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ESTRUTURA E FORMAÇÃO
DOS VIDROS
Samuel Toffoli
PMT5783 –de Ciência e Engenharia de Materiais
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Definições
ASTM: produto inorgânico de fusão que foi resfriado até
atingir condição de rigidez, sem cristalizar-se.
Shelby: an amorphous solid completely lacking in long
range, periodic atomic structure, and exhibiting a region of glass transformation behavior.
James E. Shelby - Introduction to Glass Science and Technology, 2nd Edition - The Royal Society of Chemistry, London, 2005
Vidros
Assim:
Não há somente vidros inorgânicos
Estruturas muito dependentes da história de processamento Vidros de óxidos e até mesmo semicondutores covalentes
amorfos (tais como Si, Ge): guardam semelhanças com suas respectivas estruturas cristalinas (possuem unidades
estruturais repetidas)
Continuous Random Network
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Vidros
Para metais:
Estruturas dos vidros muito diferentes das estruturas
cristalinas correspondentes
Random Close-Packed Atomic Arrays
Formação dos Vidros
Questão:
CINÉTICA x TERMODINÂMICA
Vidros óxidos comerciais: resfriamento alguns °C/min Vidros metálicos: > 106 °C/s
Ou seja, a questão é evitar-se a cristalização!!
Porém, vidros também podem ser obtidos por:
CVD PVD Sol-gel
Irradiação e bombardeamento com íons = amorfização Oxidação do Si (geralmente resulta em SiO2 amorfo)
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Formação dos Vidros
Todos esses outros processos (além da fusão e resfriamento)
levam a materiais vítreos ou amorfos, mas com estruturas e propriedades que podem ser muito diferentes daquelas dos materiais obtidos pela rota da fusão.
Na verdade, a maior parte dos vidros resultando em
monolitos, são resfriados de fundidos!
Resfriamento de um líquido: rearranjos podem ser difíceis
num tempo razoável, principalmente quando a viscosidade do líquido é alta:
Formação dos Vidros
V ol um e e s pe c ífi c o, e nta lp ia , e tc . Líquido no equilíbrio Líquido metaestável Tf Tg Transição vítrea Cristal Vidro Temperatura Abaixo da Tg cessam quaisquer modificações na configuração dos tetraedros (se sílica)PMT5783 – Fundamentos de Ciência e Engenharia de Materiais 9
Faixa de transformação
Formação dos Vidros
Temperatura V ol um e e s pe c ífi c o (dT/dt)1 (dT/dt)2 (dT/dt)3 (dT/dt)1
<
(dT/dt)2< (dT/dt)
3 Tg3 Tg1 Tg2Continuous Random Network
Zachariasen, 1932
SiO2 = típica: a curta distância, idêntica tanto na sílica
cristalina como na amorfa!
• Ângulo Si-O-Si de 109°28’
• Completa conectividade da estrutura
• Mas pode não dar em estrutura cristalina
4 , 0 An Ca r r
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Cristalina Vítrea
Continuous Random Network
W. H. Zachariasen – The atomic arrangement in glass – J. Am. Chem. Soc. 54, 3841(1932)
Continuous Random Network
Zachariasen, 1932
As quatro regras para determinar se o óxido de um metal vai resultar em estrutura do tipo CRN:
1. No oxygen atom may be linked to more than two cations
2. The cation coordination number is small: 3 or 4
3. Oxygen polyhedra share corners, rather than edges or faces
4. For 3D networks, at least three corners of each oxygen
polyhedra must be shared
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Continuous Random Network
Formadores Modificadores Intermediários
SiO2 Li2O Al2O3 GeO2 Na2O PbO B2O3 K2O ZnO P2O5 CaO CdO As2O3 BaO TiO2 As2O5 V2O5
•Tabela segundo o critério de energia de ligação individual, de Sun:
K.-H. Sun – Journal of the American Ceramic Society 30, 277(1947)
Limitações: não explica os vidros de calcogênios e nem os vidros metálicos
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Continuous Random Network
Formadores Modificadores Intermediários
SiO2 Li2O Al2O3 GeO2 Na2O PbO B2O3 K2O ZnO P2O5 CaO CdO As2O3 BaO TiO2 As2O5 V2O5 • Trazem O extra
• Não participam da rede
• Perda de interconectividade da rede • Temperatura de fusão cai, mas
• Propriedades também “caem”
Formação de oxigênios pontantes e não-pontantes
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Formadores Modificadores Intermediários
SiO2 Li2O Al2O3 GeO2 Na2O PbO B2O3 K2O ZnO P2O5 CaO CdO As2O3 BaO TiO2 As2O5 V2O5
Continuous Random Network
• Podem contribuir com a formação do retículo (rede), em algumas situações
• Geralmente cations de valência maior (+ próximos do Si), mas não satisfazem Zach. • Interessante: substitue 4 3 Si Na Al
B2O3 sozinho forma vidro a baixa temperatura (~460°C), mas tem
péssima durabilidade química (solúvel em água!)
Por outro lado, (B3+ + Na+) leva o cátion boro a assumir
coordenação tetraédrica e com isso:
a ↓ e r ↑ “Anomalia do boro”
(chamada de “anomalia”, uma vez que verifica-se comportamento exatamente oposto quando
se adiciona modificadores a vidros silicatos)
Vidros Boratos
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Vidros Industriais – Vidros SILICATOS
Composições mais comuns
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Vidros Industriais – Sílica Vítrea
Um dos únicos vidros de um único componente com
possibilidades de aplicação com considerável importância tecnológica:
• Lâmpadas de arco de alta intensidade • Lâmpadas de Tungstênio-Halogênio
• Recipientes para laboratório e plantas químicas • Fibras ópticas
• Vidro de janelas espaciais e lentes de telescópios (baixo coeficiente de expansão térmica)
SiO2
– Ótimas propriedades:
• a baixo (~ 5 x 10-7 °C-1)
• Excelente resistência química • Excelente transmissão luminosa
– Desvantagem: Tf > 1700 °C (no caso do quartzo ou outra fase cristalina de SiO2)
SiO2 + Na2O
– Diagrama de Fases: eutético para ~75% SiO2 + 25% Na2O
• fusão a cerca de 800°C
– Desvantagem: SOLÚVEL
• é o silicato de sódio, bom dispersante para suspensões cerâmicas
SiO2 + Na2O + CaO
– Bom equilíbrio de propriedades para ~75%SiO2 + 15%Na2O + 10%CaO – Funde a temperaturas mais baixas, mas as excelentes propriedades da
sílica pura ficam em parte comprometidas
Vidros Industriais
–
Vidro Sodo-Cálcicos
Vidros Industriais
–
Vidro Sodo-Cálcicos
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Vidros sodo-cálcicos tornaram-se o sistema de vidros
mais fabricado no mundo, respondendo por mais de 85% do vidro produzido mundialmente
Propriedades:
• Expansão térmica linear: a ~ 90 x 10-7 °C-1
• Boa resistência química a ácidos, razoável à água, limitada para bases fortes (lixiviação dos álcalis)
• Transmissão luminosa continua boa apenas para pequenos percursos
Vidros Industriais
–
Vidro Sodo-Cálcicos
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O sistema já era empregado nos vidros fabricados na
antiguidade
Viscosidades:
– Obs: = 102 P é a viscosidade da glicerina à temperatura ambiente (ou ~ mel de abelhas)
Ponto Temperatura (°C) Viscosidade (P)
Fusão 1500 102
Tg 550 1013.6
Vidros Industriais
–
Vidro Sodo-Cálcicos
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Os óxidos alcalino-terrosos (CaO, MgO, etc.)
estabilizam quimicamente o vidro
Assim, na prática (industrialmente), os vidros
sodo-cálcicos são compostos por um grande número de componentes:
• Além do Na2O, pequenas porcentagens de K2O • Além do CaO, presença de MgO
• 1–2% de Al2O3 para inibir devitrificação (cristalização indesejada) • Presença de colorantes: metais de transição
• Presença de “afinantes”: nucleantes e arrastadores de bolhas para auxiliar refino (Ex: Na2SO4)
• Presença de aditivos para auxiliar equilíbrio “redox” dos colorantes (Ex: Na2NO3)
Vidros Industriais – Vidros Borossilicatos
Na sílica, o boro leva a uma diminuição da viscosidade,
mas a um aumento do coeficiente de expansão térmica menor do que os álcalis (considerando apenas a presença de SiO2+B2O3, porque, caso haja a presença de óxidos alcalinos ver próximo slide)
Assim, borossilicatos comerciais (os quais contêm também
um pouco de Na2O) possuem a = 30-40 x 10-7 ºC-1
Compare esse valor de a com o do vidro de sílica (~ 5) e o
dos vidros sodo-cálcicos comuns (~ 90)
Apresentam considerável aplicações tecnológicas (pyrex®,
marinex®, uma série de vidros para eletrônica e selagem,
Vidros Industriais – Vidros ao Chumbo
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O óxido de chumbo é, normalmente, um modificador de rede, mas
em algumas composições pode, aparentemente, atuar como um formador de rede. Vidros alcalinos ao chumbo têm uma longa faixa de trabalho (pequena alteração de viscosidade com diminuição de temperatura), e, desta maneira, têm sido usados por séculos para produção de artigos finos de mesa e peças de arte.
O chumbo confere ao vidro um maior índice de refração,
incrementando seu brilho, sendo por isso conhecido como "cristal”.
Devido ao fato do óxido de chumbo ser um bom fundente e não
abaixar a resistividade elétrica, como fazem os óxidos alcalinos, vidros ao chumbo são usados largamente na indústria eletro-eletrônica. Funil de tubo de televisão a cores é um exemplo de aplicação comercial, devido a essas características elétricas, assim como da propriedade de absorção dos raios X.
Vidros Industriais – Vidros ao Chumbo
Vidro bloqueador de radiação, após polimento, para uso como janelas em instalações nucleares (Nippon Electric Glass Co.)
Vidros Industriais – Descoberta do Vidro
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Descoberta do Vidro:
Acidental !! (Fenícios?)
Vidros Industriais – Fabricação
Interior de um forno industrial (tipo “side-port”)
Vidro fundido Aberturas dos maçaricos Abóboda Fabricação manual
Vidros Industriais – Fabricação
Fabricação atual de vidros plano: processo “float”
Vidros Industriais – Processos Secundários
Processamento aplicado a produtos de vidro, visando
modificar-lhes as propriedades.
Os mais conhecidos são aqueles aplicados a chapas de
vidro plano:
– Espelhamento – Têmpera*
– Laminamento*
* Ao lado do vidro “aramado”, os produtos submetidos a esses processos são considerados “Vidros de Segurança”, porque apresentam maior segurança, em caso de ruptura, do que o produtos de vidro recozido.
Vidros Industriais – Fratura de Vidros Planos
Vidros Industriais – Vidros Temperados
Têmpera: processo térmico (aquecimento
seguido de resfriamento rápido e homogêneo)
– É uma folha única de vidro
– Resistência a impactos de 3 a 5 vezes maior do que os recozidos
– Cacos arredondados e menos cortantes – Tensões de compressão na superfície e
de tração no interior
• Recozido: s < 30 MPa
• Temperado: s > 60 MPa, chegando
Vidros Industriais – Vidros Laminados
Laminamento: sanduíche
– Duas folhas de vidro com uma folha de PVB entre elas.
– O PVB, poli(vinil butiral), é um polímero borrachoso, com 0,76 mm de espessura, que tem o mesmo índice de refração do vidro.
– O conjunto “cola” em auto-clave (P e T).
– O conjunto apresenta ótima capacidade de absorção de impactos ao fraturar-se.
Vidros Industriais – Vidros Laminados
Sears Tower (atual Willis Tower), Chicago, EUA
• Inaugurado em 1973, e desde então a mais alta estrutura dos Estados Unidos.
• Skydeck: 103° andar, 412 m de altura