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A INDEPENDÊNCIA DAS ESTRUTURAS DESGARRADAS E SEU GRAU DE ARGUMENTATIVIDADE NO GÊNERO TEXTUAL PROPAGANDA

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Academic year: 2021

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A INDEPENDÊNCIA DAS ESTRUTURAS “DESGARRADAS” E SEU GRAU DE ARGUMENTATIVIDADE NO GÊNERO TEXTUAL PROPAGANDA

Geisa Pelissari SILVÉRIO (UEM) Profª Dra. Maria Regina PANTE (UEM)

Introdução

É fato que o estudo e a correta aplicação da gramática normativa da Língua Portuguesa se fazem necessários para que o emissor se comunique de modo adequado na maioria dos gêneros discursivos. Entretanto essa mesma gramática impõe determinadas regras que ora deixaram de ser utilizadas, devido às evoluções históricas que permeiam qualquer língua, ora passaram a ser empregadas de modo nem sempre igual aos preconizados pelas regras tradicionais.

Diante disso, para entender certas ocorrências que não são justificadas pela gramática tradicional, buscam-se teorias que possam auxiliar nessa compreensão. A corrente estudada neste artigo será a funcionalista, que promove uma análise linguística além da estabelecida pela gramática normativa, pois considera outros aspectos não considerados por ela.

Procurando ampliar as discussões sobre os diferentes usos, este trabalho tem por intuito averiguar aquilo que é mencionado pelos estudos normativos e funcionalistas no que diz respeito às conceituações e aplicações das orações tradicionalmente denominadas subordinadas adjetivas explicativas.

Ademais, mais especificamente, objetiva-se, por meio do uso escrito da Língua Portuguesa, comprovar a existência de cláusulas desconectadas de suas orações núcleo, intituladas de desgarradas (DECAT, 2011). Também se procura enfatizar o poder argumentativo que esse desgarramento proporciona à cláusula em relação ao contexto discursivo no qual aparece e à intenção do interlocutor.

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1. A gramática tradicional: os conceitos de subordinação e de dependência

A gramática tradicional, ao denominar as relações estabelecidas entre diferentes cláusulas – ou como ela mesma classifica entre diferentes “orações” –, delimita normativamente essas associações como o estudo do período composto. De acordo com Almeida (2009), ele compõe-se de duas ou mais orações, ou seja, pela presença de dois ou mais verbos. Segundo Azeredo (2011, p.290), trata-se de uma “unidade construída em torno de um núcleo verbal”.

Separada em coordenada e subordinada pela Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), a divisão do período composto é assim designada porque a gramática normativa considera, como critérios relevantes para a classificação, apenas os aspectos morfológicos, sintáticos e semânticos, entretanto, nem sempre de maneira uniforme, isto é, nem todos consideram todos esses critérios. Desse modo, diversos autores utilizam-se das expressões “dependentes” e “independentes” para nomeá-las, como se constata a seguir:

“Oração coordenada é aquela que é independente sintaticamente, isto é, não exerce nenhuma função sintática em relação a outra oração.

Período composto por subordinação é aquele formado por uma oração principal e uma ou mais subordinadas.” (FARACO; MOURA, 2004, p. 321 e 327)

“O período é composto por coordenação quando contém apenas orações coordenadas, ou seja, orações de funções equivalentes.

Todo período que traz orações subordinadas, ou seja, dependentes umas das outras, é composto por subordinação.” (SACCONI, 2008, p. 262 e 264)

“Por coordenação – as orações são sintaticamente independentes, ou seja, não exercem função sintática em relação a verbos, nomes ou pronomes de outra oração.

Por subordinação – as orações são sintaticamente dependentes, ou seja, uma exerce função sintática em relação a um verbo, nome ou pronome de uma outra oração.” (ALMEIDA, 2009, p. 301)

“Coordenação (ou parataxe) e subordinação (ou hipotaxe) são, portanto, dois processos de construção: a coordenação une partes do texto – palavras, sintagmas ou orações – formal e funcionalmente equivalentes; a subordinação une partes formal e funcionalmente distintas. A chave desta distinção é a noção de „hierarquia‟. Com isto estamos dizendo que ao se combinarem numa construção, as unidades gramaticais – palavras, sintagmas, orações – se associam por dois modos básicos distintos: ou

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elas se situam no mesmo nível de modo que a presença de uma independe da presença da outra (coordenação ou parataxe), ou elas se situam em níveis distintos, imediatos ou não, de modo que uma delas é a base e a outra serve de complemento ou de termo adjacente (hipotaxe ou subordinação). A unidade subordinada sempre vem contida numa unidade maior, que lhe é superior na hierarquia gramatical interna da oração.” (AZEREDO, 2011, p. 294)

Além da ideia de dependência presente em todos os autores, observa-se, em Faraco e Moura (2004), a existência, para o período subordinado, de uma oração intitulada de principal. Esse conceito é enfatizado por Azeredo (2011), o qual assevera que, nessa relação de subordinação, sempre haverá um nível hierárquico entre as cláusulas, de modo que a oração subordinada sempre será de grau inferior à unidade “maior” com a qual interage.

No período composto por subordinação, as orações segmentam-se em três: substantivas, adjetivas e adverbiais. As cláusulas, que neste trabalho serão analisadas, são as designadas como adjetivas e desempenham, segundo a gramática tradicional, função de adjetivo. São elas introduzidas por um pronome relativo (pronomes que retomam um termo já expresso na oração anterior) e subdividem-se em restritivas e explicativas. Dar-se-á enfoque, aqui, às últimas.

Trabalhar com as definições da gramática normativa pode ser plausível e viável quando se estudam estruturas tradicionais do uso da Língua Portuguesa. No entanto esse mesmo uso também inova e faz surgirem novos modos de aplicação do português (falado ou escrito), para os quais são necessários estudos e teorias que deem conta de sua análise. Sendo assim, a corrente funcionalista, por considerar aspectos que não são verificados pelos estudos normativos, será aqui utilizada, sempre em cotejo com o que prescreve a NGB.

2. A corrente funcionalista e seus estudos a respeito do “desgarramento”

O Funcionalismo é uma corrente linguística que busca estabelecer uma relação entre a estrutura gramatical da língua e suas diferentes circunstâncias de comunicação. Sendo assim, os estudiosos da área consideram, em sua análise, os interlocutores, seus intuitos e a situação discursiva.

Isso significa dizer que a corrente funcionalista objetiva explicar como os falantes utilizam a língua e comunicam-se com êxito e, para tanto, insere, ao analisar a língua em uso, o conceito pragmático, não se restringindo apenas aos aspectos morfológicos, sintáticos e semânticos, como faz a gramática normativa. Cunha (2012) enfatiza essa ideia,

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afirmando que “o funcionalismo procura essencialmente trabalhar com dados reais de fala ou escrita retirados de contextos efetivos de comunicação, evitando lidar com frases inventadas, dissociadas de sua função no ato da comunicação.” (p. 158)

Nesse viés, as pesquisas a respeito das estruturas sintáticas apresentam a abordagem elaborada por Hopper e Traugott (1993), as quais reconfiguram as definições, tipicamente consagradas na gramática tradicional, como coordenação e subordinação. Para os autores, as relações entre cláusulas podem se manifestar com diferentes graus de dependência e de encaixamento (ser constituinte ou não da cláusula à qual se refere, nomeada como cláusula núcleo). Portanto, intitulam essas relações como parataxe, hipotaxe e subordinação, definindo-as no quadro que segue:

Quadro1 – Relações entre cláusulas. (HOPPER; TRAUGOTT, 1993, p. 170) As orações adjetivas explicativas, que na gramática normativa são consideradas subordinadas, serão inseridas no grupo da hipotaxe, isto é, contempladas como estruturas que possuem certo grau de dependência, mas não se constituem, necessariamente, como elementos das cláusulas-núcleo com as quais se relacionam.

No contexto dos estudos funcionalistas brasileiros, as orações adjetivas explicativas serão classificadas por Decat (2011) como orações relativas apositivas. Desse modo a autora as define, pois sustenta que essas cláusulas exercem a função semântica de aposto, ou seja, uma explicação complementar, adicional.

Decat (2011) propõe que, ao contrário do que é normatizado pela gramática, as orações relativas apositivas podem ser empregadas, dependendo da situação comunicativa, totalmente desvinculadas da cláusula a que “teoricamente” pertenceriam. Em decorrência disso, a autora as nomeia como estruturas “desgarradas”.

Para essa compreensão, Decat (2011) embasou-se nas teorias de Chafe (1980), o qual reconhece a existência de cláusulas que transmitem a informação por completo, como um fluxo linguístico. Esse fluxo se compõe de uma unidade informacional, ou, conforme por ele determinado, a concepção de “idea unit”.

Parataxe > Hipotaxe > Subordinação - dependente + dependente + dependente - encaixada - encaixada + encaixada

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Essa característica de cláusula única corrobora com as teses de Bally (1944, apud DECAT, 2011)

“quando esse autor trata das relações entre orações, no nível da segmentação, no qual inclui orações (ou expressões) adverbiais „deslocadas‟ e estruturas parentéticas. A segmentação é por ele vista como uma noção de ordem semântica, e refere-se a estruturas cuja soldadura não se realiza por completo.” (p. 71)

Logo, por meio dos estudos funcionalistas, optou-se pela análise de textos escritos presentes no gênero textual propaganda. Essa análise tem por objetivo evidenciar o desgarramento das cláusulas relativas apositivas e conferir destaque ao objetivo enfático que possuem, ou seja, a comprovação de um grau maior de argumentatividade quando assim são empregadas.

3. O desgarramento no gênero textual propaganda e sua argumentatividade

Sabe-se que é frequente o uso associado, por parte dos publicitários, de imagens a textos escritos em propagandas, os quais objetivam atingir os objetivos essenciais desse gênero discursivo: convencer e vender. Devido a isso, optou-se, neste trabalho, pela elaboração de um pequeno corpus de propagandas nas quais fossem encontradas estratégias linguísticas que demonstrassem o intuito comunicativo desses anunciantes.

A primeira propaganda é de uma campanha publicitária da marca de cosméticos O Boticário, a qual teve, como ponto de referência, as histórias de contos de fadas:

“Era uma vez uma garota branca como a neve. Que causava muita inveja não por ter conhecido sete anões. Mas vários morenos de 1,80 m.

O Boticário.

Você poder ser o que quiser.”

(Google Imagens, Acessado em 3 de jun. de 2013) Constata-se no texto a ocorrência de uma oração apositiva relativa de modo desgarrado, conforme grifado. A cláusula iniciada pelo pronome relativo “que”, o qual promove a retomada do sintagma nominal “uma garota branca”, pertencente a uma oração anterior, deveria, de acordo com a gramática normativa, ser empregada na continuação da oração anterior, com a qual se relaciona. Entretanto é evidente que esse uso pausado e

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individualizado da oração, que seria tratada como subordinada, é uma estratégia do produtor do texto para aumentar seu poder de argumentatividade. Esse uso faz o leitor compreender que aquela informação não deve passar despercebida, já que é nela que se encontra justamente a ideia contrária àquilo que se esperava como conhecedor do conto da branca de neve, ou seja, que a garota conhecesse os sete anões. Portanto, a definição hierárquica instituída pela gramática normativa, em que a primeira oração é referida como principal e a segunda como subordinada, não seria adequada, visto que a oração desgarrada se apresenta em um nível de hierarquia maior por conter a informação de destaque.

A próxima propaganda foi veiculada na Revista Isto É pela editora da própria revista (Editora Três) como destaque ao aniversário de 40 anos da empresa. Por se tratar de um texto mais extenso, selecionaram-se aqui os trechos de maior importância para a análise, sem interferir na compreensão da informação a ser transmitida.

"Visão não é só a capacidade de enxergar. É entender o que está vendo. E, para isso, não bastam olhos saudáveis ou óculos de grau. É preciso informação. Mas não qualquer informação. Não aquela mastigada de forma tendenciosa. Ela necessita ser independente, precisa, imparcial. Aparada antes de noticiada e, por isso, carregada de credibilidade. Há 40 anos, nós, da Editora Três, rezamos essa cartilha. (....)

Sem deixar, também, de manifestar nossa opinião. E seguindo sempre o princípio da pluralidade. Pluralidade de assuntos, de informações, de opiniões. Que dá a você, leitor, não apenas a capacidade de enxergar o nosso ponto de vista. Mas de desenvolver o seu.

Saber ouvir é uma arte. Que nem todo mundo domina. (...)

Há 40 anos, nós, da Editora Três, falamos para quem sabe ouvir. Oferecendo, sempre, um conteúdo plural. Que, em vez de definir um caminho, abre muitos.

Bom de papo não é quem fala muito. É quem tem o que falar. (....)

Porque, antes de ser um bom conversador, o bom de papo é um ótimo leitor. Que sabe o que quer ler. Que sabe onde encontrar informação isenta, correta, imparcial. Que sabe a diferença entre informação e opinião.”

(Revista ISTO É, ano 36, n° 2236, 19/09/2012, p. 56-61)

No exemplo acima, tem-se a presença de seis orações desgarradas, introduzidas também pelo pronome relativo “que”. Verifica-se, novamente, uma maior intensidade da

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ideia veiculada, uma vez que a independência dessas cláusulas faz o leitor tornar-se coautor do texto. Isso porque existe a necessidade da leitura compreensiva do conteúdo que figura anteriormente às orações por parte do leitor. Além disso, o leitor deve possuir conhecimento de mundo sobre as revistas que discutem política e como essas revistas podem induzir a opinião do próprio leitor ou de qualquer outra pessoa. Ademais, as três ocorrências finais realizam um desgarramento de modo enumerado que, com pausas marcadas pela vírgula, não dariam o mesmo enfoque persuasivo que assim invocam.

Um exemplo interessante descoberto durante o levantamento desse corpus foi um desgarramento com o uso do vocábulo “como”.

“Duas Motos como qualquer outra. Como qualquer outra gostaria de ser.” (Revista DUAS RODAS, n° 445, out. 2012)

Conforme se pode notar, nesse texto, a segunda ocorrência do termo “como” pode ser substituída, sem prejuízo semântico, pelas expressões “do modo como”, “da forma como”, isso porque esse vocábulo pode ser empregado como pronome relativo se indicar, no contexto em que ocorre, uma ideia de modo e equivaler ao termo “conforme”, segundo afirma Almeida (2011). Além disso, observa-se que a segunda cláusula é uma explicação, uma informação adicional da primeira. Logo, é evidente que se trata de uma oração relativa apositiva empregada de forma desgarrada e que nela se encontra o conteúdo principal veiculado pela propaganda.

Um fato que também foi constatado foi a ocorrência de desgarramento relacionado não a uma oração, mas a um sintagma nominal solto. É como se observa a seguir:

“Ensino Superior. Que a gente quer.

Campus da Universidade Federal de São Paulo, em Itaquera, e Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia, em Pirituba.

Todo mundo quer uma cidade que tenha educação de qualidade. A prefeitura de São Paulo também quer. Em uma parceria inédita com o Governo Federal, cedeu dois grandes terrenos para a construção de novas instituições de ensino: a Universidade Federal de São Paulo, em Itaquera, e o Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia, em Pirituba. Vamos fazer o ensino superior que a gente quer.”

(Revista VEJA SÃO PAULO, Parte integrante de VEJA, ano 46, n° 17, 24/04/13, p. 19)

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Nessa propaganda, o pronome relativo promove a retomada do sintagma “ensino superior”, realçando a informação transmitida e retomando-a ao fim. É interessante notar que a estratégia utilizada, vinculada com a correta escolha do vocabulário, leva o produtor do texto a atingir todos os possíveis leitores de sua propaganda, já que a cláusula “que a gente quer” deixa em aberto a opção de ensino superior pela qual se deseja optar. Somente com a continuidade da leitura se constata a ideia de educação de qualidade. Entretanto, nesse momento, o autor do texto já consegue fazer aqueles que não buscavam qualidade no ensino se interessarem e lerem o anúncio até o fim.

Outro exemplo disso se observou na divulgação abaixo, mas dessa vez com o uso do pronome relativo “onde”.

“O Forno do Padeiro Restaurante

Onde culinária e ambiente arrancam suspiros...”

(Revista ISTO É Edição Especial, ano 37, n° 2261, 20/03/13, p.77)

Aqui se verifica um alto grau de argumentatividade, pois, após o sintagma nominal “o forno do padeiro”, o produtor do texto escolheu situar o leitor, que desconhece o lugar, com outro sintagma nominal, o qual poderia ser denominado como especificador por explicar do que se trata aquilo. Em seguida, opta pelo uso de uma oração desgarrada iniciada pelo pronome “onde”, na qual se pode ter tanto o resgate do nome do lugar como do termo que delimita o tipo do ambiente. Logo, a cláusula independente enfatiza a informação divulgada, além de possuir a informação de interesse para o leitor.

O último exemplo avaliado ofereceu um olhar diferente dos acimas apresentados. Isso porque, além do desgarramento, tem-se uma mudança no posicionamento da oração.

“Onde o objetivo encontra a facilidade. Marriot.

Aproveite mais nos hotéis Marriot.

Estamos aqui para garantir que suas viagens sejam tudo o que você imaginou – e muito mais.”

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Tem-se, nesse excerto, a ocorrência do desgarramento em posição inicial, uma vez que a informação com a qual se relaciona somente virá na sequência, em forma de sintagma nominal. Isso evidencia que o poder de argumentatividade não diz respeito à hierarquia (coordenada ou subordinada), nem à sequência como aparecem em um texto, mas sim ao objetivo do autor do texto, que buscará artifícios linguísticos que levem ao melhor convencimento e, até mesmo, à cooperação do seu interlocutor.

Em todas as ocorrências trazidas, nota-se que a caracterização como cláusulas desgarradas se justifica porque se trata de “unidades de informação”, isto é, de estruturas que, por si só, apresentam a noção completa a ser comunicada. Logo, o uso da pontuação, nessas propagandas, é, claramente, uma estratégia dos seus produtores a fim de conferir uma maior ênfase à ideia veiculada.

Considerações finais

Os estudos funcionalistas, ao considerarem o contexto discursivo, evidenciam que o uso da língua pode apresentar, por vezes, situações inusitadas, as quais não estão inseridas em regras fechadas e inalteráveis. Essas construções, que surgem devido à gama de possibilidades de comunicação que a língua proporciona, necessitam, para a compreensão, de redefinições e de análises que verifiquem os motivos de seu uso.

O emprego das ocorrências de orações relativas apositivas (denominadas pela NGB como orações adjetivas explicativas) de modo desgarrado no gênero textual propaganda evidencia uma clara intencionalidade dos seus idealizadores em atingir, da forma mais convincente possível, os seus interlocutores.

Ademais, constata-se um maior grau de argumentatividade quando essas cláusulas são empregadas de forma desgarrada, afirmação legitimada quando se constata que são justamente essas cláusulas que possuem a informação de destaque. Com isso, percebe-se que o emissor demonstra, por meio de estratégias linguísticas, uma maneira diferente e até mesmo mais persuasiva de dar enfoque ao seu discurso, fazendo o seu receptor deixar de ser somente um leitor passivo daquela informação, transformando-o em um interlocutor ou coautor de seu texto.

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Referências

ALMEIDA, N. T. de. Gramática da Língua Portuguesa para concursos, vestibulares, ENEM, colégios técnicos e militares. São Paulo: Saraiva, 2009.

AZEREDO, J. C. de. Gramática Houssais da Língua Portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2011.

CARVALHO, C. dos S. Processos sintáticos de articulação de orações: algumas abordagens funcionalistas. In: VEREDAS - Rev. Est. Ling., Juiz de Fora, v.8, n.1 e n.2, p.9-27, jan./dez. 2004.

CHAFE, W.L.. The deployment of consciousness in the production of a narrative. IN: CHAFE, W.L. (ed.) The pear stories: cognitive, cultural, and linguistic aspects of narrative production. Norwood: Ablex, 1980.

CUNHA, A. F. da. Funcionalismo. In: MARTELOTTA, M. E. (org.) Manual de Linguística. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2012.

DECAT, M. B. N. Estruturas Desgarradas em Língua Portuguesa. Campinas, SP: Pontes Editores, 2011.

FARACO, C. E.; MOURA, F. M.. Gramática Nova. São Paulo: Ática, 2004.

HOPPER, P.; TRAUGOTT, E. C. Gramaticalization. Cambridge: Cambridge University, 1993.

REVISTA DUAS RODAS. São Paulo: Editora Sisal, n° 445, out. 2012

REVISTA ÉPOCA NEGÓCIOS. São Paulo: Editora Globo, ano 4, n° 56, out. 2011. REVISTA ISTO É. São Paulo: Editora Três, ano 36, n° 2236, 19/09/2012.

REVISTA ISTO É, Edição Especial. São Paulo: Editora Três, ano 37, n° 2261, 20/03/13. REVISTA VEJA SÃO PAULO. São Paulo: Editora Abril, ano 46, n° 17, 24/04/13.

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