• Nenhum resultado encontrado

Radical + (Vogal temmica) T (R + VT) + SF ( SMT + SNP)

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Radical + (Vogal temmica) T (R + VT) + SF ( SMT + SNP)"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

ABSTRACT: In this paper I discuss the status of thematic vowels in Portuguese non-verbs

which was considered as gender marker in traditional grammar. I argue that Portuguese non-verb thematic vowels are simple word-markers which don't contain gender information and can not be derived by rules.

No presente trabalho, discute-se 0estatuto das vogais temMicas do nao-verbol no portugues. As vogais temMicas do verba defmem as conjuga~oes do portugues, que exibe tres vogais tematicas em forma verbal: la, e, if; as vogais temliticas do nao-verbo sao consideradas, tradicionalmente, como os marcadores de genero, que podem se apresentar em forma subjacente como la, e, 01 mas se realizam foneticamente como [a, i, u]. A vogal temMica 10/, por exemplo, e0marcador de genero masculino, enquanto a vogal temMica Ia! e0marcador de genero feminino; as formas femininas sao derivadas das masculinas.

Atraves deste trabalho, busca-se, entao: (i) adotando as ideias de Harris (1991), mostrar que as vogais temMicas do nao-verbo do portugues nao sao marc adores de genero mas, sim, marcadores de palavra, que satisfazem a margem direita da palavra fonol6gica; (ii) diferentemente do que propoe Harris, defender que os marcadores de palavras nao podem ser derivados pelas regras de redundancia.

A palavra e formada por constituintes tais como: raiz, radical e afixo. Segundo Camara (1970), no portugues, a estrutura de nao-verbo distingue-se da estrutura de verbo:

a. A Estrutura do nao-verbo: b. A Estrutura do verbo:

Radical

+

(Vogal temMica) T (R

+

VT)

+

SF ( SMT

+

SNP)

De acordo com (la), as formas verbais subdividem-se em dois grupos - nao-verba com vogal temMica e nao-verbo sem vogal temMica - exemplificados em (2):

1Seguindo Chomsky (1970), assume-se que existem quatro categorias lexicais: V(erbo), N(ome), A(djetivo) e P(reposi'Yiio), que inc1uem os dois grupos: verbo e niio-verbo(N, A).

(2)

Os exemplos de (2b) mostram que a vogal tematica pode ser omitida na estrutura do nao-verbo. No primeiro grupo, a vogal tematica 101 e 0marcador de genero masculino, enquanto a vogal tematica Ia! e 0 marcador de genero feminino. Em geral, as formas femininas podem ser derivadas das formas masculinas, quando os niio-verbos referem-se a seres vivos, como em (3):

(3) a. meninQ --> menin~ b. alunQ --> alun~ c. porcQ

-->

porc~

Mas, essa derivac;:ao nao ocorre nos exemplos que nao expressam tais referentes, como se veri fica nos casos abaixo:

(4) a. portQ vs. port~ b. selQ vs. sel~

Nesses exemplos, a vogal tematica funciona como marcador de genero, mas nao h:i relac;:aoentre os radicais relevantes, como em (3).

Na gram:itica tradicionallnormativa (Cunha & Cintra, 1985) e na gramatica estruturalista (Camara, 1970), as vogais tematicas dos nao-verbos sao considerados como morfemas flexionais ou desinencias que indicam genero.

Harris (1991) tenta uma generalizac;:ao em relac;:ao as vogais tematicas do espanhol, tratando-as como marcadores de palavra. Essa ideia mostra-se plausivel para explicar a func;:aoda vogal tematica do nao-verbo do portugues. Em outras palavras, a vogal tematica do portugues tern a propriedade primeira de completar a palavra, ainda que atribua o genero. A evidencia para tal fato pode ser encontrada suprimindo-se a vogal tematica de nao-verbos, como exemplifica (5):

(5) a. *menin b. *estudant e. *poet

Os exemplos acima mostram que as palavras nao-verbais sem vogal tematica ficam agramaticais - os pr6prios radicais nao possuem trac;:osde genero. Segundo Harris (1991), 0 marcador de palavra somente pode ser manifestado fonologicamente no lado direito do radical ou do sufixo derivacional na palavra derivada. Em outras palavras, 0 marcador de palavra nao pode preceder outros sufixos derivacionais, mas pode preceder sufixo flexional (0 morfema plural I-sl), conforme mostra (6):

(6) a. eas

+ ~

b. cas

+

eir

+

Q c. cas

+ ~ +

S

(3)

De acordo com Harris (1991), tOOos os elementos morfol6gicos do nao-verbo, como raiz, radical, afIxo, sao morfemas presos, de tal modo que esses morfemas sofrem aflXa~ao para formar a palavra prosOdica completa. Essa afIxa~ao e feita atraves de planilhas ("Template") prosOdicas pre-existentes na base. As planilhas prosOdiclls para 0 marcador de palavra sao apresentadas por Harris (1991 :56) da seguinte forma:

(7) Sentido Representa~ao Subjacente Categoria Contexto Outros Nenhum NCI

XO

radical]N/A__ Nao-ciclico fonologicamente Segundo 0 autor, essa planilha pros6dica - NCI - tambem serve para a vogal epentetica na forma~ao de plural. As deriva~oes abaixo mostram a realiza~ao de marcador de palavra e de vogal epentetica na forma plural, apresentadas por Harris:

(8) Entrada Lexical Concatena~ao Template Morfologia: SufIxa~ao de Plural Morfologia: FMR,MRR Regras de Redundancia a.livros Ilivr-1 CVCC]VC]

II II

I i v r CVCC]VC]

II II

I

Ii

vr

s

CVCC]VC]

II II II

I i

vr os

cr

cr

I

I

II

1\

CVCC]VC]

II II II

I i v r os b.libras llibr-I f CVCC]VC]

II II

lib r CVCC]VC]

II II

I

libr s CVCC]VC]

II I I II

Ii br as

cr

cr

I

I

II

1\

CVCC]VC]

II II II

lib r as c. pares Ipar-I ]0 CVC]VC]

II I

par CVC]VC

II I

I

par

s

CVC]VC

II I

I

pa r

s

cr

cr

I

I

I

1\

CVC]VC

II I

I

pa r s

cr

cr

I

I

I

1\

CVC]VC

II I II

pa res

De acordo com 0 autor,

ill

de (8c) signifIca tra~o excepcional da Regra de Realiza~ao de Marcador (MRR, cf. Harris, 1991: 44), ou seja, nao ha realiza~ao de marcador de palavra. Nessa deriva~ao, a posi~ao C da planilha pros6dica e preenchida pelo morfema plural -

Isl -

e a posi~ao V e preenchida pelo marcador de palavra ou pel a vogal

(4)

epentetica na forma'Yao de plural que se realiza pela Regra de Marcador Feminino (FMR, cf. Harris, 1991: 44) e a Regra de Redundancia2 ou MRR.

Embora tenha conseguido urna generaliza'Yao para a realiza'Yao de marcador de palavra e da vogal epentetica na forma plural, essa analise de Harris (1991) apresenta alguns problemas para os dados do PB.

Em primeiro lugar, na analise de Harris, a vogal tematica

lei

e a vogal epentetica

lei

sao realizadas pela mesma regra fonologica - regra de redundiincia -, na medida em que, na palavra terminada em vogal tematica

lei,

nao ha marcador de palavra. No entanto, Menuzzi (1993) mostra que, no PB, a vogal epentetica na forma plural e motivada pela silabifica'Yao e nao, pela posi'Yaopre-existente, ja que:

i) alem da forma plural, a vogal epentetica3 pode ocorrer tambem no interior da palavra, como mostra (9):

ii) quando 0radical derivacional termina em vogal - ou seja, urn nao-verbo sem vogal tematica - e em consoante nasal, essa planilha prosodica pre-existente pode criar as formas agrarnaticais na forma'Yao do plural, como mostram os exemplos (lOa, b):

(10) a. jacare

->

jacare§, *jacarei§ b. la

->

la§, *fanes

Os exemplos de (9) e (10) evidenciam que a vogal epentetica do PB e motivada pela silabifica'Yao -0 PB permite somente Ir, 1, S, NI entre as consoantes na posi'Yao Coda da silaba; a posi'Yaopre-existente para a vogal epentetica e, po is, inadequada para 0PB.

Em segundo lugar, na forma'Yao de dirninutivo do PB - afixa'Yao de -inho - 0 g€mero e a categoria da palavra derivada sao determinados pela copia dos tra'Yosde radical derivacional, como mostra (11):

( 11) a. a cas~N

+

inho --> a casinh~N, *a casinhQ b.0gatQN

+

inho

-->

0gatinhQN *0gat~ c. a fOtQN

+

inho --> a fOt~N, *fotinhQ d.0mont~N

+

inho

-->

0montinhQN, *montinh~ e. a Part~N

+

inho

-->

a Part~N' *partinhQ4 f. bonitQA

+

inho --> bonitinhQA

Esses exemplos mostram que, se 0 genero nao existir antes da forma'Yao de dirninutivo, nao se pode identificar 0genero e categoria da palavra derivada (dirninutivo), na medida em que 0 SUflXOdirninutivo nao contem os tra'Yos de categoria e de genero. Alem disso, como se observou em (5),0 radical da forma nao-verbal com vogal tematica

2Harris niio considera a Yogal tematica lei como urn marcador de palavra. Esse segmento realiza-se pela regra de redundiincia como uma yogal epentetica na forma plural, como em estudant!;, sed!;, flof!es, etc.

3Assume-se, neste trabalho, que a yogal epentetica do PB, presente apenas em silaba atona, e lei e pode se realizar [e] ou [i] na representa9iio fonetica, como ad[e]Yogado - ad[i]yogado.

4 Para as palavras de origem grega, como programa e telegrama, as formas de diminuitiYo siio 0 programinha/*programinho, 0 telegraminha/*telegraminho. As formas agrarnaticais (como diminutiYo) siio possiYeis no sentido pejoratiyo.

(5)

nao possui 0 genero, de modo que, no Divel intermedilirio da forma~ll.o de diminutivo, deveria haver a realiza~ao de marcador de palavra para identificar 0genero. Na analise de Harris (1991), a forma~ao de plural ocorre antes da realiza~ao do marcador de palavra, que se realiza no componente nao-ciclico. Conforme Lee (1999), no entanto, a forma~ao de diminutivo ocorre no componente ciclico (nivel

P).

Se isso e verdade, pelo menos, 0genero do radical derivacional tern que ocorrer antes de forma~ao de diminutivo no PB.

Em terceiro lugar, a vogal tematica se encontra na palavra derivada da forma nao-verbal e nos compostos, como em (12):5

(12) a. [[mat!!]Ngal]N b. [[chuv.!!]Nrada]N c. [[espa~Q]Nnave ]N]N

Os exemplos acima mostram que, nos processos derivacionais (e, inclusive, no processo de composi~ao), a vogal temMica pode ocorrer entre constituintes - isso evidencia que a vogal temlitica existe pelo menos antes do nivel flexional. Em (l2a), a forma nao-verbal, mata, serve de base (radical derivacional) para formar a nova palavra, matagal. De acordo com a analise de Harris (1991), a vogal tematica ~ do radical derivacional nao satisfaz 0arnbiente de (7) para ser realizada como marcador de palavra, urna vez que 0 marcador de palavra se realiza no nivel flexional, de modo que, na analise de Harris, essa presen~a de vogal tematica e problemlitica.

Alem dos problemas levantados acima, 0paradigma das palavras nao-verbais sem vogal temlitica do PB mostra que 0 radical dessas formas possui 0 genero que e imprevisivel e idiossincrlitico, como em (13):

(13) a. (0) sabia, (o)jacare, (0) noitib6, (0) sururu, (0) guarani b. (0) arnor, (a) flor

c. (0) rapaz, (a) paz d. (0) sol, (a) cal e. (0) algodao, (a) mao

f. (a/o)jovem, (0) armazem, (a) garagem g. (a/o)

la,

(a)

ro,

(0) cla

Os fatos acima evidenciarn que a realiza~ao do marcador de palavra deve ocorrer antes do nivel flexional. Diante de tais fatos, apesar da generaliza~ao de Harris (1991), conclui-se que 0genero das formas nao-verbais do PB e imprevisivel e idiossincrlitico e e inerente nos itens lexicais6• A no~ao de marcador de palavra elaborada por Harris precisa, portanto, ser redefmida da seguinte maneira: 0elemento (vogal temlitica do nao-verbo) que fica na margem direita do seu dominio e 0 marcador de palavra. Em surna, uma determinada vogal contida numa palavra pode: i) ter 0estatuto de marcador de palavra, satisfazendo a margem direita da palavra fonol6gica; ii) perder tal estatuto, se

a

palavra onde se encontra e acrescido urn SUflXOderivacional (0 que, por sua vez, pode implicar 0 apagarnento dessa vogal).

5Agrad~ i! Prof! Leda Bisol por ter motivado a minha retlexao sobre esses dados.

6 Matthews( 1991 :42-59) mostra que 0 genera nao

e

caso de flexao porque nao hi! regra geral para se escolher/determinar a marea de genera, como ha na escolha dos morfemas de plural.

(6)

Neste trabalho, mostrou-se que as vogais tematicas do nao-verbo do portugues nao sao marcadores de genera, mas sao marcadores de palavra, satisfazendo a margem direita da palavra fonol6gica. Alem disso, diferentemente do que propoe Harris(199 I), argumenta-se contra a possibilidade de os marcadores de palavras serem derivadas pelas regras de redundancia.

RESUMO: Neste trabalho, discute-se 0 estatuto de vogais tematicas do nao-verbo do portugues que sao considerados como os marcadores de genero na gramatica tradicional. Argumenta-se que as vogais tematicas sao marc adores de palavras que nao contem informa~oes de genero e nao podem ser derivadas pelas regras gerais.

CAMARA JR, M. Estrutura da Lingua Portuguesa. Petr6polis: Vozes. 1970.

CHOMSKY, N. Remarks On Nominalization. in Readings in English Transformational

Grammar, eds. by R. JACOBS and P. ROSENBAUMS, Waltham, Mass.:Ginn, p.l94-221. 1970.

HARRIS,J. W. The Exponence of Gender in Spanish. LI 22,27-62.1991

LEE, S. H. Sobre a Forma~ao de Diminutivo do Portugues Brasileiro. Revista de Estudos

da Linguagem. Belo Horizonte (no prelo) 1999.

MATTHEWS, P. H. Morphology. Second Edition. Cambridge University Press. 1991. MENUZZI, S. On The Prosody of the Diminutive Alternation -inhol-zinho in Brazilian

Referências

Documentos relacionados

MELO NETO e FROES (1999, p.81) transcreveram a opinião de um empresário sobre responsabilidade social: “Há algumas décadas, na Europa, expandiu-se seu uso para fins.. sociais,

Um teste utilizando observa¸c˜ oes de fra¸c˜ ao de massa do g´ as de aglomerados de ga- l´ axias e SNe Ia foi proposto por Gon¸calves, Holanda e Alcaniz (2012)[ 41 ]. Eles

Colhi e elaborei autonomamente a história clínica de uma das doentes internadas no serviço, o que constituiu uma atividade de importância ímpar na minha formação, uma vez

O presente artigo tem o objetivo básico de oferecer uma introdução ao Quadro Comum Europeu de Referências para Línguas(Common European Framework of References for Languages:

Perelman e Olbrechts-Tyteca (ibdem) propõem uma tipologia e questionam o aspecto monológico dos estudos da argumentação até então. Isso abre espaço para os estudos dialógicos

O Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA (BRASIL,

Este trabalho tem como objetivo contribuir para o estudo de espécies de Myrtaceae, com dados de anatomia e desenvolvimento floral, para fins taxonômicos, filogenéticos e

Assim, cabe às Ciências Sociais e Humanas trabalhar esta problemática pois além de pobreza, o desemprego gera consequências negativas a nível pessoal e social (Gonçalves, et