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DESEMPENHO ENERGÉTICO DE ABRIGOS DE EMERGÊNCIA EM PAINÉIS SANDUÍCHE DE POLÍMERO REFORÇADO COM FIBRA DE VIDRO (GFRP)

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DESEMPENHO ENERGÉTICO DE ABRIGOS DE EMERGÊNCIA EM PAINÉIS

SANDUÍCHE DE POLÍMERO REFORÇADO COM FIBRA DE VIDRO (GFRP)

P. FERNANDES M. GLÓRIA GOMES A. MORET RODRIGUES

Bolseiro de Investigação Prof.ª Auxiliar Prof. Associado

IST-UL/ICIST IST-UL/ICIST IST-UL/ICIST

Lisboa; Portugal Lisboa; Portugal Lisboa; Portugal

pmofernandes@me.com maria.gloria.gomes@tecnico.ulisboa.pt moret.rodrigues@tecnico.ulisboa.pt

RESUMO

Em cenários de catástrofe com a existência de milhares de desalojados, existe a necessidade de albergar essas pessoas, recorrendo para tal a abrigos de emergência. Este artigo apresenta e discute do ponto de vista do desempenho energético, uma solução de abrigo de emergência em painéis sanduíche de polímero reforçado com fibra de vidro (GFRP) e núcleos em espuma rígida de poliuretano (PUR). Com base em outros estudos, uma campanha experimental e uma modelação numérica, foi possível obter as propriedades e características térmicas dos elementos construtivos do abrigo e, através do programa de simulação energética de edifícios EnergyPlus, foi possível simular o desempenho energético da solução que se apresenta. Recorrendo a índices de desempenho e necessidades energéticas para aquecimento e arrefecimento, será avaliado e discutido o comportamento térmico do abrigo de emergência em várias cidades espalhadas pelo mundo.

1. INTRODUÇÃO

Cenários de catástrofe tais como terramotos, tsunamis ou guerra, potenciam um elevado número de desalojados que a curto prazo necessitam de um abrigo que satisfaça requisitos mínimos para o alojamento e sobrevivência. Neste sentido, o projecto de investigação de I&D Clickhouse, pretende oferecer uma solução temporária de alojamento aos seus ocupantes e que assegure o máximo conforto térmico possível. Para tal, foi desenvolvida uma solução compósita de painéis sanduíche e perfis em polímero reforçado com fibras de vidro (GFRP). Para este artigo será apenas descrita a solução e metodologias adoptadas para determinar o desempenho térmico do abrigo em vários locais. No entanto, um estudo mais detalhado que começou com a caracterização dos materiais em laboratório e o estudo do comportamento térmico de cada um dos elementos construtivos, permitiu determinar o desempenho energético do abrigo que será apresentado.

Recorrendo a métodos estacionário e transiente, foi possível determinar em laboratório a condutibilidade térmica dos materiais constituintes do abrigo de emergência. Numa segunda fase, com recurso ao software de cálculo automático THERM do laboratório de Berkeley foi possível determinar o fluxo total de calor que atravessa cada uma das zonas do abrigo, em especial as pontes térmicas, e com esses resultados determinar os valores do coeficiente de transmissão térmica linear. Tendo nesta fase todos os dados relacionados com as características e comportamento térmico de todos os elementos, foi possível através do programa EnergyPlus do laboratório de Berkeley, simular o desempenho energético do abrigo de emergência em vários pontos do mundo, que será analisado e discutido neste artigo.

2. DESCRIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO CASO DE ESTUDO

Para o estudo do comportamento e desempenho térmico da solução do abrigo de emergência, começou por se caracterizar a solução através da planta e alçados, desenvolvidos no projecto de arquitectura. Uma vez conhecidas as

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características do abrigo e as propriedades dos materiais constituintes da solução construtiva, foi possível desenvolver o modelo para determinar o seu desempenho energético.

2.1. Projecto de arquitectura

O abrigo de emergência em estudo, é composto por 2 módulos cúbicos com 3 metros de lado, constituídos por painéis sanduíche em GFRP e núcleos de espuma rígida de poliuretano (PUR) com uma massa volúmica de 40 kg/m3. A união dos painéis sanduíche é garantida por encaixe de perfis e cantoneiras de GFRP com diversas dimensões. Como se pode observar pela Figura 1, os dois módulos do abrigo encontram-se divididos em três zonas distintas. Um dos módulos compõe um quarto que terá a capacidade para 4 pessoas, e o outro módulo será composto por uma instalação sanitária e uma zona comum para refeições com uma pequena cozinha. Nas Figuras 2 a 5 é possível observar os 4 alçados do abrigo e constatar que cada lado terá uma janela que permitirá a ventilação natural e a iluminação natural dos compartimentos.

O abrigo encontra-se elevado face ao terreno, fazendo com que o piso térreo não esteja em contacto com o solo. Nas Figuras 2 a 5 é ainda possível observar as ligações dos painéis sanduíche através de perfis de GFRP e que constituem pontes térmicas. A porta, que pode ser observada na Figura 2 no alçado frontal, é constituída por um painel sanduíche de parede, pelo que não terá características térmicas diferentes. Os envidraçados são em policarbonato alveolar com propriedades térmicas melhoradas face ao vidro. Apesar de ser pouco perceptível pela observação das Figuras 4 e 5, a cobertura apresenta uma pendente com 1% de inclinação de modo a permitir a drenagem de águas pluviais.

Figura 1: Planta de arquitectura do abrigo de emergência. Figura 2: Alçado frontal do abrigo de emergência.

Figura 3: Alçado posterior do abrigo de emergência.

Figura 4: Alçado lateral esquerdo do abrigo de

emergência.

Figura 5: Alçado lateral direito do abrigo de

emergência.

2.2. Elementos construtivos e características térmicas

Os elementos construtivos do abrigo de emergência (painéis sanduíche e perfis) são constituídos apenas por dois materiais, o GFRP e o PUR com massa volúmica de 40kg/m3, em que a condutibilidade térmica do GFRP é de 0,200 W/m°C e a do PUR é de 0,019 W/m°C. O outro material presente no abrigo é o policarbonato alveolar que constituí o sistema de envidraçados, e que apresenta um coeficiente de transmissão térmica superficial de 1,9 W/m2°C e uma espessura de 16 mm. Os painéis sanduíche que constituem os elementos construtivos são de três tipos: paredes, cobertura e pavimento; e diferem uns dos outros nas espessuras de GFRP e de PUR. Na Tabela 1 é possível observar os três tipos de painéis sanduíche que compõem o abrigo de emergência, bem como as espessuras de cada um dos materiais e o seu respectivo coeficiente de transmissão térmica superficial. Como se pode observar pela Tabela 1, os coeficientes de transmissão térmica superficial são, em todos os casos, inferiores ao valor de 0,30 W/m2°C. Apesar de

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não existir legislação específica dos países quanto aos requisitos térmicos de abrigos de emergência, o Comité para as Respostas Humanitárias, no âmbito do projecto SPHERE [1], aconselha que os principais elementos construtivos como pisos, paredes e coberturas devem apresentar um coeficiente de transmissão térmica superficial igual ou inferior aos 0,30 W/m2°C.

Com base no programa de cálculo automático THERM do laboratório de Berkeley [2], foi possível determinar o acréscimo de fluxo de calor que é originado nas pontes térmicas (coeficiente de transmissão térmica linear - ), e que pode ser observado na Tabela 2. A Tabela 2 apresenta também os coeficientes de transmissão térmica superficial nas zonas de ligação entre painéis e que foram considerados posteriormente para a simulação do abrigo de emergência.

Tabela 1: Características dos elementos construtivos.

Elemento Construtivo Espessura (m) U (W/m2°C) GFRP PUR Piso 0,010 0,060 0,29 Parede 0,004 0,066 0,27 Cobertura 0,010 0,180 0,10

Tabela 2: Características térmicas das zonas de ligação.

Zona de Ligação U (W/m2°C) (W/m°C)

União - Paredes - Horizontal 2,07 0,0138

União - Paredes - Vertical 2,02 0,0134

União - Piso 1,80 0,0172

União - Cobertura 0,32 0,0087

União de Módulo - Paredes 1,95 0,0179

União de Módulo - Pisos 1,78 0,0393

Canto - Paredes 1,68 0,0929

Canto - Parede/Piso 5,26 0,0799

Canto - Parede/Cobertura - Alto 3,82 0,0469

Canto - Parede/Cobertura - Baixo 3,89 0,0497

3. DESEMPENHO ENERGÉTICO

Neste capítulo será apresentada a metodologia de cálculo das necessidades energéticas dos abrigos localizados nas cidades seleccionadas, bem como a apresentação e discussão dos resultados obtidos para o desempenho energético dos abrigos.

3.1. Modelo de simulação em EnergyPlus

Com base no projecto de arquitectura e nas características térmicas já apresentadas, foi possível desenvolver um modelo para se efectuar as simulações energéticas com recurso ao programa EnergyPlus do laboratório de Berkeley [3]. Como se pode observar pelas Figuras 6 a 8, o modelo contempla todas as superfícies do abrigo, tais como janelas, porta, paredes, cobertura e piso, bem como as superfícies que, por serem ligações entre painéis e possuírem um comportamento térmico diferente, constituem as pontes térmicas.

Figura 6: Alçados frontal e lateral esquerdo do modelo.

Figura 7: Cobertura e alçados frontal e lateral direito do modelo.

Figura 8: Alçado posterior e pavimento do modelo.

3.2. Cenários estudados

Para o estudo que se apresenta foram seleccionadas 20 cidades do mundo, das quais, quatro se encontram em Portugal. As cidades portuguesas seleccionadas, tal como se pode observar pela Figura 9, foram Bragança, Porto, Lisboa e Faro.

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As restantes dezasseis cidades que perfazem as vinte escolhidas, como se pode observar pela Figura 10, contemplam cidades nos cinco continentes, inseridas nos hemisférios Norte e Sul.

Figura 9: Cidades portuguesas

escolhidas. Figura 10: Cidades do mundo escolhidas.

Importa salientar que para o estudo do desempenho energético do abrigo de emergência nos locais já apresentados, os abrigos se encontram orientados a Norte, isto é, o alçado frontal (fachada) encontra-se virado a Sul. Esta opção contempla o cenário mais favorável em termos de ganhos solares, e uma rotação de 180º possibilita o mesmo cenário uma vez que a área de envidraçados se mantém constante.

Para a determinação das necessidades energéticas para aquecimento e arrefecimento dos abrigos, várias considerações tiveram de ser feitas para que posteriormente os diversos cenários pudessem ser comparados. Para tal, e como pode ser observado na Tabela 3, foram definidos períodos de Inverno e de Verão de 3 meses, que correspondem aos meses mais frios e mais quentes tanto no hemisfério Norte como no hemisfério Sul. Foram ainda consideradas as temperaturas de conforto de 18 e de 25°C, respectivamente para os períodos de Inverno e de Verão [4]. Uma vez que, face à ventilação natural o projecto SPHERE [1] apenas menciona que esta deve ser a adequada, adoptou-se a regulamentação portuguesa existente [4], que de acordo com o tipo e taxa de ocupação define a taxa de renovação de ar necessária para garantir a qualidade do ar interior. Com base numa ocupação variável e de acordo com um horário, ambos fictícios, foi possível determinar as renovações de ar por hora de acordo com o volume do abrigo (54 m3), tal como se pode observar na Tabela 4.

Tabela 3: Períodos de Inverno e de Verão de acordo com a localização do abrigo e temperaturas de conforto.

Região Período de Inverno - Tconforto18°C Horas Período de Verão - Tconforto25°C Horas

Hemisfério Norte Dezembro, Janeiro e Fevereiro 2160 Junho, Julho e Agosto 2208

Hemisfério Sul Junho, Julho e Agosto 2208 Dezembro, Janeiro e Fevereiro 2160

Tabela 4: Renovações de ar por hora de acordo com a ocupação do abrigo.

Horário Ocupação Actividade Taxa de Renovação de Ar (m3/h.pessoa) RPH

00:00 - 08:00 4 pessoas Dormir 16 1,20

08:00 - 20:00 2 pessoas Descansar 20 0,75

20:00 - 24:00 4 pessoas Descansar 20 1,50

3.3. Necessidades energéticas

Com base nas hipóteses e no modelo acima descritos, foram efectuadas as simulações energéticas no programa EnergyPlus, tendo-se obtido os resultados para as necessidades energéticas para aquecimento e arrefecimento apresentados na Tabela 5 e graficamente na Figura 11. Como se pode observar pela Tabela 5 e pela Figura 11, consoante a localização do abrigo e devido à diversificação de climas, as necessidades de aquecimento e de arrefecimento serão bastante distintas. Em climas mais frios como algumas cidades europeias e do Canadá, o abrigo revela necessitar de maiores quantidades de energia para aquecimento. O contrário pode ser verificado para climas mais quentes como é o caso de São Paulo, Hong Kong e Mumbai, onde esta última cidade não necessita de energia para aquecimento. Durante a estação de arrefecimento as necessidades invertem-se, sendo os países mais quentes a necessitar de mais energia para atingir o conforto no interior do abrigo. Enquanto que Copenhagen, Berlin e London necessitavam

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de elevadas quantidades de energia para aquecimento, durante a estação de arrefecimento apresentam baixas quantidades de energia necessária. Com necessidades próximas tanto na estação de aquecimento como na de arrefecimento destacam-se Cape Town, Lisboa e Mexico City, em que esta última revela baixas necessidades tanto na estação de aquecimento como na estação de arrefecimento.

Tabela 5: Necessidades de aquecimento e de arrefecimento para abrigos localizados nas cidades escolhidas.

Cidade Aquecimento (kWh/ano) Arrefecimento (kWh/ano) Índice de aquecimento (kWh/ano.m2) Índice de arrefecimento (kWh/ano.m2) Berlin 2006,6 350,6 111,5 19,5 Bragança 1212,0 624,2 67,3 34,7 Canberra 1003,0 499,0 55,7 27,7 Cape Town 444,1 546,4 24,7 30,4 Copenhagen 2055,8 206,0 114,2 11,4 Faro 413,1 798,9 23,0 44,4 Harare 254,9 511,5 14,2 28,4 Hong Kong 116,5 1638,2 6,5 91,0 Lisboa 540,4 740,2 30,0 41,1 London 1532,8 248,5 85,2 13,8 Mexico City 302,8 319,8 16,8 17,8 Mumbai 0,3 1595,4 0,0 88,6 New Orleans 525,5 1405,1 29,2 78,1 Ottawa 3270,6 498,7 181,7 27,7 Paris 1593,0 409,7 88,5 22,8 Porto 690,0 456,9 38,3 25,4 São Paulo 122,0 656,9 6,8 36,5 Sofia 1997,3 532,5 111,0 29,6 Tripoli 447,3 1388,7 24,8 77,2 Vancouver 1573,0 309,1 87,4 17,2

Figura 11: Necessidades de aquecimento e de arrefecimento para o abrigo localizado nas cidades seleccionadas.

3.4. Indicadores de desempenho térmico

Para o estudo do desempenho térmico do abrigo de emergência nos locais seleccionados, foram escolhidos como indicadores de desempenho térmico: a percentagem de horas desconfortáveis nos períodos de Inverno e de Verão, a temperatura média no interior do abrigo durante o Inverno e o Verão, o Overcooling Degree Hours (ODH<18) e o Overheating Degree Hours (ODH>25). Estes dois últimos indicadores representam os graus abaixo ou acima das temperaturas de conforto, multiplicados pelo número de horas tal como mostram as Equações 1 e 2. Este indicador revela que quanto maior for o seu valor, mais longe se encontra a temperatura interior da temperatura de conforto, e durante um maior período de tempo.

00 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Nec ess ida des ener g ét ica s (k Wh/a no .m 2) Cidades Aquecimento Arrefecimento

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

ODH18

Tinside18

(1) onde:

ODH<18 - overcooling degree hours [°C.h]; Tinside - temperatura no interior do abrigo [°C];

 - é 0 se Tinside 18°C ou 1 se Tinside < 18°C [h].



ODH25

Tinside25

(2) onde:

ODH>25 - overheating degree hours [°C.h]; Tinside - temperatura no interior do abrigo [°C];

 - é 0 se Tinside 25°C ou 1 se Tinside > 25°C [h].

Com base nos resultados obtidos das simulações energéticas e nas Equações 1 e 2, apresentam-se na Tabela 6 os indicadores de desempenho térmico dos abrigos de emergência. Para uma melhor percepção e comparação dos resultados obtidos, os valores apresentados na Tabela 6 encontram-se sob a forma de gráfico nas Figuras 12 a 14. Observando a Tabela 6 e as Figuras 12 a 14, é possível constatar que quer durante o período de Inverno quer no período de Verão, vários cenários indicam uma elevada percentagem de horas desconfortáveis, chegando mesmo a ser 100% ou próximo desse valor em alguns casos. Relativamente à temperatura média no interior dos abrigos, é possível constatar que existem várias cidades que tanto no Inverno como no Verão se aproximam das temperaturas de conforto como é o caso de Mexico City, Harare e São Paulo. Outras cidades apresentam apenas uma estação com temperaturas confortáveis como é o caso de Mumbai no Inverno e Copenhagen, London e Vancouver no Verão. Salienta-se ainda para o facto de algumas cidades revelarem temperaturas bastante abaixo da temperatura de conforto no Inverno, como é o caso de Sofia, Copenhagen e Ottawa, apresentando esta última uma temperatura média interior negativa. Durante o período de Verão, cidades como Tripoli, New Orleans, Hong Kong e Mumbai apresentam abrigos com temperaturas médias interiores acima dos 30°C. Relativamente aos índices de Overcooling e Overheating Degree Hours é possível observar que as cidades com maiores horas desconfortáveis e com temperaturas médias no interior mais distantes das temperaturas de conforto apresentam maiores valores. Este índice revela que os cenários mais críticos acontecem durante o período de Inverno, no qual se verifica maior percentagem de horas desconfortáveis com temperaturas interiores mais distantes face às temperaturas de conforto, comparativamente com o período de Verão.

Tabela 6: Indicadores de desempenho térmico para abrigos localizados nas cidades escolhidas.

Cidades Horas desconfortáveis no Inverno (%) Temperatura média de Inverno (°C) ODH<18 (°C.h) Horas desconfortáveis no Verão (%) Temperatura média de Verão (°C) ODH>25 (°C.h) Berlin 100,0 3,3 31662,1 38,0 27,1 4690,3 Bragança 94,0 9,0 19389,0 57,2 28,9 8693,6 Canberra 88,5 10,8 15501,7 52,7 28,0 6660,3 Cape Town 60,4 15,4 5709,9 56,4 28,1 6781,1 Copenhagen 100,0 3,0 32333,1 27,3 26,0 2308,0 Faro 60,5 15,5 5310,4 75,7 29,7 10426,3 Harare 35,7 16,8 2547,1 57,1 27,8 6091,9 Hong Kong 30,9 17,3 1599,1 99,7 32,8 17234,2 Lisboa 71,6 14,5 7537,3 65,3 29,3 9473,4 London 100,0 6,6 24612,3 28,0 26,3 2828,6 Mexico City 38,9 16,5 3178,0 38,9 26,6 3461,4 Mumbai 0,0 18,0 0,0 100,0 32,6 16728,0 New Orleans 57,7 14,6 7250,8 97,0 32,4 16387,1 Ottawa 100,0 -5,3 50338,9 49,9 27,7 6017,7 Paris 99,9 6,2 25394,4 42,5 27,2 4909,3 Porto 83,3 13,3 10109,9 47,0 27,3 5171,2 São Paulo 29,3 17,3 1468,9 67,2 28,6 7862,9 Sofia 99,1 2,7 33089,9 50,1 28,1 6760,8 Tripoli 60,0 15,3 5755,5 92,1 33,5 18789,1 Vancouver 98,8 6,6 24730,3 37,0 26,6 3461,1

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Figura 12: Percentagem de horas desconfortáveis de Inverno e de Verão para o abrigo localizado nas cidades seleccionadas.

Figura 13: Temperaturas médias de Inverno e de Verão para o abrigo localizado nas cidades seleccionadas.

Figura 14: Overcooling e overheating degree hours para o abrigo localizado nas cidades seleccionadas. 00 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 P er ce nta g em de ho ra s des co nfo rt á v eis ( %) Cidades

Horas desconfortáveis de Inverno Horas desconfortáveis de Verão

-06 04 14 24 34 T em pera tura m édia ( °C)

Temperatura média de Inverno Temperatura média de Verão

0 10000 20000 30000 40000 50000 O v er hea ting e O v er co o lin g deg re e ho urs ( °C. h) Cidades ODH<18°C ODH>25°C

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4. CONCLUSÕES

O desempenho energético de uma habitação, mesmo que vocacionada para cenários de emergência como tsunamis, terramotos ou zonas de conflito com refugiados, é um factor importante a ter em consideração quando se está a escolher uma solução construtiva. Apesar de não existir legislação dos países para abrigos de emergência, é necessário assegurar as condições necessárias para que se previnam mortes adicionais, resultantes de efeitos climatéricos. Neste sentido o Comité para as Respostas Humanitárias prevê características que os abrigos de emergência devem possuir de forma a manter as pessoas com algum conforto. No âmbito da térmica das soluções, estas devem possuir elementos construtivos com coeficientes de transmissão térmica superficial iguais ou inferiores a 0,30 W/m2°C e garantir uma adequada ventilação.

No presente artigo é apresentada uma solução de abrigo de emergência constituído por painéis sanduíche em polímero reforçado com fibra de vidro (GFRP) e núcleos de espuma rígida de poliuretano (PUR) com uma massa volúmica de 40 kg/m3, desenvolvida no âmbito do projecto Clickhouse. Com base no projecto de arquitectura e nas propriedades térmicas dos materiais obtidas experimentalmente, foram determinadas as características térmicas de cada um dos elementos constituintes do abrigo, e após seleccionadas 20 cidades no mundo e recorrendo ao programa de simulação energético EnergyPlus foi determinado o seu desempenho.

Os resultados obtidos pelas simulações energéticas permitiram concluir que a localização do abrigo é um factor condicionante no seu desempenho. Abrigos localizados em climas frios revelaram necessidades de energia de aquecimento elevadas e em climas quentes revelaram necessidades elevadas para arrefecimento. Em climas mais amenos foi possível concluir que menores necessidades de energia para aquecimento e arrefecimento seriam necessárias, mantendo temperaturas médias interiores durante as estações de Inverno e de Verão, próximas das temperaturas de conforto. De entre as cidades seleccionadas, algumas apresentam apenas condições favoráveis para uma das estações, sendo o cenário de Inverno o mais crítico quando comparado com o cenário de Verão. Este facto deve-se principalmente à maior diferença entre as temperaturas médias no interior e as temperaturas de conforto para a estação do Inverno face à estação de Verão.

O desempenho térmico da solução apresentada também é muito dependente do clima local. No entanto, o desconforto térmico pode ser minimizado com acções simples dos utilizadores, nomeadamente a utilização de roupa mais adaptada à estação climática. Durante o período de Verão, uma adequada ventilação durante a noite para manter o abrigo mais fresco e a colocação de redes de sombreamento por cima do abrigo poderão melhorar o seu desempenho. Relativamente às características apresentadas pelos elementos construtivos, salienta-se o facto de o abrigo apresentar uma fraca inércia térmica resultante da leveza da solução, resultando que o ambiente térmico conseguido com a climatização rapidamente se dissipa com a abertura da porta e das janelas para ventilação. Salienta-se ainda para o facto de não terem sido previstos quaisquer tipos de estores, palas ou cortinas de sombreamento que ajudariam a melhorar o desempenho durante o período de Verão, reduzindo os ganhos solares. Uma vez que se está perante uma solução exposta em todas as suas faces, as necessidades de energia para conforto são naturalmente maiores do que em situações em que um ou mais elementos da envolvente estão protegidos, como acontece correntemente com as habitações de edifícios convencionais.

5. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à ADI e ao ICIST pelo apoio financeiro prestado a esta investigação, no âmbito do projecto de I&D ADI nº 4420, 03867, designado por Clickhouse.

6. REFERÊNCIAS

[1] SPHERE Project, Humanitarian Charter and Minimum Standards in Disaster Response, UNHCR 2013, 140p. [2] LBNL, THERM 7.2.5, Lawrence Berkeley National Laboratory, Disponível para descarga em:

http://windows.lbl.gov/software/therm/7/t7_download7_2_5.asp?, 2014.

[3] LBNL, EnergyPlus 8.1, Lawrence Berkeley National Laboratory, Disponível para descarga em: http://apps1.eere.energy.gov/buildings/energyplus/energyplus_download.cfm, 2014.

[4] Decreto-Lei 118/2013 de 20 de Agosto, Sistema de Certificação Energética dos Edifícios (SCE), Regulamento do Desempenho Energético dos Edifícios de Habitação (REH), Regulamento do Desempenho dos Edifícios de Comércio e Serviços (RECS), Diário da República, 1ª Série - N.º 159, 20 de Agosto de 2013, Lisboa.

Referências

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