francófona5:

“O apoio à decisão é a actividade daqueles que facilitam a obtenção de respostas para as questões que se colocam a determinado actor que intervém num processo de tomada de decisão, recorrendo, para o efeito, a modelos claramente explicitados mas não necessariamente formalizados na íntegra. Essa actividade procura clarificar a tomada de decisão, produzindo recomendações ou, simplesmente, favorecendo a coerência entre, por um lado, a evolução do processo de tomada de decisão e, por outro lado, a concretização dos objectivos e dos valores associados aos vários actores envolvidos nesse processo” (Roy e Boyssou, 1993) 6.

Em particular, a AAE aproxima-se da abordagem do AMCD quando propõe, como elemento integrador e estruturante do exercício de Avaliação Ambiental, o conceito de Factores Críticos de Decisão (FCD), que “constituem os temas fundamentais para a decisão sobre os quais a AAE se deve debruçar, uma vez que identificam os aspectos que devem ser considerados pela decisão na concepção da sua estratégia e das acções que a implementam, para melhor satisfazer objectivos ambientais e um futuro mais sustentável” (Partidário, 2007).

5 A escola americana de AMCD centra-se mais na tomada de decisão propriamente dita e não tanto no processo que conduz a esse acontecimento. Ou seja, o facilitador (consultor) intervém fundamentalmente na fase final da tomada de decisão e não tanto desde o início do processo, como defende a escola francesa. A Avaliação Ambiental (Estratégica) insere-se mais nesta última linha de pensamento.

(26)

De facto, a focalização do exercício de Avaliação Ambiental em factores críticos é coerente, nomeadamente, com a abordagem de apoio à decisão centrada nos valores dos actores e nos respectivos objectivos (Value-Focused Thinking) de Keeney (1992) ou com a abordagem de Bana e Costa (1992 e 1993) dos Pontos de Vista Fundamentais, que procura integrar quer os valores/ objectivos dos actores quer as características da acção ou alternativa em avaliação (plano ou programa, no caso particular da AA).

Figura 4.2.1 – Factores Críticos de Decisão (Diagrama de Venn)

Como sugere o Diagrama de Venn acima, em Avaliação Ambiental Estratégica, os FCD correspondem ao subconjunto formado pela intersecção de três conjuntos (Partidário, 2007):

Quadro de Referência Estratégico (QRE): reúne os macro-objectivos de política ambiental e

de desenvolvimento sustentável estabelecidos a nível nacional, europeu e internacional em planos, programas, estratégias e outros documentos de política com os quais o plano ou programa em avaliação se relaciona;

Questões Estratégicas (QE): traduzem os objectivos estratégicos e as linhas de força do

plano ou programa e o seu potencial com implicações ambientais;

Factores Ambientais (FA): remetem para os aspectos ambientais relevantes dado o alcance e

a escala do plano ou programa em avaliação; este conjunto não integra, por princípio, todos os factores ambientais considerados habitualmente em AIA mas apenas aqueles que se afigurem pertinentes dados os problemas ambientais existentes bem como o contexto particular de decisão.

Desta forma, uma Avaliação Ambiental não é um exercício exaustivo de Avaliação de Impacte Ambiental. Em primeiro lugar, porque inclui, para além dos factores ambientais (FA), outros elementos de índole estratégica, de natureza macro (QRE) e micro (QE). Em segundo lugar, porque os esforços analíticos devem concentrar-se apenas nos factores críticos ou fundamentais para a decisão, tendo como fim último apoiar os actores (públicos e/ou privados) numa etapa inicial ou intermédia do processo de tomada de decisão,

(27)

fornecendo-lhes apenas os elementos que são determinantes para a construção e consolidação do próprio

sistema de decisão (composto por valores/ objectivos e acções/ alternativas).

Nesse sentido, a Avaliação Ambiental é um dos vários inputs para um processo que se pretende interactivo, participado e dinâmico e que culminará, numa fase mais adiantada, com a tomada de decisão propriamente dita.

É por isso que os FCD não podem ser muito numerosos [entre três a oito, segundo Partidário (2007)] e devem, sempre que possível, totalizar um número ímpar (propiciando o desempate em problemas decisionais em que os vários FCD têm a mesma importância relativa), sob pena de os resultados do exercício avaliativo serem muito pouco úteis para os actores envolvidos no processo de tomada de decisão, fruto da dispersão por aspectos menos (ou nada) relevantes em termos estratégicos.

Também designados por “Factores ambientais e de sustentabilidade” (FCT-UNL, 2007) ou por “Aspectos ambientais-chave” [Key Environmental Issues (GRDP, 2006)], os Factores Críticos de Decisão podem estar, por sua vez, associados a um conjunto de Objectivos Ambientais Relevantes [Relevant Environmental

Objectives (GRDP, 2006)] – nomeadamente, quando está em causa a avaliação de programas/planos com

forte conteúdo estratégico em termos de desenvolvimento regional/territorial – ou, alternativamente, a Domínios de Análise Relevantes, que espelhem os principais problemas e factores ambientais em presença (cf. Figura 4.2.2) – uma abordagem mais adequada a planos de pormenor ou outros, pensados à escala da cidade.

A parcimónia associada aos FCD deve estender-se aos Domínios de Análise bem como aos respectivos Indicadores (de natureza quantitativa ou qualitativa). Como sugere a Figura 4.2.2, os Domínios de Análise e os Indicadores devem ser orientados para a formulação de Tendências – e não para uma análise estática (mais importante em AIA) – e para a identificação de Oportunidades e Riscos.

A identificação de oportunidades e riscos é um aspecto central em Avaliação Ambiental Estratégica dado que fornece elementos suficientes para que se possa efectuar uma avaliação global do plano (Partidário, 2007). De facto, a condensação dos resultados numa Matriz de Oportunidades e Riscos, organizada por Factor Crítico de Decisão, possibilita aferir em que medida existem, ou não, argumentos suficientes, do ponto de vista ambiental e do desenvolvimento sustentável, para validar a prossecução do plano. Essa matriz, bem como as recomendações específicas por FCD, são igualmente essenciais à formulação de recomendações globais.

(28)

  Questões Estratégicas Plano ou Programa em avaliação Factores Ambientais Problemas ambientais Quadro de Referência Estratégico Factores Críticos de Decisão Domínios de Análise Relevantes Indicadores (ou questões específicas) Outros Planos, Programas e Estratégias Tendências de evolução Avaliação de efeitos significativos Oportunidades e Riscos Recomendações específicas e globais Plano de Gestão e Monitorização

Figura 4.2.2 – Desenvolvimento metodológico de uma Avaliação Ambiental Estratégica com Domínios de Análise Relevantes

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A Matriz de Oportunidades e Riscos poderá envolver alguma selectividade, nomeadamente, quando se está na presença de um conjunto numeroso de oportunidades e riscos nem sempre de elevada significância. Para efeito, a NEMUS tem vindo a utilizar uma métrica comum de classificação de oportunidades e riscos, semelhante à adoptada no relatório de Avaliação Ambiental Estratégica do “Estudo para Análise Técnica Comparada das Alternativas de Localização do Novo Aeroporto de Lisboa na Zona da Ota e na Zona do Campo de Tiro de Alcochete” (LNEC, 2008) (cf. Quadro 4.2.1).

Quadro 4.2.1 – Métrica para avaliação de oportunidades e riscos

Oportunidades Riscos

Elevadas

Criação de novas ou elevadas oportunidades de desenvolvimento e criação de riqueza para a Região e para o Concelho; benefícios elevados em termos de quantidade, qualidade ou protecção dos recursos e valores locais ou regionais

Elevados

Perda de recurso ou afectação de qualidade irreversível e insubstituível; custos elevados

Médias Vantagens, oportunidades e benefícios de

importância média Médios

Perda de recurso ou afectação de qualidade que exige a aplicação de directrizes; custos médios

Baixas Benefícios baixos ou insignificantes Baixos

Perda de recurso ou afectação de qualidade irrelevante ou minimizável; custos baixos ou irrelevantes

Fonte: LNEC (2008) (adaptado)

O avaliador ambiental deve também propor um Programa de Gestão e Monitorização. Como sugere a Figura 4.2.2, a prévia definição de indicadores poderá ser de extrema utilidade para a estabilização de uma bateria de indicadores de monitorização da implementação do plano em termos ambientais e de desenvolvimento sustentável. Naturalmente, esses indicadores deverão remeter para os principais riscos identificados, apesar de ser também desejável o cálculo de indicadores relacionados com os objectivos ambientais cuja concretização, a nível regional ou nacional, depende, pelo menos em parte, do plano/programa em avaliação.

Os indicadores de monitorização não deverão ser muito numerosos e o seu cálculo deverá ser possível com actualidade e fiabilidade. Poderão ser indicadas as fontes de informação bem como os procedimentos de recolha de informação (no caso de indicadores alimentados por informação de natureza primária) e do respectivo tratamento. Em determinados casos, por exemplo, quando existem objectivos especificados a nível nacional, regional ou local, poderão ser especificadas metas ou normas.

(30)

O Programa de Gestão de Monitorização poderá também incluir algumas medidas de gestão, aplicáveis à generalidade dos planos/programas similares, que deverão ser adoptadas como boas práticas em termos ambientais e de desenvolvimento sustentável.

4.3. Faseamento

Em coerência com a abordagem metodológica descrita anteriormente, bem como com os procedimentos previstos no Decreto-Lei n.º 232/2007, a Avaliação Ambiental a realizar integra as seguintes fases:

• Fase 1 – Definição do âmbito da Avaliação Ambiental; • Fase 2 – Elaboração do Relatório Ambiental;

• Fase 3 – Ponderação dos resultados das consultas; • Fase 4 – Declaração Ambiental.

Seguidamente, descrevem-se os objectivos de cada uma das quatro fases acima mencionadas e das suas principais etapas.

Fase 1 – Definição do âmbito da Avaliação Ambiental

A primeira fase da Avaliação Ambiental, já encerrada à data de elaboração do presente documento, visa dar resposta ao disposto no Artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 232/2007. Os objectivos são:

• Definir o âmbito da Avaliação Ambiental a realizar e o alcance e nível de pormenorização da informação a incluir no Relatório Ambiental (a elaborar na Fase 2);

• Solicitar pareceres sobre o âmbito da Avaliação Ambiental e sobre a informação a incluir no Relatório Ambiental às entidades às quais, em virtude das suas responsabilidades ambientais específicas, possam interessar os efeitos ambientais resultantes da aplicação do plano ou programa.

Esta fase desenvolve-se ao longo das etapas que se descrevem de seguida:

Etapa 1.1 – Análise do plano ou programa

Nesta etapa é analisado o plano ou programa objecto de Avaliação Ambiental, incluindo as suas intenções e objectivos, e a sua relação com outros instrumentos de gestão que incidam sobre o mesmo território ou que possam integrar orientações sectoriais pertinentes.

(31)

Em particular, importa identificar e compreender as principais Questões Estratégicas (QE) associadas ao plano ou programa em avaliação.

Etapa 1.2 – Definição do âmbito da Avaliação Ambiental

Nesta etapa é definido o âmbito da Avaliação Ambiental a realizar, assim como o alcance e o nível de pormenorização da informação a incluir no Relatório Ambiental.

A definição do âmbito da Avaliação Ambiental pressupõe a identificação de Factores Críticos de Decisão, aos quais estão associados Domínios de Análise (cf. Secção 4.2). Para cada Domínio de Análise são identificados os Indicadores a utilizar e os eventuais efeitos no ambiente, decorrentes da implementação do plano ou programa, que devem ser avaliados.

O presente relatório remete para a apresentação destes elementos e propõe a solicitação de pareceres ao conjunto de entidades mais relevantes, às quais possam interessar os efeitos ambientais resultantes da aplicação do plano ou programa, dado o seu conteúdo, e considerando a Proposta de Definição de Âmbito apresentada.

Etapa 1.3 – Solicitação de pareceres sobre a definição do âmbito do Relatório Ambiental

De forma a garantir um processo de Avaliação Ambiental abrangente e participado, a definição do âmbito termina com uma consulta às entidades consideradas relevantes, em virtude das suas responsabilidades ambientais específicas.

Deste modo, nesta etapa são solicitados pareceres sobre o âmbito da Avaliação Ambiental às referidas entidades através do envio do presente documento de Proposta de Definição de Âmbito. Os pareceres emitidos são posteriormente coligidos pela equipa de Avaliação Ambiental e incorporados no Relatório Ambiental.

Fase 2 – Elaboração do Relatório Ambiental

Após a fase de definição de âmbito é iniciada a Avaliação Ambiental propriamente dita. Esta fase consiste na elaboração do Relatório Ambiental, e respectivo Resumo Não Técnico, que acompanham o plano ou programa objecto de Avaliação Ambiental para efeitos de consulta por parte das entidades competentes e de consulta pública de acordo com o disposto no Artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 232/2007.

(32)

O Relatório Ambiental constitui o documento de síntese de todo o processo e visa identificar, descrever e avaliar os eventuais efeitos significativos no ambiente resultantes da aplicação do plano ou programa, justificando as opções tomadas em detrimento de outras alternativas razoáveis.

A Fase 2 engloba cinco etapas principais, que se descrevem de seguida:

Etapa 2.1 – Caracterização da situação actual e tendências de evolução

Considerando o âmbito de avaliação aprovado pelos pareceres emitidos pelas entidades competentes (solicitados na Etapa 1.3), nesta etapa é realizada uma breve caracterização da situação actual e são identificadas as principais tendências no que concerne aos Domínios de Análise, e respectivos Indicadores, associados aos FCD.

A focalização da análise nas principais tendências visa, por um lado, garantir uma dimensão estratégica ao exercício de Avaliação Ambiental (perspectivação a médio e longo prazo) e, por outro lado, caracterizar a provável evolução da situação actual caso o plano ou programa não se venha a concretizar (alternativa zero).

Etapa 2.2 – Avaliação de efeitos significativos e identificação de Oportunidades e Riscos

Ao abrigo do Artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 232/2007, a avaliação dos potenciais efeitos significativos no ambiente considera os objectivos de protecção ambiental estabelecidos a nível internacional, comunitário ou nacional que sejam pertinentes para o plano ou programa (tendo em conta a legislação em vigor em matéria de ambiente, ordenamento do território e desenvolvimento sustentável, assim como os planos e programas relevantes).

A avaliação efectuada visa identificar os eventuais efeitos significativos no ambiente decorrentes da aplicação do plano ou programa, incluindo os efeitos secundários, cumulativos, sinergéticos, de curto, médio e longo prazos, permanentes e temporários, positivos e negativos, sem prejuízo da focalização da análise nos factores e nos domínios considerados críticos para a tomada de decisão.

Esses efeitos ambientais significativos são sistematizados em termos de Oportunidades e Riscos para cada Domínio de Análise, recorrendo à métrica apresentada no Quadro 4.2.1.

Etapa 2.3 – Avaliação global

Os Riscos e Oportunidades associados a cada Domínio de Análise são, seguidamente, condensados numa Matriz de Oportunidades e Riscos organizada por Factor Crítico de Decisão. Essa matriz deve identificar

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apenas as Oportunidades e os Riscos de grau elevado a médio, tendo em vista isolar os efeitos ambientais determinantes da tomada de decisão.

Etapa 2.4 – Recomendações e Programa de Gestão e Monitorização

Tendo como pontos de apoio a Matriz de Oportunidades e Riscos bem como as medidas específicas entretanto formuladas, são produzidas recomendações globais com o objectivo de, por um lado, gerir os efeitos adversos (riscos) associados à concretização do Plano e, por outro lado, potenciar as oportunidades de desenvolvimento sustentável identificadas.

São ainda especificadas algumas medidas de gestão (de natureza geral) bem como de avaliação e controlo, a implementar para efeito de acompanhamento da execução do Plano, em conformidade com o disposto no artigo 11.º do Decreto-Lei n.º 232/2007. Em particular, é proposta uma bateria de indicadores de monitorização do Plano.

Etapa 2.5 – Elaboração do Relatório Ambiental

Esta etapa compreende a elaboração do Relatório Ambiental propriamente dito, que acompanhará o Plano para efeito de consulta às entidades com responsabilidades ambientais específicas (30 dias), seguida de consulta pública (pelo menos 30 dias), de acordo com o previsto no artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 232/2007.

Fase 3 – Ponderação dos resultados das consultas

Após a consulta das entidades relevantes e a consulta pública da proposta de plano e do respectivo Relatório Ambiental, procede-se à ponderação de resultados, nos termos do artigo 9.º do Decreto-Lei n.º 232/2007. Os resultados serão considerados pelo promotor na elaboração da versão final do Plano a aprovar.

O presente Relatório Ambiental incorpora já a ponderação da consulta às entidades com responsabilidades ambientais específicas e/ou envolvidas no processo de elaboração do Plano de Pormenor do Bairro da Caixa, na sequência da conferência de serviços realizada, em Faro, no dia 6 de Julho de 2009.

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Fase 4 – Declaração Ambiental

Na sequência da ponderação das consultas, é elaborada uma Declaração Ambiental com os elementos estipulados no Artigo 10.º do Decreto-Lei n.º 232/2007, incluindo, nomeadamente, a forma como as considerações ambientais e o Relatório Ambiental foram integrados na versão final do Plano, a ponderação dos resultados das consultas efectuadas, a fundamentação das opções tomadas face às alternativas razoáveis e as medidas de controlo previstas.

A Declaração Ambiental, tal como o Plano aprovado, serão enviados à APA – Agência Portuguesa do Ambiente. Para além disso, a Declaração Ambiental será disponibilizada ao público para consulta (através da página na Internet da entidade promotora do Plano).

4.4. Pareceres das entidades sobre o âmbito da Avaliação

Ambiental

Nos termos do n.º 3 do Artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 232/2007, a entidade responsável pela elaboração do Plano de Pormenor deverá solicitar parecer sobre o âmbito da Avaliação Ambiental e sobre o alcance da informação a incluir no Relatório Ambiental às entidades às quais, em virtude das suas responsabilidades ambientais específicas, possam interessar os efeitos resultantes da aplicação do Plano.

Nesse sentido, a Proposta de Definição de Âmbito (PDA), elaborada numa fase anterior da presente Avaliação Ambiental de acordo com a metodologia apresentada nas secções anteriores, foi sujeita a consulta da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve.

Esta entidade recomendou que fossem analisadas na Avaliação Ambiental do PP do Bairro da Caixa a “resposta do PP às necessidades de habitação a custos controlados” e o “contributo esperado do PP para o reforço e manutenção da silhueta da zona pombalina da cidade”, de acordo com parecer emitido para o efeito (cf. Anexo III).

O presente Relatório Ambiental incorporou estas sugestões apresentadas pela CCDR Algarve, tendo as mesmas sido objecto de tratamento ao nível Domínios de Análise “População e condições de vida” e “Relação com a envolvente”, respectivamente.

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4.5. Âmbito da Avaliação Ambiental

O âmbito da Avaliação Ambiental foi determinado mediante a aplicação da metodologia descrita nas Secções 4.2 e 4.3 ao caso concreto do Plano em avaliação, tendo sido dissecado em sede de Proposta de Definição de Âmbito (PDA).

A aplicação dessa metodologia, bem como a incorporação do parecer emitido pela CCDR Algarve (cf. Secção 4.4 e Anexo III), permitiu encontrar os seguintes elementos estruturantes, considerados como mais relevantes para efeito da presente Avaliação Ambiental:

• Quadro de Referência Estratégico:

ƒ Estratégia de Desenvolvimento do Algarve 2007-2013; ƒ Lei dos Solos (Decreto-Lei n.º 794/76, de 5 de Novembro); ƒ Plano Regional de Ordenamento do Território para o Algarve; ƒ Plano Director Municipal de Vila Real de Santo António.

• Questões Estratégicas (directamente relacionadas com os objectivos estratégicos do PP): ƒ Assegurar uma efectiva integração da área na sua envolvente;

ƒ Contribuir para uma identidade urbana própria;

ƒ Garantir a viabilidade do Plano sob o ponto de vista urbanístico e económico/financeiro.

• Factores Ambientais:

ƒ Ordenamento do território; ƒ Desenvolvimento regional; ƒ Qualidade do espaço urbano; ƒ Paisagem;

ƒ Património arquitectónico e urbanístico; ƒ Ambiente natural;

ƒ Desenvolvimento socioeconómico.

A identificação destes elementos estruturantes permitiu obter um conjunto de Factores Críticos de Decisão (FCD) e respectivos Domínios de Análise, apresentados no quadro seguinte.

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Quadro 4.5.1 – Factores Críticos de Decisão e respectivos Domínios de Análise

Factores Críticos de Decisão Domínios de Análise

FCD 1 – Ordenamento do Território • Ordenamento do território e desenvolvimento regional

FCD 2 – Qualificação do Território

• Qualidade do espaço urbano

• Relação com a envolvente (Paisagem, Património arquitectónico e urbanístico e Ambiente natural) FCD 3 – Desenvolvimento Socioeconómico • População e condições de vida

Nos capítulos seguintes (Capítulos 5 a 7) é efectuada a Avaliação Ambiental ao longo dos referidos FCD e respectivos Domínios de Análise, baseada num conjunto pré-seleccionado de indicadores, que têm como objectivo balizar a Avaliação Ambiental, impondo limites ao âmbito da análise e focando-a nos aspectos essenciais. De modo a conferir-se uma visão estratégica de longo prazo a este exercício, foram privilegiados indicadores de tendência, sem prejuízo da utilização de indicadores estáticos sempre que tal se afigurou crítico e relevante.

Assim, todos os Domínios de Análise foram objecto de uma breve caracterização da situação actual seguida da identificação das principais tendências de evolução – um exercício que se justifica pelo carácter prospectivo intrínseco a uma Avaliação Ambiental que se pretende estratégica (Partidário, 2007).

A avaliação das principais tendências de evolução (projecção da evolução da situação actual na ausência do plano) visa, por um lado, garantir uma dimensão estratégica ao exercício de Avaliação Ambiental (perspectivação a médio e longo prazo) e, por outro lado, caracterizar a provável evolução da situação actual caso o plano não se venha a concretizar (alternativa zero). Deste modo, a alternativa zero pretende constituir um termo de comparação para a avaliação dos eventuais efeitos ambientais associados à concretização do Plano em avaliação.

A Avaliação Ambiental tem também como objectivo identificar os eventuais efeitos significativos no ambiente decorrentes da aplicação do PP, incluindo os efeitos secundários, cumulativos, sinergéticos, de curto, médio e longo prazos, permanentes e temporários, positivos e negativos, sem prejuízo da focalização da análise nos factores e nos domínios considerados críticos para a tomada de decisão – no integral respeito pelo disposto no Artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de Junho.

Por último, foram identificados oportunidades e riscos associados ao plano em avaliação, que decorrem directamente da natureza estratégica que se pretende para o presente exercício de Avaliação Ambiental, de forma coerente com as boas práticas preconizadas pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA)

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