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Gestão financeira de empresas públicas de economia mista municipal: uma aplicação do Modelo Dinâmico

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Gestão financeira de empresas

públicas de economia mista

municipal: uma aplicação do

Modelo Dinâmico

Marcelle Cristina Corrêa

Mestre em Administração pela Faculdade No-vos Horizontes, especialista em Gestão Estra-tégica de Negócios pela PUC-MINAS e bacha-rela em Ciências Contábeis pela PUC-MINAS. Professora da Faculdade Novos Horizontes e professora da Universidade FUMEC.

Alfredo Alves de Oliveira Melo

Graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Cândido Mendes, especialização em Finanças e Contabilidade pela Universi-dade Federal de Minas Gerais, mestrado em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais e doutorado em Ciências das Organizações pela Universite de Paris IX (Paris-Dauphine). É diretor geral da Faculdade Novos Horizontes.

O

turbulento período vivenciado pela sociedade nos anos

de 2004 a 2006, devido às denúncias de suspeitas de

fraudes e corrupções nas finanças públicas, sobretudo

em empresas estatais como os Correios, despertou o interesse da

população em saber como se apresentam as atividades financeiras

das demais entidades públicas. Frente ao fato mencionado, este

trabalho procurou contribuir na evidenciação das finanças das

empresas públicas de economia mista pertencentes à Prefeitura

Municipal de Belo Horizonte – PBH, por meio da utilização do

Modelo Fleuriet em seus demonstrativos financeiros. O modelo

utiliza as variáveis: Necessidade de Capital de Giro (NCG), Capital

de Giro (CDG) e Saldo de Tesouraria (T), e reclassifica as contas

do Balanço, tornando-as funcionais. Além disso, foi realizada a

integração da NCG à Demonstração das Origens e Aplicações

de Recursos (DOAR), com a finalidade de visualizar o conjunto

das decisões empresariais, relativas às práticas de investimentos e

financiamentos dos recursos. Na análise dos dados, constatou-se

que as empresas da PBH sobrevivem graças aos aportes de capital

e/ou subvenções econômicas, e três delas apresentam situação

delicada no que se refere à continuidade da organização. Por fim,

pretendeu-se auxiliar o administrador financeiro na avaliação das

suas decisões.

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1. Introdução

O que pode ser percebido em empresas de economia mista mu-nicipal é a gestão financeira de en-tidades que sobrevivem à custa de subvenções financeiras por parte da prefeitura. Prejuízos por mais de um exercício e baixas margens de lucro vêm caracterizando este tipo de organização.

Um estudo em finanças de empresas com as citadas carac-terísticas torna-se imprescindível na tentativa de revelar os fatores que conduzem a essa situação. É essencial que os principais acionis-tas (geralmente as prefeituras) e os gestores saibam o que vem levando essas entidades a resultados finan-ceiros insatisfatórios. Além disso, é necessário que a sociedade conhe-ça o que vem acontecendo na ges-tão empresarial municipal, já que as atividades compreendidas por elas representam a coletividade.

Então, conforme a argumenta-ção descrita sobre a necessidade de evidenciação das informações financeiras de empresas públicas, este trabalho buscou responder à seguinte questão:

Qual a contribuição do modelo dinâmico na Gestão Financeira às empresas de economia mista mu-nicipal?

O Modelo Dinâmico será utili-zado neste trabalho em função do enfoque dinâmico permitir a aná-lise das empresas sob a perspec-tiva de sua continuidade, além de possibilitar o acompanhamento da evolução do saldo de tesoura-ria, a fim de evitar que permaneça constantemente negativo e cres-cente. Esse modelo reflete tam-bém, e mais adequadamente, a situação financeira das entidades, além de permitir a identificação dos aspectos de gestão estratégi-ca, financeira e operacional. Esses são requisitos necessários para análise de empresas públicas,

pois, como mencionado, a saúde financeira das mesmas é de inte-resse de toda a sociedade.

Então, o objetivo que norteia este trabalho é demonstrar qual a contribuição do modelo dinâmico na Gestão Financeira às empre-sas de economia mista municipal pertencentes à Prefeitura de Belo Horizonte - PBH, quais sejam: Em-presa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte – BHTRANS, Em-presa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte – Prodabel, Companhia Urbaniza-dora de Belo Horizonte – Urbel e Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte - Belotur.

2. Referencial teórico

2.1. gestão financeira de

empresas Municipais

Inúmeros municípios possuem recursos aplicados em empresas. A influência da administração pú-blica municipal no âmbito das en-tidades é explicada por vários mo-tivos. Destes, cabe destacar dois: descentralização e investimento.

Conforme Campello e Matias (2000), para que o Poder Munici-pal desempenhe suas atribuições, é indispensável que organize suas atividades de forma descentraliza-da. Esta descentralização pode ser concretizada mediante a implanta-ção de uma nova empresa ou por aquisição de parte ou do total do capital de uma empresa existente. A constituição de uma unidade ad-ministrativa municipal autônoma e independente da administração di-reta é necessária devido a inúmeros motivos: administração de recursos ligados a uma atividade ou fim es-pecífico, necessidade de aporte de capitais do setor privado, ou, ainda, devido à obrigatoriedade legal.

Segundo os autores, a consti-tuição ou aquisição de uma em-presa pela gestão municipal é um

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meio de reversão da poupança go-vernamental em investimento, de maneira que conserve o poder de compra dos recursos e permita ao Município realizar a inversão em recursos financeiros, se houver necessidade, por meio do proces-so de privatização.

Na legislação brasileira, exis-tem duas diferenças entre socie-dade de economia mista e empre-sa pública: a forma de organização e a composição do capital.

O Art. 235 a 242 da Lei Federal n.º 6.404/76 (Brasil, 2007) deter-mina que a sociedade de economia mista seja estruturada sob a forma de sociedade anônima e a empre-sa pública poderá ser constituída sob qualquer uma das formas ad-mitidas em direito. Pode-se dizer, então, que a sociedade de econo-mia mista sempre será sociedade comercial e a empresa pública po-derá ser civil ou comercial.

Quanto aos aspectos financei-ros, Campello e Matias (2000) sa-lientam que as empresas públicas não procedem como as empresas privadas. Os objetivos das empre-sas privadas são claramente defini-dos e procuram maximizar a rique-za do acionista, ao contrário das públicas, cujos objetivos são sociais. Além disto, os recursos para opera-cionalização da empresa poderão ser repassados ao tesouro para sa-nar dificuldades financeiras.

Ainda conforme os citados au-tores, a manutenção de empresas públicas torna o seu custo alto, comprometendo a situação finan-ceira da empresa e sua capacida-de capacida-de competição num mercado aberto. Entretanto, a decisão pela manutenção é político–ideológica, e deve ser seguida da comprova-ção dos valores a serem

subsidiados para conservação da competitividade da empresa.

A administração financeira de empresas públicas municipais tam-bém está sujeita às demonstra-ções contábeis estabelecidas pela Lei Federal n.º 6.404/76 (Brasil, 2007), utilizadas pelas entidades privadas. A seguir, encontram-se as demonstrações utilizadas

por tais empresas.

2.2. O Modelo Fleuriet

Como foi desenvolvido na década de 70, especial-mente para o contexto bra-sileiro de crescimento rápido, conjugado com inflação crescente, O Modelo pressupõe um enfoque dinâmico da contabilidade, no qual destaca os aspectos financeiros de liquidez, privilegiando, assim, as análises dos equilíbrios dos fluxos monetários. Além disso, dois con-ceitos básicos estruturam o mode-lo, sendo o primeiro a Necessidade de Capital de Giro e o segundo o Efeito Tesoura (Fleuriet, Kehdy e Blanc, 2003).

O modelo ainda faz a reclas-sificação do Balanço Patrimonial em contas erráticas, cíclicas e não

Na legislação brasileira,

existem duas diferenças

entre sociedade de economia

mista e empresa pública:

a forma de organização e

a composição do capital.

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cíclicas com o objetivo de tornar a contabilidade funcional e propor-cionar um enfoque sistêmico.

Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003) acrescentam que certas contas demonstram uma movimentação vagarosa quando analisadas se-paradamente, ou em relação ao conjunto de outras contas que, em uma análise de curto prazo, podem ser avaliadas como “permanentes ou não cíclicas” (realizável a lon-go prazo; investimentos; reserva de lucros, etc.). Outras contas que apresentam um movimento “contí-nuo e cíclico” (estoques; clientes; fornecedores, etc.) estão relaciona-das com o ciclo operacional da em-presa. E, por fim, classificam-se as contas que não estão relacionadas com a operação; elas apresentam movimento “descontínuo e erráti-co” (disponível; títulos negociáveis; duplicatas descontadas, etc.).

Conforme essa reclassificação, torna-se fácil a compreensão das variáveis utilizadas pelo modelo funcional e dinâmico do balanço patrimonial, constituídas pela: Necessidade do Capital de Giro (NCG), Capital de Giro (CDG) e Sal-do de Tesouraria (T), as quais são o embasamento para a gestão fi-nanceira das empresas.

Sobre a reclassificação da De-monstração do Resultado do Exercí-cio, Brasil e Brasil (2005) relatam:

A classificação funcional des-sa demonstração, que retrata os lucros auferidos ou o prejuízo incorrido pela empresa, leva em conta os mesmos critérios

ante-riores, respeitando, no entanto, o formato em “cascata” desse tipo de balanço. Dessa forma, defini-remos os vários níveis de lucros gerados pela empresa, começan-do por aquele ligacomeçan-do estritamen-te às suas operações até chegar ao seu autofinanciamento. (BRASIL; BRASIL, 2005. p. 10).

Conforme Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003, p. 23): “Assim que a liquidação das operações de repartição é assegurada, o saldo mantido pela empresa constitui seu Autofinanciamento. O Autofi-nanciamento exprime o montante dos recursos gerados pela empre-sa e que são conservados para seu financiamento interno”.

2.3. Os tipos de balanços

Segundo Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003), o ciclo econômico e a rentabilidade das empresas con-ferem a seus balanços um aspecto particular que permite classificá-los em um dos quatro tipos.

No Tipo 1 (CDG>0 no passivo, NCG<0 no passivo e T>0 no ativo), a maioria das empresas se dedica à distribui-ção de mercadorias que são vendidas à vista e compras a prazo; é o caso de s u p e r m e rc a d o s , em que a posição financeira é ótima quando as vendas aumentam,

poden-do tornar-se inquietante quanpoden-do diminuem.

O Tipo 2 ( CDG>0 no passivo, NCG<0 no ativo e T>0 no ativo) re-vela uma estrutura financeira sóli-da, admitindo-se que a NCG esteja em seu nível normal, já que possui um Saldo de Tesouraria positivo que lhe permite enfrentar os au-mentos temporários da NCG.

No Tipo 3 (CDG>0 no passivo, NCG>0 no ativo e T<0 no passivo), a NCG é maior do que o CDG e, por isso, o Saldo de Tesouraria é ne-gativo. A empresa financia parte de sua NCG com créditos a curto prazo. Quando a NCG apresenta-se temporariamente elevada, a situação não é grave. Entretan-to, a liquidez da empresa estará ameaçada se a NCG em seu nível normal, se seus créditos a curto prazo não forem renovados.

O Tipo 4 (CDG<0 no ativo, NCG>0 no ativo e T<0 no passivo) demonstra uma estrutura finan-ceira de empresas que lutam por sobrevivência. As empresas que

QUADRO 1 – Tipos de estrutura e

situação financeira prevista

Tipo CDG NCG T Situação I + - + Excelente II + + + Sólida III + + - Insatisfatória IV - + - Péssima V - - - Muito Ruim VI - - + Alto Risco Fonte: Adaptado de Marques e Braga (1995).

Notas: Indicativo de valor positivo (+) ou negativo (-) Montantes nulos são considerados apenas teóricos.

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apresentam balanços semelhantes tendem a encerrar as atividades ou sobrevivem graças à ajuda do Esta-do. Nesta classificação, a empresa apresenta risco de insolvência ele-vado, pois financia suas aplicações permanentes de fundos (NCG e parte do ativo permanente) com fundos de curto prazo que po-dem não ser renovados.

Contudo é mais fácil enten-der esse ponto, analisando-se o impacto de um aumento ou diminuição das vendas sobre as empresas do Tipo 1 e Tipo 3, man-tendo constantes as demais variá-veis que afetam a Necessidade de Capital de Giro.

A partir da comparação entre as variáveis CDG, NCG e T e sob o ponto de vista de que as mes-mas determinam a composição financeira da empresa em deter-minado tempo, bem como da ten-dência assumida para um período mais extenso, Marques e Braga (1995) identificaram as seguintes situações possíveis conforme o quadro 1 a seguir:

Na situação financeira ex-celente apresentada pelo tipo I, enquadram-se empresas que

pra-ticam alto nível de liquidez, pois demonstra recursos permanentes aplicados no ativo circulante e, por conseqüência, uma tranqüi-la folga financeira para honrar as exigibilidades de curto prazo. Abordam ainda passivos de fun-cionamento maiores que os ati-vos circulantes operacionais e ativos circulantes financeiros que superam os passivos circulantes financeiros. Tipo de estrutura que pode ser mais bem observada ao setor comercial.

O tipo II exemplifica uma em-presa de situação sólida, pois os recursos de longo prazo investidos

no CDG garantirão a continuidade de um T desejável, desde que o ní-vel de atividade operacional seja conservado. Porém, se esse nível sofrer modificações, podem surgir desequilíbrios.

No tipo III, evidencia-se uma situação financeira insatisfatória, já que o CDG é menor que a NCG. Geralmente empresas enquadra-das nessa estrutura dependem de empréstimos bancários de curto prazo para financiar suas opera-ções. O crescimento da vulnerabi-lidade financeira acontece quando aumenta a diferença entre o CDG e a NCG e, em decorrência disso, o saldo de tesouraria aumenta. A estrutura fi-nanceira apontada no tipo IV demons-tra uma péssima situação financeira da empresa, pois o CDG negativo destaca que as fontes de curto prazo financiam os investimentos de longo prazo. Nesse caso, como existe necessi-dade de capital de giro e o CDG é inexistente para seu financiamento, o passivo oneroso começa a cobrir essa insuficiência.

Empresas classificadas no tipo V retratam uma situação financei-ra muito ruim, pois, além de CDG negativo, a NCG também é negati-va, sendo seu valor superior ao do primeiro. Nesse caso a estrutura do tipo V é menos grave do que a estrutura o tipo IV, devido ao fato de os passivos de funcionamento excederem as necessidades de re-cursos para financiar os ativos cir-culantes operacionais, atenuando os efeitos negativos sobre o saldo de tesouraria.

No tipo VI, é demonstrada uma situação financeira de alto risco, pois CDG e NCG permanecem ne-gativos; entretanto, o valor da NCG é inferior ao do CDG. Esse caso per-mite que o T seja positivo e pode

O tipo de pesquisa utilizada

neste trabalho é descritivo,

já que tem como objetivo

descrever, identificar e analisar

as estratégias financeiras

utilizadas por estas empresas, à

luz das variáveis características

do Modelo Fleuriet.

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sinalizar para o fato de a empresa não estar desempenhando suas operações de maneira apropriada. Esse tipo de estrutura indica que a empresa estaria desviando sobras de recursos de curto prazo para ativos não circulantes e mantendo saldo positivo de tesouraria. Uma situação como esta não poderia ser mantida por muito tempo, pois uma queda nas vendas esgotaria rapidamente a parcela excedente do Passivo Circulante Operacional, invertendo o sinal da NCG e de T.

Um fator que deve ser observa-do na proposta de Marques e Braga (1995), é que, ao analisar os perfis apresentados por meio dos sinais de evidenciação das estruturas pre-vistas, percebe-se pouca amplitude do significado da informação real destas variáveis, pois, ao apegar-se em resultados de variáveis positi-vas ou negatipositi-vas, deixa-se de anali-sar o conjunto das informações.

Além disso, torna-se difícil diag-nosticar com precisão se a situação mais desfavorável para a empresa é a muito ruim ou a péssima, pois a muito ruim, ao contrário da péssi-ma, apresenta saldo de NCG nega-tiva. A princípio, o conceito de NCG negativa, conforme Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003), conduz a uma si-tuação confortável, pois pressupõe que fontes de terceiros financiam a atividade operacional da entidade. Mas se ela for analisada em con-junto das outras variáveis, pode representar uma situação contrá-ria das premissas desse indicador.

Por isso a proposta de Marques e Braga deverá ser utilizada com devida cautela, já que, ao anali-sar a empresa através de sinais estáticos, positivos e negativos, perde-se o dinamismo do modelo proposto por Fleuriet.

3. Metodologia de pesquisa

Para realização do trabalho, a abordagem utilizada foi a

trian-gulação, ou seja, quantitativa e qualitativa.

Quantitativa, pois previu o cál-culo de variáveis preestabelecidas no modelo dinâmico, como:

1 - Capital de Giro; 2 - Necessidade de Capital de Giro; 3 - Saldo de Tesouraria; 4 - Autofinanciamento.

Além da mensuração dessas variáveis, foi verificado o inter-relacionamento entre elas no in-tuito de identificar as estratégias de financiamento utilizadas pelas empresas públicas municipais de economia mista S/A pertencentes à Prefeitura Municipal de Belo Ho-rizonte - MG (PBH).

Já a abordagem qualitativa foi utilizada por avaliar os resultados individuais apresentados por cada empresa deste estudo, pois, cada entidade apresentou natureza das suas atividades e os resultados das variáveis de forma peculiar. Esse fato fez com que cada organização fosse analisada sob a dinâmica in-terna dos seus processos e sob as atividades desenvolvidas por elas.

Diante desses fatores, foi uti-lizada nesta pesquisa a trian-gulação; a análise qualita-tiva dos processos e das atividades desenvolvidas pelas empresas deste estudo complementa a abordagem quanti-tativa, que, por sua

vez, é caracterizada neste trabalho por meio do cálculo das variáveis do modelo dinâmico.

O tipo de pesquisa utilizada neste trabalho é descritivo, já que tem como objetivo descrever, identificar e analisar as estraté-gias financeiras utilizadas por es-tas empresas, à luz das variáveis características do Modelo Fleu-riet. Ou seja, buscou-se identificar comportamentos e tendências, sem necessariamente analisar causas e efeitos, ou a tentativa de interpretação. Nesse tipo de pes-quisa, “os fatos são observados, registrados, analisados, classifi-cados e interpretados sem que o pesquisador interfira neles” (AN-DRADE, 2003, p.124).

Quanto aos meios, a pesquisa é classificada como bibliográfica, do-cumental e estudo de casos múlti-plos, para isso o trabalho pode ser analisado em duas etapas.

A primeira etapa, essencial-mente teórica, com revisão biblio-gráfica sobre o tema central e suas derivações é considerada pesquisa bibliográfica. De acordo com a

de-finição de Marconi e Laka-tos (2003), a pesquisa

bibliográfica abrange bibliografias já

torna-das públicas em re-lação ao tema de es-tudo, como jornais, livros e pesquisas.

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Já a segunda etapa do estudo foi constituída por análise docu-mental. Ou seja, foram utilizados os demonstrativos financeiros das empresas públicas munici-pais de economia mista S/A per-tencentes à PBH, que são: Em-presa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte S.A (Bhtrans), Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte S.A (Belotur) e Empresa de Informática e In-formação do Município de Belo Horizonte S.A (Prodabel) e Com-panhia Urbanizadora de Belo Ho-rizonte (Urbel) através da descri-ção, análise e interpretação dos citados documentos, nos exercí-cios de 2003, 2004 e 2005, além da leitura de contratos, normas e legislação específica.

Então, a técnica utilizada foi pesquisa documental, além do método estudo de caso. Confor-me Gil (2002), a pesquisa docu-mental utiliza-se de inúmeros do-cumentos como cartas pessoais, diários, fotografias, gravações, memorandos, regulamentos, ofí-cios, boletins, relatórios de pes-quisa, relatórios de empresa, ta-belas estatísticas, dentre outros. Já o estudo de caso, conforme explica Gil (2002), tem o propó-sito de descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação, além de explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em si-tuações muito complexas que não possibilitam a utilização de levan-tamento e experimentos.

Então, os elementos da re-alidade analisada são as em-presas públicas de economia mista municipal e a amostra é de natureza não-probabilística, do tipo intencional, composta pelas empresas: Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte S.A (BHTrans), Em-presa Municipal de Turismo de Belo Horizonte S.A (Belo-tur), Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte S.A (Prodabel) e Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel) no perí-odo de 2003 a 2005.

Os dados para composição da base teórica foram obtidos através de livros, artigos, teses de doutorado, revistas, jornais e outros suplementos biblio-gráficos. E para composição do estudo de casos múltiplos utilizaram-se as demonstra-ções financeiras e relatórios da administração, publicadas por estas empresas em jornais de grande circulação, no perío-do de 2003 a 2005.

O tratamento dos dados foi contemplado da seguinte for-ma: os dados que compõem a base teórica (livros, artigos, revistas, jornais e outros) justificam e com-param o objetivo do trabalho, pois estes dados formaram a segurança para a conclusão do mesmo. Os da-dos que compõem a parte empírica do estudo (demonstrações finan-ceiras, relatórios, tabelas estatísti-cas e outros) constituíram a base para a análise e comparação dos resultados encontrados, bem como o objetivo principal da conclusão.

O tratamento dos dados pode ser descrito nas etapas a seguir:

1 - Caracterização das empresas analisadas;

2 - Reclassificação das demons-trações financeiras, conforme o modelo dinâmico de gestão

GRÁFICO 1 - Variáveis CDG, NCG e T - BHTRANS Fonte: Dados da pesquisa

Variáveis CDG, NCG e T

-5.000.000 10.000.000 15.000.000 20.000.000 25.000.000 2003 2004 2005 PERÍODO Valo re s M o n etá ri o s CDG NCG T

GRÁFICO 2 - Variáveis CDG, NCG e T - PRODABEL Fonte: Dados da pesquisa

Variáveis CDG, NCG e T

(8.000.000) (6.000.000) (4.000.000) (2.000.000) -2.000.000 2003 2004 2005 PERÍODO Valo re s M o n etá ri o s CDG NCG T

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levarão a uma situação contrária da análise.

O gráfico 1 a seguir demonstra a estrutura e situação financeira da BHTRANS, conforme compor-tamento apresentado pelas variá-veis CDG, NCG e T.

Analisando o gráfico 1, observa-se que o Capital de Giro apreobserva-senta- apresenta-se positivo e superior à Necessidade de Capital de Giro nos três perío-dos, principalmente em 2005, pro-vocando assim, em saldo e tesoura-ria, positivo. Isso se deve tanto aos Aportes de Capital que financiaram a Necessidade do Capital de Giro quanto o próprio Capital de Giro.

Então, a percepção que se tem é que a empresa apresenta re-cursos estáveis suficientes para bancar as necessidades de capital de giro e ainda proporcionar uma folga financeira, pela manutenção de aplicações em ativos financei-ros (tesouraria ativa). No entanto, vale ressaltar que o valor que im-pulsionou essa situação, derivou-se de Integralizações de Capital nos três anos.

4.2. Empresa de informática

e informação do município

de Belo Horizonte S.A. –

PRODABEL

Conforme o perfil apresentado pela Prodabel em termos de Capi-tal de Giro (CDG), Necessidade de Capital de Giro (NCG) e saldo de

GRÁFICO 3 - Variáveis CDG, NCG e T - BELOTUR Fonte: Dados da pesquisa

Variáveis CDG, NCG e T

(1.000.000) (500.000) -500.000 1.000.000 2003 2004 2005 PERÍODO Valo re s M o n etá ri o s CDG NCG T

financeira de empresas – Mo-delo Fleuriet;

3 - Mensuração das principais va-riáveis do modelo, que são: a - Capital de Giro (CDG) =

Passivo Permanente – Ati-vo Permanente;

b - Necessidade de Capital de Giro (NCG) = Ativo Cíclico – Passivo Cíclico, e; c - Saldo de Tesouraria (T) =

CDG – NCG;

d - Mensuração do autofinan-ciamento;

4 - Identificação das principais origens e aplicações de recur-sos utilizadas pelas empresas, por meio da integração da NCG à DOAR;

5 - Relacionamento e identifica-ção do comportamento assu-mido pelas variáveis mensu-radas no período analisado, representativo do desempe-nho financeiro.

Ao iniciar a técnica de análise dos dados, foram identificadas, a princípio, as características das estratégias financeiras utilizadas por estas empresas no período analisado. A análise dos dados e informações das empresas mu-nicipais de economia mista S/A, pertencentes à Prefeitura de Belo Horizonte, basearam-se nas se-guintes condutas.

Estudo do comportamento das variáveis vendas

líquidas (VL), capital de giro (CDG), neces-sidade de capital de giro (NCG), autofinan-ciamento (AUT) e sal-do de tesouraria (T), buscando-se a relação entre elas;

Estudo da estrutura e situação financeira apresentada por estas empresas, mediante combinação das variá-veis CDG, NCG e T;

Evidenciação dos aspectos fi-nanceiros por meio da situação e estratégias financeiras referentes a cada empresa.

Então, conforme os citados procedimentos metodológicos de-senvolvidos no trabalho, foram respondidos a questão central des-ta pesquisa e os objetivos geral e específicos, abordados no início desta pesquisa.

4. Apresentação dos

resultados

4.1. Empresa de transporte

e trânsito de Belo Horizonte

S.A. – BHTRANS

Conforme o perfil apresentado pela BHTRANS, em termos de Ca-pital de Giro (CDG), Necessidade de Capital de Giro (NCG) e saldo de Te-souraria (T), nos três exercícios ana-lisados, verificou-se que a Empresa apresenta uma situação financeira do tipo Sólida, cujas características são CDG, NCG e T positivos.

Pode-se dizer sob tais con-dições que os recursos de longo prazo investidos no CDG garan-tem um T desejável. No entanto, esse resultado vem sendo susten-tado por Integralizações de Capi-tal e não por um nível de atividade operacional ideal. Se não houver Aportes de Capital, e os resulta-dos financeiros não modificarem, poderão surgir desequilíbrios que

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Tesouraria (T) nos três exercícios analisados, verificou-se que a Em-presa apresenta uma situação fi-nanceira cujas características são CDG e NCG negativos e T positivo.

Conforme a estrutura apresen-tada, pode-se dizer que a Prodabel demonstra uma situação financei-ra de alto risco de insolvência, em razão de CDG e a NCG permane-cerem negativos, com o valor da NCG sendo inferior ao do CDG. Esse caso permite que o T seja po-sitivo e pode sinalizar para o fato de a empresa não estar desempe-nhando suas operações de manei-ra apropriada.

Esse tipo de estrutura indica que a empresa estaria bancando investimentos em ativos perma-nentes com recursos de curto prazo, mantendo saldo positivo de tesouraria. Uma situação como esta não poderia ser mantida por muito tempo, pois uma redução nas receitas de serviços ou uma queda nas receitas de subvenção, esgotaria rapidamente a parcela excedente do Passivo Circulante Operacional, invertendo o sinal da NCG e de T, podendo levar ao en-cerramento da entidade.

O gráfico 2 a seguir demonstra a estrutura e situação financeira da Prodabel, segundo o comporta-mento apresentado pelas variáveis CDG, NCG e T.

GRÁFICO 4 - Variáveis CDG, NCG e T - URBEL Fonte: Dados da pesquisa

Observando o gráfico 2, pode-se verificar que a NCG manteve-pode-se inferior ao Capital de Giro nos três anos, proporcionando um saldo de Tesouraria positivo, em decorrência de utilização de recursos de curto prazo para manutenção de necessi-dades de longo prazo.

A percepção que se tem é que a empresa vem buscando elevar o CDG e a NCG mantendo o saldo de T positivo. Além disso, a partir de 2004 percebe-se uma leve recu-peração com o intuito de não dei-xar que a NCG sobressaia o CDG, pois levaria a empresa ao efeito tesoura, já que na situação atual os recursos de curto prazo estão financiando os de longo prazo, monstrando uma situação de de-sequilíbrio financeiro.

4.3. Empresa municipal de

turismo de Belo Horizonte

S.A. – Belotur

Avaliando o perfil apresentado pela BELOTUR, em termos de Ca-pital de Giro (CDG), Necessidade de Capital de Giro (NCG) e saldo de Tesouraria (T) nos anos de 2003 e 2005, verificou-se que a Empresa apresenta uma situação financei-ra cujas cafinancei-racterísticas são CDG e NCG negativos e T positivo.

Segundo a estrutura apresen-tada, pode-se dizer que a Belotur demonstrou uma situação

finan-ceira de alto risco de insolvência, em razão de o fato de o CDG e a NCG permanecerem negativos, com o valor da NCG inferior ao do CDG. Esse caso permite que o T seja positivo e pode sinalizar para o fato de a empresa não estar de-sempenhando suas operações de maneira apropriada.

Nesses dois anos, esse tipo de estrutura indicava que a empresa estaria bancando investimentos em ativos permanentes com recur-sos de curto prazo, mantendo saldo positivo de tesouraria.

Já no exercício de 2004, a em-presa apresentou CDG e T positivos e NCG negativa. A situação financei-ra excelente apresentada em 2004 foi decorrente do alto nível de liqui-dez, gerado por recursos perma-nentes aplicados no ativo circulante e por decorrência, uma folga finan-ceira para honrar as exigibilidades de curto prazo. Ela ainda apresen-tou passivos de funcionamento maiores que os ativos circulantes operacionais e ativos circulantes financeiros que superaram os pas-sivos circulantes financeiros.

A discrepância observada nos perfis financeiros da Belotur, no qual saiu de uma situação de alto risco de insolvência em 2003 para uma situação excelente em 2004, e retornando para alto ris-co novamente em 2005, demons-tra desequilíbrio quanto à es-tratégia financeira utilizada e o quanto a empresa é volátil em suas atividades.

Pelo fato de depender quase que integralmente das Subvenções Econômicas re-passadas pela prefeitura, e suas receitas serem suscetí-veis a convênios firmados para execução de obras de infra-estrutura turística, as contas a receber e as de receita bruta sofrem flutuações significati-vas que impactam a situação financeira da empresa. Este

2003 2004 2005

Variáveis CDG, NCG e T

(600.000) (400.000) (200.000) -200.000 400.000 PERÍODO Valo re s M o n etá ri o s CDG NCG T

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fato foi verificado no exercício de 2005, quando recursos provindos por meio de convênios e de sub-venções para executar obras para abrigar a Reunião do Banco Inte-ramericano de Desenvolvimento proporcionaram fundos para qui-tar as obrigações sociais, além de gerar um alto saldo de adian-tamento de terceiros nas contas cíclicas do passivo.

O devido pagamento das obri-gações sociais em 2005 foi um dos fatores que geraram ação inversa ao ano de 2004, transformando o Capital de Giro em negativo. Já a criação da conta adiantamento de terceiros em 2005 provocou uma diminuição considerável na Necessidade de Capital de Giro. Esses fatores foram essenciais na mudança de um resultado favorá-vel em 2004 para um de alto risco no período seguinte.

Essas variações devem ser observadas e corrigidas, pois se ocorrer redução nas receitas de serviços ou uma queda nas recei-tas de subvenção, esgotará rapi-damente a parcela excedente do Passivo Circulante Operacional, invertendo o sinal da NCG e de T, podendo levá-la ao encerramento das suas atividades.

O gráfico 3 a seguir demonstra a estrutura e situação financeira da Belotur, segundo o comporta-mento apresentado pelas variá-veis CDG, NCG e T.

Observando o gráfico 3, pode-se verificar que a NCG manteve-pode-se inferior ao Capital de Giro nos três anos, proporcionando um saldo de Tesouraria positivo, em decorrên-cia de utilização de recursos de

curto prazo para manutenção de necessidades de longo prazo.

Analisando o gráfico 3, a per-cepção que se tem é que a empre-sa tentou elevar o CDG e a NCG em 2004, mantendo o saldo de T positivo, mas deixou a situação se inverter em 2005 com a queda do CDG e NCG. Além disso, a partir de 2004, mesmo com a situação des-favorável, percebe-se o intuito de não deixar que a NCG sobressaia o CDG, pois levaria a empresa ao efeito tesoura, já que na situação de 2005 os recursos de curto prazo estiveram financiando os de longo prazo, demonstrando uma situação de desequilíbrio financeiro.

4.4. Companhia urbanizadora

de Belo Horizonte – Urbel

Considerando o perfil apresen-tado pela URBEL, em termos de Capital de Giro (CDG), Necessidade de Capital de Giro (NCG) e saldo de Tesouraria (T), nos anos de 2003 à 2005, verificou-se que a Empresa apresenta uma situação financei-ra, cujas características são CDG e NCG negativos e T positivo.

Conforme a estrutura apresen-tada, pode-se dizer que a Urbel demonstrou uma situação finan-ceira de alto risco de insolvên-cia, em razão de o CDG e a NCG permanecerem negativos, com o valor da NCG sendo inferior ao do CDG. Esse caso permite que o T seja positivo e pode sinalizar para o fato de a empresa não estar de-sempenhando suas operações de maneira apropriada.

Nesse período, esse tipo de estrutura indicava que a empresa estaria bancando investimentos

em ativos permanentes com re-cursos de curto prazo, mantendo saldo positivo de tesouraria. Uma situação como esta não poderia ser mantida por muito tempo, pois uma redução nas subvenções eco-nômicas esgotaria rapidamente a parcela excedente do Passivo Cir-culante Operacional, invertendo o sinal de T e da NCG, podendo levar ao encerramento das atividades.

O gráfico 4 a seguir demonstra a estrutura e a situação financeira da Urbel, segundo o comporta-mento apresentado pelas variá-veis CDG, NCG e T.

Observando o gráfico 4 pode-se verificar que a NCG manteve-pode-se inferior ao Capital de Giro nos três anos, proporcionando um saldo de Tesouraria positivo, em decorrên-cia de utilização de recursos de curto prazo para manutenção de necessidades de longo prazo.

Foi destacado que a estrutura financeira da Urbel foi do tipo alto risco, sendo: CDG e NCG negati-vos e T positivo nos três períodos. A percepção que se tem é que a empresa vem buscando elevar o CDG a partir de 2004, mantendo o saldo de T positivo, no intuito de reverter a situação de alto risco; outra preocupação foi no intuito de distanciar a NCG do CDG, pois, caso a NCG sobressaia o CDG, le-varia a uma situação de desequilí-brio financeiro.

4.5. Considerações gerais

Diante das análises e dos resul-tados obtidos, pode-se perceber que todas as empresas da Prefei-tura Municipal de Belo Horizonte sobrevivem graças às subvenções

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econômicas e de Aportes de capi-tal que lhe são repassados. Além disso, o perfil financeiro que mais predominou foi de Alto Risco. Tal estratégia financeira significa que a empresa estaria bancando inves-timentos em ativos permanentes com recursos de curto prazo, man-tendo saldo positivo de tesouraria. Outro fator preponderante se relaciona à estipulação de preços ou tarifas compatíveis com o mer-cado. No caso da BHTRANS, a tari-fa cobrada de 4% sobre o Custo de Gerenciamento Operacional das empresas de ônibus proporcionou um crescimento nas contas a rece-ber ao longo dos anos, devido ao não-pagamento por parte dessas empresas, em um percentual que equivale a 72% do ativo total.

A BHTRANS, na tentativa de fazer com que as companhias de ônibus começassem a arcar com seus compromissos, em 2004, re-duziu a tarifa para 2%, o que ge-rou uma queda considerável nas receitas, sendo necessária a ajuda de recursos por parte da prefeitu-ra mediante subvenções paprefeitu-ra co-brir despesas operacionais.

Outra empresa que pode ser citada é a Prodabel, na qual o va-lor dos serviços cobrados deveria ser revisto, pois a receita própria é ínfima frente aos repasses da PBH. Além disso, ela gerencia pro-gramas de informática que são

utilizados por toda a prefeitura, e que são obrigatórios em qualquer órgão público. Então, sugere-se à empresa rever o motivo de não estar alcançando valores mais sig-nificativos de receita própria.

A Urbel não possui receita própria; então, mesmo com inten-ção político-ideológica e social de sua continuidade, não justificaria a manutenção dessa empresa, já que os recursos provindos por subvenção estão sujeitos à tribu-tação. Isso não ocorreria se ela funcionasse como, por exemplo, um órgão pertencente à adminis-tração direta do município, pois esses não estariam sujeitos às tributações. Desta maneira, os recursos destinados aos tributos poderiam ser utilizados na ativi-dade principal e não para outras esferas políticas.

No caso da Belotur, recomen-da-se almejar novas fontes de receitas próprias, pois essas, em níveis insignificantes em conjunto de repasses de convênios firma-dos e subvenções recebidas, estão ocasionando baixa rentabilidade para a empresa.

Com base nessa perspectiva, o que pode estar ocorrendo com as receitas próprias das empresas é a fixação de tarifas ou preços abai-xo dos valores de mercado. Nes-se caso, ocorre a necessidade de subsídios provindos da Prefeitura,

ou a fixação acima do preço de mercado, caso em que ocorre uma tributação excessiva dos clientes, ocasionado pela fuga de receitas.

Conforme destaca o modelo, caso o perfil de alto risco das em-presas não se altere rapidamente, a parcela excedente do Passivo Circulante Operacional poderá in-verter o sinal de T e da NCG, que conforme o Modelo poderia levar a uma situação de insolvência.

Mas vale ressaltar que este tipo de situação, a partir de 2005, não poderia ocorrer, pois conforme a nova lei de falências n.º 11.101/05, as sociedades de economia mista não estão sujeitas a esta lei. Além disso, mesmo se essa lei não existisse, in-solvência neste tipo de empresa se-ria de raro acontecimento, uma vez que o Estado interfere nas ativida-des financeiras e operacionais das entidades proporcionando aportes de capital. No mais, o que poderia ocorrer seria uma situação alar-mante por falta de recursos para manutenção de suas atividades.

Dessa forma, no lugar da in-solvência haveria dissolução da sociedade por meio de força de lei, situação em que a Prefeitura reportaria as atividades operacio-nais das mesmas para a atuação direta do município. Daí a dificul-dade de comparar os outros estu-dos realizaestu-dos na área com este tipo de organização.

No lugar da insolvência haveria dissolução

da sociedade por meio de força de lei,

situação em que a Prefeitura reportaria as

atividades operacionais das mesmas para a

atuação direta do município.

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5. Conclusão

Sabe-se que qualquer método de análise financeira, obviamen-te, possui limitações, mas essas têm por finalidade demonstrar os aspectos peculiares da ges-tão empresarial, sendo que o conjunto das decisões utilizadas no contexto organizacional tem como denominador comum o de-sempenho financeiro, destacado pelas demonstrações financeiras geradas pelas informações dos demonstrativos contábeis.

A contribuição do modelo dinâmico na Gestão Financeira de empresas de economia mista municipal se deu ao evidenciar a situação financeira das mesmas, face às exigências do mercado. Os resultados das variáveis relacio-nadas ao modelo, conforme apre-sentado na análise dos resultados, corroborou para identificação do perfil financeiro dessas empresas. Conforme os dados apresenta-dos nesta pesquisa, com exceção da BHTRANS, todas as outras en-tidades estão em situação delica-da no que tange à liquidez. Elas se enquadram em um perfil de alto risco, demonstrando um desequi-líbrio de seus recursos financei-ros frente aos seus ativos. O fato é que todas elas dependem de recursos monetários repassados como subvenções econômicas ou por meio de aportes de capital.

É necessário também compor os ativos dessas empresas, ou seja, valores em caixa, níveis de estoques, políticas de crédito e de compras, etc. Também é impres-cindível uma estrutura de finan-ciamento, devendo ser determina-da à proporção de capital próprio e de terceiros, e os recursos origi-nados a longo e curto prazos.

O fato é que, como a prefei-tura é sócia majoritária, estas empresas podem estar sofrendo um grau de ingerência relativo

às limitações aos investimentos recebidos. No caso, quando há necessidade de investimentos em novos ativos para expansão das atividades ou para atualização de máquinas e equipamentos, o mu-nicípio deve realizar um aporte de recursos que garanta a manu-tenção do controle acionário. No entanto, os recursos repassados pela PBH não garantem a cober-tura do déficit apresentado pela maioria dessas empresas.

As variáveis NCG e CDG, ana-lisadas em conjunto, permitiram verificar a demanda de recursos para os negócios ou uma fon-te para aplicações, refletindo o desempenho do conjunto de de-cisões relativas ao exercício da atividade produtiva. E a variável saldo de tesouraria (T) refletiu decisões de natureza financeira.

Então, como pode ser observa-do por meio das reclassificações das contas dos demonstrativos contábeis, do cálculo das variáveis e da integração da NCG à DOAR, é que a parcela para financiamen-to dos cusfinanciamen-tos dessas empresas é

elevada, o que pode comprometer a situação financeira dessas enti-dades caso queiram competir em um mercado aberto. No entanto, a manutenção delas é político-ide-ológica, e deve ser acompanhada da verificação dos valores a serem repassados mediante subvenções ou aportes de capital, no intuito de manter a competitividade des-sas empredes-sas.

O que se pode concluir é que este trabalho acadêmico con-tribui com a disseminação da utilização do Modelo Dinâmico como instrumento de gestão em empresas públicas, ao invés de utilizar a análise tradicional, con-figurada por meio de indicadores de liquidez e avaliada como per-fil estático. No mais, este traba-lho aborda maiores discussões no que se refere à utilização da variável NCG como instrumento de gestão do desempenho opera-cional das empresas e o cuidado que o analista deverá possuir an-tes de classificar o resultado en-contrado dessa variável.

Uma possível crítica aos resul-tados aqui obtidos não pode ser direcionada ao modelo dinâmico, mas sim à ousadia de aplicá-lo em empresas cuja natureza das ope-rações obedece a lógicas muito diferentes das empresas tipica-mente com fins lucrativos, para a qual o modelo foi inicialmente concebido.

Finalmente, espera-se, com este trabalho, ter colaborado com as empresas de economia mista pertencentes à PBH, na identifica-ção e análise das estratégias de financiamento praticadas, e seus impactos sobre sua estrutura e situação financeira, no intuito de assessorar o administrador finan-ceiro no trabalho de avaliação de suas decisões. Enfim, espera-se ter, ao menos, despertado a aten-ção e curiosidade para o tema: fi-nanças públicas municipais.

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