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SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA: CEDO DEMAIS PARA FALAR NISSO?

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Academic year: 2021

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SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA: CEDO DEMAIS PARA FALAR NISSO?

Liamara Vaz autor1 Selma Helgenstiler Arendt - Orientadora2 Resumo

O tema sexualidade envolve várias questões que vão além da saúde, religiosidade, aspectos morais, entre outros, Dessa forma os adolescentes, recebem muitas informações, muitas delas com estímulos a uma sexualidade precoce. Nesse contexto os jovens pesquisadores da 6ª série da Escola Municipal Dom José Baréa de São Marcos RS, escolheram esse tema devido aos questionamentos feitos pelos adolescentes em sala de aula. Ainda nos dias de hoje, é muito difícil falar sobre sexo e sexualidade, mesmo estando este tema estampado em programas de televisão, músicas, revistas e tantos outros meios de comunicação, que fazem parte da nossa realidade.Estes caminhos investigativos têm objetivo de informar aos alunos sobre “Sexualidade na Adolescência”, procurando esclarecer as dúvidas mais frequentes relacionadas a Adolescência (transformações no corpo feminino e masculino), Sexualidade, Menstruação, Ejaculação, Masturbação, Relação Sexual, Gravidez, Métodos contraceptivos, D.S.T’s. Alguns dados coletados em nossa pesquisa, constatamos que alguns pais não falam sobre sexualidade por medo, por não considerarem assunto para crianças e por outras razões diversas, muitas vezes pela própria educação que tiveram. A confusão forma-se na cabeça das crianças quando os pais escondem ou inventam algo sobre sexo, muitas vezes evitando falar sobre o assunto. Meninos e meninas acabam procurando respostas para suas curiosidades de diversas maneiras, nem sempre corretas, através de revistas, filmes e conversas com determinados “amigos”, não obtendo, muitas vezes, respostas corretas e objetivas.

Palavras chaves: Adolescentes, sexualidades, dúvidas, pais

Introdução

A adolescência é um processo de “busca” de identidade, sendo a identidade sexual a peça determinante para a personalidade do adolescente e futuro adulto. Percebemos em nosso dia a dia o anseio dos jovens em relação à sexualidade. Observamos que muitos dos adolescentes, começam sua vida sexual cedo e sem orientação familiar, muitas vezes porque sua própria família não os apoiam ou porque não sabem que eles já iniciaram sua vida sexual. Pensando nesse contexto da adolescência, o tema escolhido para este projeto foi “Sexualidade na Adolescência: cedo demais para falar nisso? ”, tendo como problemática – “Como trabalhar a sexualidade dos jovens na adolescência?” Eles não são mais crianças, ainda não são adolescentes, mas são pré adolescentes, ou seja estão no meio de muitas incertezas.

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Professora da Rede Municipal de São Marcos.Licenciatura Plane em Biologia pela Universidade de Ijui - UNIJUI e Lactus Sensus pela Universidade de Caxias do Sul aem Mio Ambiente ..

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Professora da Rede Municipal de São Marcos RS. Licenciatura em História pela UCS, Lactus Sensus em Ensino Religioso pela UCS. Multiplicadora, formadora e orientadora do Projeto Nepso.

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Este projeto de Ensino, que aborda o tema “Sexualidade na Adolescência, se realizará no

período de Abril/ 2010 a outubro / 2010. Tem como público alvo os alunos da 6ª série, turno manhã, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dom José Baréa, do município de São Marcos, RS. O que levou a escolher este tema foram os questionamentos feitos pelos adolescentes em sala de aula. Ainda nos dias de hoje, é muito difícil falar sobre sexo e sexualidade, mesmo estando este tema estampado em programas de televisão, músicas, revistas e tantos outros meios de comunicação, que fazem parte da nossa realidade.

Até que ponto pais, família, professores, a sociedade em si facilitam a abordagem séria da sexualidade? Como se estabelece a relação entre filhos adolescentes e pais? Através dessa investigação os jovens pesquisadores comentam que os seus pais têm uma preocupação, mas há uma grande dificuldade para abordar esses assuntos, o que nos leva a constatar que há uma ausência de diálogo.

Compreender a adolescência como uma expressão que faz parte de todas as culturas é tarefa árdua, porque os rótulos acabam vindo a tona em várias circunstâncias, a adolescência é uma etapa individual na qual a personalidade está em fase de estruturação e a sexualidade se insere nesse processo sobretudo como um elemento estruturador da identidade do adolescente.

A sexualidade e os tempos históricos

A civilização humana, em seus primórdios tinham as atividades sexuais livres entre homens e mulheres, sem que isso tivesse uma conotação de promiscuidade. Os filhos sabiam com certeza quem eram suas mães, não sabiam que eram seus pais. Formavam-se os clãs. Com o passar dos anos a organização social da família, os relacionamentos, a reprodução, a atividade sexual passou a ser exercida por um casal, para que seus filhos legítimos pudessem herdar bens. Os casamentos tornaram-se monogâmicos e as famílias foram organizadas de forma patriarcal. Assim sendo, o sexo tem dentro da organização familiar como objetivo a reprodução.

Por exemplo: o povo hebreu tinha no casamento uma forma de garantir que suas linhagens continuassem. Do sexo feminino exigia-se que o casamento acontecesse com uma virgem e a castidade de homens e mulheres era exaltada como algo divino. Já para os gregos a função de gerar filhos era muito importante no casamento, pois as guerras freqüentes exigiam um

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número considerável de homens. Já as mulheres eram preparadas para casarem-se logo após a primeira menstruação. Chegando um pouco mais perto de nossos dias, na sociedade ocidental tivemos uma doutrina Cristã, nos defrontando com a dualidade entre corpo e alma, ou seja de uma forma reprimida. Os pais da década atual foram os adolescentes reprimidos da geração passada , então como falarão de sexo com os seus filhos se não tiveram isso em suas vivências?

A comunicação familiar: diálogo entre pais e filhos

Esses pais tiveram uma forte influência de visão a respeito de sexo que os deixaram inseguros quanto as perguntas dos seus filhos. Para o escritor e psicólogo Icami Itiba, essas experiências fizeram com que resultassem em adultos com valores que ficaram gravados, quase que intactos em suas personalidades. As próprias perguntas elaboradas pelos jovens pesquisadores deixam claro essa percepção da realidade dos pais em relação a questão da sexualidade, pois os pais precisam se defrontar com a sua própria sexualidade, essa situação irá gerar desconforto, angústia. Esses mesmos jovens que apontam dizendo que seus pais não falam sobre sexo, citam que são os amigos e revistas onde buscam as suas orientações.

Quando uma criança nasce, a família já começa a diferenciá-la sexualmente: a cor do quarto, as roupas, os brinquedos, objetos pessoais. Os pais quase que automaticamente, vão impondo as diferenças entre meninos e meninas dentro da sociedade.

Sabe-se que tudo muda muito rápido, valores, tecnologias. Em tempo remotos as famílias não tinham muitas dificuldades apara educar um adolescente; sobre o que era certo o que era errado; o que podiam e não podiam; não havia praticamente contestação na educação. Hoje, no entanto, está muito difícil construir e estabelecer valores, e o sistema de valores sexuais está em constante mutação.

A sexualidade é muito importante no desenvolvimento da vida do adolescente, porque é nessa fase da vida do ser humano que a identidade sexual está se formando. Os adolescentess precisam ser esclarecidos sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis, AIDS. Há um sentimento próprio dos adolescentes quanto a sua invulnerabilidade, que isso nunca irá acontecer com eles.

A realidade brasileira recebe profunda interferência da mídia, onde os valores culturais padrões levam para uma iniciação sexual cada vez mais precoce entre os jovens adolescentes.

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São muitos os motivos: falta de informações, desestruturação familiar, comunicação de massa, TV aberta, baixa escolarização, cobrança de grupos. A iniciação sexual precoce costuma trazer muito mais dores de cabeça que o prazer em si; gravidez indesejada, doenças. A média de iniciação sexual para as meninas é de 16,9 e de 15 anos para os meninos.

Sabemos que a caminhada é longa, tem-se muito a percorrer, pensando nisso foi planejado uma palestra com um enfermeiro da Secretaria de Saúde de São Marcos, a fim de orientar esses jovens em suas angústias relacionadas a sexualidade. São muitos os questionamentos, mitos, tabus, porém todo o jovem tem direito de ser orientado, deve-se começar pela família, em seguida a escola deve enquanto instituição fazer a sua parte. A escola como um alicerce importante nessa trajetória e o professor como um mediador confiável e capaz, afinal eles passam mais tempo entre a escola e seus links que a própria família.

Uma das perguntas do questionário elaborado pelos estudantes é relacionada a educação sexual: como você ( estudante) sentem-se em relação ao estudo sobre o tema educação sexual? – cerca de 30% deles responderam curiosos e preocupados. Isso demonstra que os adolescentes têm sim uma grande preocupação com o tema, é o cuidado consigo e com o outro. Cabe nesse contexto ressaltar que esses jovens pesquisadores são de uma área praticamente rural da cidade onde a família em sua maioria é constituída de pai, mãe e irmãos.

Fragmentos de uma sociedade que necessita educar os jovens para uma sexualidade sadia.

Recentemente houve um fato no Brasil em outubro de 2009, dentro de uma universidade, onde cerca de 700 alunos do sexo masculino perseguiram uma estudante para xingar, tocar, fotografar, ameaçar de estupro, cuspir em uma jovem de 20 anos, a qual usava um vestido considerado “ provocador”. Fato esse que comprova que a sexualidade se manifesta de várias

formas e ela se manifesta como um pano de fundo nas nossas relações, pois não falamos apenas do ato sexual, mas de emoções como um grande caldeirão de elementos emocionais, biológicos, mas também recebemos influência do social que interferem na construção da nossa sexualidade e a relação com a coletividade. Esse fato partilhado em todas as redes de comunicação do nosso país expõe a fragilidade da formação sexual dos nossos jovens, principalmente do sexo masculino, como uma sociedade machista, onde os homens são educados, estimulados desde crianças a exercerem a sua sexualidade mais livremente, claro, que isso vem mudando.

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Segundo SUPLICY ( 1991), a questão da sexualidade mudou tão rapidamente, nas ultimas décadas, que deixou os pais meio perdidos. Antigamente as famílias não tinham dúvidas em saber o que era certo e o que era errado: o que podiam permitir ou não. Hoje vivemos um momento difícil para a construção de um sistema de valores sexuais.

A onda de erotização das crianças e adolescentes em nossa sociedade, está levando cada vez mais problemas na área de comportamento sexual, a conseqüência como relata a sexóloga Marta Suplicy é que no Brasil há um alto índice de adolescentes grávidas, doenças sexualmente transmissíveis em alto grau de crescimento e evidentemente, a maioria dos pais se abstêm e não sabem lidar com tudo isso.

Considerações finais

Para os adolescentes lidar com os medos e os tabus sexuais fazem parte de um momento

muito importante de suas vidas que é a adolescência e o início das suas descobertas sexuais, são desejos, medos que desencadeiam dúvidas, apreensões com interferências da família, da mídia, e principalmente dos amigos mais chegados. São sentimentos diferenciados que ora distanciam, ora se aproximam não sendo estáticos, entretanto o suporte familiar é muito importante nesse momento de transição para a vida adulta. O adolescente não quer ser enrolado, quer franqueza, quer ser amado por seus pares e familiares. Talvez nós adultos ainda tenhamos que aprender muito mais sobre os adolescentes, pois, seus dilemas são raramente compreendidos e o comportamento da família em relação a criação dos filhos e filhas interfere e interferirá na formação da identidade sexual e na postura que terão em relação a sexualidade.

Percebe-se através das falas investigativas que há uma preocupação maior com a

orientação sexual do sexo feminino por parte dos pais, pelo medo da gravidez precoce e as suas conseqüências para o futuro, ao mesmo tempo que está havendo uma abertura e é interessante observar como as transformações do corpo são ansiosamente esperadas. Escutá-los, aceitar suas críticas, sem transcorrem em clima de repreensão, culpas. São passos simples que formam a base de uma vida sexual e emocional feliz e sadia.

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Para compreendermos a sexualidade e seus significados para os adolescentes, necessitamos conhecer a fundo todas as transformações que estão acontecendo neles, as físicas e as afetivas. É indispensável que os familiares, a sociedade, professores, entidades ligadas a saúde, se interessem mais por esse momento e seus questionamentos, para que assim possamos construir uma ponte, capaz de anular atritos e desorientações.

Referências

ARATANGY, L.R. Sexualidade: a difícil arte do encontro. São Paulo: Ática, 1995. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Programas Especiais de Saúde.

MONTENEGRO, Fábio; MASAGÃO, Vera (Ed.). Nossa escola pesquisa sua

opinião: manual do professor. 2. ed. São Paulo: Global, 2002.

OSÓRIO, Luís Carlos . Adolescência hoje. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992

Programa de saúde do adolescente - PROSAD. Brasília, nov. 1989

SUPLICY, M. Conversando sobre sexo. 17. ed.Petrópolis: Edição da Autora, 1991. 407p.

Referências

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