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PRÁTICA PENAL DELEGADO DE POLÍCIA. Márcio Alberto Gomes Silva. Coordenadores Rogério Sanches Cunha Daniel Noveli

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PRÁTICA PENAL

DELEGADO DE POLÍCIA

2017

Coordenadores

Rogério Sanches Cunha

Daniel Noveli

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Capítulo 1

INQUÉRITO POLICIAL

A voo de pássaro, inquérito policial pode ser conceituado como procedimen-to administrativo, sigiloso, escriprocedimen-to, inquisitivo, dispensável, indisponível, elabora-do pela polícia judiciária (presidielabora-do por delegaelabora-do de polícia de carreira), que tem por objetivo elucidar fato supostamente criminoso (não se pode perder de vista a possibilidade de, ao final do apuratório, restar demonstrado que não houve crime – quando se conclui, por exemplo, que a morte suspeita foi um suicídio). Caso se constate que o fato investigado é efetivamente criminoso, o inquérito deve ter em mira coligir indícios de autoria e prova da materialidade do delito, de forma a oportunizar o manejo de ação penal em face daquele que cometeu a infração.

Analisando os elementos do conceito acima rabiscado, temos:

Procedimento administrativo: é administrativo em contraposição ao

processo, que é judicial. É importante salientar que, em que pese ser o inquérito policial descrito e delineado pelo Código de Processo Penal, ele não conta com uma sequência de atos predeterminada pelo legislador, tal qual o processo. As diligências ordenadas pelo delegado de polícia são discricionárias (o que não retira da autoridade policial o dever de seguir o ritual imposto pelo CPP para produção da prova que tenciona coligir).

Sigiloso: o sigilo deve ser mantido para facilitar as investigações,

confor-me determina o artigo 20 do CPP. Alhures (quando da análise de despa-cho que nega o acesso do feito ao advogado, farei estudo mais profícuo do sigilo, em especial do inciso XIV, e dos §§ 10 a 12, do artigo 7º, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil – Lei 8.906/94 e da Súmula Vinculan-te 14 do Supremo Tribunal Federal).

Escrito: todos os atos devem ser reduzidos à forma escrita, conforme

de-terminado pelo artigo 9º do CPP. Nesta toada, o delegado de polícia deve cuidar de determinar que todos os atos praticados no curso do feito sejam documentados (apreensões e entregas de bens, vistas concedidas a advo-gados, dentre outros atos). A autoridade policial deve ter especial cuidado em relação às apreensões levadas a efeito no curso do feito. É importante que seja cuidadosamente documentado todo ingresso de itens no bojo do

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inquérito, o local onde os mesmos ficarão guardados até que se ultime a investigação (em geral nos depósitos das delegacias) e o destino final dos bens quando do encerramento do feito (se foram devolvidos a seus donos, se acompanharão o inquérito quando do seu envio à justiça, se serão obje-to de destruição, etc.). Tudo por escriobje-to.

Inquisitivo: no curso do inquérito policial não vigora o princípio do

con-traditório, presente apenas na fase processual. Em rápidas linhas, o direi-to ao contraditório se traduz na necessidade de audiência bilateral. Na oportunidade dada à parte de se manifestar acerca da prova produzida pela parte adversa. Em sede de inquérito policial, não há que se falar na existência de partes, nem na existência de acusação formal em face de alguém, daí porque desnecessário o contraditório.

Em que pese inquisitivo, admite-se que o investigado/indiciado indique ou solicite a juntada de provas ou documentos com o fito de comprovar suas alegações (artigo 14 do CPP). A efetiva produção da prova reque-rida ou a juntada de documentos solicitada pelo investigado/indiciado está na esfera da discricionariedade da autoridade policial, que pode jul-gá-las irrelevantes ou protelatórias. Em um caso ou em outro (admissão da prova ou rejeição da mesma), deve o delegado despachar de forma fundamentada.

De igual forma, o direito do investigado/indiciado de se fazer acompa-nhar por advogado ou defensor público é evidente. O que não se exige é a indispensabilidade da presença do causídico. Nesta toada, é importante a análise do inciso XXI, do artigo 7º do EOAB, inserido pela Lei 13.245/16:

Art. 7º. São direitos do advogado: (...)

XXI – assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração:

a) apresentar razões e quesitos;

A leitura do dispositivo deixa claro que é direito do advogado assistir a seu cliente no bojo do procedimento investigativo criminal. O novel direito não pode ser confundido com a necessidade de presença obrigatória de advogado em toda e qualquer oitiva na seara policial. O investigado/indi-ciado tem direito, como dito supra, de constituir, se quiser, advogado. Uma vez constituído, o delegado de polícia não pode impedir que o causídico acompanhe seu cliente na oitiva, sob pena de nulidade absoluta do ato, nos

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Capítulo 1: Inquérito policial

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termos do dispositivo acima transcrito. É preciso salientar ainda que caso o cidadão seja investigado em mais de um procedimento, será necessário demonstrar a constituição de advogado em cada um dos feitos (caso se tencione a obrigatória participação do causídico em todos os apuratórios). No curso da oitiva, fica claro que o advogado poderá apresentar razões (eventual petição explicitando a versão do seu cliente e indicando meios probantes que a sustentem – a efetiva materialização das diligências so-licitadas pelo causídico, como já desenhado supra, será decidida funda-mentadamente pelo delegado) e quesitos (sugestiono que o delegado faça as perguntas que entender pertinentes ao esclarecimento dos fatos e, ao final, permita que o advogado formule quesitos a seu cliente – caso a au-toridade policial entenda que alguma pergunta é impertinente, pode in-deferir a mesma, fazendo constar os motivos no termo).

Outro ponto: o delegado avaliará o pedido de adiamento da audiência previamente agendada em face da impossibilidade de comparecimento do advogado do investigado/indiciado. Caso se perceba que se trata de expediente procrastinatório, não vejo problema no seu indeferimento, dando-se ciência a ambos (investigado/indiciado e advogado). Em regra, não há problema em adiar a audiência e tal mudança de data não afeta sobremaneira o curso do procedimento investigativo.

Dispensável: o titular da ação penal pode dispensar o inquérito policial

como suporte à acusação, se tiver em mãos elementos que possibilitem o imediato oferecimento da peça inicial. Vários são os dispositivos legais que atestam a dispensabilidade do inquérito policial (artigos 12, 27, 39, § 5º e 46, § 1º, todos do CPP).

É preciso que se diga, entretanto, que o inquérito é dispensável ao titular da ação penal e não ao delegado de polícia (aquele pode dispensar o inquérito policial como fonte de material probante para manejar a inicial acusatória, mas a instauração do procedimento é obrigatória para a autoridade poli-cial, em se tratando de crime que se processa mediante ação penal pública incondicionada). São realidades que não se chocam. Ao tempo em que o delegado de polícia é obrigado a instaurar apuratório inquisitivo sempre que tiver notícia da prática de crime de ação penal pública incondicionada (de ofício, inclusive – artigo 5º, I, do CPP), o Ministério Público (titular da ação penal pública) pode dispensar (se assim quiser) o inquérito policial como catalizador de indícios de autoria e prova da materialidade delitiva (e utilizar-se de outros elementos probantes). Essa é a leitura mais correta da legislação tupiniquim. Em síntese conclusiva, a polícia judiciária não escolhe o que investiga, o órgão é obrigado por lei a apurar todos os crimes de ação penal pública incondicionada (infelizmente a lei não outorga ao

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delegado de polícia a opção da seletividade – cuidar dos casos mais com-plexos em detrimento dos mais simples, com o fito de otimizar os recursos humanos e materiais do aparelho policial).

Por fim, cumpre deixar claro que o procedimento inquisitivo deve acom-panhar a denúncia ou queixa sempre que servir de base a uma ou outra (artigo 12 do CPP).

Indisponível: o inquérito policial não pode ser arquivado pelo delegado

de polícia (esse é o comando expresso do artigo 17 do CPP). O arquiva-mento do apuratório inquisitivo se dá por meio de ordem judicial, aten-dendo a pedido do MP.

Elaborado pela polícia judiciária: a atribuição para confecção do

in-quérito policial é da polícia judiciária (Polícia Civil ou Federal). O pro-cedimento inquisitivo é dirigido por delegado de polícia de carreira, nos termos do artigo 2º, § 1º, da Lei 12.830/13.

Destinado a elucidar fato supostamente criminoso: o inquérito tem por

missão elucidar fato supostamente criminoso. Digo fato supostamente criminoso porque ao fim é possível que se detecte que o fato é atípico (pela aplicação do princípio da insignificância, por exemplo), que o inves-tigado agiu acobertado por excludente de ilicitude, dentre outras possibi-lidades que demonstrem que crime, efetivamente, não houve. Repito, caso se constate que o fato apurado realmente é delituoso, o objetivo último do inquérito será coligir elementos de prova que possibilitem a propositura da ação penal (indícios de autoria e prova da materialidade).

O delegado de polícia pode tomar conhecimento da prática de um delito, ba-sicamente, de quatro formas:

Direta, espontânea, ou de cognição imediata: quando o próprio

delega-do toma conhecimento da ocorrência da infração penal em sua atividade rotineira (rondas, entrevista de informantes, informações policiais, pela televisão, por acaso).

Indireta, provocada, ou de cognição mediata: quando a vítima ou

qual-quer do povo comunica a ocorrência de crime à polícia (está hipótese é chamada de delatio criminis, que pode ser simples, quando há mera co-municação; ou postulatória, quando há requerimento para instauração de apuratório). Neste caso, via de regra, é lavrado um boletim de ocorrên-cia, que deve conter o resumo do crime comunicado e todas as circuns-tâncias que facilitem a sua apuração (indicação de local, data, horário, testemunhas, vítima, dentre outros aspectos). Pode ser materializada ain-da com a confecção de petição encaminhaain-da à autoriain-dade policial com todas as informações acerca da prática delitógena.

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Capítulo 1: Inquérito policial

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Coercitiva: quando ocorre prisão em flagrante delito.

Inqualificada: quando a comunicação é apócrifa (anônima). A doutrina

e a jurisprudência são uníssonas ao asseverar que é possível a deflagração de inquérito policial com base em notícia de crime anônima, desde que o início do procedimento inquisitivo seja precedido de diligências prelimi-nares encetadas pelo aparelho policial com o fito de apurar a pertinência da mesma (vide artigo 5º, § 3º, do CPP).

Procedimento formal que é, o inquérito policial deve ser inaugurado por pe-ças predefinidas na legislação de regência. São duas as pepe-ças: portaria e auto de prisão em flagrante delito.

Portaria: peça que não ostenta forma rebuscada, onde o delegado

decla-rará instaurado o inquérito, fazendo relato sucinto do fato apurado. É a peça primeira da investigação que se inicia com investigado solto. Mesmo em caso de requisição do Ministério Público ou de juiz, a peça inicial deve ser a portaria.

Auto de prisão em flagrante: peça que documenta a prisão em estado

flagrancial (artigos 301 e seguintes do CPP). Lavrado o auto, instaurado estará o inquérito policial.

O inquérito policial pode ser instaurado:

De ofício: quando o delegado de polícia toma conhecimento de uma

in-fração penal de ação penal pública incondicionada e instaura o inquérito sem a necessidade de provocação (artigo 5º, I, do CPP).

Em face de requerimento do ofendido: quando a vítima ou seu

represen-tante legal formula requerimento à autoridade policial para instauração de apuratório. Esse requerimento é elaborado por meio de peça formal e pode ser indeferido, cabendo recurso ao chefe de polícia, nos termos do artigo 5º, II, primeira parte, do CPP e do § 2, do mesmo dispositivo. O chefe de polícia é o Superintendente da Polícia (ou Delegado-Geral), no âmbito das Polícias Civis (alguns entendem que seria o Secretário de Segurança Pública), e o Superintendente Regional ou Chefe de Delegacia descentralizada, no âmbito da Polícia Federal. Por óbvio, o despacho de indeferimento deve ser fundamentado. É de se anotar que o inquérito po-licial que apura crime de ação penal pública condicionada a representação ou ação penal privada só pode ser iniciado com autorização da vítima ou seu representante legal (artigo 5º, §§ 4º e 5º do CPP). Essa exigência ocor-re também no caso de prisão em flagrante delito, que só poderá ser levada a efeito com autorização da vítima.

Requisição do Ministério Público ou do juiz: o delegado de polícia

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ditas autoridades, porque nesta é narrado crime de ação penal pública incondicionada (artigo 5º, II, primeira parte, do CPP). Como o princí-pio que rege a instauração nesta situação é o da obrigatoriedade, o feito deve ser instaurado (não se deve instaurar inquérito policial, contudo, se o fato for evidentemente atípico, se estiver extinta a punibilidade pela morte do agente ou por qualquer outra causa, dentre outras hipóteses excepcionais).

Auto de prisão em flagrante: efetivado o flagrante, estará iniciado o

in-quérito.

Os prazos de conclusão do inquérito policial, nos termos do artigo 10 do CPP, são:

Investigado/Indiciado solto: o prazo é de 30 dias (contados excluindo o

dia do começo – artigo 798, § 1º, do CPP), podendo ser prorrogado pelo juiz em casos de difícil elucidação, por quantas vezes for necessário para conclusão dos trabalhos (inteligência do artigo 10, caput, e § 3º, do CPP). As prorrogações subsequentes não precisam ser feitas pelo prazo de 30 dias, podendo ser assinalado prazo maior que este, a depender do caso concreto (aliás, melhor estabelecer lapso temporal mais elástico, evitando desnecessário envio do apuratório não concluído a todo instante para Jus-tiça apenas para pedido de novo prazo).

Indiciado preso (flagrante ou preventiva): prazo de 10 dias, contado do

dia da efetivação da prisão. O prazo aqui tratado é improrrogável (nos termos do artigo 10, primeira parte do CPP). Assim é que, com a ma-terialização da prisão cautelar nas modalidades flagrante e preventiva, o inquérito tem, necessariamente, que ser relatado em dez dias, ainda que o último dia de contagem caia em sábado, domingo ou feriado (não há prorrogação do prazo para o dia útil subsequente, devendo nesse caso o procedimento ser encaminhado ao plantão judiciário até o exato dia em que findar o prazo). Extrapolado o interstício sem que seja o inquérito fi-nalizado e remetido ao juízo competente, passa a prisão a ser considerada ilegal, podendo ser relaxada.

Prazos especiais: os inquéritos que apuram crimes de competência da

Justiça Federal têm prazo de 15 dias, prorrogáveis por mais 15 dias em caso de indiciado preso em flagrante ou por prisão preventiva (artigo 66, da Lei 5010/66) e de 30 dias em caso de investigado/indiciado solto; os inquéritos que apuram crimes descritos na lei antidrogas têm prazo de 90 dias para investigado/indiciado solto e de 30 dias prorrogáveis por mais 30 em caso de indiciado preso (artigo 51, da Lei 11.343/06). Há outras exceções não tão importantes como as duas mencionadas.

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Capítulo 1: Inquérito policial

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O CPP descreve nos artigos 6º e 7º rol de diligências exemplificativo (há di-versas outras em leis especiais – quebra de sigilo bancário, fiscal, das comunica-ções telefônicas, dentre outras). Como visto supra, o inquérito policial não tem sequência de atos predefinida na legislação de regência – a sequência atende à discricionariedade da autoridade policial e a necessidade de cada investigação, caso a caso:

Preservar o local do crime até a chegada dos peritos: trata-se da

pre-servação do local do crime, de forma a não macular o corpo de delito até que seja ele periciado. Corpo de delito são todos os elementos sensíveis deixados pelo fenômeno delitógeno (qualquer alteração física perceptível no mundo dos fatos em face da ocorrência do crime) e exame de corpo de delito a perícia materializada nestes elementos sensíveis (que pode ser direto ou indireto, na forma do artigo 158 do CPP).

Apreender os objetos que tiverem ligações com o crime depois de rados pelos peritos: é sequência lógica do inciso anterior. Depois de

libe-rado o local de crime (feito o exame de local), deve o delegado de polícia apreender os objetos que tiverem ligação com o delito.

Colher todas as provas que tiverem ligação com o crime: trata-se de

permissão genérica de apreender qualquer meio de prova, ainda que não originário do local do crime (decorrente de buscas representadas e defe-ridas pela autoridade judiciária, objetos ou documentos fornecidos por pessoas físicas ou jurídicas atendendo a solicitação da autoridade policial, dentre outros).

Ouvir o ofendido (vítima): a vítima será ouvida em termo de declarações. Ouvir o indiciado: é a oitiva do investigado (em termo de declarações) ou

do indiciado (em termo de interrogatório). A diferença de nomenclatura se deve à existência ou não de despacho formal de indiciamento (artigo 2º, § 6º, da Lei 12.830/13).

Proceder reconhecimento de coisas e pessoas e acareação: o

reconheci-mento de coisas e pessoas deve seguir o quanto determinado pelos artigos 226 e seguintes do CPP. Acareação quer dizer colocar frente a frente pes-soas que tenham versões diferentes – artigo 229 e 230 do CPP.

Realizar exame de corpo de delito e outras perícias: exame de corpo de

delito, como dito supra, é a perícia materializada nos elementos sensíveis deixados pelo crime – diligência obrigatória nos crimes que deixam vestí-gio (não transeuntes), termos do artigo 158 do CPP.

Juntar folha de antecedentes, identificar o indiciado pelo processo da-tiloscópico: em caso de indiciamento formal, deve ser juntada a folha de

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antecedentes. A submissão do indiciado ao processo datiloscópico depen-de da observância do inciso LVIII, do artigo 5º, da CF e da Lei 12.037/09.

Pesquisar a vida pregressa do indiciado: é avaliar condições

econômi-cas, vida social e familiar do indiciado. A providência tem interesse para os fins descritos no artigo 59, do Código Penal, na primeira fase de fixa-ção de pena pelo magistrado.

Colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual res-ponsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa: inciso

incluído pela Lei 13.257/16 – dispositivo importante para possibilidade de concessão de prisão domiciliar à mulher gestante, à mulher com fi-lho de até 12 (doze) anos de idade incompletos e ao homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos, nos termos do artigo 318, IV, V e VI do CPP (com a redação determinada pela citada Lei 13.257/16).

Realizar a reprodução simulada dos fatos: é a reconstituição da cena do

crime (artigo 7º, do CPP).

O inquérito policial deve ser formalmente finalizado com a confecção de rela-tório (peça que põe termo ao apurarela-tório), da lavra do delegado de polícia. Na pe-ça, a autoridade policial avalia as diligências e provas materializadas no curso do feito e conclui pela existência ou não de crime e acerca da autoria, determinando final encaminhamento do procedimento ao juízo competente.

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Capítulo 1: Inquérito policial

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Modelo 1 – Ofício restituindo requisição para instauração de inqué-rito policial elaborada pelo MP (ou por juiz)

Ofício nº _____ (número do expediente)

_______ (local), __de ____de____ (data). A Sua Excelência o Senhor

__________ (nome do membro do MP)

Promotor de Justiça da Comarca de _________ (indicar localidade) Assunto: Restitui notícia de crime

Referência: ofício nº _______.(número do ofício requisitório) Senhor Promotor,

Sirvo-me do presente para restituir a Vossa Excelência o ofício nº ____ (número do ofício requisitório), que requisitou instauração de inquérito policial em face da suposta prática de crime de roubo majorado, tipificado no artigo 157, § 2º, I, do Código Penal.

Segundo se depreende do ofício requisitório, “A” teria subtraído de “B”, mediante grave ameaça exercida com arma de fogo, um cor-dão de ouro, no dia 12/03/2013. Ocorre que, segundo notícia rece-bida pelo aparelho policial, “A” teria sido morto por desafetos no dia 19/04/2013.

Com o fito de confirmar o informe, foi deslocada equipe à residência de “A”. Os policiais destacados atestaram o falecimento do autor do fato, evento confirmado por meio da certidão de óbito em anexo. Destarte, constato que não há justa causa para instauração de in-quérito policial, em face da extinção da punibilidade do autor do cri-me, nos termos do artigo 107, I, do Código Penal.

Assim é que faço retornar o expediente requisitório a Vossa Excelên-cia, informando acerca da não instauração do procedimento inquisiti-vo requisitado, em face das breves razões acima desenhadas, salinquisiti-vo melhor juízo.

Atenciosamente,

Márcio Alberto Gomes Silva Delegado de Polícia

Observações relevantes

O delegado de polícia pode deixar de instaurar inquérito mesmo diante de re-quisição confeccionada pelo MP ou pelo Judiciário, caso perceba que não há justa

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causa para tanto (implemento da prescrição da pretensão punitiva, atipicidade material do fato narrado, ocorrência da extinção da punibilidade por qualquer causa, dentre outras situações que se enquadrarem neste conceito).

A autoridade policial deve expor os fundamentos que a levaram a não instau-rar o apuratório e devolver o expediente requisitório acompanhado de documen-tos que demonstrem sua argumentação (por meio de ofício). Caso a requisição seja reiterada, em face do princípio da obrigatoriedade (que determina instaura-ção de inquérito policial em crime de ainstaura-ção penal pública incondicionada) e consi-derando a existência, neste momento (deflagração de procedimento inquisitivo), do in dubio pro societate é recomendável a instauração do inquérito (o melhor é que o substituto legal do delegado de polícia que entendeu pela não deflagração da investigação confeccione a portaria e presida o feito, com o fito de não atropelar o entendimento jurídico deste – aplicação, por analogia, do artigo do 28 do CPP).

Referências

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