Data de realização:21/06/2018 Horário: 19:00 às 19:45
Docente: Profª. Drª. Adriana Moraes Leite
CHAT - Sondagem gástrica
No chat sobre sondagem gástrica discutiu-se em grupo com a presença da docente aspectos sobre a temática.
Primeiramente, a alimentação enteral consistena administração da dieta por meio de sonda que auxilia na manutenção ou recuperação do estado nutricional. A introdução de uma via (sonda de alimentação) pode ocorrer: através da narina e conduzida até o estômago (sonda nasogástrica) ou o intestino delgado (sonda nasoentérica), além da orogástrica.
A sondagem nasogástrica para alimentação é um procedimento usado para nutrir os
pacientes,impossibilitados de ingerir nutrientes, em quantidades suficientes para repor suas necessidades, sendo discutidos pelo grupo os seguintes casos de indicação do uso:
Quando o paciente é incapaz de ingerir o alimento por via oral, seja por dificuldades em coordenar sucção e deglutição (exemplo dos RNPT);
Quando o paciente não consegue absorver os nutrientes necessários, seja decorrentes de algumas patologias ou distúrbios no trato digestório;
Em casos em que a introdução da alimentação oral é inicialmente contraindicada, como na instabilidade respiratória e hemodinâmica, na prematuridade extrema e conforme o nível de atividade do neonato;
Em pacientes com diagnóstico de refluxo (diminui o risco de broncoaspiração).
Em pacientes com a necessidade de quantidades calóricas e protéicas maiores do que as atingidas com alimentação oral.
Já, a sondagem nasoentérica é indicada quando o paciente tem possibilidade de reabsorver nutrientes, mas não de deglutir e digeri-los. Além disso, o tempo de sondagem é maior comparado ao da nasogástrica.
A drenagem/esvaziamento gástrico foi outro tópico abordado em nossa discussão, acontecendo em casos de ingestão acidental de algo nocivo, ou seja, é realizada a retirada de um resíduo prejudicial.
Os tipos de sondas e os respectivos materiais são:
Sonda de Levine - manufaturada com plástico ou borracha, com aberturas localizadas próxima à ponta. Indicadas para uso em um período inferior a 4 semanas;
Sonda de Dobbhoff – manufaturada com poliuretano e silicone, possui ponta pesada e flexível (ogiva de tungstênio), acompanha fio-guia em aço inox, suporta longos períodos em contato com o suco gástrico, pode ser usada por até 4 meses (enquanto estiver íntegra, limpa e translúcida).
As melhores sondas a serem utilizadas são as de silicone e poliuretano, nos calibres 3,5 a 8 French para recém-nascidos e lactentes, e 10 a 12 French para crianças maiores.
A medida da sondagem em nível gástrico deve acontecer da seguinte maneira: inicialmente coloca-se o orifício proximal da sonda na região subnasal, percorrendo sua extensão até o tragus da orelha e depois até o apêndice xifoide.
Já a medida da sondagem orogástrica têm um diferencial: inicia-se a medida com a ponta proximal da sonda na comissura labial(“cantinho da boca”)percorrendo até o tragus da orelha e deste para o apêndice xifoide.
Sobre a sondagem ser considerada um procedimento doloroso, de acordo com o artigo: “Os recém-nascidos sentem dor quando submetidos à sondagem gástrica?” de SANTOS et al. (2001), podemos considerar que durante o procedimento, as alterações fisiológicas não mostraram-se específicas nem sensíveis para avaliação de dor em RN, porém é visto como doloroso e incômodo a realização do procedimento.
O grupo destacou que avaliação de dor depende do observador e que na maioria das vezes torna-se complexo distinguir entre estímulos dolorosos e não dolorosos, principalmente nos RNs. Além disso, segundo o protocolo de dor adotado pelo HC CRIANÇA, é considerado como uma dor leve, porém cabe ressaltar que ocorrem variações entre o limiar de dor de cada paciente, sendo fundamental prestar assistência considerando a singularidade de cada caso.
Outro tópico discutido foi sobre os riscos e as complicações das sondagens, sendo destacados:
Posicionamento incorreto: pneumonia aspirativa, distensão abdominal, diarreia, cólicas, constipação, vômitos e sangramento digestivo.
Posicionamento no duodeno: os alimentos não sofrem os efeitos das enzimas gástricas e pancreáticas e a digestão não será completa, podendo ocorrer má absorção, inadequado ganho de peso, diarréia.
Inserção e presença da sonda: escoriações e hiperemias, perfurações gástricas iatrogênicas, infecções de vias aéreas superiores, desconforto local e a dor de garganta.
Outras:choro, náuseas e discreta taquipnéia durante a sua introdução, compressão gengival e de palato (formando até uma fenda no palato duro em pacientes muito tempo sondados), distensão abdominal; traumas das mucosas das vias aéreas superiores, podendo levar à erosão e úlceras com consequentes necroses.
Destacou-se em nossa discussão no Chat que a primeira opção para o RN é o uso da sonda orogástrica em comparação com a SNG, visto que o padrão respiratório predominante do RN é nasal e com a presença da sonda nas narinas, é obstruído.
A fixação da sonda é essencial e deve-se prestar os seguintes cuidados: utilizar fixação com materiais hipoalergênicos (em caso de ausência utilizar micropore e em último caso esparadrapo), redobrar o cuidado com a pele sensível do RN, verificar se a fixação não está pressionando áreas e causando lesões, fazer o rodízio da fixação para evitar escoriações, trocar a fixação diariamente e quando a mesma apresentar condições de sujidade, atentar-se para a marca na sonda e verificar o tracionamento da mesma, etc.
Importante destacar: o excesso de saliva pode prejudicar a fixação da sonda orogástrica!
Quando a sonda já está introduzida, é necessário confirmar o seu posicionamento sempre após a inserção e antes de infundir alimentos e medicações, através de alguns testes (listados abaixo), sendo ideal realizar no mínimo dois testes para confirmação, sendo eles:
RX (padrão ouro), porém é questionável pelo fato de expor a criança a radiação todas as vezes que for administrar a dieta;
Atenção: teste do copo (foi extinto por apresentar diversas falhas);
Teste da fita de PH (alto custo e pouco acessível a realidade dos hospitais); Teste de ausculta: injetar de 2 a 5ml de ar (depende da idade do paciente). Este
teste não mostra o local exato da sonda, podendo estar no estômago, jejuno proximal ou esôfago, além de que o barulho do ar injetado pode se confundir com sons pulmonares, por este motivo não se deve utilizar de forma isolada. Teste de aspiração de conteúdo gástrico.
Medição do comprimento e marcação da sonda: medir o comprimento da sonda exposta após sua inserção e documentar essa medida. Antes de cada alimentação, verificar o comprimento da sonda exposta e comparar com a medida inicial, para observar possível descolamento.
O COREN indica associar o teste do pH com asculta epigástrica e cabe ressaltar sobre a competência de realizar o procedimento ser privativa ao enfermeiro, enquanto os cuidados de manutenção da sonda e administração de alimentos e/ou medicações serem realizadas pelos demais membros da equipe de Enfermagem.
Durante a passagem de dieta pela sonda, o paciente deve estar em decúbito dorsal e a manutenção da cabeceira elevada (30 a 45º) têm sido recomendada visto a redução da incidência de complicações (regurgitações, vômitos, broncoaspiração pulmonar).
A infusão da dieta deve ser passada lentamente, cerca de 20 a 30 minutos, atentando-se para os RN em que o tempo de infusão é de 1 hora, ou atentando-seja, quanto menor a criança, maior o tempo de infusão.
Sobre o preparo, a dieta (particularmente as artesanais) devem ser mantidas sob refrigeração em temperatura de 2º a 8º C por um período máximo de 24 horas após o preparo, sendo administrada sob temperatura ambiente.
O equipo de dieta enteral deve ser diferenciado do equipo de medição, afim de evitar confusão de vias de administração. Geralmente o equipo padronizado é na coloração azul ou roxa, não devendo se adaptar a outros dispositivos a não ser a sonda.
A dieta enteral preparada deve apresentar no rótulo algumas informações, que incluem: nome do paciente, número do registro hospitalar, composição quantitativa e qualitativa de todos os componentes, volume total, velocidade de administração, via de acesso, data e hora da manipulação, prazo de validade, número sequencial do controle de qualidade e condições de temperatura para conservação, nome e número no Conselho Profissional do respectivo responsável técnico pelo processo.
Sobre o que fazer com o resíduo gástrico após o teste de posicionamento, foram esclarecidas e sanadas as dúvidas, em que é necessário avaliar a característica do resíduo e o aspirado deve ser desenvolvido ao estômago, pois este contém as enzimas digestivas necessárias para o processo de digestão do alimento, porém no RN não devolvemos (profilaxia da enterocolite), como exemplificado pela docente na rotina da UCIN em que se despreza o conteúdo.
Se o volume do resíduo aspirado for maior que 30% do volume da dieta, deve-se informar a equipe médica e desprezar da próxima dieta a quantidade (ml) de resíduo devolvido ao paciente. Além disso, deve-se comunicar também nos casos em que o resíduo apresente sangue ou tiver com cheiro, coloração, aspecto diferenciado, desprezando o resíduo gástrico e investigando os possíveis motivos das alterações.
O tempo de permanência das diferentes sondas, conforme discutido: Freka (enteral) - 90 dias
Levine (nasogástrica)- 5 dias.
OBS: pode variar conforme o protocolo da instituição e recomendações do fabricante.
Após a passagem da sonda, é recomendado “lavar a sonda”, mas atentar-se aos seguintes casos:
Em pacientes com restrição hídrica, as vezes é necessário reduzir ao máximo a quantidade de água ou até mesmo lavar com ar, de maneira que todo o conteúdo seja retirado da sonda, afim de evitar a obstrução e a prevenindo interações medicamentosas.
Nos casos onde a administração da dieta for contínua, a sonda deverá ser lavada a cada 4 horas. Nos RN “lava-se” com ar.
Deve-se medir corretamente, certificar-se de que a sonda está bem posicionada através dos testes.
Verificar a integralidade da sonda e avaliar sempre que necessário.
A enfermagem exerce papel fundamental no sucesso da terapia nutricional enteral, sendo responsável pelo acesso do trato gastrointestinal, manutenção da via, administração da dieta e prevenção e monitoramento de complicações, sendo essencial conferir sempre a dieta com o nome do paciente, verificar horário, volume a ser infundido, temperatura da dieta e realizar os cuidados após administração.
Foi um Chat extremamente interativo e facilitador da temática em nosso processo de aprendizagem, sendo avaliados por todos os colegas como uma ferramenta que contribui significativamente para nossa formação.