Abordagem morfológica no estudo de aglomerados urbanos
Caso de estudo: Montemor-‐o-‐Novo
Andreia Sofia Brito Laranjeira
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Arquitectura
Júri
Presidente: Professor
Pedro Filipe Pinheiro de Serpa Brandão
Orientador: Professor António Salvador de Matos Ricardo da Costa
Vogal:
Professor Jorge Manuel Gonçalves
Aos meus pais e à família, por estarem sempre ao meu lado, me apoiarem e tornarem possível a conclusão desta etapa.
Aos meus amigos, pelo incentivo e compreensão, em especial ao Rui.
À Câmara Municipal de Montemor-‐o-‐Novo, pelo acesso à informação e pela disponibilidade prestada.
Ao Professor António Ricardo da Costa, pela orientação e atenção ao longo da tese.
A presente dissertação tem como objectivo o desenvolvimento de uma abordagem morfológica para o estudo de aglomerados urbanos. Numa primeira parte pretende-‐se fazer um enquadramento da chamada Tradição Conzeniana, recolhendo e analisando dados sobre as metodologias de Conzen, os seus trabalhos e a sua influência na investigação urbana. Na segunda parte da Dissertação pretende-‐se realizar uma análise de evolução urbana da cidade de Montemor-‐o-‐Novo, comparando a história do aglomerado urbano com as respectivas formas de crescimento, com base nos princípios desenvolvidos por M. R. G. Conzen.
As cidades alargam os seus limites não de uma forma constante, mas em fases. Foram assim estudados os vários períodos da história da cidade de Montemor-‐o-‐Novo, o que nos permitiu a sua divisão em três grandes momentos – o período referente à Idade Média (século XII, século XIII e século XIV), o segundo período que corresponde à Idade Moderna (século XV, século XVI, século XVII e século XVIII) e por fim o período referente à Idade Contemporânea (século XIX aos dias de hoje).
Estes três períodos distinguem-‐se uns dos outros no que diz respeito ao traçado das ruas, à forma dos quarteirões e à dinâmica de crescimento da malha. Enquanto que no período da Idade Média as ruas são resultado do crescimento espontâneo do casario, na Idade Moderna houve a abertura de ruas muito importantes para a travessia da cidade. Neste último período existiu ainda um grande avanço na malha da cidade com quarteirões com formas orgânicas semelhantes aos do Período Medieval e quarteirões com alguma racionalidade assinalada mais próximos da malha regrada da Idade Contemporânea. No século XX surge um eixo que vem influenciar o crescimento para Norte e ao mesmo tempo dividir o aglomerado em duas zonas distintas. A Sul com o relevo a constituir uma condicionante é apresentada uma malha orgânica, irregular, com uma relação entre o casario e o terreno bastante marcada. Já a Norte o terreno é pouco acidentado, o que proporciona a construção de quarteirões de maiores dimensões e de ruas mais largas que formam uma malha regrada proveniente de um plano.
Verifica-‐se que desde que a vila começou a ser construída no arrabalde que o seu crescimento se deu de forma constante, havendo sempre um desenvolvimento urbano a processar-‐se e a alargar os limites deste aglomerado.
Através da análise da evolução histórica dos elementos da paisagem urbana de Montemor-‐o-‐Novo foi possível relacionar a forma, as tipologias edificatórias e as Unidades Tipo-‐Morfológicas, com os seus principais períodos de expansão. Com base nesta abordagem defendida por M.R.G. Conzen foi possível compreender como a cidade adquiriu a complexidade que apresenta actualmente.
This dissertation aims to develop a morphological approach to the study of urban settlements. The first part intends to depict the framework of the Conzenian Tradition, collecting and analyzing data on Conzen methodologies, on his work and on his influence on urban research. The second part of the dissertation intends to analyze the development of the town of Montemor-‐o-‐Novo, comparing the history of the city with its growth forms, based on principles developed by M. R. G. Conzen.
Cities do not extend their limits on a regular basis, but in phases. The various periods of history the city of Montemor-‐o-‐Novo were studied, which allowed to divide it into three great moments -‐ the period referring to the Middle Age (twelfth century to fourteenth century), the second period corresponds to the Modern Age (fifteenth century to eighteenth century) and finally the period referring to the contemporary age (nineteenth century to today).
These three periods are distinguished from each other in the layout of the streets and blocks and their dynamic growth. While during the Middle Ages the streets were the result of spontaneous growth of houses, in the Modern Age new streets were built which were very important to crossing the city. In this last period there was still a major advance in the urban fabric of the city with blocks with organic shapes similar to the medieval period, and with some rationality and blocks marked closer to the rules of Contemporary mesh. In the twentieth century a new axis influences the growth to the north and at the same time divides the city into two distinct zones. The South, where the topography is a constraint, presents an organic fabric where the relation between the houses and the land is evident. In the north the topography is regular, which provides the construction of larger building and wider streets that form a mesh defined by a plan.
It appears that since the village began to be built in the extramurals, its growth has occurred steadily, there has always been an urban development to take place and extend the boundaries of this town. Through the analysis of historical elements of the urban landscape of Montemor-‐o-‐Novo it was possible to relate the shape, types and plan units, with major periods of expansion. Based on this approach of M.R.G. Conzen it was possible to understand how the city acquired the complexity that it has today.
0. INTRODUÇÃO 01
0.1 Apresentação do Tema 02 0.2 Objectivos a atingir 03 0.3 Métodos utilizados 03 0.4 Estado da Arte 05
1. ANÁLISE DA FORMA URBANA – ABORDAGEM DE M.R.G. CONZEN 10
1.1 Origem e Influências 11 1.2 Escolas (ISUF) 15 1.2.1 Escola Inglesa 16 1.2.2 Escola Italiana 18 1.3 O Contributo de M.R.G. Conzen -‐ Teorias e Conceitos 22 1.3.1 Estrutura morfológica – níveis de resolução 23 1.3.2 Região morfológica 25 1.3.3 História – Período Morfológico 27 1.3.4 Lote Medieval – Burgage 30 1.3.5 Fringe belt 34
2. CASO DE ESTUDO – MONTEMOR-‐O-‐NOVO 38
2.1 Território Português 39 2.1.1 Os Primeiros Povos 39 2.1.2 A Reconquista Cristã 41 2.1.3 Arrabalde 41 2.1.4 Era dos Descobrimentos 43 2.1.5 Iluminismo 44 2.1.6 Era Industrial 44 2.2 Montemor-‐o-‐Novo 45 2.2.1 Enquadramento 45 2.2.2 Acessibilidades 46
2.3.1 Idade Média 52 2.3.1.1 Vila dentro das muralhas 52 2.3.1.2 Baixa Idade Média – Arrabalde (Século XIII e Século XIV) 57 2.3.2 Idade Moderna 62 2.3.2.1 Período Manuelino (Século XV e Século XVI) 62 2.3.2.2 Século XVII e Século XVIII 73 2.3.3 Idade Contemporânea 79 2.3.3.1 Século XIX 79 2.3.3.2 Século XX e Século XXI 80 2.4 Unidades Tipo-‐Morfológicas de Montemor-‐o-‐Novo 103
2.4.1 Unidades Tipo-‐morfológica I 106 2.4.2 Unidades Tipo-‐morfológica II 108 2.4.3 Quarteirão III 111 2.4.4 Unidades Tipo-‐morfológica IV 114 2.4.5 Unidades Tipo-‐morfológica V 117 2.4.6 Unidades Tipo-‐morfológica VI 119 2.4.7 Síntese Comparativa das Unidades Tipo-‐Morfológicas 120
3. CONCLUSÕES 123 4. BIBLIOGRAFIA 128
Figura 1 Capa da Revista Urban Morphology ...15
Figura 2 Adaptação do esquema de Caniggia acerca da formação de tecidos espontâneos. Fonte: Pozo, Alfonso del (ed.), Análisis Urbano. Textos: Grianfranco Caniggia, Carlo Aymonino, Massimo Scolari...18
Figura 3 Análise morfo-‐tipológica do bairro de São Bartolomeu, Veneza (1959), Muratori. Fonte: Sainz Gutiérrez, Victoriano, Aldo Rossi. La ciudad, la arquitectura, el pensamento...19
Figura 4 Vista aérea da cidade de Alnwick...22
Figura 5 Adaptação de um esquema de Anne Moudon acerca dos diferentes níveis de resolução da estrutura
urbana. Fonte: Moudon, A. V., “Getting to know the built landscape: Typomorphology” in The urban design reader...24 Figura 6 Esquema das Unidade Tipo-‐morfológicas da cidade de Alnwick. Fonte: Conzen, M. R. G., Alnwick, Northumberland: a study in town-‐plan analysis...26
Figura 7 Vista aérea da cidade de Ludlow...29
Figura 8 Lotes do Triângulo Central da cidade de Alnwick. Fonte: Conzen, M. R. G., Alnwick, Northumberland: a study in town-‐plan analysis...30
Figura 9 Detalhe da transformação dos lotes entre 1774 e 1956 (Burgage Cycle). Adaptado de: Conzen, M. R. G., Alnwick, Northumberland: a study in town-‐plan analysis ...31
Figura 10 Análise métrica de uma rua da cidade de Ludlow. Fonte: Slater, T. R. (ed,) The built form of Western Cities...32
Figura 11 Análise geométrica de uma unidade da cidade de Ludlow. Adaptado de: Slater, T. R. (ed,) The built form of Western Cities...33
Figura 12 Fringe belts de Berlim...34
Figura 13 Fringe belts da cidade de Alnwick. Fonte: Conzen, M. R. G., Alnwick, Northumberland: a study in town-‐ plan analysis...35
Figura 14 Mapa de acessibilidades de Montemor-‐o-‐Novo...46
Figura 15 Grutas do Escoural. Fonte: http://www.flickr.com/photos/vitor107/237587014/...48
Figura 16 Ponte de Alcácer, Montemor-‐o-‐Novo. Fonte: http://montemor-‐o-‐novo.blogspot.com...49
Figura 17 Vista aérea da zona das muralhas do Castelo de Montemor-‐o-‐Novo...49
Figura 18 Vista do Paço dos Alcaides, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do Autor...49
Figura 19 Foral de 1203, concedido por D. Sancho I. Fonte: VALLE SANTOS, Cláudia, Fonseca, Jorge, e Branco, Manuel, Montemor-‐o-‐Novo quinhentista e o Foral Manuelino...50
no Passado e no Presente...52 Figura 22 Porta de S. Tiago e Torre da Má Hora, Castelo de Montemor-‐o-‐Novo...52
Figura 23 Vista aérea das Ruínas do Paço dos Alcaides, Montemor-‐o-‐Novo. Fonte: BARBOSA, Alberto Dias, Montemor-‐o-‐Novo no Passado e no Presente...52 Figura 24 Planta do Paço dos Alcaides e da Igreja de São João Baptista. Fonte: LOPES, “A Igreja de S. João Baptista de Montemor-‐o-‐Novo: uma arqueologia do monumento”...53
Figura 25 Vista aérea da Igreja de S. Tiago e Convento da Saudação, Montemor-‐o-‐Novo. Fonte: FONSECA, Jorge, D. João, Marquês de Montemor-‐o-‐Novo, uma vida entre épocas...53 Figura 26 Ruínas da Igreja de Santa Maria do Bispo, Portal Manuelino...53
Figura 27 Caminho para o Paço dos Alcaides, Montemor-‐o-‐Novo. Manuel Quiros...55
Figura 28 Planta da Vila intramuros de Montemor-‐o-‐Novo na época medieval. Imagem do autor parcialmente baseada em Plano de Pormenor de Salvaguarda e Reabilitação do Centro Histórico, Gabinete Técnico Local – Câmara Municipal de Montemor-‐o-‐Novo, Maio 2000...56
Figura 29 Ruínas da Ermida de São Vicente, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...59
Figura 30 Portal Gótico na Rua dos Almocreves, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...59
Figura 31 Rua dos Almocreves (Alçado Nascente), Montemor-‐o-‐Novo. Fonte: Plano de Pormenor de Salvaguarda e Reabilitação do Centro Histórico, Gabinete Técnico Local – Câmara Municipal de Montemor-‐o-‐Novo, Maio 2000...59
Figura 32 Rua das Ricas (Alçado Poente), Montemor-‐o-‐Novo. Fonte: Plano de Pormenor de Salvaguarda e Reabilitação do Centro Histórico, Gabinete Técnico Local – Câmara Municipal de Montemor-‐o-‐Novo, Maio 2000. ...59
Figura 33 Esquema das primeiras ruas do arrabalde, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...60
Figura 34 Antigo Hospital Espírito Santo, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...60
Figura 35 Evolução da malha urbana da cidade (Século XIII e Século XIV). Imagem do autor parcialmente baseada em Plano de Pormenor de Salvaguarda e Reabilitação do Centro Histórico, Gabinete Técnico Local – Câmara Municipal de Montemor-‐o-‐Novo, Maio 2000...61
Figura 36 Evolução da malha urbana da cidade (Século XV). Imagem do autor parcialmente baseada em Plano de Pormenor de Salvaguarda e Reabilitação do Centro Histórico, Gabinete Técnico Local – Câmara Municipal de Montemor-‐o-‐Novo, Maio 2000...63
Figura 37 Rua Direita, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...63
Figura 38 Esquema do percurso da rua Direita, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...64
Figura 39 Troço da Rua Direita, actual Rua Teófilo Braga (Alçado Norte), Montemor-‐o-‐Novo. Fonte: Plano de Pormenor de Salvaguarda e Reabilitação do Centro Histórico, Gabinete Técnico Local – Câmara Municipal de Montemor-‐o-‐Novo, Maio 2000...64
2000...65
Figura 42 Planta da actual Praça Cândido dos Reis. Imagem do autor...65
Figura 43 Praça Cândido dos Reis, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...65
Figura 44 Planta da Praça Miguel Bombarda. Imagem do autor...67
Figura 45 Zona baixa da Praça Miguel Bombarda. Imagem do autor...67
Figura 46 Zona alta da Praça Miguel Bombarda. Imagem do autor...67
Figura 47 Casario na Rua Condessa de Valenças, Montemor-‐o-‐Novo. Carlos Silva...68
Figura 48 Rua do Quebra-‐Costas, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...68
Figura 49 Evolução da malha urbana da cidade (Século XVI). Imagem do autor parcialmente baseada em Plano de Pormenor de Salvaguarda e Reabilitação do Centro Histórico, Gabinete Técnico Local – Câmara Municipal de Montemor-‐o-‐Novo, Maio 2000...69
Figura 50 Rua Nova, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...70
Figura 51 Rua Nova, actual Rua 5 de Outubro, Montemor-‐o-‐Novo. Fonte: Plano de Pormenor de Salvaguarda e Reabilitação do Centro Histórico, Gabinete Técnico Local – Câmara Municipal de Montemor-‐o-‐Novo, Maio 2000. ...71
Figura 52 Esquema da rua Nova, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...71
Figura 53 Desenho de Montemor, Pier Maria Baldi, 1669...73
Figura 54 Pormenor do desenho de Baldi, Igreja de São João de Deus...74
Figura 55 Planta esquemática da ocupação do Terreiro de São João de Deus no século XIV. Imagem do autor baseada em Branquinho, Isabel, “A propriedade do Mosteiro da Santa Trindade de Santarém em Montemor-‐o-‐ Novo (séculos XIV-‐XV)”...74
Figura 56 Planta actual do Largo da Liberdade e do Terreiro de São João de Deus, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...75
Figura 57 Terreiro de São João de Deus, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...75
Figura 58 Largo da Liberdade, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...75
Figura 59 Planta do Largo dos Paços do Concelho e do Largo Alexandre Herculano. Imagem do autor...76
Figura 60 Largo dos Paços do concelho, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...76
Figura 61 Fotografia aérea da zona do Rossio...77
Figura 62 Evolução da malha urbana da cidade (Século XVIII/XIX). Imagem do autor parcialmente baseada em Plano de Pormenor de Salvaguarda e Reabilitação do Centro Histórico, Gabinete Técnico Local – Câmara Municipal de Montemor-‐o-‐Novo, Maio 2000...78
Figura 65 Carreira de são Francisco, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...80
Figura 66 Esquema da zona da Estação de Caminho de Ferro, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...81
Figura 67 Avenida Gago Coutinho, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...81
Figura 68 Evolução da malha urbana da cidade (Século XX/XXI). Imagem do autor parcialmente baseada em Plano de Pormenor de Salvaguarda e Reabilitação do Centro Histórico, Gabinete Técnico Local – Câmara Municipal de Montemor-‐o-‐Novo, Maio 2000...82
Figura 69 Planta de Montemor-‐o-‐Novo, 1945...83
Figura 70 Planta de Montemor-‐o-‐Novo, 1959...83
Figura 71 Fotografia aérea de Montemor-‐o-‐Novo, 1947...84
Figura 72 Limite do aglomerado de Montemor-‐o-‐Novo na década de 40. Imagem do autor...85
Figura 73 Planta do Ante-‐Plano de Urbanização de Montemor-‐o-‐Novo de 1955. Fonte: Direcção-‐Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano...86
Figura 74 Ante-‐Plano de Urbanização de Montemor-‐o-‐Novo de 1955. Fonte: Direcção-‐Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano...86
Figura 75 Hospital de S. João de Deus, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...86
Figura 76 Bairro Novo de S. João de Deus, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...87
Figura 77 Bairro de Nossa Senhora da Visitação, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...87
Figura 78 Limite do aglomerado de Montemor-‐o-‐Novo na década de 50. Imagem do autor...87
Figura 79 Esquema da ocupação actual do Rossio. Imagem do autor...88
Figura 80 Planta de Apresentação do Ante-‐Plano de Urbanização de Montemor-‐o-‐Novo (1963). Fonte: http://195.23.12.204:80/Plan.aspx?p=1199...89
Figura 81 Planta do Bairro Dr. Alfredo Augusto Cunhal, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor ...90
Figura 82 Bairro Dr. Alfredo Augusto Cunhal, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...90
Figura 83 Limite do aglomerado de Montemor-‐o-‐Novo na década de 60. Imagem do autor...90
Figura 84 Planta do Bairro Abadinho, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...91
Figura 85 Bairro Abadinho, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...91
Figura 86 Planta do Bairro Vale Flores, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...92
Figura 87 Bairro Vale Flores, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...92
Figura 88 Limite do aglomerado de Montemor-‐o-‐Novo na década de 70. Imagem do autor...92
Figura 93 Habitação Colectiva na CHE, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...94
Figura 94 Habitação Unifamiliar na CHE Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...94
Figura 95 Limite do aglomerado de Montemor-‐o-‐Novo na década de 80. Imagem do autor...95
Figura 96 Loteamento do Campo da Feira e Parque Urbano, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...96
Figura 97 Planta da Courela da Pedreira, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...96
Figura 98 Courela da Pedreira, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...96
Figura 99 Courela da Pedreira, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...96
Figura 100 Limite do aglomerado de Montemor-‐o-‐Novo na década de 90. Imagem do autor...97
Figura 101 Planta do Loteamento de S. Domingos e do Loteamento da Horta da Nora, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...98
Figura 102 Loteamento de S. Domingos, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...98
Figura 103 Loteamento da Horta da Nora, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...98
Figura 104 Zona habitacional do Terrado, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...98
Figura 105 Zona comercial do Terrado, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...98
Figura 106 Limite do aglomerado de Montemor-‐o-‐Novo após o ano 2000. Imagem do autor...99
Figura 107 Fotografia aérea actual da cidade de Montemor-‐o-‐Novo. Fonte: http://portugalfotografiaaerea.blogspot.com/search/label/Montemor-‐o-‐Novo......99
Figura 108 Evolução urbanística da cidade de Montemor-‐o-‐Novo no século XX e no século XXI. Imagem do autor parcialmente baseada em fonte da Câmara Municipal de Montemor-‐o-‐Novo...100
Figura 109 Hierarquia Viária da cidade de Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...102
Figura 110 Estudo das Unidades Tipo-‐Morfológicas de Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...104
Figura 111 Vista de Montemor-‐o-‐Novo. Fonte: Fonseca, Jorge; D. João, Marquês de Montemor-‐o-‐Novo, uma vida entre épocas...105
Figura 112 Muros que definem quarteirões da UTM1, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...106
Figura 113 Esquema da divisão por lotes da Unidades Tipo-‐Morfológica I. Imagem do autor...106
Figura 114 Rua dos Almocreves, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...108
Figura 115 Rua das Ricas, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...108
Figura 116 Casa a Norte da rua das Ricas, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...108
Figura 117 Rua dos Almocreves (Alçado Poente), Montemor-‐o-‐Novo. Fonte: Plano de Pormenor de Salvaguarda e Reabilitação do Centro Histórico, Gabinete Técnico Local – Câmara Municipal de Montemor-‐o-‐Novo, Maio 2000...109
Figura 120 Casa na rua de Santo António, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...111
Figura 121 Rua de Santo António, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...111
Figura 122 Rua do Pedrão, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...111
Figura 123 Rua 5 de Outubro, Montemor-‐o-‐Novo. Fonte: Plano de Pormenor de Salvaguarda e Reabilitação do Centro Histórico, Gabinete Técnico Local – Câmara Municipal de Montemor-‐o-‐Novo, Maio 2000...112
Figura 124 Esquema da divisão por lotes e por UTM do Quarteirão III. Imagem do autor...112
Figura 125 Rua de Avis, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...114
Figura 126 Ruinha, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...114
Figura 127 Esquema da divisão por lotes da Unidades Tipo-‐Morfológica IV. Imagem do autor...115
Figura 128 Moradia na Courela da Pedreira, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...117
Figura 129 Avenida José Saramago, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...118
Figura 130 Esquema da divisão por lotes da Unidades Tipo-‐Morfológica V. Imagem do autor...118
Figura 131 Habitação colectiva, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...119
Figura 132 Habitação colectiva e zona de comércio, Montemor-‐o-‐Novo. Imagem do autor...119
Figura 133 Esquema da divisão por lotes da Unidades Tipo-‐Morfológica VI. Imagem do autor...119
Figura 134 Quarteirão da Rua Nova. Imagem do autor...125
Figura 135 Esquema da evolução da malha urbana de Montemor-‐o-‐Novo por períodos históricos...126
ISUF Seminário Internacional sobre a Forma Urbana
UMRG Grupo de Pesquisa de Morfologia Urbana
CISPUT Centro Internacional pelo Estudo do Processo Urbano e Territorialização
0.
INTRODUÇÃO
0.1 Apresentação do Tema
A presente dissertação, realizada no âmbito do Mestrado Integrado em Arquitectura, tem como objectivo o desenvolvimento de uma abordagem morfológica para o estudo de aglomerados urbanos.
O estudo da morfologia urbana começou a ser desenvolvido no final do século XIX, mas tornou-‐se conhecido mais tarde através do trabalho desenvolvido pelo criador da Escola Anglo-‐Germânica Conzen. O geógrafo interessou-‐se por este tema em meados do século XX e começou por descrever o papel fundamental do desenvolvimento das paisagens urbanas na disciplina de geografia.
A forma da cidade é a expressão do processo histórico que influenciou a sua configuração. Esta resulta da interacção de vários factores – políticos, económicos, religiosos, culturais, sociais – que ao actuarem em conjunto determinam a configuração da cidade, o seu desenvolvimento e a sua consolidação. Quando esses factores são descodificados permitem-‐nos compreender como se pensou a cidade numa determinada época. Ao longo do tempo a cidade é resultado de variadíssimas transformações, que ocorrem de forma permanente e simultânea. Na opinião de Conzen, o passado fornece objectos de aprendizagem para o futuro, e este torna-‐se um dos pontos fundamentais do seu estudo.
É neste contexto que a análise de processos de evolução urbana deve ser entendida como um contributo importante para a valorização de conhecimento sobre estas matérias.
Uma das abordagens mais significativas que Conzen realizou tem a ver com a divisão tripartida da forma urbana, estando em primeiro lugar o plano da cidade, que inclui as ruas, os lotes e os edifícios, em segundo a estrutura do edificado, ou seja o tecido urbano, e por último a utilização do solo. Desenvolveu ainda alguns conceitos como os fringe belts, que são zonas compostas por lotes com uma grande variedade de formas e tamanhos e surgem marcadamente por diferentes processos de tomada de decisão, criando limites nas zonas, a nível histórico e morfológico. Para Conzen o ponto mais importante da exploração do desenvolvimento físico de uma zona
urbana passa pela divisão dessa área em regiões morfológicas – Unidades Tipo-‐Morfológicas.
Estes conceitos são de grande importância para desenvolvimento do Caso de Estudo desta dissertação – a cidade de Montemor-‐o-‐Novo. Como qualquer outra cidade que produz marcas no tempo, Montemor-‐o-‐Novo necessita que essas marcas sejam lidas e identificadas.
A cidade apresenta alguma unidade morfológica na sua malha urbana na área habitacional do centro histórico e na área de construção consolidada, em contraste com as zonas de expansão já construídas a norte. O centro histórico é caracterizado pela sucessão de pequenos e grandes largos e terreiros, ligados por arruamentos estreitos e sinuosos.
Pretende-‐se assim estudar as várias fases de crescimento do aglomerado urbano cruzando os diferentes períodos históricos com a morfologia da cidade. Pretende-‐se compreender a forma como as paisagens urbanas se desenvolveram historicamente, com base em levantamentos de campo e pesquisa de arquivos.
0.2 Objectivos a atingir
• Compreensão da abordagem morfológica derivada da Escola de Conzen, as suas metodologias, conceitos e impactos ao nível da investigação urbana;
• Compreensão da evolução urbana de Montemor-‐o-‐Novo com base na sua história e na malha urbana.
0.3 Métodos utilizados
Este estudo estrutura-‐se em duas partes principais. Numa primeira parte pretende-‐se fazer um enquadramento da chamada Tradição Conzeniana, recolhendo e analisando dados sobre as metodologias de Conzen, os seus trabalhos e a sua influência na investigação urbana. Procura-‐se compreender os conceitos que Conzen desenvolveu e perceber de que forma podem ser aplicados na análise de aglomerados urbanos.
Na segunda parte da Dissertação pretende-‐se realizar uma análise de evolução urbana da cidade de Montemor-‐o-‐Novo, comparando a história do aglomerado urbano com as respectivas formas de crescimento, com base nos princípios desenvolvidos por M. R. G. Conzen.
Tal como Conzen fez na análise da cidade de Alnwick, pretende-‐se organizar o estudo de Montemor-‐o-‐Novo de forma cronológica permitindo uma melhor compreensão do desenvolvimento urbano da cidade. Esta análise cronológica será obtida através de uma divisão pelos principais períodos de desenvolvimento urbano.
Nos seus estudos, enfatizou ainda a importância da representação visual, influenciando deste modo as representações cartográficas feitas nessa época. Pretende-‐se assim, neste caso de estudo, identificar as unidades tipo-‐ morfológicas, analisar a sua dinâmica de crescimento e propor linhas orientadoras para esse desenvolvimento.
Pretende-‐se, na presente Dissertação, seguir uma metodologia na análise do Caso de Estudo fundamentada no procedimento efectivado por Conzen para uma completa compreensão do desenvolvimento das actuais paisagens urbanas, começando pela análise de mapas antigos e pelo estudo de documentos históricos, seguido do trabalho em tecidos urbanos existentes. Na interpretação da cidade conta-‐se com o fundamental trabalho de campo e com a análise de um conjunto de diferentes métodos de recolha de informação, como os levantamentos cadastrais e a fotografia aérea. Sendo esta última bastante importante pois permite uma captação directa da realidade, mais especificamente nos usos do solo e na relação de cheios e vazios. A cartografia histórica disponível permite avaliar manchas, o que nos possibilita identificar a rede viária, a dimensão do edificado e a sua localização.
As metodologias seguidas nas diferentes fases da dissertação foram definidas a partir da leitura dos diversos autores, referidos quando necessário, adoptando-‐se os respectivos critérios.
0.4 Estado da Arte
A bibliografia consultada dividiu-‐se em duas áreas principais: o estudo da forma urbana realizado até hoje pela Escola Inglesa e o estudo da cidade de Montemor-‐o-‐Novo. Dentro destas duas partes existiram obras que influenciaram directamente o desenvolvimento deste estudo.
Vários autores da Escola Inglesa, como Conzen, Whitehand e Larkham, têm vindo a desenvolver um quadro teórico susceptível de relacionar a morfologia urbana com o desenvolvimento da paisagem. Também os morfologistas italianos, Muratori, Caniggia e Aymonino, contribuíram para esta matéria ao estabelecerem a ponte entre as tipomorfologias arquitectónicas e a forma urbana.
Anne Moudon escreveu no seu artigo “Getting to know the built landscape: Typomorphology” em 1994 que existe uma relação de complementaridade entre as escolas inglesa e italiana. Enquanto que a escola inglesa procura compreender os fenómenos urbanos que ocorreram na história da cidade e que originaram a cidade actual para tentar identificar padrões de desenvolvimento urbano, a escola italiana procura compreender historicamente as tipologias que compõem a cidade para formular uma teoria de desenho urbano e arquitectónico.
A revista inglesa Urban Morphology contribuiu de uma forma muito importante para a realização deste estudo pois tornou-‐se uma ferramenta de difusão, debate e comparação de ideias entre os autores referidos anteriormente, através de inúmeros artigos escritos por estes. Dos textos contidos nesta revista, a seguinte bibliografia foi a que mais se destacou nesta pesquisa:
“British urban morphology: the Conzenian tradition”, Jeremy Whitehand (2001). Neste artigo o autor descreve as origens, o desenvolvimento e as características da escola inglesa de morfologia urbana. É dada especial importância ao trabalho desenvolvido por M.R.G. Conzen e aos conceitos estudados pelo geógrafo, como burgage cycle, fringe belt, região morfológica, período morfológico, entre outros.
“The study of urban form in Great Britain”, Larkham (2006). Para a realização deste artigo foi feita uma análise detalhada da história da forma urbana na Grã-‐Bretanha, abordando as suas origens e o seu desenvolvimento. Foi também abordada a introdução das ideias de Conzen neste processo. Este estudo foca-‐se principalmente na disciplina de geografia, mas existe uma vasta gama de disciplinas que podem também ser consideradas.
“Saverio Muratori and the Italian school of planning typology”, Giancarlo Cataldi, Gian Luigi Maffei e Paolo Vaccaro (2002). Este artigo aborda o desenvolvimento da escola italiana de morfologia urbana e tipologia arquitectónica. Muratori foi o grande impulsionador desta escola e neste texto é descrito o seu interesse na história como sentido de continuidade na arquitectura. Caniggia, foi seu sucessor e no seu trabalho teve tendência a simplificar e reduzir o sistema teórico de Muratori, destacando os seus aspectos mais operativos.
“The morphological dimension of municipal plans”, Vítor Oliveira (2006). Desde 1980 tem havido um crescente interesse sobre a forma física das cidades a nível do planeamento urbano. O autor estuda assim as teorias desenvolvidas pelas escolas inglesa, italiana e francesa e apresenta neste artigo planos desenvolvidos nestes países. Por fim, descreve um plano português coordenado por Fernandes de Sá no Porto e sugere algumas semelhanças e diferenças entre a abordagem portuguesa e a abordagem das restantes escolas por Kropf, Samuels e Hall. Este artigo explora assim a relação entre morfologia urbana e planeamento.
“The study of urban form in Portugal”, Vítor Oliveira, Magda Barbosa e Paulo Pinho (2011). Neste artigo são estudadas as origens e o desenvolvimento do estudo da forma urbana em Portugal. De um forma cronológica são apresentados nomes de autores e obras que em muito contribuíram para a história da morfologia urbana no nosso país. Os primeiros estudos realizados nesta área datam de meados do século XX através de nomes como Silveira em 1951, e Mota e Cortesão em 1960.
Neste artigo são também apresentadas diferentes abordagens no estudo da morfologia urbana – análise sintáctica, processo tipológico, processo histórico-‐ geográfico, entre outros.
Além dos artigos publicados na revista Urban Morphology, podemos também seleccionar alguns livros de referência para esta pesquisa:
Alnwick, Northumberland: a study in town-‐plan analysis, M.R.G. Conzen
(1960). Nesta obra o autor estudou o desenvolvimento histórico-‐geográfico da
cidade de Alnwick, abordando temas e conceitos, como por exemplo período morfológico, fringe belts, burgage cycle, unidades tipo-‐morfológicas, de muita importância para a análise do caso de estudo desta dissertação.
Nesta investigação de Alnwick Conzen tentou explicar a actual estrutura de um plano da cidade, analisando o seu desenvolvimento. Desta forma foi possível a obtenção de uma concepção mais clara de como o plano se tornou o resultado de um processo contínuo influenciado pelos diferentes períodos morfológicos.
A análise do plano desenvolvida nesta obra introduz um vasto campo de pesquisa com duas direcções. Em primeiro lugar, a análise precisa ser interligada com uma investigação completa dos padrões associados de uso do solo e tipos de construção a fim de produzir uma interpretação completa da paisagem urbana. Em segundo lugar, deve abranger os diferentes tipos funcionais das cidades, bem como cidades de culturas diferentes.
Conservation and the City, Larkham (1996). O autor debruça-‐se sobre o
estudo da forma urbana, intitulada por “morfologia urbana”, a qual tem uma forte relação quer com a geografia histórica, quer com a geografia urbana, o que reflecte a longevidade da paisagem urbana. Larkham estuda as origens alemãs desta disciplina e remonta ao trabalho de Schlüter, o qual postulou a morfologia da paisagem cultural como uma contrapartida da geografia humana a par com a morfologia geográfica.
O estudo da forma urbana sofreu vários desenvolvimentos, mantendo-‐se o elemento histórico como um aspecto de particular importância, e ao qual é adicionado um novo elemento na problemática da forma urbana, a “contextualização” da arquitectura com o planeamento, ou gestão das paisagens urbanas.
Thinking about urban form, M.R.G. Conzen, Michael P. Conzen (ed) (2004). Este livro explora várias formas de identificar e compreender o carácter das paisagens históricas de uma perspectiva sistemática e comparativa.
Desenvolve uma base filosófica e metodológica para o campo da morfologia urbana, enfatizando as relações recíprocas entre o plano da cidade, o tecido urbano e uso do solo. Estes elementos são vistos como acumulações espacialmente variáveis por mudanças nos modelos de decisão feitos de um período histórico para outro.
A história é a característica geral das paisagens urbanas. Neste livro Conzen demonstra como o desenvolvimento histórico leva um acumular de formas históricas. Isso produz, não uma imagem simples e uniforme, mas uma composição complexa e, geralmente, com elementos contrastantes, já que cada período tem o seu estilo próprio.
The built form of western cities, Slater (ed) (1990). Este livro é o reflexo tanto do interesse académico no estudo da forma urbana, como dos processos que levam a essa forma. Os artigos que constituem esta obra foram escritos por autores como Slater, Barke, Vilagrasa, Larkham e Whitehand. São aqui descritos estudos morfológicos baseados na análise de planos de cidades medievais. São também abordados fenómenos decorrentes do crescimento urbano como fringe belts. Para a compreensão destes processos é indispensável o conhecimento da história da cidade, pois esta transmite-‐nos a continuidade do sítio e a variedade dos processos formativos.
Na segunda parte desta dissertação, em que foi feita uma análise da história da cidade de Montemor-‐o-‐Novo e dos diferentes períodos morfológicos, foi imprescindível a leitura de diversos números da Revista Almansor publicada pela Câmara Municipal de Montemor-‐o-‐Novo. Nesta revista foi possível ler artigos de vários autores, como por exemplo os que são apresentados de seguida:
“A vila intramuros de Montemor-‐o-‐Novo. Contributo para o seu estudo”, Jorge Fonseca (1993). Este artigo foi bastante importante para a análise da
área do castelo de Montemor-‐o-‐Novo. O autor escreveu sobre como seriam as construções existentes na época medieval, o traçado das vias, a zona de judiaria e as diferentes freguesias que existiam dentro da vila intramuros.
“Toponímia e urbanismo de Montemor-‐o-‐Novo – séculos XV – XIX”, Jorge Fonseca (2000). O interesse na toponímia das ruas do arrabalde desta cidade
leva a um conhecimento mais profundo da história do local. Este estudo revela as características do território, a economia da altura, e alguns valores culturais e simbólicos, pois era através dos nomes dados às ruas pelos habitantes da vila que estas eram distinguidas. O autor na primeira parte do artigo faz um enquadramento da cidade e na segunda parte apresenta uma lista dos nomes das ruas por ordem alfabética, onde para cada nome faz uma breve explicação da origem desse mesmo topónimo.
“Novos dados sobre a vila antiga de Montemor-‐o-‐Novo. Resultados dos trabalhos de 1992-‐1993”, Ana Gonçalves (1993). Este artigo forneceu
informações importantes acerca da vila dentro das muralhas. Foram expostos os resultados obtidos nas escavações efectuadas na área do Castelo e assim permitiu uma imagem mais clara acerca daquilo que foi aquela área nas suas diversas fases de ocupação.
Além dos artigos referidos anteriormente, também foi feita uma pesquisa com base em livros, destaco assim aquele que achei de maior importância para este estudo:
Montemor-‐o-‐Novo no século XV, Jorge Fonseca (1998). Este artigo retrata a
vida social da cidade nesse período e qual o seu desenvolvimento urbano. No arrabalde consolidara-‐se uma grande povoação, que assentava a sua prosperidade na actividade agrícola, no comércio e em numerosos ofícios artesanais. Pela encosta voltada a norte estendiam-‐se, por ruas e pequenos largos, casas modestas de trabalhadores artesãos, residências de mercadores e funcionários, solares da nobreza proprietária e alguns conventos.